Trident de Melancia [16] ~ Tempestade? Não furação!

Um conto erótico de CELO
Categoria: Gay
Contém 10948 palavras
Data: 24/05/2024 06:27:23

Quinze dias se passaram desde aquele fatídico dia em que Luis havia conhecido a verdadeira face de Nando, tudo parecia o mesmo, nada se alterava, mas Luis percebia situações que demonstravam mínimas mudanças que talvez desagradassem a todos ao seu redor.

Depois daquele feriado cheio de situações desoladoras, a família de Luis parecia estática, Kaio evitava demonstrar felicidade, próximo ao irmão, tinha medo de que sua alegria o desanimasse mais ainda. Marco era outro que não comentava seu novo estado civil, mesmo indo bem com o novo romance, também escondia os sentimentos, não sabia exatamente o que aconteceu naquele feriado, mas tinha uma leve idéia de que o culpado de tudo era Nando.

Outra que evitava o sobrinho desde que ele voltará do interior era Emilia, a solteirona não conseguia encarar o rapaz, parecia esconder algo de todos. E Luis aos poucos se fechava em um mundo de dor e sombras, seu peito doía, desejava extrair seu coração para jamais ver outro sentimento como àquele que oferecia a Nando sendo despertado. Novamente via todos os seus sonhos e desejos serem destruídos por um membro daquela família, não acreditava que tudo o que viveu com Nando naquela semana fosse realmente mentira, mas não lhe restava duvidas, o rapaz havia se aproximado para lhe atacar novamente.

Não era difícil ver que tudo se encaixava primeiro Leo aparece na sua frente e se passa por arrependido, Mateus surge na mesma balada onde por fim encontra Nando que conta sobre o acidente de Kaio, não era de se duvidar que o acidente do irmão também houvesse sido uma armação de Nando e sua gangue, mas dizer isso implicava em culpar Vic também, era tão difícil aceitar isso, aceitar que todos estavam contra ele, há quanto tempo havia deixado Mateus, já não se lembrava nem do gosto do beijo do rapaz, mas todos que o cercavam ainda tentavam derrubá-lo, destruí-lo.

Não havia explicação pra toda aquela inimizade, como explicar os motivos de todos odiá-lo, Laila tinha motivos e Luis não escondia isso, ele reconhecia seus erros e até entendia todo o seu ódio e amargura. Mas Nando não podia justificar todo seu ódio, não foi ele o primeiro a despertar interesse em Mateus, ele não era culpado pela opção sexual do garoto, apenas havia se descoberto com ele, e outra a muito havia abandonado Mateus e já não mantinha nenhum contato com ele. Leo era outro que apenas tinha motivos para ser odiado, e Luis até já havia perdoado seus erros do passado, e não havia justificativa para continuar com tudo isso.

A cabeça de Luis estava uma bagunça, mas não o impedia de ver as complicações que surgiam ao seu redor, não queria ser o motivo de tristeza dentro de seu próprio lar, por sua culpa via seu irmão, Marco e sua tia escondendo o que os motivava todos os dias, tinha que sacudir a poeira e se abrir de novo para o mundo.

Naquele dia no escritório Luis trabalhava no modo automático, a uma semana não via Fred ou Marcos Alexandre, e apenas cumpria as tarefas básicas que surgiam no dia-a-dia. Mas aquela manhã reservava novos dilemas que começaram a surgir assim que Marcos Alexandre entrou pela porta de sua sala, estava vermelho, meio eufórico, o colarinho desarrumado, e uma expressão de ódio o dominava, sem sequer cumprimentar o velho amigo disse.

Marcos: Luis convoque todos os funcionários, até mesmo os office boys tenho um comunicado importante a fazer!

Luis: Sim senhor, agora mesmo!

Mesmo tendo reparado a expressão de ódio nos olhos do amigo, Luis evitou dizer alguma coisa, desde que começou a trabalhar naquele escritório, já havia aprendido que o amigo detestava qualquer demonstração de afinidade ou amizade no ambiente de trabalho. Rapidamente convocou todos os funcionários do escritório e foi o ultimo a entrar na sala de reunião, abrir aquela porta foi à tarefa mais difícil que executou naquele escritório a tensão que dominava o ambiente podia cortar a respiração de uma pessoa despreparada.

Mais o que chocou Luis foi o estado de Fred em um canto da sala, o jovem advogado estava sentado em uma poltrona de cabeça baixa, a roupa estava que só a poeira, o cabelo sempre impecável estava todo desorganizado e ainda tinha folhas presas entre as madeixas. Quando o rapaz levantou o rosto e olhou o rosto de terror de Luis, uma expressão de tristeza o dominou, Luis temeu o que poderia acontecer naquela sala dali em diante.

Luis: Doutor Marcos, eu creio que já estão todos aqui!

Marcos: Obrigado... bom vocês devem estar perguntando o por que desta reunião tão repentina, mas acredito que a minha decisão não podia esperar, e também sei que é de interesse de todos aqui... antes de tudo devo dizer que muita coisa vai mudar neste escritório, primeiramente vou chamar alguns nomes, e gostaria que estes fiquem deste lado da sala, depois disso explico o porque.

Marcos Alexandre chamou cerca de dez nomes dos vinte e cinco funcionários do escritório, Luis percebeu que os convocados para o lado direito da sala, eram aqueles que prestavam serviços exclusivos para Marcos, o restante eram os funcionários que serviam tanto a Marcos como a Fred e aos outros dois advogados da firma que naquele momento não estavam na sala.

Marcos: Os dez nomes que chamei, por favor, saiam da sala, eu me reunirei com vocês novamente mais tarde... bom agora todos já saíram, quero dizer a todos vocês que sobraram, que os doutores Charles e Jorge não trabalham mais neste escritório, os dois me venderam a parte deles no escritório, todos devem se lembrar que a parte do escritório que cabia eles eram mínimas e não lhes permitia qualquer interferência no nosso trabalho. Sendo assim fica fácil deduzir que restou apenas o que cabe ao Doutor Frederico e a mim... o que eu quero lhes dizer que o Doutor Frederico acaba de me vender a parte que cabia a ele no escritório, e que a partir de agora eu sou o único dono e chefe deste escritório. A razão de deixar vocês aqui é por que todos sempre prestaram serviços aos quatro advogados que atuavam neste escritório, e eu não posso decidir se vocês irão ou não seguir neste escritório, por isso, peço que repensem se necessitam mesmo deste trabalho e se desejam me seguir, aqueles que não aceitarem esta nova opção, por favor, retirem tudo que lhes pertença e passe no RH para fechar suas contas.

Luis estava estático, não podia acreditar que aquilo tudo estava realmente acontecendo, era assustador ver, que Marcos iria ser seu único chefe, mesmo ele sendo seu amigo, ali no escritório não havia espaço para agir amigavelmente como agia com Fred, aquilo tudo era um pesadelo.

Marcos: Eu vou dar um tempo para vocês pensarem, então, por favor, saiam que eu quero falar com os funcionários dispensados anteriormente.

Luis não acreditava naquilo tudo, temia pelo seu futuro, estava em sua sala de cabeça baixa, tentando entender toda aquela situação que o cercava, quando Fred entrou na sala o seu semblante deixou Luis abobalhado, não sabia o que dizer ou o que fazer.

Fred: Meu amigo, por favor, vem aqui e me abraça...

Luis: Fred me conta o que aconteceu por que de tudo isso, o que aconteceu entre você e o Marcos?

Fred: Cara você nem imagina... aquele monstro meteu o escritório na maior roubada...

Luis: Como assim mano?

Fred: Ele assinou um contrato com uma prefeitura de Minas as escondidas do escritório, e ajudou o Prefeito a desviar verbas federais milionárias, quando eu descobri todo o esquema, exigi explicações, foi naquele fim de semana lembra, eu sai mais cedo lá da chácara, e cara você não imagina como são barra pesada o pessoal com quem ele anda metido, ele mandou os “caras” me darem uma surra...

Luis: O que? Não você ta brincando comigo?!

Fred: Quem me dera Lui que isso fosse brincadeira... eu estou jurado de morte, não podia nem te contar isso agora, mas você assim como eu foi amigo dele, e tem o direito de saber...

Luis: Eu não sei o que dizer cara!

Fred: Desde aquele dia, eu e Marcos não nos encontramos mais, até hoje de manhã quando eu o encontrei no estacionamento, tentei abrir os olhos dele, mostrar tudo de errado em que ele estava metido, mas nos acabamos saindo nos tapas, e confesso que perdi essa batalha cara, não tive escolha e pedi pra desfazer a sociedade, eu não posso continuar em um lugar que vai contra tudo que eu acredito, vender a minha parte foi a única saída que eu achei, esse escritório foi a minha vida, mas continuar aqui é por em risco toda a minha carreira, e também a dos meus funcionários, por isso pedi a Marcos que sugerisse aos funcionários com quem trabalhei para escolher se continuam ou não no emprego. Você também entra nessa questão, cabe a você escolher se continua ou não nesse emprego.

Luis: Não tem o que pensar meu amigo, se Marcos foi capaz de trair você que foi parceiro dele até hoje, como posso acreditar que ele não vai fazer o mesmo comigo, além do mais, desde que comecei a trabalhar aqui, Marcos não foi o que se pode chamar de amigo, você sim sempre foi fiel a nossa amizade, você que buscou se aproximar de mim e sempre me tratou bem, muito mais do que apenas chefe e subordinado, não há como escolher entre um amigo de verdade e um trairá como o Marcos, eu posso ficar desempregado, mas serei fiel aos meus princípios assim como você foi abrindo mão do seu escritório, eu te admiro por isso meu querido!

Fred: Eu vou fazer o possível pra te ajudar meu amigo, obrigado por ser fiel a nossa amizade, e gostaria de te pedir uma ultima coisa como seu patrão posso?

Luis: Claro chefe!

Fred: Ajuda-me a recolher tudo que é meu, foi acordado entre nós que eu não levo dado nenhum dos casos deste escritório, não quero nada que me recorde tudo que aconteceu aqui dentro.

Luis e Fred tiraram tudo do escritório, antes de sair Luis ainda passou no RH e acertou suas contas, evitou encontrar Marcos pelos corredores do escritório, temia não se segurar, e descontar no ex-amigo toda a raiva que sentia por tudo o que havia feito a Fred.

Chegar em sua casa, foi desconcertante, não sabia o que dizer a sua família, estava desempregado, destruído completamente por dentro e por fora, queria sumir no mundo e esquecer como o ser humano era detestável, e duas caras.

Não havia ninguém em casa o que deixou tudo mais fácil para Luis, depois de um banho frio para auxiliá-lo a refrescar as idéias, depois de se deitar o sono veio rápido, um sono pesado e sujo, repleto de pesadelos e assombrações do passado.

Uma semana havia se passado desde que Luis havia saído do emprego, Marcos havia telefonado, mas Luis apenas lhe disse que não poderia ficar no escritório, pois estaria traindo a amizade de Fred e a dele mesmo, por que ao apoiar um, iria contra o outro.

Luis estava em um estado deplorável, a barba por fazer, roupas sujas, e três dias sem um bom banho, sua situação era desconfortável a todos e Emilia temia piorar ainda mais tudo aquilo, a dias tentava encontrar coragem para lhe revelar sua decisão, mas estava cada vez mais difícil dobrar aquela tristeza que circulava o sobrinho, mas já não havia mais como esconder isso, estava cada vez mais próximo o dia de mudar toda a sua vida e isso afetaria toda a vida de Luis, Marco e Kaio.

Era sexta-feira à noite quando Emilia convocou todos para uma reunião na sala do apartamento, Luis relutou um pouco antes de aceitar participar, mas o tom enfático de Emilia ao chamá-lo pela segunda vez o fez sair da cama, mesmo sem vontade alguma e ir ouvir o que a tia tinha a dizer.

Emilia: Gente eu sei que esse não é a melhor hora para contar o que irei dizer agora, sei que você Luis está passando por maus bocados, mas eu tentei esperar, mas há como continuar esperando, e tenho certeza que eu irei piorar essa sua depressão, mas não há como evitar e...

Luis: Que depressão o que tia? Tá tirando uma com a minha cara, o que a senhora pode dizer que pode piorar ainda mais a minha situação?

Kaio: Fica caladinho Luis, deixa ela falar!

Emilia: Pode deixar Kaio... o que eu quero falar Lui, é que eu recebi uma oferta de emprego a mais o menos um mês, e pensei bem antes de aceitar, mas na segunda-feira eu aceitei a vaga de coordenadora geral de uma franquia da faculdade onde trabalho, em uma semana eu devo me mudar pro interior pra preparar o inicio do segundo semestre...

Luis: Você ta de brincadeira né tia, como assim aceitou ser coordenadora, você nunca gostou de tanta responsabilidade, o que te levou a aceitar isso ainda mais no interior, tem alguma coisa errada ai, não você não pode me abandonar agora, justamente quando mais preciso de você...

Emilia: Vê se cresce Luis, como diz que precisa de mim, se nem me conta o que te deixou assim depressivo, duvido que seja o fato de estar desempregado, você consegue um emprego novo facilmente, é bem capacitado e pode trabalhar no que quiser... e o que eu decido não é da sua conta, mais eu te explico o por que de ter aceitado esse emprego... eu conheci uma pessoa na reunião geral da faculdade, acredito que foi amor a primeira vista, acontece que essa cidade é justamente onde ela mora e trabalha, ela é a coordenadora do curso de pedagogia, e eu ate tentei me transferir pra lá pra trabalhar como professora mesmo, mas a direção da faculdade achou que eu era a pessoa certa pra coordenar, e ou eu aceitava isso ou não havia transferência...

Luis: Entendo, e esse amor é recíproco, tia?

Emilia: É sim calanguinho, logo você vai conhecer ela, eu até hoje não acredito que ela se interessou por mim, estou deslumbrada com isso meu anjo, não sei nem como explicar tudo o que sinto por ela.

Luis: Então tia, vai e seja feliz, sei como à senhora sempre foi cuidadosa em relação a relacionamento, e se você aceitou até morar com ela, é por que é de verdade, e eu te apoio em tudo, serei seu cúmplice em tudo. Quanto a mim tia não se preocupa eu ficarei bem, isso que ando passando não é nada para se preocupar, eu resolvo isso na hora que desejar, vai tia e viva esse amor, seja feliz com a pessoa que te ama, não faça como eu, não esconda do seu coração a chance de ser feliz.

Luis poderia parecer feliz por fora, podia dizer que apoiava a escolha da tia, mas no seu interior estava destruído, não acreditava que tudo isso estava acontecendo com ele, assim tão rapidamente e de uma única vez, o que mais poderia lhe acontecer, o que teria que agüentar no próximo golpe da vida? O que temia mais ainda era ter que trabalhar novamente, não queria sair de casa e encarar outras pessoas, não queria ver a felicidade das pessoas a sua volta, mas logo suas economias iriam acabar e sustentar um apartamento com três bocas para alimentar seria muito complicado sem um trabalho, como resolver tudo isso e aceitar que sempre foi um brinquedo nas mãos dos outros, que sempre foi usado e jogado fora quando já não servia mais?

Kaio: Maninho, posso entrar?

Luis: Entra Kaio... o que quer?

Kaio: Mano eu estava pensando... e cheguei a uma conclusão, sem a tia Emilia aqui e você desempregado, eu vou apenas atrapalhar, e lhe causar despesas, então assim que começar as férias do meio de ano eu vou voltar pra casa do nosso pai..

Luis: O que? Você também vai me abandonar? Que historia é essa de atrapalhar? De ser apenas despesa? Esqueceu que o pai envia dinheiro pra ajudar nas suas despesas?

Kaio: Ai mano, você entendeu o que eu quis dizer, a merreca que o pai manda não dá pra nada, eu não trabalho, minha escola é cara pra caralho, eu sou só mais um peso pra ti, sei que tu tem suas economias, mas até quando elas vão durar você é o único responsável pelo Marco, gastar sua grana comigo só vai prejudicar você, por favor, entende que vai ser mais vantajoso pra você ter que sustentar a si próprio e Marco...

Luis: Não acredito que estou ouvindo isso... é incrível como aquele ditado é verdade...

Kaio: Que ditado fera, nem te entendo?!

Luis: Os ratos são os primeiros a abandonar o navio... no primeiro furo no casco e os ratos se jogam ao mar, nunca imaginei que seria traído pelas pessoas que mais amo na vida...

Kaio: Cara você esta descompensado, não sabe o que diz... eu aqui me preocupando com o seu futuro e você me ofendendo gratuitamente, serio você me decepciona...

Luis: Kaio faça como quiser, quer ir embora então vá seu merdinha!

Kaio: Para Luis, poxa não fala assim comigo... eu custei a te conhecer, a te ter na minha vida... e sempre fiz de tudo pra ta junto de você... mas agora eu estou pensando exclusivamente em ti, tentando te ajudar... mais se é assim que se foda eu prefiro ir embora do que sofrer ouvindo isso...

Kaio chorava silenciosamente de cabeça baixa, o garoto sofria com toda aquela situação, estava tentando ajudar o irmão mais o rapaz não entendia dessa maneira, as traições seguidas sofridas por Luis, o deixaram de guarda armada, e não permitiria ser usado e jogado fora quando já não servisse mais.

A raiva de Luis enegrecia sua vista e não permitia ao rapaz encontrar verdade nas palavras do irmão, mas ver lágrimas no rosto de Kaio feriam seu coração, e pensamentos revoltos dominavam o seu inconsciente, lembrava-se de como desejou ter um irmão quando Leo se foi, e como amou conhecer Kaio naquele momento de tristeza, ele sempre esteve ao seu lado, sempre o ajudou, não merecia ser tratado daquela forma, mas também não aceitava perde-lo assim, sem ele ali, Luis sabia que iria sucumbir a depressão.

Luis: Maninho... por favor não chora... mano eu te amo, eu não quero te perder, será que você não percebe que se você for embora, eu vou morrer...

Kaio: Para Lui, morrer como? Ficar sem mim? Cara eu vou estar logo ali na casa do pai, basta me ligar que eu venho correndo, eu só quero te ajudar mano...

Luis: Me ajudaria se ficasse aqui comigo, mano tu sabe que eu não to bem, não falo de dinheiro, por que o que eu tenho muito, eu economizei cada misero centavo que ganhei na vida, mas falo emocionalmente, mano eu reconheço que to mal, que preciso de ajuda, e é você essa ajuda, cara tu não sabe como isso aqui vai ficar triste sem meu palhacinho particular, eu preciso do seu humor, da sua mania de me enredar nas suas tramóias...

Kaio: Se você tem certeza disso mano, se isso vai te ajudar a melhorar, eu fico aqui, mas farei de tudo pra economizar, pra não ser um fardo pra ti, eu só quero ser sempre o melhor pra você!

Luis: E você é maninho, você é tudo pra mim!

Os dois irmãos se abraçaram, as lagrimas caiam, mas o silencio que se fazia no quarto, carregava o que cada um não se permitia dizer, ambos homens, ambos tímidos, não se abriram por inteiro ali naquele quarto, mas o pouco que foi dito, deixou claro o que cada um sentia pelo outro, Luis finalmente via uma luz no fim do túnel, finalmente reconhecia que ainda existia pessoas que gostavam dele de verdade, e era dessas pessoas que ele pretendia se agarrar.

Ainda naquele dia, Luis estava deitado no sofá com a cabeça no colo de Marco assistindo malhação quando a campainha tocou, foi Kaio que usava o notebook na mesa próximo a porta quem atendeu, e ali naquele momento finalmente conheci o famoso Kaio e a turma de Luis que tanto ouvira falar nas vezes que estivemos juntos.

Kaio: Opá! Deseja falar com quem fera?

Cello: Bem, eu me chamo Marcelo, aqui é onde mora o Luis Almeida?

Kaio: Marcelo, a sei tu é o amigo dele, o tal de Celo né, entra ai fera, ele ta ali vendo TV...

Cello: O vida mansa em, nunca pensei que ia te ver voltar pra vida boa de sofá e televisão!

Luis: Rapaz, mas quem é vivo sempre aparece em? A quanto tempo mano?

Cello: Oxe nem tem tempo assim, acho que cinco meses só, mas iai não vai me apresentar o povo todo não mal educado?

Luis: (risos) Na hora fera... bom esse é o meu maninho Kaio... e esse aqui é o Marco meu filho!

Marco: Filho não, por favor, chame do quiser, mas você ta mais pra irmão mais velho, tio talvez mais pai não da mano!

Luis: (RISOS) Tranqüilo maninho, sabe que falo isso só pra te sacanear, mas deixa continuar... esse aqui é Julio Marcelo um enrustido fodastico, que eu amo como um irmão...

Cello: Vejo que você ta muito bem, já ta zoando com a minha cara... pensei que estivesse todo caidinho ai, precisando de um dedinho amigo no orifício corrugado pra te animar, mas perdi a viagem...

Todo mundo caiu na risada, e Kaio viu em Cello alguém que poderia ajudar a tirar aquela depressão toda de cima do irmão.

Ali na sala a conversa ainda ocorreu por muito tempo, mas logo Luis puxou Cello para o quarto, enquanto Kaio e Marco preparavam o jantar. No quarto Luis buscava coragem para se abrir e buscar os conselhos de Marcelo.

Cello: Fala logo seu azedo, vai ficar enrolando até quando?

Luis: Tenha paciência, to criando coragem, sei que tu vai querer comer meu fígado quando eu contar o que aconteceu nos últimos dias...

Cello: Não é melhor contar logo, para que eu arranque esse fígado e ainda possa comê-lo no jantar que seus irmãos estão preparando?

Luis: Chega de piadinha e senta ai!

Marcelo sentou-se na cama do amigo e este pegou-lhe as mãos e olhando em seus olhos suspirou profundamente.

Cello: Ai meu Deus tu vai me pedir em namoro?! Se for isso já aviso te vejo como irmão jamais vai rolar qualquer coisa entre a gente!

Luis: Cala a boca e escuta.

Cello: Então fala logo!

Luis: Tá... lembra do irmão do Mateus?

Cello: Ai ainda esse peste... tu gosta de sofrer... ta parei... o irmão dele, é o tal de Nando né?

Luis: Ele mesmo... a uns meses, ele reapareceu na minha vida... o pior é que de uma forma diferente, carinhoso, amigo... ele me ajudou quando precisei sabe, me apoiou... eu vi nele um amigo querido... e não demorou muito até essa amizade se transformar em admiração, em menos de uma semana eu já estava amando aquele cara mano... tu não sabe como eu me encantei por aquele rapaz...

Cello: Por favor, não me fala que o monstro brigão correspondeu?

Luis: Não só correspondeu cara, como viajou comigo e a turma pra chácara do Fred no ultimo feriadão, e foi lá cara que eu me entreguei pra ele, mano nunca senti tanto prazer na minha vida, o Nando me fez sentir prazeres que jamais imaginei poder sentir, eu conheci partes do meu corpo que até aquele dia desconhecia, ou não os reconhecia como locais de prazer, cara foi à melhor foda da minha vida, eu fiquei exausto naquela noite até desmaiar nos braços dele, e naquela noite eu senti que ele me amava... mas o que eu não entendo é que depois de uma noite maravilhosa ele simplesmente juntou tudo que tinha levado e foi embora sem se despedir, quando liguei de volta ele deixou claro que não queria mais me ver, e então mano eu to arrasado, achei que poderia finalmente esquecer Mateus, mas agora já nem sei mais o que sinto!

Cello: Mano serio tua vida parece novela, como assim tu fica com o brutamonte preconceituoso do ex-cunhado... isso é sinistro cara, nunca vi isso acontecer... mas já vi vários machões sofrer por causa de homem, quem sabe ele apenas esta confuso com tudo isso, acredito que você deve dar tempo pra ele saca, se ele pensar bem e ver que te ama de verdade, ele virá atrás de você!

Luis: Mais o que eu não sei, é se eu irei quer que ele volte, não sei se o amo se amo Mateus, cara nem sei se sou gay mesmo.

Cello: Normal mano se sentir assim, até hoje não sei se sou gay, bi, ou hetero, sei que curto ser feliz, e não me importa se estou amando homem ou mulher, se esse amor é correspondido isso é suficiente para me deixar feliz também.

Luis: Queria ter essa certeza sua mano, sabe esse negocio se sofrer, de não saber o que quer de verdade é a pior sensação que se pode sentir, gostaria de amar sem medo de sofrer, queria amar sem barreiras...

Cello: Cara dá tempo ao tempo, você acha que eu já achei um grande amor, você acha que eu já vivi uma paixão que fosse correspondida? A maioria das minhas paixões foram por heteros que jamais demonstraram qualquer intenção em me amar também. Mas mesmo assim eu superei tudo isso, e busquei seguir minha vida, nunca sofri por mãos de um mês por um amor não correspondido, sempre soube como superar e buscar viver intensamente cada relacionamento, mesmo que se fosse apenas sexo.

Luis: Cara então me conta como você faz para esquecer isso, como você supera tudo isso, como mano?

Cello: Cara eu simplesmente busco fazer coisas que me façam esquecer isso, busco observar a felicidade dos outros... sabe no Orkut tem uma comunidade gay onde os membros postam suas historias, a muitos que são verídicos e outros fake, mais esses contos já foram por muitas vezes o meu remédio para as dores de cotovelo, ler historias de amor, ou mesmo parecidas com a situação que estou vivendo, me ajudam a ver que a como superar isso, e buscar um relacionamento que me faça feliz.

Luis: Nem mano, não me vejo com usuário dessas pornografias, acho isso de expor vida intima na internet à coisa mais idiota do mundo, acredito que isso não vá me ajudar em nada.

Cello se levantou, caminhou até a mesa do computador de Luis e buscou um bloco de anotações e uma caneta, ali escreveu seu email e senha de acesso do Orkut, depois caminhou de volta a Luis e entregou o papel ao amigo.

Cello: Bom. Você ta desempregado, bem capaz de dormir o dia todo, leia um conto só usa a minha conta fake, se gostar crie uma pra você, se não gostar esquece isso, mas acredito que isso vai te ajudar bastante, não custa nada tentar...

Luis: Tá certo, então vamos lá pra sala ver se a janta já ta pronta, prometo pra você que vou tentar usar este teu tratamento, mas duvido que funcione... você dorme hoje aqui?

Cello; Uai mano, nem sei, vim mesmo só pra te ver, mas já que estou aqui to pensando em ir visitar meu pirralho saca?

Luis: Seu pirralho? Ta me dizendo que virou papa anjo foi?

Cello: Nada a ver mano, quando falo meu pirralho, to falando mesmo é do meu filho saca?

Luis: Filho? Desde quando você tem filho?

Cello: Não é bem meu filho, o João Marcelo é filho da minha primeira namorada, a gente quase casou sabe, só que uma vez a gente brigou e ficou dois meses separados, e neste tempo ela ficou com outros caras, mais a gente acabava ficando vez ou outra durante esses dois meses, ai ela apareceu grávida, e como nas vezes que ficamos eu não usei camisinha, surgiu a hipótese de ele ser meu filho, a gente até morou juntos, mas o menino nasceu nipônico saca, ai eu descobri que ele era filho do vizinho dela, um japonês. O DNA confirmou só que até isso acontecer eu fiquei morando com ela por seis meses, e até registrei ele no meu nome, eu me apaixonei pela ideia de ser pai dele, e mesmo hoje ele não sendo meu filho eu o vejo como se fosse. E ele também me trata como pai. Já tem um tempo que a mãe dele me liga dizendo que ele quer ver o Paicelo dele, então tenho que ir vê-lo!

Luis: Entendo, mas ele tem quantos anos?

Cello: Fez seis este ano!

Os dois amigos ainda conversaram muito naquele quarto, até Kaio chamá-los para jantar, naquela noite Cello dormiu na casa de Luis. E durante a noite Luis em seu quarto resolveu testar o método de Cello e acessou o Orkut do amigo, foi fácil encontrar a comunidade Contos Eróticos Gay, Luis caminhou por varias paginas dos fóruns, mas não encontrou nenhum titulo atrativo, havia vários títulos muito estranhos como: “Fiz o meu cunhado de putinha”, “Sexo safado a quatro”, mas todos eram contos com poucos replies, e entre todos havia um que chamou a atenção de Luis, o nome “Adolescentes em ação” de um tal de Lucas, conquistou Luis rapidamente, e ele se viu dominado por aquela historia queria ver ate onde iria tudo aquilo, não parecia ser real, mas a cada detalhe dado pelo autor, Luis se apaixonava pelos personagens e ele começou a torcer pelo amor de Lucas e Marcos, era de madrugada quando Luis terminou de ler tudo o que Lucas havia postado, estava feliz, e desejava por mais, queria ver o que aconteceria na vida daqueles dois. As cinco horas da manhã Luis deitava em sua cama, alegre por ter seguido os conselhos de Luis, como era fantástico acompanhar uma historia tão emocionante, ele percebia semelhanças entre a sua própria historia e a dos dois rapazes, durante a noite sonhou com alguma coisa que não conseguiu se lembrar ao acordar, mas era algo que deixara uma felicidade enorme em seu coração, estava animado para viver aquele novo dia.

Rapidamente antes mesmo de se trocar, correu para o computador e logou-se no conto, queria ver se havia novas postagens, mas não encontrou nada, estava entusiasmado em continuar lendo o conto, e queria dividir essa alegria, correu até a sala, e viu Cello dormindo no sofá cama, não pensou duas vezes em pular sobre ele gritando.

Luis: Celloooooooooo!

Cello: Porra, caralho, que desgraça é essa, inferno quem é o capeta filho de uma puta que acorda um convidado assim?

Luis: Uai ta nervosinho o moleque... ta achando que ta na casa da mamãe pra dormir até meio dia?

Cello: Porra já é tão tarde assim?

Luis: Claro, já são sete da manhã fera!

Cello: Eu te mato feladamãe... espera tu não tava mô deprê ontem?

Luis: Foi por isso que te acordei fera, tenho que te agradecer, mano li um conto ontem que nossa me conquistou, cara to louco pra ver a continuação, é muito foda a historia, me lembra o que ta acontecendo comigo saca?

Cello: Qual conto?

Luis: Adolescentes em ação, sabe qualé?

Cello: E se sei, to lendo desde o inicio e muito foda, mais tenho outros muito legais também, mas conta ai se arrependeu do preconceito sobre os contos? Me conta ai o que achou?

Luis: Mano sabe, eu vi ali cada dúvida, cada problema, que eu vivi, as situações vividas são muito parecidas, sabe ele me fez questionar se eu sempre fui gay, e só fingia não saber saca? Nossa a cada linha que eu lia, desejava ver tudo aquilo resolvido, mas via também que não seria fácil, e isso me fez pensar mais sobre tudo isso que to vivendo, reconheci que não é chorando e sofrendo que vou superar tudo isso e encontrar a verdadeira felicidade, mas que lutando eu encontrarei um meio termo pra isso...

Cello: Tudo isso em uma única noite e um conto inacabado?

Luis: Sim. Inacabado mais a melhor história que já li, o amor mais sincero e puro que já imaginei conhecer!

Cello: Parabéns, por encontrar seu caminho... agora sai pra lá que eu quero dormir e vai lavar essa boca antes de vir falar com os outros!

Luis: Vá a merda mano!

Naquele dia Marcello ainda ficou na casa de Luis quase o dia todo, e acabou fazendo amizade com os garotos Kaio e Marco, era engraçado ficar perto dos dois, um era o oposto do outro, Kaio o destemperado e cômico e Marco o sentimental, romântico e careta, eram a combinação perfeita, e Cello tinha certeza que o amigo Luis estava cercado de gente que iriam ajudá-lo a superar todos aqueles problemas.

Na semana seguinte, Luis estava muito mais animado os conselhos de Cello e os romances dos contos havia lhe dado mais prazer para encarar a vida.

Após uma noite inteira em claro lendo contos, Luis acordou naquela terça-feira um pouco pra baixo, tinha aquela sensação de que algo iria acontecer, era um aperto no peito, mas era um aperto bom, se é que isso poderia acontecer. Era como se sentisse que algo ruim aconteceria mais que isso só lhe faria bem. Kaio e Marco saíram cedo para a escola, era o ultimo dia antes das férias, e da escola Kaio seguiria para o interior já estava há quinze dias sem ver a namorada Vic e há três meses sem ver os pais e iria aproveitar as férias para revê-los. Marco passaria o dia com o namorado Talles e só voltaria à noite, quanto a Emilia esta já não estava mais na casa do sobrinho, desde que assumiu o namoro com a professora do interior, estava dormindo na casa da irmã Lais.

Luis estava na sala vendo televisão quando alguém bateu na porta do apartamento, ficou com preguiça de levantar e ir ver quem era, preferiu continuar ali deitado e ver se a pessoa ia embora, pensava em reclamar com o porteiro por deixar todos que o visitavam subir sem avisar. Após um tempo ali deitado, Luis se cansou das batidas na porta, que se tornaram continuas e mais altas, decidido a brigar com quem estava na porta Luis se levantou e caminhou até a porta, ao abrir se surpreendeu com quem tanto o incomodava com as batidas na porta.

Luis: Laila! O que você faz aqui?

Laila: Oi Luis, não vai me convidar pra entrar?

Luis: Eu não tenho nada para conversar com você, por favor, vá embora garota!

Laila: Não mesmo, tenho assuntos sérios para tratar com você!

Laila foi dizendo isso e entrando, logo já estava sentada no sofá de Luis, enquanto este ficava parado segurando a porta, a cara de bobo, de confuso que apresentava era no mínimo engraçada. O rapaz encheu o peito de ar, fechou os olhos e buscou coragem dentro de si, tinha que encarar a naja de qualquer jeito.

Luis: Fala o que você quer comigo!

Laila: Luis abaixa suas armas, que eu vim em missão de paz... pode ser que você não acredite mais não estou aqui para te atacar ou caçoar de ti, então recolha essa armadura de rancor e se sente por favor, vamos fazer uma coisa que devíamos ter feito desde o inicio, conversar.

Luis: Nossa que incrível ouvir isso vindo de você, que declarou guerra a mim, e só fez coisas para me prejudicar, não acredito nessa sua missão de paz, não há como existir paz entre nós depois do que cada um fez ao outro!

Laila: Concordo com você Luis, ambos fomos cruéis, ambos rompemos com qualquer chance de sermos amigos ou algo mais, mas o que me trouxe aqui não é por que quero sua amizade ou o seu perdão, mas eu não poderia ir embora, sem esclarecer tudo o que me motivou a fazer o que fiz com você e também eu preciso saber por que você foi tão cruel comigo, por que você me fez tanta maldade...

Laila já chorava, suas mãos tremiam a cada palavra que dizia, Luis percebeu ali que a garota realmente estava desarmada, estava entregue aquele momento, sentiu pena dela, e teve vontade de abraçá-la e pedir o seu perdão, mas algo dentro de si dizia que isso não poderia acontecer, não mesmo, aquela garota não era sua aliada, era inimiga, alguém em quem jamais poderia confiar.

Luis: Não entendo o que você quer dizer... seja mais clara por favor!

Laila: Eu quero dizer, que eu vou embora do Brasil, me casei há um mês com um homem que eu sei que vai me amar que vai cuidar de mim... e eu devo isso graças a você... foi você que me proporcionou encontrar esse homem maravilhoso e foi ele que me tirou todo o ódio que eu um dia tive com você, mais ainda me falta saber o motivo que nos levou a essa guerra declarada, para encontrar a paz interior...

Luis: Espera como assim eu te proporcionei encontrar esse homem maravilhoso, que negocio é esse de casamento, e o Fernando o que aconteceu com ele?

Laila: Eu explico... lembra-se de quando eu sofri aquele acidente, onde perdi o nosso filho... depois daquilo eu tive que passar por um tratamento, e foi ali que eu conheci o Sinval, ele era o meu medico, e eu me apaixonei por ele, logo eu já não via mais razão para continuar com todas aquelas armações que eu criava, não havia mais motivos para te odiar, por que no fundo o que eu queria ao te separar do Mateus, era te mostrar que eu era a pessoa certa pra você, eu queria o seu amor, e por isso me uni a pessoas como o Nando. Mas como eu disse, eu me apaixonei pelo Sinval e aos poucos eu fui conquistando ele, até que a gente começou a sair, mesmo estando oca, não podendo dar um filho pra ele, nos acabamos casando. Agora ele recebeu um convite para ser diretor de um hospital na Bolivia e eu vou com ele. Por isso estou aqui, preciso esclarecer todo que nos levou a isso, necessito de respostas para poder viver bem e feliz com o meu amor...

Luis: E eu devo mesmo acreditar que você está mesmo arrependida por ter feito tudo o que fez?

Laila: E estou, não era preciso fazer nada disso que eu fiz, mas eu estava magoada, a dor de ser usada e rejeitada por você corrompeu o meu coração, e a única coisa que eu queria era te provocar a mesma dor, eu queria que você sofresse como eu sofri, ai quando sua mãe me convidou para o seu aniversario na casa do seu pai, eu vi que ninguém sabia do que você tinha me feito, que você estava vivendo sua vida, e ao chegar lá e saber que você estava acampando com o Mateus, que quase tudo ali era organizado por ele nossa como isso me doeu, você estava feliz, e eu estava no chão, havia sido pisada, usada e o pior eu estava carregando uma criança sua, e aquilo me doeu mais ainda. Quando o Nando apareceu e eu soube quem era ele, não pensei duas vezes em me oferecer como aliada a ele. Ainda havia o teu irmão o Leo, ele era a carta trunfo nossa, achávamos que ele era o golpe de misericórdia, e o trouxemos para o nosso lado, ele sempre soube de tudo que planejávamos...

Luis: E você virou esse tipo de pessoa que se uni a homens e até divide a cama com eles só para golpear o seu inimigo?

Laila: Pois é, eu mesmo não me reconhecia, eu poderia ficar com uma pessoa, sem motivo algum, mas me unir a Nando inclusive na cama, me fez rever certos conceitos, o nosso ódio por você, nos ludibriou, e até cheguei a pensar que eu o amava, mais ninguém naquele grupo era realmente como eu acreditava, o primeiro a mostrar sua face verdadeira foi o Leo, que ao perceber que nossas metas em relação a você, já havia chegado no ponto critico, onde até planejávamos sua morte, resolveu se aliar a Mateus, e passaram a fingir que estavam namorando, aquilo nos deixou sem motivos para te atacar, mais eu...

Luis: Como assim o Leo e o Mateus só estavam fingindo namorar pra me proteger, é isso mesmo que você esta dizendo?

Laila: Isso mesmo, o Leo nunca teve nada com o Mateus, nós acreditávamos mesmo que eles estavam namorando, mas o Nando detestou a idéia e chegou a imaginar que isso era tudo armação deles, e eu sugeri que os dois se beijassem e deixassem eu fotografá-los e depois enviassem essas fotos para Manu e pra você. No fim os dois aceitaram tudo e você sabe o que aconteceu, e outra eles sempre estavam grudados, e eu não soube mais o que fazer...

Luis: Por isso que vocês me deixaram em paz?

Laila: Eu não tinha mais o que fazer, não sabia o que criar para te deixar infeliz, você havia sido traído pelo teu irmão, e ai o Nando queria que eu ajudasse ele a separar o Leo e o Mateus, mas isso não me interessava, e o amor pelo Sinval me afastou aos poucos do Nando. Só que ele me ligou um dia e me disse que tinha um plano definitivo pra te destruir, eu não quis saber do que se tratava e desliguei o telefone, mas recentemente ele me ligou novamente e me contou o que fez com você, como te iludiu te levou pra cama, te usou e jogou fora, ele disse que tinha me vingado, que nunca mais o que fez comigo, por que tinha provado do próprio veneno, e que jamais Mateus iria ficar com você, por que ele tinha destruído todas as esperanças dele em reatar.

Luis: Então foi tudo mesmo um plano, como eu sou um burro, eu realmente pedi pra que isso acontecesse comigo... mas espera o que você ganha em me contar isso?

Laila: Não ganho nada, mas imagino o que você ta passando, afinal eu passei por isso também...

Luis: Me perdoa... eu fui muito imaturo naquela época, eu estava com muito ódio no coração, por tudo que o Mateus me fez, e ainda teve aquela briga com o Nando. Alem do mais você apareceu querendo aproveitar da situação e ficar comigo... e eu já tinha te dito tantas vezes que não queria nada com você... que ti via apenas como amiga que jamais iria rolar qualquer coisa entre a gente. Mas você insistiu... se apresentou como minha namorada, se insinuou pra mim, se ofereceu... o ódio no meu peito por causa daqueles dois, e a raiva de te ver querendo se aproveitar da minha situação... eu quis te usar, me vingar deles em você... admito que isso foi errado, que eu não fui nada honesto com você, que golpeei nossa amizade... eu fui falso, cruel... me arrependi de tudo aquilo que fiz, pouco depois que você saiu... mas era tarde de mais, o estrago estava feito, não tinha como voltar atrás... eu confesso se pudesse voltar atrás eu jamais teria feito tudo aquilo... eu amava ter sua amizade, seu companheirismo... você fez falta em muitos momentos, eu quis muito te procurar, pedir perdão... mas você já havia declarado guerra a mim e isso aumentou a raiva que eu tinha no peito, até hoje sempre vivi com medo do que você e aqueles dois poderiam fazer... estou feliz em saber que mesmo depois de tudo isso, pelo menos você encontrou a felicidade, superou tudo aquilo e deixou o nosso passado sujo e fétido pra trás.

Laila: Ai Luis, eu sei que nós poderíamos ter sido muito feliz juntos... mas não era pra acontecer... é claro que sofri com tudo isso... e tenho cicatrizes no corpo, coração e na alma que jamais vão me fazer esquecer isso tudo, jamais vou ter um filho, jamais terei uma família... mas esse ódio que eu carreguei até hoje, só serviu para me causar dor e tristeza, eu não quero que você me peça perdão ou que me perdoei, nós dois erramos muito... e agora eu só quero esquecer tudo isso, quero ser feliz, e essa mudança é o primeiro passo pra tudo isso acontecer...

Luis: Uma pena isso não ter acontecido antes... talvez hoje eu não tivesse esse ódio tão grande pelo Leo, Mateus e Nando, não sei se um dia eu irei ter uma conversa franca com eles assim como essa nossa, e isso me dói muito, não acredito que eu serei feliz algum dia...

Laila: Mas o Mateus e o Leo não são culpados de nada, tudo que fizeram foi pra te proteger... e outra coisa o Nando eu acredito não é tão culpado assim...

Luis: Como assim... você mesmo ouviu dele tudo o que ele me fez!

Laila: É simples Luis, eu acredito que o Nando também é gay!

Luis: O que?!

Laila: Isso mesmo, eu sempre suspeitei isso dele, percebi que a raiva que ele sentia ao ver Mateus namorando com você era motivada pelo desejo incubado, ele foi obrigado desde cedo a assumir as responsabilidades de casa, teve que ser o homem da família, e nunca pode mostrar como realmente se sentia, e isso virou um meio de proteção para esconder o seu verdadeiro eu, não tenho duvidas que tudo que ele fez contra vocês era apenas recalque por não poder viver a mesma felicidade, por Mateus ter a possibilidade de ser feliz ao lado de quem ele amava e por não assumir as mesmas responsabilidades que o machucaram tanto...

Luis: Eu não acredito nisso, ele teve essa possibilidade, eu me entreguei a ele de corpo e alma e realmente estive apaixonado por ele, eu poderia dar a ele a tão sonhada felicidade, mais ele preferiu me ferir, levar adiante o plano de me machucar, de destruir qualquer chance de Mateus e eu ficarmos juntos... meu Deus agora que percebi... ele contou o que aconteceu pro Mateus?

Laila: Tenho certeza disso, acredito que nesse momento todo mundo sabe, só não comenta nada com você por pena!

A conversa entre Luis e Laila prosseguiu por um bom tempo, não era dois amigos ali naquela sala, a conversa era sobre suas vidas, mas pareciam dois desconhecidos falando sobre o enredo de alguma novela. No fim Laila foi embora, os dois não se abraçaram, não apertaram as mãos, apenas se despediram normalmente como dois estranhos que se tornaram, ela seguiu seu rumo, já havia conquistado a tão sonhada felicidade, mas Luis ficou ali sozinho, triste, mesmo tendo solucionado um problema, ele ainda ficou com as duvidas relacionadas sobre Mateus e Nando, como solucionar tudo aquilo, como aceitar que Leo não o traiu, que Mateus ainda o amava, e que tudo que aconteceu com Nando poderia ter sido verdade?

Luis não estava triste mais seu peito doía, diante de todas as duvidas e incertezas que dominavam seus pensamentos, sozinho em seu quarto, Luis chorou por todas as dores sofridas, por todos os problemas que causou a si próprio e aos outros, não encontrava uma saída para tudo que acontecia em sua vida e todas as dores que ainda iriam machucar seu coração aos farrapos.

Luis estava sentando no chão próximo a porta, custava entender o que foi aquilo tudo, jamais imaginou terminar assim toda a sua historia com Laila, aquela garota havia sido a causa da maioria de seus problemas, e agora ele estava ali feliz por ela ter encontrado seu caminho, não se lembrava dela como uma má pessoa, ou como alguém que sempre o prejudicou, pelo contrario o que mais ele recordava era os momentos de felicidade que passou ao lado de Jana, Manu e a própria Laila.

Em sua cabeça milhares de perguntas recebiam respostas, e outras tantas surgiam sem sinais de soluções ou conclusões, o que mais o perturbava era saber que havia julgado Leo por ter namorado Mateus e estava errado sobre isso, o irmão era o seu salvador, o seu herói maior. Como iria resolver tudo isso, como solucionar toda essa bagunça, era tanta coisa na cabeça que Luis sentia dores horríveis, voltar para o quarto foi o mais difícil sentia como se tivesse uma pedra gigantesca, uma pedra de culpa. Culpa por julgar Leo, culpa por se envolver com Nando e culpa por causar tanta dor a Mateus.

Luis deitou-se e a todo custo encontrou o sono, durante todo o tempo sonhos sem nexos e que se misturavam, viu Mateus velho, o garoto não tinha mais os olhos esmeraldas ou o hálito melancia, havia apenas um olhar cinza sem vida, dentes amarelados e aos pedaços, os cabelos macios e sedosos haviam dado lugar a uma trança enorme de um cabelo ensebado, sujo e grisalho. O rapaz era um velho mendigo que pedia dinheiro aos que passavam, e a cada moeda que recebia Mateus transformava em pedras de crack, o sorriso em seu rosto foi o que mais chocou Luis, era o mesmo sorriso que ele via após beijá-lo. Era um sorriso de felicidade, de contentamento, era como uma criança que recebia o doce que mais gostava.

De repente uma transformação ocorria em todo o cenário, Mateus saia e entrava em cena um Nando diferente do que aquele conhecido intimamente por Luis, aquele Nando era um homem gordo, careca e bêbado, o cenário sujo deu lugar a uma casa de interior até bonitinha, Nando estava sentando em uma poltrona em sua mão uma lata de cerveja aos seus pés um velho cachorro vira-lata dormia mansamente, mais o que chocou Luis foi ver entrar naquela sala uma mulher tão gorda quanto Nando, trazia presa a saia uma criança barriguda e apática, nos braços outra criança com ares de recém nascida, segundos depois surge também um rapaz de uns dezesseis anos, o garoto lembrava muito Mateus quando jovem, ele vestia preto, tinha as unhas pintadas de preto, e carregava ao peito um pingente enorme de um pentagrama.

O rapaz ao ser questionado pela mãe onde estava, respondia que estava com o namorado e que não devia justificativas aos pais, Nando se levantava com uma expressão de ódio no rosto, nas mãos um revolver apontado para o filho, Luis tentava dizer pra ele não fazer isso, mas sua voz não saia, e nada pode fazer ao ver Nando atirar contra o filho e seguidamente na esposa e nos outros dois garotos. A expressão de medo e ódio no rosto de Nando causava pavor a Luis, em nada lembrava ao homem que amou um dia. Luis tentava alcançar o rapaz e lhe dizer para não fazer mais nenhuma loucura, mas nada pode fazer, até ver Nando levar à arma a cabeça e entre lagrimas dizer “porque você me disse aquilo, por que você tinha que ser tão cruel comigo, eu te amava... eu te amo... e você destruiu minha vida...” antes mesmo do corpo de Nando cair no chão após o tiro, Luis foi transportado novamente e desta vez estava diante de Leo, o rapaz estava dentro de uma igreja, vestia uma batina de padre, e pregava sobre o amor e o pecado. Luis estava sentado na primeira fileira e mesmo não acreditando que seu irmão era capaz de se tornar um apóstolo de Deus estava feliz ao ver que pelo menos ele havia tido uma vida promissora.

Após a missa terminar Luis seguiu Leo até a sacristia, o seu irmão estava acompanhado por dois coroinhas, uma garota de nove anos aproximadamente e um garoto de uns dez anos, ali naquele lugar santo Luis se assustou com a atitude de Leo o padre, sentou-se numa cadeira e puxou os dois garotos e logo retirou as vestes brancas que cobriam os dois, e a cena seguinte deixou Luis estagnado, o irmão usava o corpo dos dois garotos para saciar sua vontade de sexo escondida atrás do voto de castidade.

Luis assustado acordou nervoso, tremia e suava muito com tudo que viu naquele sonho, aquilo não poderia ser verdade, ele não poderia causar tanta tristeza assim na vida dos outros, ali sentado na cama, sofrendo com as lembranças daquele pesadelo, Luis tentava entender o porquê viu tudo aquilo, mas uma coisa que mais o deixou confuso foi lembrar as palavras de Nando, por que só pode ouvir o que ele dizia, por que não compreendeu nada alem disso, nem mesmo a pregação de Leo foi ouvida por ele, mas aquelas palavras não saiam de sua cabeça, o que ele havia dito e feito para Nando para causar toda aquela vida desumana e aquele fim trágico.

Luis não teve animo para dormir novamente, estava assustado e desejava resolver tudo aquilo, mais não tinha coragem para procurar o irmão, não depois de ter ficado com Nando, não após ter traído irmão se deitando com a pessoa de qual ele desejava salvar.

O rapaz ligou a televisão e passava sessão da tarde, o filme ele sequer viu qual era sua mente estava longe, com os olhos fixos na tela, Luis tentava entender o que havia levado ele e todos os envolvidos naquele dramalhão mexicano até aquele beco sem saída e cheio de terrores mortais, não via saída para tudo aquilo, não via solução para todos os seus problemas, em sua cabeça não via nenhuma luz que o tirasse daquela escuridão tão avassaladora.

Luis estava tão envolvido nos seus pensamentos, que se quer viu quando Marco entrou acompanhado de Talles, os dois rapazes cumprimentaram Luis, mais não obtiveram resposta, empolgados com o que poderiam fazer no quarto não ligaram para o amigo que estava no mundo da lua, ali permaneceu até a noite, quando Marco saiu para cozinha para preparar o jantar e Talles tomava banho, seu espanto foi grande ao ver o amigo ainda sentado na mesma posição assistindo o Jornal Anhanguera na teve Globo.

Marco: Luh você ta bem cara?... Luis?! Talles corre aqui?

Talles: O que foi amor?

Marco: Maluco o Luis ta estranho, ele não se move, não fala, não responde, olha ai!

Talles: Hoouuu Lui acorda moleque... porqueira o que tu tem?

Luis continuava parado no mesmo lugar, o olhar vermelho a muito tinha esquecido como piscar, Talles começou a se preocupar com aquilo tudo, o rapaz parecia estar morto sentado diante aquela televisão, então Marco foi até a cozinha e voltou com um copo de água na mão.

Marco: Chega pra lá amor, vou acordar esse feladamãe!

E lhe tacou água no rosto, a Luis aquela atitude pareceu como se levasse um choque elétrico, pulou do sofá e caiu sentado no chão com uma cara de pavor, enquanto Talles e Marco olhavam tudo aquilo sem nada entender.

Luis: Porra o que foi isso, quem me molhou?

Marco: Fui eu...

Luis: Por que essa merda agora Marco, ficou doido foi?

Marco: Eu é que te pergunto, você fica ai imóvel por um tempão, não responde aos nossos chamados, não pisca, e acho até que nem respirava e eu que to doido, o que aconteceu com você fera?

Luis: Ai desculpa maninho eu me desliguei do mundo, tava aqui pensando umas coisas e nem vi vocês chegando, desculpa mesmo!

Marco: Você não nos viu chegar, não viu que já se passaram quase três horas, desde que Talles e eu passamos por aquela porta?

Luis: Três horas como assim, nem vi o tempo passar, que horas são agora?

Marco: Já ta passando a novela das sete, mano ta tarde pra caralho, já ia fazer a janta, quando te vi ai do mesmo jeito, nem sei como não ta com dor no corpo e nos olhos, tu nem piscava, parecia perdido no mundo da lua!

Talles: Mais o que te preocupa tanto assim para se desligar do mundo Lui?

Luis: Oi Talles ta tranqüilo?! Uai mano foi umas coisas que me aconteceram hoje a tarde... Marco tu nem vai acreditar quem esteve aqui em casa hoje...

Marco: Tenta contar e eu decido se acredito fera!

Luis: A Laila maninho, foi ela que veio aqui... e o pior veio se explicar e se despedir, ela tirou o time de campo, disse que não vai mais fazer nada para me provocar ou ferir...

Marco estava atônito, agora era ele que ficava desligado do mundo, com certeza pensava em todo o teor da conversa, e se havia rolado briga entre os dois, Marco presenciou muito pouco das desavenças de Luis e Laila, mas sabia bem o quanto um detestava o outro e tudo que um já havia feito para machucar o outro, sabia bem que uma conversa entre eles já mais seria tranqüilo.

Luis: Não se preocupe mano, não rolou briga eu e ela apenas conversamos, esclarecemos muita coisa que ficou pendente durante este ano que nos alfinetamos, encerramos todos os nossos desentendimentos e erguemos a bandeira branca da paz, ela vai se casar e deixara o país ainda este mês, logo não existira mais Laila em minha vida, ou na vida de qualquer um dos outros...

Marco: Não acredito nisso fera, duvido muito que não tenha havido nada entre vocês, como pode ter sido só conversa, e o que fez ela te procurar, não acredito que ela tenha virado boa moça assim de uma hora pra outra!

Luis: Não se preocupe com isso Marco, nós resolvemos todos os nossos problemas é isso que importa, as razões dela não me interessam, e sim saber que é mesmo uma pessoa desejando o meu mal... agora gente vamos pedir uma pizza pro jantar, estou numa preguiça pra cozinhar agora!

Marco não disse mais nada, entendeu que aquilo era assunto encerrado para Luis, e não seria ele que tocaria no assunto, se Luis achasse que deveria se abrir ele estaria ali para ouvi-lo, até que isso acontecesse, ele não faria nada.

Ainda naquela noite os três comeram pizza ali na sala, até que Luis disse que iria se deitar, Marco via nos olhos do amigo, que mesmo sorrindo algo o preocupava e causava muita dor, mas que ele preferia guardar pra si só, e era isso que preocupava o rapaz, sabia que o amigo era muito emotivo e que qualquer carga emocional que ele carregasse poderia lhe levar de volta aquela depressão que a pouco havia saído.

No quarto Luis correu para o computador, iria novamente procurar na comunidade de contos do Orkut, uma historia que tirasse de sua cabeça todas aquelas novas informações que tanto o preocupavam, estava ali lendo um desses contos curtos que só trazem erros de português e muito sexo, quando viu aquela bolinha verde mostrando que havia um amigo online, o único amigo que tinha naquele perfil fake, era José Junior ou melhor Julio Marcelo seu grande amigo Cello, Luis ainda pensou em não procurar falar com o amigo, mas precisava se abrir com alguém e Cello era alguém que estava fora de toda aquela situação e poderia dar bons conselhos, sendo totalmente imparcial.

Luis: Fala cabaço, não conhece mais os amigos não?

Cello: Iai de boa feioso, o que tu conta de novo?

Luis: Meu amigo, tu não sabe a felicidade que sinto em te ver online, preciso tanto conversar com alguém, nossa tu nem imagina o que me aconteceu hoje!

Cello: Conta então mano, fala ai o que te preocupa!

Luis: Cara tu lembra aquela ex namorada minha, a que tava grávida de mim?!

Cello: Sei qualé, a tal de Laila não é?

Luis: Esta mesma cara. Acredita que ela veio aqui em casa hoje.

Cello: Ta de brincadeira mano, mas vocês não tava brigado?

Luis: Uai mano, eu tbm axei que tava, mais ela veio contar que vai se casar, e que vai pra outra cidade saca, e ai veio esclarecer tudo que rolou entre a gente...

Cello: Como assim fera? A louca foi pedir perdão?

Luis: Não houve isso, mas a gente se acertou, mais o que não me incomoda não é isso, e sim o que ela me contou.

Cello: E o que ela te contou mano?

Luis: Cara ela disse que o Leo e o Mateus não ficaram juntos de verdade, que tudo aquilo era encenação para me proteger por que Nando e ela planejavam me matar!

Cello: Meu que foda, mais você acha que eles fariam mesmo isso?

Luis: Ela mesmo disse isso, e em nenhum momento falou que isso seria mentira, o pior é que julguei os dois, briguei com eles, sem dar espaço pra eles se explicarem.

Cello: Mais mano tu não tinha como saber disso, como poderia adivinhar que era tudo mentira se os dois jamais te procuraram, e se você soubesse como poderia dar certo esta historia toda? Não havia outra alternativa você fez o que deveria fazer ao saber que tinha sido traído, e você mesmo me contou que já havia visto o Leo outras vezes, e ele jamais te contou isso não é?

Luis: Não!

Cello: Então mano, você não é culpado de nada, você fez o que qualquer homem faria ao ser enganado e traído pelas duas pessoas que mais amava, não vejo culpa sua em toda essa historia, não se preocupe quanto a isso, fique feliz em saber que os dois te amam a ponto de sacrificar o relacionamento com você somente para te ver bem. Se eles te procurarem ai sim você tenta se explicar, não corra atrás deles, por mais que a justificativa deles seja proteger você, não há como cicatrizar a ferida da traição não é?

Luis: Nossa mano, eu tinha certeza que poderia me abrir com você, é incrível como você sempre me diz o que eu desejo ouvir, mas mesmo assim tu não acha que eu deveria procurá-los?

Cello: Jamais amigo, eles não te procuraram para tramar tudo isso, então o melhor é esperar eles te procurarem, e ai sim vocês juntos encontraram quem realmente é culpado nessa historia toda, alem do mais eu acho que você não se preocupa tanto com estes dois, acho que há outra pessoa no seu coraçãozinho que te preocupa muito mais do que Mateus ou Leo não é?

Luis lia tudo aquilo que o amigo havia digitado um pouco apreensivo, como Cello poderia saber disso, como aquele cara poderia enxergar tanto assim de sua vida, como ele poderia saber mais de sua vida do que ele próprio, pensou muito em como responder aquela pergunta, e não achou outra resposta a não ser dizer a verdade.

Luis: Mano tu me conhece mesmo né? O pior é que tem mesmo, eu não consigo tirar o Nando da cabeça, cara sei que ele é um monstro sem coração, mas eu não consigo deixar de gostar dele, de querer ele aqui perto de mim, mano eu to apaixonado por aquele cara e isso destrói aos poucos a minha vontade de solucionar tudo isso.

Cello: Sei como você se sente, é difícil aceitar que você se entregou pra uma pessoa acreditando que ela te queria bem e depois descobrir que a única coisa que ele realmente queria era te usar, te ferir, mas você realmente acredita que tudo o que rolou entre vocês foi só isso mesmo, será que não há verdade em alguma coisa que ele tenha dito?

Luis: Mano mais é isso mesmo que me preocupa, a Laila também disse que o Nando contou pra ela e também pro Mateus tudo o que rolou entre a gente e que desde o inicio isso foi planejado.

Cello: Entendo, então não há como ver um lado bem em toda essa situação não é?

Luis: Mais ela também disse que tem quase certeza que o Nando é gay!

Cello: Caramba mano como te disse da outra vez, eu não sei o que te dizer em relação ao Nando, esse cara é muito estranho, não consigo entender as atitudes dele, é tudo muito rústico, muito bruto saca?

Luis: Sei como é, mas eu fico tão perdido no meio disso tudo, não sei o que fazer mano!

Cello: Cara entrei aqui hoje pra ler um conto pra me distrair, mais confesso que a nossa conversa é muito mais emocionante do que qualquer conto, bem que você poderia escrevê-la e postar na comu né?

Luis: Aff mano sei escrever não cara, sou horrível com as palavras, mais seria interessante compartilhar minha vida com outras pessoas, acho que seria mais fácil ouvir os conselhos de pessoas que não me conhecem, seria bem mais imparcial, mas não consigo fazer isso!

Cello: HEHEHE sei como é isso, uma vez ate comecei a escrever um conto fictício, mais não deu muito certo, tinha ate um publico grande, mais o povo dava palpite demais e eu apelei e deletei todo o conto.

Luis: Uai mano então por que tu não escreve pra mim?

Cello: Nem mano, escrever algo que não existe é fácil, mais narrar a historia de uma pessoa que eu conheço e que vai acompanhar tudo é foda!

Luis: Faz assim mano, tu escreve e manda pra mim e eu decido o que vai ser publicado saca?

Cello: É pode dar certo mano, mas tipo você precisaria escrever pelo menos os tópicos dos capítulos né não?

Luis: Como assim mano?

Cello: Uai você escreve um resumo breve do que aconteceu e eu crio a historia saca?

Luis: Uai pode ser, então faz assim eu vou escrevendo aqui e assim que tiver uma boa quantidade envio pro teu email e ai tu começa a escrever, e sempre vai me enviado o que escrever.

Os dois ainda conversaram um tempão até acertarem tudo para o começo de Trident de Melancia na comunidade gay do Orkut, ali começava a saga que seria publicar essa historia fantástica que de nada lembra uma vida real e sim uma novela mexicana.

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Comentários

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E mais uma vez o autor que postava 20 capítulos em um dia some e nos deixa sem saber o que aconteceu. Continuação que é bom nada

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Cadê os outros capítulos? Quero ver logo a continuação dessa saga

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Nossa, difícil acreditar que essa história seja real, é um eita atrás de eita

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