É engraçado como a vida pode mudar completamente em apenas quinze minutos. Um quarto de hora. Novecentos segundos. O tempo de um café rápido, de uma música no chuveiro, de uma conversa superficial no elevador.
Quinze minutos podem ser nada e tudo ao mesmo tempo. Podem ser o tempo que você espera no trânsito irritado sem que nada aconteça. Ou podem ser o tempo que decide o resto da sua vida.
Em quinze minutos, você pode conhecer alguém que mudará tudo. Pode perder alguém que significa tudo. Pode tomar uma decisão que te leva para um caminho completamente diferente. Pode dizer sim ou não a algo que transforma quem você é.
A vida, descobri, não acontece nos grandes momentos planejados. Acontece nesses intervalos pequenos, nesses pedaços de tempo que parecem insignificantes mas carregam o peso de universos inteiros.
E eu estava prestes a viver os quinze minutos mais importantes da minha vida.
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No outro dia acordei me sentindo leve. Ficar com Carlos sempre era bom - era estranho, era complicado, mas era inegavelmente bom. Havia algo nele que me conectava de uma forma que ninguém mais conseguia, uma química que transcendia razão ou lógica.
Ao mesmo tempo, era surreal saber que em menos de 30 dias eu e Luke iríamos nos casar. Era estranho - não ruim, apenas estranho - que Luke tivesse não só permitido mas sugerido uma noite com Carlos. Mas nosso relacionamento nos últimos dois anos tinha sido construído na base da sinceridade absoluta, de uma forma que as coisas entre a gente simplesmente funcionavam.
Tínhamos encontrado nossa maneira de fazer dar certo, e tínhamos planos de continuar fazendo isso funcionar sempre. Luke era uma nova pessoa - equilibrada, consciente, confiante. Eu era uma nova pessoa - mais honesta, mais madura, mais ciente das minhas escolhas e consequências.
Ficar com Carlos sempre seria algo mágico e intenso, algo que mexia profundamente comigo de formas que eu mal conseguia explicar. Mas ainda não queria focar no Carlos, não queria dissecar o que aquela noite significou. Precisava processar, precisava de tempo.
No outro dia, eu e Luke nos encontramos no apartamento dele. Ele tinha chegado da sua despedida de solteiro com os gêmeos, eu da minha com Carlos. Era quase meio-dia, ambos exaustos ainda, os corpos marcados por uma noite intensa.
Nos olhamos com cumplicidade - aquele olhar que dizia "fizemos uma loucura mas não nos arrependemos". Tomamos banhos separados, cada um no seu ritmo, processando a noite anterior. E então finalmente nos deitamos na cama, trocamos um beijo longo e demos um amasso preguiçoso.
Sussurrei no ouvido dele:
— Como foi sua noite?
— Então a gente vai contar como foi, um do outro? — Luke questionou, afastando-se um pouco para me olhar nos olhos.
— Se você quiser saber de todos os detalhes sórdidos que o Carlos fez comigo e eu fiz com ele, não vejo problema em contar — respondi honestamente.
— Eu acho que prefiro não saber dos detalhes com Carlos — Luke disse, subindo em cima de mim e me puxando para um beijo mais intenso — mas não me nego a contar o que eu fiz com os gêmeos.
E então, enquanto nos beijávamos e nos tocávamos, Luke começou a narrar. Cada detalhe, cada momento, cada sensação. Era estranho e excitante ao mesmo tempo - ouvi-lo contar como tinha sido com os gêmeos enquanto o Luke cavalgava lentamente no meu pau.
— Eles são idênticos, sabe? — Luke sussurrou entre beijos — mesma altura, mesmo corpo, mesmos gemidos. Era como estar com a mesma pessoa duas vezes ao mesmo tempo.
Suas mãos desceram pelo meu corpo enquanto continuava:
— Um beijava meu pescoço enquanto o outro... — ele demonstrou em vez de falar, me fazendo gemer.
Era como se eu fosse o corno que gostava de saber, que se excitava com os detalhes. E de certa forma, dentro dos nossos acordos, era exatamente isso. Não havia ciúmes, apenas curiosidade e uma excitação compartilhada.
— E você pensou em mim? — perguntei provocativamente.
— O tempo todo — ele respondeu, cavalgando mais rapidamente ao perceber que eu estava super excitado com o seu relato — imaginei você gemendo no pau do Carlos ou ele gemendo no seu.
E o que se seguiu foi intenso, carregado daquela química que sempre tivemos, aquela conexão que fazia tudo valer a pena, enchi o cu do Luke de porra, ele terminou de contar cada detalhe que fez a noite toda com os gemeos.
Quando terminamos, acabamos adormecendo abraçados, exaustos física e emocionalmente. À noite fomos jantar num restaurante próximo, conversando sobre amenidades, rindo de piadas internas. E então Luke me puxou para uma conversa mais séria, o tom mudando completamente.
— E você e o Carlos, tudo bem, né? — perguntou, mexendo nervosamente no guardanapo.
— Sim, sim, tudo de boas — respondi rapidamente — foi ótimo. Como você não quis saber os detalhes, por isso não toquei no assunto.
— É estranho saber que você foi pra cama com o Carlos, não vou mentir — Luke admitiu, me olhando diretamente — mas sei lá, hoje é diferente. Se pra você foi somente sexo e não teve envolvimento ou recaída emocional, eu fico tranquilo. Não ligo de verdade.
Hesitei por um segundo antes de responder:
— Não teve. Foi somente sexo entre dois ex-namorados.
— Eu já fui muito inseguro com o Carlos — Luke continuou, pegando minha mão — mas hoje em dia não vejo mais ele como ameaça, sei lá. É estranho e diferente dizer isso, mas é verdade. Eu gosto de você, confio em você. E acho que a gente tem que ser sincero um com o outro sempre, não importa o quê.
— Eu estou sendo sincero — menti, sentindo o peso da mentira.
— E eu acredito em você — disse Luke me puxando para um beijo suave.
— Acho que finalmente vamos ter nosso final feliz? — perguntei, querendo acreditar.
— Eu espero que sim.
A conversa com Luke foi um tanto estranha, devo admitir. Talvez sim, eu tenha mentido quando disse que não fiquei balançado emocionalmente com Carlos. Porque fiquei. Claro que fiquei. Aquela noite mexeu comigo de formas que eu não estava preparado para admitir - nem para mim mesmo, muito menos para Luke.
Mas eu sabia que ser 100% sincero sobre aquilo traria problemas desnecessários, criaria inseguranças que estavam adormecidas. E eu queria me manter longe de problemas, longe de dramas. Queria apenas seguir em frente para o casamento sem complicações.
Talvez tenha sido um erro meu não ter sido completamente sincero com Luke ali naquele momento. Mas eu entendo - hoje, olhando para trás - que estava com a cabeça ainda processando tudo que tinha acontecido nas últimas 24 horas. Era confusão demais, emoção demais, tudo acontecendo rápido demais.
E isso me dá um certo alívio por ver que eu não fui tão canalha assim. Não foi maldade, foi autopreservação. Foi medo de explodir algo bom por não conseguir nomear sentimentos complexos.
Para minha sorte - ou azar, dependendo de como você vê - Carlos viajou com os pais logo depois. Iria passar 20 dias fora visitando a família estendida, e quando voltasse ainda precisaria fazer uma pequena viagem a trabalho. Ele só estaria de volta a Natal alguns dias antes do meu casamento.
Eu não tinha pretensão de encontrar com Carlos durante esse período, ou qualquer coisa do tipo. E antes que vocês me julguem, deixa eu explicar: como disse, a gente estava tendo uma relação tranquila. Éramos amigos - bons amigos. Não tocamos no assunto da despedida de solteiro depois daquela noite. Era como se tivesse sido um parênteses, um momento fora do tempo, algo que aconteceu mas não seria revisitado.
Pelo menos não até que o destino decidisse diferente.
E então o tão esperado dia chegou. Eu iria me casar com Luke. Estávamos prestes a ter nosso final feliz, cercados de todos os nossos amigos, familiares e pessoas próximas que nos apoiavam.
Seria uma cerimônia um pouco intimista - quase 100 convidados, o que para nós era pequeno. Iríamos fazer tudo no lago do condomínio dos pais de Luke, aquele lugar mágico que tinha sido testemunha de tantos momentos importantes da nossa história.
O local já estava lindo e decorado quando chegamos. Flores brancas por todo lado, um caminho de pétalas levando até o altar montado à beira do lago, cadeiras alinhadas perfeitamente, luzes que criariam uma atmosfera mágica quando o sol começasse a se pôr.
Eu e Luke estávamos no quarto dele nos arrumando. Olhei pela janela e já conseguia ver alguns convidados chegando de longe, todos vestidos de branco conforme pedido. Estávamos programados para começar a cerimônia às 16h em ponto.
Eram 15h45.
Fabrizio, o cabeleireiro - o mesmo da Chanel de anos atrás -, acabara de finalizar nossos cabelos. Estávamos colocando nossas roupas: iriamos entrar os dois de branco ao mesmo tempo, num simbolismo de igualdade e parceria. Blazers brancos imaculados com uma rosa vermelha no bolso, calças perfeitamente ajustadas.
Sabe quando a vida passa em segundos pela sua frente? Sabe quando de repente você se vê num momento decisivo e percebe que tudo que veio antes foi preparação para aquele instante?
Do nada me lembrei de uma música - uma música clichê, brega até: "Tô casando, mas o grande amor da minha vida é você". E sorri involuntariamente da ironia.
Luke tinha ido ao banheiro fazer algo - ajustar o cabelo, respirar fundo, não sei. E eu olhei pela janela novamente. E o vi, Carlos. Estava lá embaixo entre os convidados, conversando com alguém, rindo daquele jeito que eu conhecia tão bem. Usava terno branco como todos, mas de alguma forma se destacava. Ou talvez fossem apenas meus olhos que o encontravam automaticamente em qualquer multidão.
Sem pensar muito, peguei meu celular e escrevi exatamente aquilo: "Tô casando, mas o grande amor da minha vida é você".
Mandei. E segurei a respiração.
Vi quando ele pegou o celular, leu a mensagem. E então sorriu. Aquele sorriso lindo, doce e sincero que eu conhecia desde o ensino médio. Um sorriso capaz de mudar tudo. Sabe quando um único sorriso é capaz de fazer você repensar tudo? Quando uma expressão facial tem o poder de bagunçar anos de certezas?
Às vezes na vida a gente precisa tomar escolhas que nos moldam completamente para o futuro. É como se a vida nos desse portas - portas idênticas à primeira vista, mas que levam a destinos completamente diferentes. E cada escolha de porta nos leva para uma vida inteiramente nova, um universo paralelo onde seríamos pessoas diferentes.
Lembro de estar conversando com um amigo uma vez. Ele me contou que tinha recebido uma proposta de trabalho para tocar numa banda famosa - iria ganhar muito bem, viajar o Brasil inteiro. Mas acabou optando por trabalhar num bar local, algo mais estável, menos glamoroso.
Nesse bar ele construiu toda a base de amigos e relações profissionais que tem hoje. Foi lá que conheceu a maior parte das pessoas importantes da vida dele, inclusive a mim. Foi uma única escolha - banda ou bar - que mudou absolutamente tudo.
Se ele tivesse escolhido trabalhar na banda, não teria me conhecido, nem aos nossos amigos em comum. Sua vida seria completamente diferente da que tinha. Talvez melhor, talvez pior - impossível saber. Mas definitivamente diferente.
E a vida às vezes é exatamente isso: uma decisão, uma escolha de porta que pode mudar tudo. Estamos constantemente fazendo essas escolhas - qual faculdade cursar, qual viagem fazer, com quem namorar, que roupa vestir no dia que conhecemos alguém importante. Tudo isso poderia alterar completamente nossa trajetória de felicidade.
Ali, vendo aquele sorriso leve do Carlos, lendo sua resposta que chegou segundos depois - "Só não recebi o convite com o cantinho rabiscado no verso, mas aceito ser seu grande amor. Te amo" -, eu me perguntei:
Será que a porta do "Luke" seria a que iria me fazer realmente feliz? Será que aquela era minha escolha certa? Ou estaria prestes a fechar a porta errada e passar o resto da vida me perguntando "e se"?
Durante toda minha história, contei sobre mim, Luke e Carlos. E toda minha vida nos últimos sete anos tinha sido baseada nas idas e voltas com cada um desses dois. Claro que cada um tinha seu jeito único que me fazia feliz. Cada um eu amava de formas diferentes mas igualmente intensas.
Mas ali, olhando aquele sorriso do Carlos através da janela, eu me perguntei: será que estou realmente fazendo a escolha certa? Será que não vou deixar uma oportunidade passar que nunca mais voltará?
Em meio aos meus pensamentos turbulentos, Luke apareceu saindo do banheiro. Estava com a calça vestida mas sem camisa ainda, o corpo definido revelado, os cabelos perfeitamente arrumados.
— Tá pensando em quê? — perguntou, percebendo minha expressão.
— Será que a gente vai fazer a coisa certa? — soltei antes de poder me censurar.
— Como assim, Lucas? — Luke perguntou assustado, parando no meio do quarto.
— Estou em dúvida se é isso mesmo que eu quero. Me desculpa — falei, sentindo as lágrimas começarem a cair sem permissão.
— O que houve? Por que essa mudança tão repentina? — ele veio até mim, segurando meus ombros.
— Não sei — chorei mais — tava aqui pensando em tudo e nada ao mesmo tempo. Você sabe que eu sou sincero com você, não sabe? Eu acho que nos últimos anos a gente teve um relacionamento leve, doce, que fez funcionar perfeitamente. Mas hoje era pra ser o dia mais feliz da minha vida, o dia que teríamos nosso final feliz. E eu não sei se tô pronto. Não sei se eu quero isso. Tenho medo de fazer a escolha errada e te machucar, ou me machucar.
— Lucas, aconteceu alguma coisa? — Luke perguntou, a voz estranhamente calma — por que todo esse questionamento do nada? Você viu alguma coisa ou alguém lá fora?
Ele sabia. De alguma forma, ele sempre soube.
— Sim — admiti — eu vi o Carlos. Mandei uma mensagem pra ele, uma brincadeira. Ele sorriu de um jeito que... me fez questionar o que estou prestes a fazer. Me desculpa.
— O Carlos — Luke disse com os olhos marejados — sempre o Carlos, né?
— Luke, por favor, não é assim...
— Você ama o Carlos? — ele perguntou diretamente — vai lá e casa com ele então. A gente acaba tudo aqui agora.
— Luke, não quero que você se descontrole, por favor...
— Eu estou calmo — ele disse, e era verdade, sua voz estava surpreendentemente serena — por incrível que pareça, estou calmo. Mas eu sei que você gosta do Carlos, sempre soube no fundo. O que eu vou fazer? A gente se casa, tem nosso final feliz de conto de fadas, e você sempre vai pensar em como seria sua vida se tivesse escolhido o Carlos? Vai ficar olhando pra ele em churrascos, em festas, sempre se perguntando "e se"?
— E se eu fizer a escolha errada? — argumentei desesperado — e se eu escolher ficar com o Carlos e depois perceber que fiz uma merda gigantesca e deixei você escapar mais uma vez? Eu te amo, Luke. Te amo como nunca amei ninguém. Mas o fato é que estou confuso, completamente perdido.
E então Luke fez algo inesperado. Veio pra cima de mim e me beijou ferozmente. Com gosto, com sede, com desejo - um beijo que há tempos não dávamos. Um beijo que dizia "você é meu" e "eu sou seu" ao mesmo tempo.
Suas mãos tiraram a toalha que eu ainda usava do banho, pressionando meu corpo contra o dele. E ali fizemos amor rápido, urgente, desesperado. Era afirmação e despedida ao mesmo tempo, certeza e dúvida entrelaçadas, o Luke me fodeu com força e carinho, eu chupei o Luke, dei uns tapa na sua cara, na sua bunda, fodi sua bunda, gozei dentro, ele gozou dentro de mim, era uma mistura de sexo selvagem com um sabor que eu não sabia, se seria saber de certeza ou de despedida.
Quando terminamos e olhei para o relógio, eram 16:30h. Estávamos descabelados, sem roupas, suados. Mas Luke tinha um sorriso satisfeito no rosto, como se tivesse provado um ponto.
Até que bateram na porta. Era Danielle, a cerimonialista.
— Meninos, vocês estão prontos? — a voz dela saiu tensa mesmo através da porta — estamos na hora já! Os convidados estão esperando!
— Calma — Luke disse abrindo metade da porta, escondendo o corpo nu atrás — tivemos um pequeno atraso. Lua de mel antecipada — piscou.
— Gente, vocês ainda estão ASSIM? — Danielle quase gritou, vendo parcialmente a cena — meu Deus, eu vou infartar! — ela pegou o rádio — preciso do Fabrizio de volta aqui URGENTE pra arrumar os noivos de novo!
— Calma — Luke disse — talvez não tenha mais casamento.
— O QUÊ? — Danielle praticamente gritou.
— Preciso de 10 minutos — Luke falou firme — estou conversando com o Lucas. Já aviso quando estivermos prontos.
Meu celular vibrou. Era Yan:
"Cara, tá tudo bem aí? Os convidados estão estranhando a demora. Sua mãe tá nervosa, o Fabrizio ta aqui a anos, já era pra você tá aqui."
E então outra mensagem:
"boy que demora, aconteceu alguma coisa o sol vai se pôr, o vestido do luke deu errado?"
Luke fechou a porta na cara da Danielle desesperada e se virou para mim:
— E então? O que vamos fazer? Você me ama? O que fizemos agora foi bom? Foi suficiente pra você saber se quer a mim ou ao Carlos?
— Luke, eu sinceramente não sei — admiti, a voz falhando — quão canalha eu seria se chamasse o Carlos aqui e pedisse pra ficar com ele a sós por alguns minutos?
Luke me olhou por um longo momento. E então sorriu - não um sorriso feliz, mas um sorriso de quem finalmente entendeu algo.
— Se isso vai te fazer escolher, não vejo como canalhismo — disse suavemente — vejo como necessário.
— Você tá falando sério?
— Manda mensagem pra ele — Luke confirmou.
Peguei meu celular com mãos trêmulas e escrevi: "Preciso falar com você. Agora. No quarto. Urgente."
A resposta veio quase instantaneamente: "???"
"Por favor. É importante."
"Indo."
Olhei para Luke, que estava me observando com uma expressão que não consegui decifrar completamente.
— Lucas, eu vou entender — ele disse com uma calma que me assustou — de verdade. Se você quiser ficar com o Carlos, vai doer como nada nunca doeu, mas vou entender. Sei que vai ser uma dor que é melhor sofrer logo do que futuramente ser trocado quando você não aguentar mais fingir.
Ele começou a se vestir enquanto falava:
— Quanto ao casamento, a gente resolve depois o que fazer. Podemos nos casar e separar logo em seguida se quiser manter as aparências, ou simplesmente cancelar tudo e enfrentar a situação. Vou sair, vou te deixar com o Carlos a sós.
Ele terminou de vestir a calça e me olhou nos olhos:
— Quando terminar de conversar, me manda mensagem. Você vai ter 15 minutos - que sejam sua última vez com o Carlos ou a primeira de muitas. Mas hoje você precisa decidir de verdade: ou ele, ou eu. Os dois não dá mais. Não é justo comigo, não é justo com ele, e não é justo com você.
E então Luke saiu, fechando a porta suavemente atrás de si.
Era difícil prever como seria a reação do Luke se eu escolhesse Carlos. Era difícil imaginar qualquer cenário, qualquer futuro. Eu estava completamente perdido, à deriva num mar de dúvidas e sentimentos contraditórios.
Logo ouvi passos no corredor. Uma batida suave na porta.
Abri. Lá estava Carlos, lindo com a barba feita, os olhos cheios de confusão sem entender o que estava acontecendo, por que o noivo o chamava minutos antes da cerimônia.
Não disse nada. Apenas o puxei para dentro do quarto, puxei ele para um beijo rápido e intenso, e fechei a porta trancando.
Nos separamos. Ele me olhava sem entender nada, a respiração acelerada.
E então eu disse as palavras que mudariam tudo:
— Você tem 15 minutos pra me fazer desistir de tudo e ficar com você, me fode como você nunca me fodeu;.
Quinze minutos.
Novecentos segundos para decidir o resto da minha vida.
Um quarto de hora para escolher entre dois futuros completamente diferentes.
Quinze minutos que poderiam ser nada ou tudo.
E o relógio começou a contar.