Zóio - Enganos

Um conto erótico de Bayoux
Categoria: Heterossexual
Contém 1961 palavras
Data: 06/12/2022 17:56:14
Última revisão: 13/10/2023 14:10:38

Essa história é sobre uma situação embaraçosa junto à turma de amigos lá do bairro. Como é possível de se imaginar, quando se anda com um bando de adolescentes conhecidos como Perigo, Atentado, Maluco e Florzinha, meter-se em enrascadas é o mínimo que alguém pode esperar.

Já ouvi muitos comentários sobre a geração atual pecar pela falta de criatividade. Pois bem, nós pecávamos pelo excesso. Todo sábado era uma confusão diferente, sempre envolvendo sexo. Não, a gente quase não comia ninguém, mas vivia tentando - e era exatamente neste ponto onde a confusão se armava.

Desta vez fomos a uma festa em outro colégio, na ZONA PROIBIDA: o bairro vizinho rival do nosso, onde volta e meia rolavam brigas generalizadas com a nossa turma, logo, uns não se atreviam a ingressar no território dos outros. Sério, moleque é bicho sem noção e às vezes alguém baixava no hospital desacordado depois dos enfrentamentos.

Bem, para nós era proibido ir até lá, mas o Perigo havia conhecido uma aluna do tal colégio e insistiu até não poder mais pra gente ir até lá. Só resolvemos acompanhá-lo quando o cara avisou: ele iria de qualquer jeito, até mesmo sozinho - e isso basicamente era comprar uma passagem só de ida para o além.

E lá vamos nós, nos esgueirando pelas ruas, evitando ser notados. Parecia um filme do Missão Impossível, só faltava a musiquinha maneira e o Tom Cruise.

Pulamos a cerca nos fundos do colégio, nos misturamos à multidão entre as barraquinhas e ficamos rodando por lá até o Perigo encontrar a mina. Ela vinha acompanhada de outras três garotas, todas de collant, mini-saia e sandália Melissa - essa era a última moda naquela época e, juro, não parecia tão horrível.

Papo vai e papo vem, terminamos fumando baseado e tomando um garrafão de vinho barato com as meninas atrás do ginásio.

Estávamos todos soltinhos e o clima esquentava, o Perigo já dava uns amassos na sua perseguida, as amigas dela eram gente fina e eu estava me arranjando com uma loira magrinha de cabelos longos e cintura fina, areia demais para o meu caminhãozinho.

No escurinho da noite, escorreguei a mão por baixo da saia e fiquei roçando por cima da malha collant, ela me abraçava e me chamava de gostoso, algo até então inédito para mim.

Eu afastei o collant pro lado e enquanto lhe beijava já a sentia molhada entre meus dedos, fiquei brincando aqui e apertando ali, a garota colou mais ainda seu corpo ao meu e buscou na minha calça, começando o prenúncio de algo que prometia ir muito além dos amassos.

Eu estava no céu, pela primeira vez uma mina me deixava chegar tão longe, meu trem estava doendo de tanta excitação e pulsava entre minhas pernas. A mina acelerou seus movimentos se esfregando em meus dedos e deu um gritinho abafado cravando a mão no bichão. Uau, aquilo era um orgasmo - e isso eu nunca tinha visto na vida real! Ao gozar, ela apertou o bichão ainda mais forte e eu terminei todo melado dentro da cueca - e disso eu tinha certeza porque já havia vivenciado antes.

E foi neste momento que a turma do outro bairro caiu de pau em cima da gente, eram muitos caras e nos pegaram de surpresa. Foi um desastre e apanhamos feito cachorro sem dono. Bem, a gente nunca admitiu ter apanhado, afinal, mentir na maior cara de pau faz parte da juventude.

Por exemplo, no bairro, todo mundo da turma dizia já ter comido alguém.

Eu mentia, é claro, falava em detalhes como tinha me acabado com uma negra grandona quando fomos à zona. Mas eu não revelava a ninguém ter ficado só de sarro com a tia - sim, eu gozei rápido e nem cheguei a introduzir algo nela propriamente.

O Florzinha alegava ter uma namorada (que ninguém conhecia), o Perigo se gabava de comer a piranha do bairro (algo muito suspeito, pois a fama da tal garota parecia ser mentira também), o Maluco dizia pegar alguma tia sempre quando tinha dinheiro (mas o cara nunca tinha grana) e, agora, o Atentado tinha voltado das férias em Guarapari e só falava de ter apertado uma mina no carro (mais uma menina misteriosa que ninguém conhecia, muito conveniente).

Apesar de tudo isso parecer mentira, a coisa estava ficando sinistra pro meu lado, eu necessitava dar um jeito na minha virgindade urgentemente.

Bem, eu tinha o maior tesão na irmã do atentado, meu eterno objeto de desejo, uma loira alta, magra e muito gostosa, mas uns dois anos maior que eu, logo, não havia a menor chance dela me dar bola. A escola era um mar de gente e eu só conhecia uns carinhas, nem sequer chegava perto das garotas. No cursinho de inglês não rolava, eu frequentava uma turma adiantada e a galera era bem mais velha.

Eu não tinha habilidades sociais, quando a gente saia eu não chegava junto das garotas, simplesmente não tinha ideia de como devia fazer. No clube, na matinê da discoteca, no boliche, nada, nadica de nada. Eu estava destinado ao fracasso sexual, nunca comeria ninguém, terminaria me tornando padre, seria obrigado a dedicar-me ao celibato e a uma vida de masturbação e nada mais.

Isso é que dá ter o apelido de “cú de ferro” - ah, eu nem contei, mas meu apelido era CDF.

Daí abriu perto de casa um colégio novo fazendo promoção para encher as turmas. Meus pais, é claro, colocaram os filhos lá, porque eram os anos oitenta, havia uma recessão infinita e ninguém perdia um desconto, afinal, porque investir no futuro dos seus filhos quando você pode comprar duas latas de apresuntado e uma coca tamanho família a mais?

Segundo ano do ensino médio, cheguei lá e descobri: minha sala só contava com vinte alunos, quinze mulheres e cinco caras - era o paraíso! Obrigado Presidente, pela recessão infinita! Obrigado papai, por não ter grana! Obrigado mamãe, por gostar tanto de apresuntado com coca-cola! Sério, com quinze minas, fatalmente ia arrumar uma pra comer, a menos que eu fosse muito estúpido - e isso não estava descartado.

Dito e feito, com um mês dei umas provadas na minha primeira peguete. Mas a gata era arisca, não ficava de pegação pelos cantos, queria continuar virgem, se dedicava a estudar para o vestibular e no máximo rolavam uns beijinhos.

Um dia, até me chamou na casa dela e apresentou para os pais, ou seja, a “oficialização” do namoro. A mãe dela foi super simpática, mas o pai queria tirar minha pele e ferver o couro em azeite quente, comer o torresmo e cuspir o resto.

Todos os dias de tarde com o pai namoricida fora de casa, em vez de estudarmos, ficávamos de pegação no seu quarto. Os gemidos eram abafados para não chamar atenção. Seguimos assim algum tempo, eu querendo avançar o sinal vermelho e ela só me dando multa. Daí eu tive um papo com a namorada, dizendo que SEXO ORAL NÃO É SEXO, porque não tinha penetração pra valer e por isso não rebentava cabaço.

Funfou!

Neste dia, sobre a cama, deixei ela peladinha e comecei a lamber cada centímetro da garota. Quando cheguei lá, descobri a razão pela qual eu tinha nascido. Eita gostinho mais delicioso! Chupei, lambi e babei todos os cantinhos possíveis entre as pernas da garota. Senti ela se contorcendo, resfolegando, apertando minha nuca entre suas coxas… Eu amei aquilo! Ela até soltou um grito quando gozou na minha boca.

Realmente, foi uma pena sua mãe ter entrado no quarto e dado o flagrante. O pai, a sua vez, foi bem convincente comigo ao telefone, explicando: sexo oral, mesmo sem penetração, era sexo sim - e ele iria me matar com requintes de crueldade por ter feito aquilo com a sua filha. E assim terminou meu primeiro namoro, com a proibição de eu chegar a menos de dois metros da ex-namorada.

Ao menos, ainda havia quatorze garotas na sala do segundão pra eu tentar a sorte. Mas isso já é uma outra história!

Voltando à semana quando apanhei como um cachorro sem dono da turma inimiga do outro bairro, eu estou lá em casa, já quase recuperado da surra, quando o telefone fixo, de chamada discada e sem identificador, tocou. Do outro lado, uma voz feminina e desconhecida soou, perguntando por mim.

- Oi, Tudo bem? Como você está?

- Oi, quem é? - Pergunto quase automaticamente.

- Hum, você não reconhece minha voz? - A garota me responde rindo.

- Olha, vai passar trote na tua mãezinha! - Respondo elegantemente.

- Ô idiota, nao percebe quando uma mina está a fim de você? - Me diz um tanto irritada.

- Só quando é verdade, minha filha. Tchauzinho…

- Ei, peraí! Por acaso você está muito ocupado? - Agora tinha um tom debochado.

- Estou sim, tá na hora da minha punheta.

- E você não consegue tocar umazinha e falar no telefone ao mesmo tempo?

- Até rola, mas daí você precisa falar umas sacanagens para ser legal - respondo rindo.

- Tá legal. Abre a calça aí, eu vou começar…

Por incrível que pareça, A GAROTA DO OUTRO LADO cuja identidade até então eu desconhecia, começou a desfilar um montão de baixaria no telefone. Para um adolescente nos anos oitenta, aquilo era algo totalmente inusitado, tabu, proibido e essas coisas todas.

Ela começou perguntando se eu deixaria ela vir com a boca no bichão, se ele era grandinho e com cabeçudo, dizendo querer pagar um bolete nota dez e ficar batendo com ele no rosto, ajoelhada e olhando para mim, implorando para eu colocar na sua garganta e dar leitinho para ela - nesse momento eu comecei a me masturbar de verdade.

Daí a mina falou para eu me imaginar sentado no sofá com ela vindo por cima, sentando de costas para mim, encaixando e descendo devagar, observando que eu precisava ser carinhoso porque ela era virgem e eu romperia o seu cabacinho.

Depois de colocar a primeira vez até o fundo, eu já podia acelerar um pouco, segurando-a pela cintura e bombando lá, ela queria sentir o trem quentinho entrando e saindo de dentro dela enquanto eu agarrava seus peitinhos eriçados de tesão. Seja lá quem fosse, a garota sabia das coisas, eu já estava quase gozando.

Então ela disse para eu não gozar ainda, pois ela tinha um tesão diferente, queria mesmo era ficar forçando de levinho a cabeça na portinha dos fundos, ir encaixando aos pouquinhos, ela já tinha feito isso uma vez e era gostosinho, dizendo que queria que eu comesse o seu… AHHHHHHH!

Ela gozou antes de mim e desligou o telefone.

Essas ligações se repetiram durante uma semana, sempre no mesmo horário. A garota telefonava falando um montão de sacanagem para eu me masturbar, mas nunca dava uma pista de quem era, de onde me conhecia, ou de como fazer para encontrá-la ao vivo.

Pior ainda, ela sempre terminava gozando antes de mim. Eu já estava ficando louco de tanta fissura! Mas daí as ligações se interromperam sem mais aviso…

Ora, sem mulher para chupar nem garota falando sacanagem ao telefone, minhas sessões individuais agora pareciam totalmente sem graça. Desanimado, para movimentar as coisas resolvi investir na tal loira que conheci tempos antes, aquela da festa de colégio quando rolou a briga.

Daí, assuntei com o Perigo e ele perguntou para a sua peguete do outro bairro sobre a tal garota, quem nos avisou: a loira estava temporariamente inacessível, de castigo. O motivo? Seus pais a pegaram se masturbando e passando trote ao telefone!

Enfim, conseguiria eu um dia perder a virgindade, preferencialmente sem apanhar de um pai namoricida ou de uma turma inimiga no processo? Ou ficaria eu somente restrito à arte do cinco-contra-um? Nessa hipótese nefasta, haveria ao menos uma garota safadinha ao telefone para me estimular?

Nota: Confira os capìtulos ilustrados da série Zóio em mrbayoux.wordpress.com

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Comentários

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Engraçado mesmo. Bem contextualizado também.

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Lembranças da minha juventude misturado com uma boa dose de ficção.

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Crlho eu ri muito lendo esse conto, esse mlk é muita onda, mais é burro pra crlho, sério q ele não pescou q era a loirinha? Kkkkk

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BAYOUX, só hoje eu cheguei aqui, não conhecia. Vou explicar: Os títulos dos contos, criativos, me passavam a ideia de um devaneio e não de boas histórias. Mas eu poderia ter dado um confere. Não fiz pois eu estou bem enrolado, trabalhando no roteiro de uma série, que tem prazo de entrega, no desenvolvimento de dois romances que não consigo concluir, com um monte de contos publicados aqui que eu também não encontro tempo para terminar. Assim, não ando lendo tanto como gostaria e deveria. Adorei este conto, e embora minha adolescência tenha acontecido perto de 20 anos antes, as coisas no meu tempo, início dos 60 não eram tão diferentes dos anos 80. Texto muito bom. Narrativa leve, fluida. Adorei. Um toque: Eu tive que aprender que usar o termo "mulata" para as mestiças de negros e brancos é uma palavra agora maldita, considerada pejorativa! Coisa dos tempos politicamente corretos de luta conta o racismo estrutural. A maioria dos compositores de sambas do passado até Vinícius de Moraes deve estar revirando no túmulo. Adorei sua história e vou ler mais. Vou comentando.

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Obrigado pela visita, Leon! Como poderá notar, sou totalmente amador, os contos ainda são um passatempo para mim, algo que me diverte e que faço para divertir aos leitores, sem muitas pretensões. Esta série é um experimento narrativo em busca de encontrar um estilo próprio e a riposta é ser leve como uma conversa de bar entre velhos amigos. As mulatas mão existem mais, de fato, nem as galinhas ( mulheres “fáceis”), foram banidas pelo politicamente correto, mas isso é mesmo uma evolução social. Tem também aquelas outras classificações que nunca se materializaram por absoluta falta de glamour: mameluco e cafuso - tudo ultrapassado, rs.

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Bayoux - Eu sou das antigas, e confesso que não sei se é por aí. Eliminam termos por força de sua etimologia, origem, mas que tinham se tornado símbolos de não racismo, enaltecendo a mistura das raças e sua força de encanto. Acho que isso é mais extremismo do que combate ao racismo estrutural. Mas, enfim, não cabe a mim, tenho que seguir o curso das marés se quiser navegar. Meu filho é mestiço, e discutiu comigo duas horas para me provar que tenho que deixar de usar esse termo. Hoje um autor pode ser "cancelado" por um deslize desavisado, graças aos militantes ensandecidos que buscam alvos sem critério. Bola pra frente.

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