Dentro de uma cesta de laranjas, um pequeno bilhete com caligrafia desesperada traz um grito de socorro. Não há maiores explicações, não houve tempo de escrevê-las. É urgente entender o que se passa e tomar ação. Isso é o que aflige Anita enquanto amassa a mensagem na palma da mão.
Desde pequena, a jovem aprendeu a lutar pela sobrevivência. Ser órfã no convento era duro, as freiras exigiam disciplina e o trabalho era obrigatório. Além do ordinário, Anita também tinha que descarregar carroças e trabalhar no moinho, atividades que preferia a ter que aprender tarefas domésticas.
Em meio a este cenário, cresceu vendo o corpo das outras internas desabrochar, os peitinhos se avolumando, as cinturas afinando e os quadris ganhando curvas, enquanto ela era uma tora, destacando-se pelos músculos delineados no moinho.
Ademais, o cabelo escuro e as olheiras sempre presentes contrastando com a pele muito branca a faziam parecer um rapaz, de forma que o apelido de “Machinha” atribuído por Carminha, sua pior rival, pegou rápido.
E o pior é que Carminha era bonita. Tinha o rosto redondo com olhos vivos e sardas nas bochechas, um corpo de mulher, com peitos cheios, cintura fina e um traseiro que era seu trunfo. O ponto fraco era sua cabeleira ruiva e rebelde, algo incomum e bastante condenado pelas freiras, que o consideravam uma marca demoníaca.
Por isso, Anita deu o troco ao apelido que recebeu, chamando Carminha de “Diaba”. A partir daí, a infância e a adolescência no convento passaram com as rivais em pé de guerra, com provocações e sabotagens de ambas partes, resultando em mais castigos.
À medida que cresciam, as freiras arranjavam marido para todas, menos para as duas. Várias vezes tiveram que desfilar diante de desconhecidos como se fossem um produto, oferecidas em casamento sem sucesso. Para as freiras, o aspecto masculinizado de Anita e os indícios demoníacos do cabelo de Carminha afugentavam qualquer pretendente.
Foi por essa época que, após um dia descarregando sacas, Anita chegou esgotada à sala de banho. Logo após, Carminha veio para se instalar três fileiras mais adiante, mas devido à penumbra nem percebeu a outra. A ruiva se despiu, revelando sua bela nudez e prendendo a atenção de Anita.
Sem dar-se conta, Anita começou a tocar-se, olhando as curvas de Carminha, enquanto a Diaba, já completamente nua, enchia sua tina. No escurinho, Anita permitiu-se pela primeira vez apreciar o corpo da rival. Um misto de admiração e repulsa dominava seus movimentos sobre o próprio sexo. Ela odiava Carminha, mas ao mesmo tempo fora cativada pela forma perfeita de seu corpo e a graciosidade de seus gestos.
Esforçando-se para manter o silêncio durante um orgasmo prolongado, Anita decorou cada pedacinho de Carminha em segredo, e essa atração surgida do nada a surpreendia. De repente, Carminha meteu-se na água o mais rápido possível, parecendo assustada. Só então Anita percebeu que duas freiras haviam chegado ali.
Ao acercarem-se à Carminha com voz dócil, ficaram elogiando seu corpo e pedindo para que se levantasse. Vendo que a menina se negava, a conversa foi ficando mais ríspida, até desembocar em palavras impositivas e terminar com as freiras arrancando-a da banheira.
Anita presenciou escondida as freiras passando a mão pelo corpo molhado de Carminha, acariciando-lhe os seios, apertando suas nádegas e colocando as mãos sobre seus pêlos pubianos. Aterrorizada, a ruiva arregalou os olhos e quis gritar, quando uma delas a agarrou por trás tapando sua boca, enquanto a outra a invadia com um par de dedos.
Apesar da raiva que tinha da Diaba, Anita foi movida pela recém-descoberta atração e saltou de pé, gritando para que parassem de abusá-la. Contudo, as freiras nem lhe deram atenção, ordenando para que ela se retirasse, sem interromper o que faziam. Quase possuída, Anita foi para cima das irmãs como estava, toda nua e molhada.
Outras irmãs vieram devido ao barulho da briga que se armou, com Anita distribuindo socos em várias delas, e Carminha foi salva por aquela ajuda inesperada. Porém, esta afronta não passaria impune e terminou com as duas confinadas nas celas de isolamento por um longo período, contando os dias para assumirem a maioridade e ir embora do convento.
Durante esse tempo a Madre Superiora se via cada vez mais preocupada. Elas eram sua maior derrota, o símbolo de sua incapacidade como tutora e, principalmente, a prova de que os tais castigos de que tanto gostava não serviam para nada. Mais ainda, soltar aquelas doidas nas ruas fatalmente as levaria à prostituição. Isso era o pior pesadelo da Madre.
O que diria o Bispo se o convento pegasse má-fama, formando putas em vez de noivas? Seria um escândalo que comprometeria sua posição como Superiora! Movida pelo próprio ego, a Madre encontrou uma saída desesperada, arranjando-lhes um destino onde não podiam manchar a reputação do convento.
Era um costume da época, foi até fácil vendê-las para uma colônia precisando ser povoada, onde sempre haviam aventureiros dispostos a pagar para casar com quem fosse. A Madre ganhou uma bela quantia, ao passo que Anita-Machinha e Carminha-Diaba foram enviadas à força para a colônia mais distante, do outro lado do oceano, o lugar mais bruto de todos.
Os homens para quem foram vendidas esperavam ansiosos por qualquer coisa que se parecesse a uma mulher, alguém capaz de cuidar das tarefas da casa - e disposta a servir-lhes na cama, satisfazendo seus desejos sem reclamar: praticamente como escravas.
As duas viajaram meses dentro de um navio, cada uma em sua pequena jaula, um cuidado a mais para que nenhum marinheiro tivesse acesso a seus corpos - e para isso a Madre pagara ao capitão, assegurando-se de que chegariam ainda virgens a seu destino.
Na eterna noite do porão, mais de uma vez Anita pensava em Carminha, lembrando de quando a viu nua na sala de banho, seu corpo generoso e seu olhar descontraído enchendo a tina. Já Carminha, comumente se recordava de Anita vindo sobre as freiras, seu corpo musculoso e branco, quase desprovido de seios e de curvas, lutando para salvá-la.
Anita começou a escutar gemidos vindos de Carminha. Achou que a Diaba estava doente e chamou por ela, mas em resposta ouviu os gemidos se intensificando e a respiração da outra se tornando ainda mais ofegante. Não podia afirmar, mas acreditou enxergar Carminha deitada em sua gaiola, as pernas afastadas, se acariciando num torpor afoito.
Só aí entendeu o que se passava. Em meio à solidão, um sentimento inexplicável a dominou. Seu coração acelerou quando sua mão fria subiu o vestido e penetrou por sua roupa íntima. Seus dedos calejados detiveram-se sobre o montinho de Vênus, apertando, esfregando e dando pequenos golpes que a faziam estremecer de desejo.
Na mente de Anita vinha a imagem de Carminha se masturbando, aquele corpinho tentador da outra se contorcendo, seus dedos acelerando os movimentos para dentro de si, até gozar ouvindo sua voz. Neste momento, ao concluir que Carminha também se masturbava pensando nela, Anita deu um grito abafado ao atingir o orgasmo.
Passaram-se meses de viagem presas, meses gemendo e se masturbando, sem entender o desejo que crescia dentro delas. Quando aportaram, fazia um calor infernal nos trópicos. Foram desembarcadas com as mãos atadas e os rostos cobertos, colocadas num carroção rumando sabe-se lá para onde, até chegarem ao destino planejado.
Ao retirarem o capuz de Anita, ela estava no canto de um salão repleto de homens, um mais sujo que outro. O padre ficou diante dela e ao seu lado estava Carminha, com a mesma expressão de pânico de quando fora atacada pelas freiras.
Um velho calvo e barrigudo se aproximou de Carminha trazendo flores murchas e um olhar carregado de esperança, perguntando se era Anita. Ao descobrir que sua prometida era a outra, nem se esforçou para esconder sua decepção. Fez um gesto de descaso e atirou-lhe o buquê, dizendo: “Cruzes, parece homem. Mas não importa, se tem xibiu, eu caso!”
Em seguida, um homem mais jovem, alto, musculoso e um tanto rude, veio abrindo caminho. Acercou-se de Carminha para entregar-lhe uma flor desbotada, a olhou como quem confere a mercadoria e disse aos demais: “Essa diaba aqui é pra mim! Dei sorte, ao menos parece uma mulher!”
A cerimônia foi breve, o padre proferiu três frases e já estava. Sem anel, sem hino, nem salmo, era como se entregasse presentes aos dois homens: “Anita é de Marcelino e Carminha é de Antônio” - o padre finalizou. Depois disso, o destino das duas se separava. Era cada uma no seu canto com sua vida, e acabavam os sonhos proibidos que se moviam no interior delas, alimentados por meses no navio.
Anita chegou a seu destino, viu um roçado descuidado que se esforçava para crescer e umas galinhas ciscando soltas. Ao fundo, havia uma casinha mal construída de taipa e palha, com chão de terra batida. Ela viveria numa casinha pobre numa chácara distante.
A única coisa digna de atenção ali foi o rapaz que os recebeu: Fernão, filho de Marcelino. Era um sujeito de feições finas e rosto dócil, sua voz soava calma e aconchegante e o sorriso que deu ao conhecê-la parecia verdadeiro. Em meio àquela ausência de tudo, a presença de Fernão era como um farol no Mar Morto.
Mal entraram no quarto de casal, Anita olhou a cama matrimonial com nojo, imaginando o que estava por vir. O velho chegou em seguida, todo afoito por ter uma mulher após muitos anos sozinho, agarrando Anita, pegando na sua bunda e puxando-lhe o vestido. A moça se debatia e tentava se livrar, tomada de asco.
O velho insistiu, tentando jogá-la sobre a cama, mas o porte físico de Anita tornava isso impossível. Resfolegando de cansaço, ele exigiu que a esposa o obedecesse, dando um tapa em seu rosto. Anita reagiu sem pensar, deu um murro em cheio no olho de Marcelino que o jogou no outro lado do quarto.
“Nem morta eu me deito com você, entendeu?” - ela gritou ao sair do quarto. Marcelino ficou gemendo e chamando pelo filho, mas Fernão se limitou a responder que aquilo era problema dele. “Foi você quem quis comprar uma mulher novinha, agora aguenta!” - encerrou o assunto com um sorriso no rosto.
A alguma distância dali, Caminha também vivia sua noite de núpcias. Chegaram numa Casa branca grande, com piso lajeado e móveis de madeira polida. Havia plantações e animais em currais, o que significava muito dinheiro. Quando entrou no quarto, uma cama de dossel e cortinas a esperava para a consumação do matrimônio.
Carminha vestiu uma camisola rendada, especialmente separada para ela. Quando Antônio terminou de jantar, encontrou-a sentada, penteando as longas mechas ruivas. Carminha olhou para o marido, aquele homem grande e forte, e achou que, apesar dele ser um tanto bruto, poderia ser feliz ao seu lado.
Inspirada, perguntou com voz doce se ele não desejava aprontar-se para irem para a cama. Antônio gargalhou. Olhando-a com um ar cínico, perguntou: “O que foi, puta? Mal pode esperar pra levar rola? Fica tranquila que vou te usar até você aprender a se comportar!”
Voltando à miséria de Anita, Fernão a encontrou em meio ao roçado. “Merda! O que eu vou fazer?” - a jovem repetia para si. Ele aproximou-se e, com voz calma, ofereceu-lhe seu quarto. Enquanto os roncos de Marcelino ecoavam, Fernão dormiu na mesa da cozinha e Anita passou a noite acordada, encolhida numa cama tosca de madeira e colchão de palha.
Mal sabia ela, mas sua tristeza era muito melhor do que o terror que assolava Carminha. Antônio puxou a ruiva pelos cabelos e atirou-a de costas sobre a cama. Sem carinho nem cuidados, botou o membro para fora da calça, cuspiu entre as pernas da jovem e meteu tudo de uma só vez. Antônio não fazia amor, Antônio fodia - e fodia com gosto.
Carminha gritou de dor por ser inaugurada assim, mas levou um tapa com a ordem para ficar calada. Vendo que a esposa chorava baixinho enquanto a comia, Antônio se revoltou e exigiu que ela virasse para não ver suas lágrimas escorrerem. Girou Carminha bruscamente na cama, a deixou de quatro, agarrou-a pela cintura e deu uma nova cusparada.
A ruiva nem pode reagir. O marido veio por trás, posicionou o membro rombudo e meteu tudo na bunda impecável da moça. O pequeno orifício de Carminha queimava em brasa ao ser violado, Antônio vinha duro e rápido, até o fundo, Carminha suplicava quando sentia o impacto de suas carnes se encontrando e suspirava quando ele se retirava lentamente.
Já entregue, a ruiva desabou na cama com os braços estirados agarrando o lençol e as pernas estiradas, mas nem por isso Antônio parou. Ele continuou estocando deitado sobre ela, uma e outra vez, com força e cheio de vontade, sem descanso. Aquilo não era sexo, era só pancada, dor e espera, pancada, dor e espera.
Quando finalmente o homem pareceu que iria gozar, o alívio de Carminha não durou um segundo. Puxando-a pelos cabelos outra vez, trouxe a boca da esposa até o membro inchado e o meteu fundo, até a garganta, onde continuou investindo. Carminha estava toda despenteada e borrada, Antônio pingava um suor ácido e bufava, até que por fim gozou.
Carminha correu até a bacia e cuspiu, sentindo nojo. Despejou água num pano e pôs-se a limpar suas partes, como se quisesse lavar o que acontecera. Sentia-se usada como um animal e suja como nunca. Quando conseguiu um mínimo de equilíbrio mental, voltou-se para Antônio deitado na cama.
O marido ria e se masturbava buscando uma nova ereção, enquanto dizia: “Como é, gostou? Então deixa de moleza e vem me chupar, que eu quero te enrrabar de novo!” - e aquela noite era só o prenúncio do que esperava Carminha dali por diante.
Na manhã seguinte, Fernão bateu à porta do quarto chamando Anita para o café. Não havia muito, apenas ovos e um pouco de carne, mas ele preparou com gosto. Viu com preocupação que a moça ainda estava em choque, catatônica pela noite insone. O rapaz pediu desculpas e avisou que passaria o dia fora, resolvendo assuntos na vila.
Anita permaneceu toda a manhã sentada, olhando fixamente para o chão e tentando encontrar uma saída. Marcelino saiu do quarto na hora do almoço. Tinha um roxo no olho que levou um murro e um olhar de ódio no outro. Praguejando, mandou que ela lhe preparasse a comida.
Anita apenas empurrou o prato preparado por Fernão, no qual ela mal tocara. Numa explosão de raiva, Marcelino jogou aquilo em direção ao seu rosto, dizendo que era comida de porcos e exigindo que ela fizesse algo melhor, mas ela deu um salto e desviou. Uma vez de pé, partiu novamente para cima do velho.
Ele se encolhia e gritava por socorro, enquanto Anita distribuía pontapés. Tentando defender-se, Marcelino terminou acertando o estômago de Anita, que perdeu a razão. Imobilizando o marido, deu-lhe uma gravata com o braço em torno de seu pescoço e foi apertando, apertando…
Marcelino ficou vermelho, esperneou e grunhiu, mas não conseguiu escapar. Em minutos, deixou de fazer força e desabou inerte, sem respirar. Anita tardou em dar-se conta de que o matara. Angustiada, permaneceu sentada à mesa, olhando para o corpo e imaginando o que podia fazer.
Quando Fernão voltou e perguntou pelo pai, ela mentiu dizendo que o velho nem saíra do quarto. O filho decidiu ver se estava tudo bem, mas encontrou o defunto meio arroxeado e durinho sobre a cama, vestido em seu pijama.
Na verdade, quem nem conseguiu sair da cama foi Carminha. Durante a pior noite de sua vida, Antônio fustigou seu corpo sem limites. Suas intimidades queimavam de tanto serem usadas, ela foi montada e cavalgada, aguentando a vara do marido. Desmaiou várias vezes e, quando recobrava a consciência, descobria que ele seguia ali, metendo sem piedade.
Seu corpo estava cheio de hematomas, seu pescoço tinha mordidas, o couro cabeludo ardia pelos puxões desmedidos, sua garganta estava machucada pelas penetrações, o traseiro estava escancarado de tanto ser abusado e sua alma estava despedaçada de tal forma que nunca mais seria a mesma.
Antônio apareceu no quarto na hora da comida, reclamando que ela era preguiçosa, pois nem cozinhara o almoço ainda. Por isso, além de ficar sem comer, ele iria castigá-la. Quando as chibatadas do cinto atingiram seu traseiro, Carminha sequer reagiu. Não tinha mais forças para isso, era como se houvesse morrido por dentro.
Porém, quem estava morto de fato era Marcelino. “Velho infeliz. Morreu dormindo bem na noite de núpcias. Mas acho que foi melhor assim, sabe? Sem ele me infernizando, eu posso dar um jeito aqui, e quanto a você.. Bem, agora você está livre, pode fazer o que quiser da vida.” - Disse Fernão ao sair do quarto, sendo prático e sem aparentar nenhuma tristeza.
Uma lágrima escorreu de Anita, mas não era alívio. Era angústia. “Livre? Eu? Nunca na vida eu fui livre. Para onde é que eu vou?” - respondeu ela, agora com o desespero crescendo dentro de si. Fernão sentiu necessidade de consolar a jovem, enxugando a lágrima e puxando-a para abraçá-lo.
Foi só um gesto humano, de compaixão, mas agarrou a moça em seu momento mais frágil. Anita desmoronou e caiu num pranto copioso. Fernão, um tanto desconcertado, terminou tomando seu rosto com as duas mãos e tentou confortá-la, dizendo que poderia permanecer na chácara o quanto quisesse.
Afinal, Anita era a viúva do velho. Os dois poderiam trabalhar ali, fazer melhorias na casa, produzir alimentos para vender, criar uns animais e… Anita nem o deixou terminar de falar. Ficando na ponta dos pés, beijou a boca de Fernão como se quisesse entrar nele e misturar-se à sua esperança, limpando da alma todas as más lembranças que trazia.
Os dois foram beijando-se e se abraçando, aos tropeços, até o quarto do rapaz, onde se atiraram na pequena cama com seus corpos colados, cheios de desejo. Em dado momento Fernão pareceu cair em si, soltando Anita e dizendo que aquilo era uma loucura, que o corpo do pai não tinha sequer esfriado e eles estavam ali, desfrutando um do outro.
Anita não deu ouvidos e sentou-se sobre ele, esfregando seu sexo avidamente no membro teso do rapaz. Num gesto apressado, retirou a camisola e expôs sua nudez pálida e musculosa. Com as mãos no peito de Fernão, respondeu: “Eu sou livre para fazer o que quiser, foi você quem disse!” - e se abaixou para continuar beijando-lhe a boca.
Para um rapaz que cresceu isolado no mato sem mulheres, aquilo era demasiada tentação, a ponto de fazê-lo esquecer de tudo, abrir a própria calça e deixar o bruto sair para receber o carinho úmido das intimidades de Anita. Suas mãos sequer ousavam tocá-la, tamanho o êxtase em que se encontrava.
Foi Anita que posicionou-se sobre ele e foi descendo, sentindo o calor apoderar-se de suas entranhas à medida que era preenchida pelo membro de Fernão. Ao encontrar a resistência de seu hímen intocado, não teve nenhuma dúvida: forçou o corpo de uma vez para baixo e rompeu o último limite que a segurava, emitindo um grito fino e abafado de dor e prazer.
Naquela noite, Anita cavalgou Fernão com ardor até gozarem juntos e caírem lado a lado num torpor prazeroso. Quando recuperou a respiração, comentou que não acreditava que um homem bonito como Fernão a desejava, devido ao seu corpo desprovido de curvas.
Fernão correu com a mão sobre sua pele e respondeu que achava seu corpo perfeito desde que se conheceram, ela era forte e musculosa, como que uma mulher do campo deveria ser. Movida pelo elogio, Anita o beijou novamente e os dois recomeçaram suas carícias.
Fernão sentiu um novo impulso e subiu sobre a amante, já se preparando para penetrá-la outra vez, quando ela o reteve, dizendo: “Você vai me achar louca… Mas agora que sou livre, tem uma coisa que falavam no orfanato que eu quero fazer…”
Fernão entendeu o que ela dizia quando ela pôs-se de lado, com seu corpo colado logo à frente do dele e uma das mãos trazendo o bruto para entre suas nádegas. “Dizem que por aí dói, mas que é mais gostoso. Vamos devagar até eu me acostumar…” - orientou Anita.
Ele jamais imaginou que uma mulher lhe pediria aquilo. Hesitante, buscou o ponto entre as nádegas de Anita e, quando logrou entrar um pouquinho, ouviu seus gemidos baixinhos outra vez. E resulta que era excitante, proibitivamente excitante, comer por trás a viúva do pai. Fernão perdeu o medo e se entusiasmou.
Segurando Anita pela cintura, foi indo um pouco mais fundo até instalar-se por inteiro. Anita sofreu, é bem verdade. Mas deitada de lado e afastando as pernas, enquanto recebia Fernão por trás, seus dedos atiçavam o grelinho inchado e dormente pela frente, o que a fazia lembrar-se de Carminha e das noites no porão do navio.
Entre gemidos e sussurros, gozaram novamente. Foi um orgasmo diferente, malicioso, como um pecado irresistível. O amor e a ternura eram belos, mas o sexo desmedido onde se desafiavam os provocava e instigava a fazer loucuras. A partir daí, entre eles não havia mais limites e tudo era permitido, o que exploraram noite afora.
Na manhã seguinte, enquanto Fernão trabalhava numa cova ao fundo do quintal para enterrar o velho, Anita encontrou sobre a mesa a cesta de laranjas, onde descobriu o bilhete clamando por socorro. Não tardou em reconhecer a letra redonda e logo soube que era de Carminha.
Fernão esteve na casa de Antônio no dia anterior e trouxe a cesta para presenteá-la. Com a morte do velho e a explosão sexual entre eles, a cesta ficou esquecida na mesa - e só agora Anita encontrara o bilhete da ruiva. A vida nunca dá descanso, pensou. Agora, a aflição tomava conta da jovem, ela precisava ajudar Carminha.
Ardilosamente, não comentou sobre o pedido de socorro e insistiu que Fernão convidasse sua “melhor amiga” para o enterro. Ao final da tarde, o calor do dia ainda insistia em permanecer quando quatro pessoas se reuniam ao redor de uma cova rasa com o corpo de Marcelino adentro: Fernão e Anita, Antônio e Carminha.
As marcas no rosto de Carminha, os hematomas nos olhos e sua mirada perdida falavam por si. Ademais, a maneira como ela se encolhia a cada movimento do marido evidenciavam o pânico que a assolava. Enquanto Fernão dizia umas palavras para o pai na cova, bastou um olhar de súplica de Carminha para atiçar Anita.
Antônio era jovem e forte. Anita o media e pensava que aquilo não seria fácil, precisava ser rápida e certeira, senão as coisas se complicariam. Dando a volta como se fosse abraçar Carminha, chegou por trás e, dando um salto, surpreendeu a todos se pendurando em Antônio com as pernas ao redor de seu tronco e os braços apertando seu pescoço.
Fernão e Carminha sequer entenderam o que se passava e ficaram sem reação. Antônio se debatia, mas não conseguia livrar-se de Anita presa a suas costas e aferrada em seu pescoço. Perdendo a respiração, o rosto do homem ficou vermelho e seus olhos se arregalaram. Terminou caindo na cova, com Anita sobre ele.
Quando Anita se levantou, Antônio já não tinha vida. Bastou que Carminha a abraçasse, chorando e agradecendo, que Fernão entendeu a razão daquilo. Fecharam a cova com os dois corpos adentro, enterrando o passado e as mortes provocadas por Anita.
O início foi um pouco difícil para Carminha. A ruiva estava traumatizada pelo que sofrera com Antônio, perder a virgindade daquela maneira deixou-lhe marcas e ela era capaz de jurar que nunca mais se deitaria com ninguém. Por isso, ocupou o pequeno quarto de Fernão no casebre e não voltou mais à mansão de antes.
Por outro lado, parecia estranho que Anita e Fernão ocupassem o quarto principal e dormissem juntos, mas Carminha logo entendeu o que se passava: os gritos de prazer que ecoavam todas as noites e o ar feliz do casal não deixavam margens a dúvidas. O que não entendia era como uma mulher como Anita se submetia a algo que lhe parecia aterrador.
Curiosa, uma noite Carminha não conseguia dormir e atreveu-se a espiar o casal pela fresta da porta. Anita estava de quatro, o rosto enfiado nos travesseiros e sua bunda musculosa apontando para o alto, enquanto Fernão se via de pé sobre a cama e a retinha segurando o alto de suas coxas para penetrá-la devagar, longa e profundamente.
Os gemidos de Antia somente foram interrompidos quando ela levantou o rosto e suplicou: “Homem, não me maltrate assim. Será que eu tenho que implorar? Você sabe como eu gosto… Por favor, não me faça sofrer, mete com força tudo isso aí atrás e goza!”
Aquilo mexeu com Carminha. O que mais odiou ter que fazer com Antônio, era justamente o que Anita mais gostava que fizessem com ela. A ruiva sentiu uma mistura de desejo e repulsa, o desejo de sempre pelo corpo másculo de Anita e a repulsa ao descobrir o que ela gostava na cama.
Na manhã seguinte, Fernão saiu cedo para a lavoura e, quando Anita chegou na cozinha para o café, encontrou Carminha vestida com uma maleta ao lado. A Diaba parecia muito contrariada e afirmava que ia embora. Após Anita insistir muito em saber a razão, a revelação foi como um choque.
Sem saber ao certo como dizer aquilo, Carminha foi direta: “Eu não posso ficar aqui, sabendo que você gosta de ser enrrabada por um homem. Não depois de tudo o que eu passei. E não depois de tudo o que nós passamos, desde lá no convento. Me dá vergonha assumir, mas eu pensei que você gostava de mim, entende?”
Anita entendia perfeitamente bem. Na verdade, ela nunca se esqueceu de Carminha e os gemidos no porão do navio, somente não sabia como abordar este tema com alguém que estava tão machucada por dentro. Por outro lado, as palavras não eram seu forte, e dificilmente conseguiriam expressar o que pensava.
Anita caminhou diretamente até Carminha olhando-a nos olhos, seus rostos ficaram a um palmo de distância e, em seguida, envolveu-a num abraço enquanto seus lábios tocavam os da outra mulher, suave e calmamente, sem aflição. Carminha correspondeu, entendendo que se tratava de uma despedida.
E qual não foi a surpresa da ruiva, ao sentir o toque dos dedos de Anita sobre seu sexo, com a mão ainda sobre o vestido. Paralisada de pé em meio à cozinha, era como se estivesse num daqueles sonhos que a acometiam quando ainda estava no porão do navio.
A firmeza de Anita ao apalpar suas coxas, subir-lhe o vestido e ajoelhar-se ante Carminha segurando suas nádegas era tanta que a ruiva nem conseguia reagir. Ao abaixar sua roupa íntima, inebriada pelo montinho emaranhado e vermelho de pêlos que se revelou, Anita olhou para cima e, com um olhar de súplica, ainda perguntou: “Posso?”
Carminha nem respondeu, apenas apertou a cabeça da outra contra seu sexo e sentiu as pernas tremerem de desejo enquanto a língua de Anita começava a explorar suas intimidades, em busca da parte que sabia ser a responsável por fazer uma mulher viajar de prazer perdida em si mesma.
Um ano depois, a pequena chácara florescia. Os três se encarregaram de erguer uma nova casa sem muitos luxos, mas extremamente agradável e repleta de luz, onde Carminha reinava orientando os empregados sobre como fazer as tarefas.
Jà Anita e Fernão tocavam a plantação e a criação dos animais. A fazenda do defunto Antônio foi anexada e a mansão foi demolida para apagar as péssimas memórias que ali habitavam, a única exigência de Carminha, herdeira daquilo tudo.
Assim, os dias dos três eram preenchidos por tarefas e muita atividade, suando no calor tropical. À noite, contudo, quando a brisa morna cheirando a terra molhada soprava pela janela do quarto, eles se reuniam numa cama extraordinariamente grande, sobre um macio colchão de penas.
Anita nunca fora tão feliz, tendo a Carminha de pernas abertas para receber sua língua no grêlo entumecido de prazer e permitindo que ela lhe enfiasse os dedos em seu sexo de pelos ruivos, encantada por receber suas carícias no belo par de seios com mamilos grandes e rosados, até gozar tremendo-se toda em fartura.
Já Fernão, encantado por ver como suas companheiras compartiam o sexo, tratava de satisfazer Anita da maneira que ela mais gozava: segurando sua cintura com ela de quatro e vindo por trás entre suas nádegas, metendo com avidez naquele pequeno orifício, um gosto que adquiriram desde a primeira vez em que estiveram juntos.