Acerto de Contas

Um conto erótico de Bayoux
Categoria: Heterossexual
Contém 4829 palavras
Data: 20/07/2025 12:10:31

Dentro de um envelope lacrado com selo vermelho, um retângulo de papel de boa gramatura e escrito à mão com caligrafia pomposa, abria os portões da alta sociedade local.

Era o convite para o baile anual na ilha do Governador Geral. Este ano, a festa seria ainda mais requintada, pois sua majestade real estava de visita às suas possessões ultramarinas.

À exceção da pequena elite local, ninguém sabia o que realmente acontecia nestas festas, mas alguns sinais eram claros para a população de aventureiros, comerciantes, degredados e escravos.

Pelas docas do porto, caixas de vinho e temperos raros começavam a chegar com mais de um mês de antecedência.

Poucos dias antes, nas ruas de chão batido da capital, carroças pesadas traziam cortes selecionados de caça, frutas da estação, verduras frescas e legumes vistosos.

O banquete deveria ser requintado.

Na noite do evento, a população descalça, faminta e maltrapilha se amontoava no porto para assistir aos convidados embarcar em direção à ilha.

A qualidade dos trajes de veludo e dos vestidos bordados, os detalhes ostentosos presentes em jóias de pedras preciosas, as batidas dos sapatos finos sobre as tábuas do cais e o olhar altivo dos convidados, tudo indicava que seria uma noite de gala.

Por estar alheio a toda essa mística do baile, Manuel, um homem em ascenção, chegou a duvidar quando recebeu o tal envelope com o convite. Mais que poder participar do festim, aquilo podia representar sua redenção.

Ninguém na colônia sabia, mas há vinte anos atrás, Manoel fora parte da elite na metrópole ultramarina, vindo da casta dos Montejanos, uma família de comerciantes com terras e posses.

Ainda na flor da idade, seus pais combinaram sua união com a família de Isobel, uma jovem pertencente à nobreza decadente e endividada do reino.

Como era comum à época, Manuel não conhecia sua noiva e somente a veria pela primeira vez durante a celebração das núpcias. Sua família estava entusiasmada, mais que um casamento, aquilo seria a ratificação de seu direito de pertencer à nobreza.

Devido à família de Isobel ser uma das mais tradicionais, contra-parentes diretos de vários reinos, até o Rei estaria presente - algo um tanto incomum. A expectativa era que, logo no dia seguinte à cerimônia, Manuel recebesse o título de Visconde de Montejanos.

Tudo corria bem, os preparativos para a série de solenidades do evento custaram um pequena fortuna aos Montejanos, mas tudo era visto como um investimento no futuro da estirpe.

No tão esperado dia, as duas famílias estavam postadas solenemente em frente à igreja, o Rei à frente de todos, esperando pela chegada da noiva.

Quando a carruagem de oito cavalos árabes estancou no pátio, saiu de lá uma figura esbelta, de vestido luxuoso e a cabeça coberta por um longo véu branco. Ao descortinar seu rosto, um suspiro de admiração ouviu-se de todos.

Isobel tinha uma pele alva irretocável, pequenos lábios cor de rosa e bochechas levemente coradas, com olhos azuis muito claros e longas melenas quase brancas de tão loiras, emoldurando um discreto e tímido sorriso cortês.

Aquela jovem mais parecia uma bonequinha de porcelana, e sua beleza angelical embasbacou à todos.

Manuel tirara a sorte grande. Em breve, ele teria em suas mãos a mulher mais bonita que já existira e isso ainda faria dele um nobre, garantindo felicidade e status pelo resto da vida.

Exultante, o jovem percebia como, mesmo durante a cerimônia em plena igreja, todos comentavam sobre a beleza carismática de Isobel.

O decote do vestido apertava seus seios redondos e agregava uma expectativa, como se a qualquer momento fossem saltar e deleitar os espectadores.

O espartilho justíssimo sob o vestido tornava sua cintura quase inverossímil de tão fina, ressaltando com elegância logo abaixo o volume ainda contido de suas cadeiras, mas com certa voluptuosidade ao mesmo tempo.

Tudo perfeitamente calculado para impressionar quem a visse.

Não havia um homem entre os presentes que não a desejasse, assim como nenhuma dentre as mulheres poderia deixar de invejá-la.

Uma vez terminada a cerimônia, durante o farto banquete oferecido pelos Montejanos, com o calor do vinho aquecendo a imaginação dos homens e o despeito das mulheres, todas as atenções ainda eram capturadas pela presença de Isobel.

A loira angelical, contudo, mantinha-se discreta e distante como mandava o protocolo, mas não ignorava a sensação interior de ser admirada por todos.

Já o jovem Manuel, a esta altura, não via o momento dos festejos terminarem para estar a sós no quarto nupcial com seu prêmio, a linda Isobel.

É certo que ele não imaginava grandes façanhas eróticas de parte da jovem inexperiente, mas, de todos modos, só o fato de poder apreciar sua beleza nua já era suficiente para fazer qualquer homem sonhar.

Quando este momento tão esperado chegou, cada um dos noivos dirigiu-se a seu quarto para preparar-se e receber as bênçãos eclesiásticas prévias à consumação matrimonial.

Isobel, apesar de toda a preparação, tremia como uma tenra bezerrinha que sabe estar sendo dirigida ao abatedouro, enquanto Manuel sentia-se como um touro cheio de disposição para cobrir e emprenhar sua primeira fêmea.

Sentada sobre a borda da cama nupcial, com a camisola entreaberta permitindo adivinhar a marca entre seus seios consistentes e deixando à mostra suas pernas muito brancas de panturrilhas finas e coxas de pêlos arrepiados, Isobel viu Manuel ingressar no quarto.

Apesar da fraca luz de velas, podia-se ver que o volume no camisolão de Manuel não somente correspondia à avidez de sua juventude, mas também demonstrava o desejo que nutria por inaugurar sua nova esposa.

Contudo, nem bem Manuel deu dois passos em direção à cama, a porta atrás do jovem se abriu com um estrondo. Rapidamente, dois guardas o retiveram pelos braços e o sentaram numa cadeira ao canto.

O padre que realizara a cerimônia entrou em seguida e explicou aos recém casados que eles eram objeto de muita sorte, pois o Rei decidira presenteá-los exercendo o sagrado direito de “Lus Primae Noctis”.

Os dois jovens pareceram um tanto confusos, pois este era um costume tão antigo e tão em desuso que ninguém mais o conhecia.

Usando palavras mirabolantes e misturando expressões latinas para conferir autenticidade à explicação, o padre revelou que os dois seriam agraciados com a possibilidade de criar um príncipe, filho do próprio Rei, visto que o monarca exigia ser o primeiro a deflorar Isobel naquela noite auspiciosa.

Mesmo depois da insistente explicação do padre, aquilo tudo parecia tão irreal que Manuel ainda riu, achando que se tratava de uma brincadeira.

Seu sorriso somente passou de incredulidade a verdadeiro pânico quando sua alteza real ingressou no quarto sem suas vestes pomposas, trajando somente um camisolão.

Retido na cadeira pelos guardas e com o padre rezando a seu lado, Manuel presenciou no rosto de Isobel o espanto quando o Rei veio aproximando-se e retirando as vestes ao mesmo tempo.

O que Isobel possuía de bela, o Rei possuía de tosco, com seu corpanzil peludo e atarracado - e a verga longa e grossa que fazia jus ao apelido de “jumento” pelo qual era conhecido entre as cortesãs de seu palácio.

Isobel arregalou os olhos, a jovem nunca havia visto um homem nú e aquela definitivamente não era uma boa primeira impressão.

Mas então, para a surpresa até do padre que acompanhava a cena, a noiva retirou ela mesma a camisola, revelando a todos o segredo de sua bela nudez até então proibida.

Com um misto perigoso de desejo e curiosidade, reclinando-se sobre a cama e abrindo as pernas para expor seu pequenino tesouro guardado, ouviram ela sussurrar: “Pode vir, meu senhor! Obrigado por conceder-me a honra de ser inaugurada por vossa majestade!”

Embasbacado, Manuel teve que assistir à triste cena da flor rósea e virginal de Isobel ser despedaçada pela monstruosidade real.

Vossa majestade não poupou lascívia e pecaminosidade, desfrutou de Isobel como quis, usou sua boca, arrebentou seu pequenino ânus e deflorou seu hímen, enquanto o padre murmurava preces seguidas pela absolvição divina do soberano.

Entre tanta aberração, a cena que jamais saíria da mente de Manuel era a de Isobel de quatro, olhando para ele e mordendo o lábio de prazer, enquanto o Rei a fustigava por trás, dando tapas em seu corpo de porcelana e puxando seus cabelos, chamando-a de “puta do cais”.

Ao amanhecer, o Rei estava satisfeito, Isobel se via esgotada sobre a cama e Manuel restava catatônico por haver presenciado sua esposa ainda virgem ser vilmente abusada, sem que ele pudesse sequer reagir.

Mas, ainda assim, nem tudo estava perdido. Isobel se recomporia daquele martírio, ele seria consagrado nobre após aquele extremo ato de devoção ao rei, os dois teriam muitos filhos e viveriam felizes, juntos para sempre, pensou Manuel.

E qual não foi sua surpresa ao procurar por Isobel ao final da tarde e não encontrá-lá no quarto, à sua espera. Em seu lugar, Manuel se deparou com os dois guardas da noite anterior.

Rindo e zombando do rapaz enquanto o prendiam, comentavam como Isobel se comportara como uma verdadeira puta, ao decidir acompanhar o monarca ao palácio para ser mais uma de suas concubinas, mesmo depois de tudo a que fora submetida.

Sim, Isobel preferiu entregar-se a infinitas sessões degradantes de sexo selvagem junto ao Rei pelo resto de sua juventude do que ser apenas a esposa de um nobrezinho qualquer.

Como ela agora tinha marido, a solução seria bem prática: Manuel era acusado de traição e, em vez de tornar-se nobre, sofreria a condena ao degredo - restando anulado o casamento ainda não consumado pela carne.

Como efeito colateral, as terras e todos os bens dos Montejanos seriam confiscados para a nova concubina real e sua família endividada, enquanto a de Manuel cairia em desgraça e teria o sobrenome riscado do mapa - de todos os mapas, existentes e por existir.

Em poucos dias, Manuel viu-se no calabouço escuro e úmido de uma caravela, junto à negros cativos e outros criminosos, comendo uma papa azeda e vendo muitos morrerem doentes, sofrendo o inferno de uma travessia que duraria meses.

Contudo, seu pior castigo não estava naquela nau. O que mais lhe doía era lembrar-se de Isobel, tão linda, oferecendo seu corpo intocado ao Rei, olhando diretamente para ele, mordendo o lábio de prazer e agarrando os lençóis de dor, enquanto o monarca se enfiava por trás dela.

Depois de desembarcar, os primeiros meses de Manuel na colônia tampouco foram fáceis. O trabalho duro no cais do porto e as noites perdidas em meio à desilusão de suas lembranças, o levaram à aguardente para enfrentar os dias sem sentido nem perspectiva.

A cachaça, em lugar de resolver seus problemas, só fez afundá-lo mais na escuridão, chegando ao ponto em que desistiu de tudo e decidiu dar cabo de sua miséria, cortando o pescoço e deixando o mar arrastá-lo para o além.

Em meio à loucura noturna da embriaguez, os olhos esbugalhados de Manuel se depararam com um pequeno embrulho sobre as tábuas do cais. Ao aproximar-se, viu que aquilo se mexia. Desenrolando os trapos, descobriu uma criança recém-nascida.

Esse encontro fortuito foi a salvação de Manuel. Ao olhar para ele, o bebê simplesmente sorriu e apertou seu dedo indicador com uma das mãozinhas, como se dissesse: força, homem!

Apiedado da pequena criatura, ao invés de desistir de sua existência, Manuel voltou para casa com o pequeno ser no colo e um sorriso meio bobo no rosto.

Os dias foram passando, o homem procurava pela mãe da criança ou por quem quisesse fazer-se cargo dela, mas desconfiava dos motivos de todos que se dispunham a assumí-la, de forma que nunca a entregou.

Um ano depois, Tomasa, como fora batizada, era uma menina cor de canela que dava seus primeiros passos no cais do porto, correndo para abraçar Manuel.

Seus cabelos cacheados balançavam ao sabor de seus passinhos, enquanto seus olhos azuis reluziam felizes sob a claridade dos trópicos.

Por causa de Tomasa, pela necessidade de criar e proteger aquela luz vibrante que emanava da menina, Manuel renasceu.

O homem agora já não bebia cotidianamente e se dedicava a trabalhar de sol a sol carregando cargas pesadas no cais.

Como tinha estudos, logo passou a capataz. Uns anos a mais, alférez contador. Nesta escalada, Tomasa cumpriu dez anos quando Manuel tornou-se Capitão Geral do Porto da colônia.

Com o dinheiro que ganhava, investiu num negócio importando e exportando pequenas cargas de bens e produtos para a metrópole do reino.

Juntou mais dinheiro e comprou a estalagem do cais do porto, onde os marinheiros se hospedavam, comiam, bebiam e trepavam, tudo no mesmo estabelecimento.

Quando Tomasa atingiu dezoito anos, Manuel era destacadamente um dos homens mais abastados da colônia e sua fama nos negócios chegava até a nobreza local, que não raro vinha pedir-lhe empréstimos e favores financeiros.

Aos domingos à tarde, ele buscava Tomasa na igreja após a missa e os dois passeavam de braços dados pelas ruas de terra batida.

Manuel era só orgulho, Tomasa era uma linda morena de corpo sinuoso e sorriso branco, cabelos cacheados presos atrás da cabeça e caindo sobre os ombros finos, trazendo no rosto um par de olhos muito azuis, contrastando com a cor provocante de sua pele.

Ela crescera rápido e se tornara mulher, mas nunca se esqueceria do homem que a resgatou no cais, aquele que cuidou de sua infância e a protegeu, a ensinou a ler e escrever, comprou seus vestidos e a cobriu de mimos durante toda a vida, a quem carinhosamente chamava de “Paizinho”.

A ele, Tomasa devia tudo. Por esse amor e devoção a Manuel, era que Tomasa se preocupava.

Já há anos que ela percebia o lado sombrio do Paizinho, quando ele vez ou outra apresentava um olhar ausente ao cair da tarde e abria uma garrafa de aguardente, sozinho e imerso em seus pensamentos, chegando a chorar baixinho, numa mágoa profunda.

Numa dessas noites peculiares, quando já estavam preparados para dormir e Manuel sentou-se no escuro com a garrafa, Tomasa se aproximou de mansinho, determinada a descobrir o segredo que Paizinho trazia no peito e não o deixava sair.

Com seu jeitinho de menina curiosa, foi arrancando cada pedacinho de verdade do homem, aproveitando-se de sua quase embriaguez, até que Manuel terminou contando-lhe toda a tragédia que escondia em seu passado.

Falou do casamento com Isobel, das esperanças de nobreza de sua família perdida, da trágica noite de núpcias e do monarca cruel que abusou sem descanso de sua esposa - sem omitir que Isobel pareceu estar desfrutando de ser usada daquela forma.

Terminou contando como foi abandonado por aquela jovem angelical sem ao menos possuí-la, para que ela se tornasse a puta do Rei - e ele um degredado na colônia, sem direito ao próprio nome e deixando sua família na miséria absoluta.

Tocada pela desgraça do Paizinho, Tomasa reteve a cabeça do homem em seu colo morno e acolhedor. Pela primeira vez, viu Manuel chorar abertamente e deixar escorrer pelos olhos toda a tristeza que engolira por décadas de sofrimento.

Ver aquele homem forte, que para ela era o símbolo da masculinidade, reduzido emocionalmente a uma criança, foi uma cena que mexeu com a morena.

Quase que instintivamente, Tomasa puxou um de seus seios rijos de auréolas pontudas e escuras, oferecendo-o para que aquele ser despedaçado pudesse sugar sua vitalidade como um bebê.

Manuel se assustou. Muito embora Tomasa não fosse sua filha de verdade, ele sempre a vira como uma criança, jamais como mulher.

O homem até quis retroceder, mas a morena reteve sua cabeça em frente ao seio desnudo, sussurrando: “Shhh… Calma, Paizinho… Deixa a Tomasa cuidar de você...”

Apesar da solidão e da cachaça interferindo em seu discernimento, Manuel sabia que não devia fazê-lo. Seu sentimento paternal assim gritava e aquela voz não podia ser ignorada.

Assim, por mais que Tomasa roçasse o bico de seio em seus lábios, ele se recusava em aceitar aquela oferenda.

Contudo, dominada pela compaixão e determinada em livrar seu Paizinho daquelas memórias trágicas, Tomasa tampouco acedia em retroceder.

Com um toque delicado, deslizou uma das mãos pelo peito de Manuel até a cintura, onde podia sentir sua masculinidade esquecida.

Quando Manuel, acuado, reteve sua mão para impedir aquela carícia que ainda acreditava ser indevida, Tomasa segurou seu membro como quem toma posse de algo, dizendo baixinho: “Deixa, Paizinho. Eu quero ser inaugurada assim, oferecendo o prazer que lhe roubaram há tantos anos. De hoje em diante, você será o meu Rei!”

Essas palavras, ditas com tanta doçura por Tomasa, acessaram a memória mais dolorida de Manuel, transportando-o para aquela velha suite nupcial, no momento em que viu Isobel de quatro, desfrutando que o Rei a tivesse por trás.

Quase que passivamente, Manuel esqueceu-se de tudo e deixou-se levar, recebendo aquela carícia em suas partes e abrindo a boca para que aquele seio se introduzisse entre seus lábios.

O cheiro de mulher de Tomasa e o calor de seu corpo se encarregaram do resto, criando o ambiente para a fantasia tresloucada que Paizinho jamais imaginara - mas que se fazia realidade naquele momento mágico.

Durante a noite calorosa dos trópicos, a entrega entre Manuel e Tomasa se deu de tantas formas que as horas quase não alcançaram para esgotar a chama que se acendeu.

Manuel tendo a Tomasa, deitando-se sobre ela, os olhos de um fixos nos do outro com carinho, as mãos da morena posicionando-o para que a penetrasse, lenta e definitivamente, até arrancar-lhe a virgindade, na deliciosa mistura de dor e excitação que ela ainda não conhecia.

Tomasa possuindo a Manuel, sentada em seu colo, com os seios da morena canela roçando as faces dele enquanto se ajustava sobre seu corpo, subindo e descendo, compassada, retendo-o ali com as coxas grossas em volta.

Manuel mergulhando o rosto entre as pernas de Tomasa, explorando suas intimidades com a língua e recebendo o primeiro gozo da jovem em sua boca, um sabor inesquecível a cravo e pecado.

Tomasa postando-se de quatro, as nádegas e as vergonhas expostas diante de Manuel, chamando por ele, pedindo que a tomasse e explodindo de prazer quando ele investia decidido adentro de seu sexo morno.

Manuel permitindo-se, trazendo Tomasa para sentar-se sobre ele de costas, o membro rijo entre as nádegas redondas e lustrosas da morena, forçando e rompendo, até conseguir abrir o caminho entre as pregas apertadas para deflorá-la por trás.

Tomasa tomando Manuel em suas mãos, o carinho suave nos ovos, a língua vermelha passeando travessa, a boca de lábios grossos sugando o homem, de cima abaixo, insistente, até levá-lo a desfazer-se em gozo.

A partir daquela noite, da porta para fora, Manuel e Tomasa eram o Paizinho e a filha, mantendo a relação carinhosa que todos na colônia conheciam, mas à noite, entre as paredes da casa, eram o Rei e sua putinha, numa outra relação que ninguém poderia suspeitar.

E eis que chega a Manuel e à sua filha o convite elegante para a festa na ilha do Governador Geral, com a presença distinta de vossa majestade o Rei.

O primeiro impulso de Manuel foi rasgá-lo. Não queria meter-se com os nobres nunca mais, muito menos com o Rei canalha.

Ademais, como Tomasa havia prometido, ele era o rei entre as paredes de sua casa, com sua própria puta para deleitar-se, e nada mais lhe faltava.

Por outro lado, pôde ver nos olhos de Tomasa um brilho diferente, um relance de excitação sobre a tal festa, coisa de gente jovem e sonhadora.

Ali estava a menina que ele criara, antes de tornar-se sua amante, aquela para a qual ele nunca havia negado nenhum gosto - e que justamente por isso lhe retribuía entregando de forma tão completa seu corpo delicioso.

E foi assim que o casal formado pelo ilustre Capitão Geral do Porto e sua formosa filha Tomasa terminaram desembarcando na ilha do Governador para assistir ao baile.

Tomasa, com seus olhos azuis e pele morena, suas madeixas encaracoladas livres de qualquer amarra e o sorriso sem igual no rosto, toda embalada num vestido de gala um tanto provocante para a época, não tardou em atrair todos os olhares.

Manuel estava tão mudado, um homem forte de pele curtida pelos anos de trabalho no cais, que nenhum nobre vindo da corte na comitiva real o reconheceu.

Además, como ninguém na colônia sabia seu verdadeiro sobrenome, sua identidade estava protegida e o passado trágico dificilmente voltaria para assombrá-lo.

Quando o monarca foi apresentado a Manuel, este até teve a impressão de que o conhecia, mas não se lembrava da onde fora.

Em seguida, o Rei conheceu à Tomasa - e a partir daí não conseguia pensar em mais nada, tão obcecado que era pela beleza feminina e os prazeres da carne.

O que não fora previsto por Manuel é que o Rei, em suas viagens, nunca ia acompanhado da Rainha.

Nestas ocasiões, ele levava sua concubina predileta, aquela que demonstrava total permissividade quando o monarca se deitava com qualquer mulher que desejasse: Isobel.

Manuel sentiu um nó no estômago enquanto fazia reverência para a ex-esposa. Ao se abaixar, seus dedos coçaram pensando no punhal que trazia escondido na bota e em como reagiria se Isobel ameaçasse denunciá-lo.

Quando se levantou, todos os sinos de alerta soaram na cabeça de Isobel. Como podia aquela vergonha de seu passado, o homem de quem tomara tudo, ressurgir agora naquela terra perdida e distante, só para assombrá-lá?

Seus olhares se cruzaram e ficou claro entre eles que sabiam muito bem de quem se tratava o outro diante de si - e o quanto este encontro inesperado os incomodava.

Para a sorte de ambos, antes que tudo desandasse numa nova tragédia, intrometeu-se no grupo o Governador Geral, ressaltando ao Rei o quanto Manuel havia sido útil, importando o vinho para a festa e cuidando dos arranjos no porto para receber as encomendas.

Superado este momento tenso, tudo mais transcorreu normalmente. O quarteto de cordas animava a dança, todos bebiam à vontade e saboreavam as iguarias especialmente preparadas para receber à sua majestade.

O ponto alto foi quando Isobel cantou uma ária ao Rei para os convidados, com uma voz suave como a noite que já avançava lá fora.

O mais doloroso para Manuel era constatar que, apesar dos anos de abusos junto ao Rei, Isobel ainda irradiava beleza - e que seguia sendo inteiramente devotada àquele pulha, dada a forma como trocavam cochichos e riam juntos, em total conivência.

Conforme combinaram previamente, Manuel e Tomasa não se embriagaram, esforçando-se ao máximo para evitar deixar evidências da verdadeira relação que mantinham entre si.

Assim, aparentavam ser somente um pai cuidadoso e sua filha dedicada, ambos um tanto deslocados naquele ambiente refinado.

Durante as últimas danças, quando o salão principal já esvaziava, o Rei e Isobel aproximaram-se de Tomasa e Manuel discretamente.

Quase que ordenando, o Rei convidou Tomasa para um passeio, uma honraria invejada por muitas mulheres. Manuel quis objetar, mas Isobel praticamente empurrou a morena para o Rei.

Enquanto vossa majestade saía com Tomasa e babava sobre seu decote, Isobel se colou à Manuel e arrastou-o para valsar, impedindo-o de seguí-la.

Apesar dos anos e de tudo o que ocorrera, sentir o corpo de Isobel tão próximo ao seu, ver seus seios espremidos no decote generoso do vestido e sentir sua cintura fina movendo-se em suas mãos, ainda despertava nele um certo desejo animal.

Isobel, acostumada a causar essa reação no sexo oposto, olhava a Manuel fixamente, como um predador vigiando sua presa.

Sem desviar o olhar, a cada passo da valsa, ela aproveitava para se aproximar mais. Quando colou seu corpo ao do homem, com prazer sentiu lá embaixo o efeito que sua presença despertava.

Como uma cobra sorrateira, encostou sua face na de Manuel e sussurrou em seu ouvido, usando uma voz sensual: “Ah, Manuel, vejo que você ainda me deseja… Vamos buscar um quarto, hoje eu serei sua noivinha outra vez!”

Manoel se dividia entre a vontade e a hesitação. Isobel, a maior mágoa de sua vida, estava oferecendo seu corpo para que ele a possuísse e finalmente consumassem aquela noite de núpcias interrompida no passado.

Percebendo suas dúvidas, Isobel colou o quadril junto ao do homem simulando movimentos provocantes, ao passo que dava pequenas mordidas no lóbulo de sua orelha e lambia seu pescoço devagar. Sim, Isobel havia se desenvolvido na arte de cativar homens como ninguém.

Quando o quarteto parou a música e todos os serviçais começaram a retirar-se, Isobel tomou a mão de Manuel e foi dirigindo-se ao corredor que levava aos mais de quarenta quartos da mansão.

Enquanto ele tinha os olhos fixos nas cadeiras oscilantes da mulher que o conduzia como um cachorro preso à coleira, Isobel seguia convidando: “Vem, homem, você jamais provou algo semelhante ao meu corpo e prometo que não vai se arrepender!”

Manuel estava embriagado, mas não era por álcool nenhum: era pelo poder de sedução da ex-mulher. Apesar disso, num lapso de lucidez, lembrou-se de Tomasa. Em meio ao salão já vazio, o homem estancou, alerta. Retendo Isobel pelos braços, indagou o que ela e o Rei estavam tramando.

Aparentando calma, Isobel respondeu com um sorriso de escárnio: “O Rei sabe quem você é, eu mesma contei. Foi muita ousadia ter vindo aqui. Por isso, sua filhinha vai pagar pelo perdão real. Então, é melhor vir comigo e desfrutar uns momentos, pois a essa altura ela já deve estar perdida!”

Desesperado, Manuel atirou Isobel no chão e saiu em disparada pelo interior da mansão. A cada porta que abria, encontrava grupos de nobres rendidos aos prazeres da carne, com homens vorazes e mulheres despudoradas.

A essa hora da noite, após a festa, os casais se separavam e todas as liberdades eram permitidas. Ninguém pertencia à ninguém, e a orgia que se passava na ilha era um segredo bem guardado entre os membros da elite.

Ao presenciar tantos corpos nús enroscando-se nas mais diversas posições, tantos gemidos e suspiros, tanta sedição e sodomia, o coração de Manuel acelerou ainda mais, pensando no que Tomasa poderia estar passando nas mãos do canalha real.

No último quarto da mansão, Tomasa, seminua, lutava para desvencilhar-se do Rei. Ele já havia logrado abaixar-lhe o decote, deixando seus seios expostos.

O monarca a perseguia pela habitação trancada, transtornado, com a monstruosidade que carregava entre as pernas para fora das calças, o que assustaria qualquer jovem que o visse.

Quando Manuel finalmente derrubou a porta, Tomasa havia sido encurralada num canto, estava rendida contra a parede e o Rei se colocara atrás dela, se esforçando para fazer caber seu membro entre as nádegas lustrosas da morena, louco por penetrá-la.

E foi exatamente neste momento que sua majestade, assustado com o estrondo da porta, começou a retroceder cambaleando, trôpego, o rosto arroxeado e a boca espumando, até cair ao piso sofrendo convulsões e parar de respirar.

Manuel colheu Tomasa pela mão e saiu correndo pelo caminho de volta assim como ela estava, seminua, sem que houvesse tempo nem para que recompusesse suas vestes.

À medida que passavam pelos demais quartos, a mesma cena se repetia, com pessoas nuas em posições um tanto extravagantes, todos apresentando cor arroxeada e espumando pela boca, tremendo-se incontrolavelmente.

Ao atravessarem o salão de baile, os últimos corpos atirados ao piso já se viam inertes. Todos imóveis e sem respirar.

As garrafas de vinho que Manuel e Tomasa diligentemente envenenaram antes de despachá-las para a ilha do Governador haviam surtido o efeito desejado.

Num último ato planejado, Manuel se deteve, olhou ao redor a cena espantosa e derrubou os candelabros, começando um incêndio que seria visto do outro lado da baía, lá no continente.

Quando subiram no barco para fugir da ilha, Isobel apareceu com uma expressão catatônica. Seu vestido estava rasgado. Sua expressão de terror e as marcas de fuligem grudada em seu rosto a tornavam quase irreconhecível.

Isobel balbuciou, suplicando que a levassem daquele lugar maldito em chamas, onde todos haviam perecido. Neste momento, Manuel percebeu que não tinha visto Isobel tomar nada além de água, assim como eles.

Decidido, puxou o punhal da bota e apontou para sua ex-mulher. Seria um gosto a mais terminar com sangue a vida daquela que o traicionou anos atrás, ocasionou a tragédia por ele sofrida e conspirava com o Rei para conspurcar jovens incautas.

Contudo, Tomasa o deteve, dizendo que seria um desperdício acabar com uma mulher tão bonita e saudável assim, ainda capaz de levar uma vida útil.

Nos dias que se seguiram à morte do Rei, a revolta instalou-se na colônia. Sem mais nenhum nobre vivo para manter a autoridade, a independência foi inevitável. Passado esse tempo turbulento, tudo se acalmou e a ex-colônia voltou a prosperar.

Aos domingos após a missa, quando Manuel buscava sua esposa Tomasa na igreja, passeavam pelas ruas de braços dados, exibindo um sorriso contente, principalmente quando passavam em frente à estalagem que lhes pertencia.

Ali, uma fila de marinheiros esperava para jantar, beber e provar da puta mais luxuosa de todas, uma tal de Isobel, que os esperava sobre a cama, mordendo os lábios, de quatro e com as pernas abertas - e de quem comentavam já ter sido a concubina preferida do Rei morto!

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