Capítulo VIII – Acertos e Novas Regras
O sol mal havia subido quando as duas doutoras se encontraram em uma cafeteria discreta do centro. Helena já estava sentada, com os cabelos presos em um coque elegante e o olhar atento. Ao vê-la chegar, Regina sorriu. As duas trocaram um beijo na face... mas os lábios de Helena pousaram meio segundo a mais, suaves, no canto da boca da colega. Foi discreto, mas não despercebido. Regina apenas sorriu, cúmplice.
Enquanto isso, Ana acordava lentamente em casa. Com um gesto preguiçoso, puxou Marcos para perto de si e o beijou longamente, demorando-se mais do que de costume. Marcos, ainda meio sonolento, suspirou.
— Amor... você pode me destrancar?
Ana apoiou o rosto no travesseiro, os olhos ainda semicerrados, e respondeu com naturalidade:
— Não precisa, querido. Seu piupiu agora só tem serventia para fazer xixi.
— Mas ontem... quase deu certo... — Marcos tentou argumentar, a voz vacilando.
Ana levantou uma sobrancelha, ainda sorrindo.
— Por isso mesmo. Você vai ter uma nova chance... daqui a quinze dias. E só. E se falhar de novo... bom, já sabe o que acontece.
Sem protestar, Marcos se levantou. Vestiu novamente a fantasia de empregada francesa, ajeitou a tiara e começou a limpar a casa. Queria resolver pequenas coisas que vinham lhe incomodando: manchas nos rodapés, prateleiras desalinhadas, armários bagunçados. Era como se, ao limpar o mundo à sua volta, ele tentasse também reorganizar o próprio interior.
Foi nesse momento que Lourdes, a babá jovem de 24 anos, entrou pela porta da cozinha e se deparou com a cena inesperada: Marcos, de quatro no chão, com a saia levantada, sem calcinha, limpando o rejunte com escova.
Ela parou, cruzou os braços e disse com voz irônica:
— Antes você me olhava como se fosse o lobo mau querendo me comer. E agora... nessa condição?
Marcos não respondeu. Sentiu o rosto corar até a nuca. Apenas baixou a cabeça e continuou limpando, em silêncio.
Mais tarde, tentando recuperar alguma dignidade, ele agendou duas sessões: uma de casal com a Dra. Regina, e outra individual com a Dra. Helena.
Na sessão de casal, Regina foi direta:
— Quero que os dois me digam como estão se sentindo.
Ana respondeu primeiro, com leveza:
— Estou muito feliz. Pela primeira vez em muito tempo, consigo gozar. Me sinto segura. E sim, tranquei Marcos em castidade. Isso me dá paz.
Marcos fez uma careta.
— Eu sou homem... não queria estar nessa situação...
Regina cruzou as pernas, anotou e fez a pergunta com firmeza:
— Marcos, até que ponto você está disposto a ceder para ver sua esposa feliz?
Ele hesitou, respirou fundo e murmurou:
— Aceito... como algo momentâneo. Por enquanto.
Regina então voltou-se para Ana:
— E você, Ana? Até que ponto está disposta a ceder para ver seu marido feliz?
Ana sorriu, mas sem suavidade:
— Eu já cedi. A cada quinze dias ele pode tentar do jeito dele. Se falhar... vai limpar tudo com a boca. É justo.
Regina arqueou as sobrancelhas.
— Não acha que poderia ceder um pouco mais?
Ana refletiu um segundo antes de responder:
— Talvez... uma vez por semana, aos sábados de manhã, eu destranque e dê uma chupadinha rápida. 1)çMas é o máximo. Nunca gostei de fazer... nem quando éramos um casal normal.
Regina anotou em silêncio, depois olhou para Marcos:
— E o plug? Ele está usando?
Marcos assentiu, visivelmente constrangido.
— Sim…
Regina fez uma breve anotação no tablet e, sem que eles notassem, enviou discretamente um relatório para Helena. Depois, finalizou:
— Então temos um acordo claro.
Os dois confirmaram com a cabeça.
Na terapia com Helena, Marcos relatou a situação toda, desde o novo acordo até o episódio com Lourdes.
Helena ouvia em silêncio, apenas mexendo o lápis entre os dedos. Quando ele terminou, ela sugeriu:
— Após suas duas horas diárias com roupas não convencionais, quero que troque por algo mais confortável.
— Que tipo de roupa? — perguntou Marcos, com cautela.
— Mini blusas, shortinhos leves e rasteirinhas. Femininas. Algo natural, mas ainda simbólico.
Marcos engoliu seco, mas aceitou. E então se lembrou do que acontecera mais cedo:
— Ah... sobre a babá. Ela me viu de quatro, limpando o chão... e fez um comentário... pesado.
— Você já teve alguma relação com ela? — perguntou Helena, sem tirar os olhos dele.
— Só... nos meus sonhos mais secretos...
Helena escreveu algo e respondeu com calma:
— Esses sonhos vão desaparecer. Você está vivendo outra coisa agora. Não se prenda a desejos que não fazem mais sentido no seu lugar atual.
Ela então se levantou e pediu:
— Vamos fazer uma nova avaliação física. Acompanhe a enfermeira Rogéria até a salinha ao lado.
Rogéria, sem jaleco, com um shortinho jeans justo e regata colada, o esperava no corredor. O cinto de castidade apertava contra o corpo de Marcos enquanto ele caminhava atrás dela, tentando controlar os instintos.
Na sala, Rogéria sorriu:
— Pode se despir, por favor.
Marcos ficou parado, hesitante, até ceder. Ao tirar a fantasia e ficar nu, ela olhou para o cinto de castidade e brincou:
— Hum... o bebezinho está no berço...
Ele virou o rosto, sem graça. Nesse momento, Helena entrou, observando o corpo de Marcos em silêncio por alguns segundos.
— O trabalho da personal está dando resultado. Abdômen mais firme, coxas definidas. Está evoluindo.
— Meu corpo... está ficando feminino? — perguntou Marcos, apreensivo.
Helena se aproximou, tocou levemente o ombro dele e respondeu:
— Não. Está ficando como precisa ser. Forte o suficiente para obedecer… e flexível o bastante para se entregar.
Ela fez um sinal para que ele vestisse a roupa novamente, e encerrou a sessão com voz serena:
— Continue com as duas terapias. Você está evoluindo, Marcos. Mas ainda temos muito trabalho.