O Silencio II

Da série O silêncio
Um conto erótico de Fiapo
Categoria: Heterossexual
Contém 1239 palavras
Data: 20/06/2025 11:50:00
Última revisão: 21/06/2025 01:56:02

Capítulo II – Ecos no Corpo

Ao levantar-se, Marcos sentiu uma ardência discreta. O corpo ainda carregava marcas não visíveis, mas vivas. Quando foi ao banheiro se aliviar, um incômodo o fez lembrar, como uma lufada de realidade, da cena com Ana. O gel, o brinquedo afivelado à cintura dela, o som abafado de seus próprios murmúrios. O que o assustou mais não foi a lembrança em si, mas o fato de que, ali, diante do espelho, ele percebia estar com uma ereção mais firme do que costumava ter pela manhã.

Tentou ligar para Ana. Chamada recusada.

Respirou fundo, sentou na cama e digitou uma mensagem:

"Acho que precisamos conversar."

A resposta veio em menos de dois minutos:

"Eu topo. Mas você precisa aceitar a mudança. Temos terapia na próxima sexta-feira. E você tem que ser ativo nela, sem preconceitos."

Marcos respondeu:

"Eu concordo. Eu vou tentar."

Mas fez algo mais.

Pegou o celular novamente. Digitou: terapeuta sexual. Apareceram diversas opções. Leu, comparou, clicou. Ligou.

— Gostaria de agendar uma consulta individual. Quinta-feira, se possível.

Consulta marcada. Quinta, 10h da manhã.

Foi trabalhar. Reuniões, relatórios, trânsito mental. Mas tudo estava longe. A cabeça pairava em outra atmosfera. Uma mistura de medo e curiosidade, culpa e excitação. As palavras da esposa, a lembrança do corpo tocado, tudo girava como um mantra involuntário. Não conseguia se concentrar. Com dificuldade, resistiu à manhã e almoçou no refeitório. No início da tarde, pediu dispensa. Disse que não estava bem. Saiu mais cedo e foi para casa.

Chegando em casa, o silêncio ainda era o mesmo. Para distrair-se, decidiu arrumar a cozinha. Queria sentir que ainda tinha algum controle. Mexendo nas gavetas, encontrou um avental. Ao lado, uma fantasia de empregada doméstica — a mesma que ele comprara anos atrás, e que Ana nunca quis usar. Marcos hesitou, olhou para os lados. Estava sozinho. Pensou: ninguém está vendo.

Vestiu a peça devagar. O tecido justo, os detalhes em renda, o absurdo daquela imagem no espelho. Não parecia ele. E ao mesmo tempo, algo naquela estranheza lhe causava uma quietude inesperada. Passou pelo corredor e entrou no quarto do bebê, tocando de leve os brinquedos no berço.

O que ele não sabia era que a casa tinha um sistema interno de câmeras. Discretas, posicionadas nas áreas comuns e no quarto de Lucas. Assim que ele atravessou a porta com a fantasia no corpo, o sistema começou a enviar imagens automáticas para o celular de Ana.

Longe dali, onde quer que estivesse, Ana viu.

E ficou em silêncio.

Os dias se arrastaram. Até que chegou a quinta-feira.

Marcos foi ao endereço da terapeuta sexual. Era uma casa discreta, de fachada clara. Tocou a campainha. A porta se abriu devagar.

No interior, uma recepcionista jovem, talvez com seus vinte e poucos anos, trajava uma roupa leve, semi-transparente, profissional mas ousada o suficiente para deixá-lo em alerta. A luz suave e o perfume discreto do ambiente compunham um cenário inesperado.

Ela sorriu.

— Boa tarde, senhor Marcos. Pode se sentar. A doutora já vai atendê-lo.

Marcos sentou-se. O coração acelerado. As mãos entrelaçadas. Sentia-se de novo vulnerável, como se abrisse uma porta que nunca imaginou atravessar.

Minutos depois, a terapeuta apareceu. Era uma mulher de quarenta e poucos anos, com olhos firmes e uma voz acolhedora.

— Marcos? Pode entrar.

O consultório era simples, confortável, com cadeiras estofadas e iluminação quente. Ele se sentou, tentando parecer à vontade.

— Então, Marcos — começou a terapeuta —, o que o trouxe aqui?

Ele hesitou, respirou fundo e soltou:

— Eu tenho... dificuldades. Com ereção. Ejaculação precoce. Sempre tive, mas agora... depois do que aconteceu com minha esposa... eu fiquei confuso. Envergonhado. E ao mesmo tempo... algo mudou. Eu não sei explicar direito.

Ela o ouvia em silêncio, apenas acenando com a cabeça.

— Ela... usou um brinquedo em mim. E eu deixei. Achei que não queria. Mas depois... eu tive sensações que nunca senti antes. Me senti fraco, dominado... mas também excitado. E é isso que me assusta. Porque desde então, toda vez que penso nisso, eu fico... duro. E às vezes, parece até que... meu corpo pulsa sozinho.

— E isso o envergonha? — perguntou a terapeuta, com a voz tranquila.

— Sim. Muito. Eu me sinto... emasculado. Como se não fosse mais homem. Mas ao mesmo tempo, meu corpo reage. E eu não sei o que isso quer dizer.

Ela cruzou as mãos sobre o joelho, inclinando-se levemente para frente.

— Marcos, o que sua esposa realizou é conhecido como pegging. É uma prática consensual entre casais em que há inversão de papéis sexuais. Não se trata de submissão absoluta ou de deixar de ser homem. Trata-se de abrir espaço para novas formas de prazer e intimidade.

Ele a olhou, surpreso por haver um nome. Uma definição.

— Vocês estão fazendo terapia de casal?

— Sim. Com a doutora Regina Carvalho.

A terapeuta arqueou as sobrancelhas.

— Regina? — sorriu brevemente. — Fomos colegas de formação. E... durante um período, amigas com alguns privilégios.

Marcos corou levemente, sem saber como reagir.

— Isso é ótimo — ela continuou —, porque posso propor a ela um tratamento combinado. Integrar a abordagem do casal com o seu processo individual pode acelerar muito sua compreensão e evolução.

Ela pegou o celular, digitou uma mensagem breve, e voltou a encará-lo com gentileza:

— Vou conversar com Regina e sugerir um acompanhamento duplo. Nada será feito sem o seu consentimento, claro. Mas acho que você está dando um passo importante, Marcos. E isso... é admirável.

Ele abaixou os olhos, sentindo-se pela primeira vez compreendido.

— Eu só quero entender... e não sentir mais vergonha do que me excita.

Ela sorriu com empatia sincera.

— Então começamos por aí.

— Você gostaria de passar por uma avaliação corporal mais detalhada? — ela perguntou.

— Sim. Eu... acho que sim — respondeu Marcos, já com a voz menos trêmula.

Ela lhe entregou uma folha e indicou uma porta lateral.

Na sala ao lado, uma enfermeira o aguardava. O ambiente era diferente: paredes em tons aconchegantes, iluminação suave e uma estante com objetos que lembravam mais uma boutique erótica do que uma clínica tradicional.

A enfermeira, jovem e firme, o cumprimentou com educação. Pediu a folha, analisou rapidamente, e então disse:

— Senhor Marcos, preciso que o senhor retire toda a roupa, inclusive a roupa íntima. Pode usar o biombo ali.

Atrás do biombo, Marcos sentiu o rosto ferver. Ao tirar a cueca, sua mente girava. Quando voltou, completamente nu, a enfermeira manteve o olhar profissional, mas ao baixar os olhos, murmurou algo entre os dentes. Um tom meio irônico, meio condescendente. Algo entre "curioso" e "delicado". Ele não soube dizer.

Corado, permaneceu imóvel enquanto ela fazia medições, testava pontos de sensibilidade, tocava com a ponta dos dedos enluvados. Tudo silencioso, técnico. E, ainda assim, internamente, ele se sentia exposto de um modo nunca antes vivido.

— Pronto, senhor Marcos. Pode se vestir — ela disse ao final, sem emoção.

De volta à recepção, o celular vibrou. Uma notificação no e-mail: o relatório clínico inicial.

“Resposta somática amplificada durante estímulo de vulnerabilidade. Sugerimos acompanhamento psicoterapêutico integrativo.”

Logo depois, outra notificação. WhatsApp. De um escritório de advocacia:

Minuta de Petição de Divórcio – Ana Costa Silva.

Ele abriu o PDF. Nenhuma acusação. Nenhuma raiva. Apenas a formalidade fria do fim.

Sentado ali, entre relatórios e papéis legais, Marcos sentiu o chão se abrir sob seus pés. Mas, paradoxalmente, também sentiu que algo — talvez ele mesmo — estava finalmente acordando.

Uma parte sua que nunca teve espaço. E que agora, entre a dor e a descoberta, talvez começasse a respirar.

Continua.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 2 estrelas.
Incentive Fiapo a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil de Ailessa

!! Garotas gostosas estão te esperando no --- Sexy24.mom

0 0
Foto de perfil genérica

Alerta: vc copiou o texto duas vezes. Favor revisar. Bom... Falta cumplicidade aí casal. Fico pasmo como esse povo casa tem filhos sem ter cumplicidade na vida, na cama. Acho que a mulher está em busca disso. Só não entendi o lance do divórcio visto que ela está em busca de salvar a relação.

0 0
Foto de perfil de brazzya

😏 👅 🔥 Agora é possível ver qualquer uma pelada, inteirinha ➤ Afpo.eu/ekuza

0 0