Capítulo 9 – Entre Dois Mundos
Quando o jogo se estende a quem nos cerca, as regras se repetem em cada olhar.
O almoço entre as famílias foi marcado para um sábado ensolarado na casa de Luísa. Médias janelas abertas já anunciavam o frescor do jardim, e o perfume das flores se misturava ao aroma do bolinho de pão caseiro.
1. O Encontro na Cozinha
Enquanto Vera finalizava os pratos na bancada, Luísa recebeu Henrique e sua irmã Laura no corredor. Os dois pareciam nervosos, mas Laura disfarçava bem: ajeitou o volume da saia e sorriu rápido, estudando a prima em potencial.
Henrique, por sua vez, aproximou‑se de Luísa e, num gesto quase tímido, mostrou‑lhe o cinto de contenção ainda guardado em uma pequena caixa:
Henrique (sussurrando): “Mostrei para a Laura… ela disse que é ‘muito sofisticado’.”
Laura ergueu uma sobrancelha e, com um meio sorriso cúmplice, comentou:
Laura: “Você sabe que ela vai usar superficialmente hoje… mas só para estabelecer o tom.”
O olhar de Henrique vacilou entre dos dois irmãos, e Luísa captou o instante de hesitação como prova de que seu símbolo já funcionava.
2. As Mães à Mesa
Na sala de jantar, as duas mães se sentaram frente a frente. O jogo de talheres começou com educação: pequenos pedaços de quiche, salada de folhas tenras, risos contidos. Logo, porém, a conversa migrou para o que realmente importava: planos futuros.
Mãe de Henrique (tocando o braço de Vera):
“Meu filho é responsável, mas… precisa de direção. Você concorda que um compromisso sério é o próximo passo?”
Vera sorriu com calma, enquanto depositava uma folha de rúcula no prato:
Vera:
“Acho que compromisso se constrói com respeito e clareza — e é nisso que estamos trabalhando.”
3. Os Pais e o Vinho
Do outro lado da mesa, o pai de Henrique e o pai de Luísa brindaram o encontro com taças de vinho tinto. Eram homens silenciosos, mas que sabiam a hora certa de falar:
Pai de Henrique (erguendo a taça):
“À família, e aos planos que se realizam quando há meta.”
O vinho circulou com a naturalidade de quem compartilha confiança. Mais tarde, o pai de Henrique aproximou‑se do filho:
Pai de Henrique (em voz baixa):
“Conversei com um contato da empresa hoje cedo. Tenho um estágio para você na filial da cidade. Mas, para que tudo funcione, preciso que você pense em casamento — e comece a faculdade no próximo semestre.”
Henrique engoliu em seco, entre o gosto do vinho e da responsabilidade repentina.
Henrique:
“Entendo, pai. Vou me dedicar.”
4. O Plano de Luísa
Terminada a sobremesa, Luísa limpou a boca e olhou para todos ao redor. Um silêncio respeitoso se formou. Ela então propôs:
Luísa:
“Já conversamos entre nós. Agora, formalizo um convite: que tal repetirmos esse almoço em minha casa, daqui a um mês? Assim alinhamos datas de casamento e, quem sabe, celebramos o início da faculdade também.”
Vera assentiu com um sorriso de aprovação, as duas mães trocaram olhares cúmplices, e os pais brindaram uma última vez.
Quando a família de Luísa voltou para casa, o portão ainda rangia de estar recém-aberto. No jardim, aguardavam dois silhuetas:
Gabriel, apoiado no batente, com o olhar tranquilo de quem reconhece o território conquistado.
Ricardo, ao lado, o braço sobre o encosto da cadeira do jardim, em pose relaxada — mas sempre pronto para o comando de Vera.
Luísa e Vera trocaram um breve sorriso de cumplicidade. Cada uma, ao lado de seu pequete seguiu pelo corredor com passos que ecoavam o próprio senso de posse: Luísa ao lado de Gabriel, Vera junto a Ricardo. Entraram sem falar, como quem retoma um pacto estabelecido em silêncio.
O pai de Luisa disse que ia comprapão e vontou depois de 4 horas
Um Mensagem no Escuro
Mais tarde, quando Luísa se recolheu ao quarto, puxou o celular do bolso e enviou a Henrique uma foto discreta: as pernas cruzadas em cima do lenço cheio de um liquido branco, a luz do abajur iluminando a pele. Sem legenda, apenas o clique falava por si: um convite e um lembrete de que ela continuava inteiramente sua.
Não passou muito tempo até que outra notificação surgisse:
Vera – 01:17
“Seu pai vai comer torta de creme. Se quiser espiar, fique à vontade.”
A simplicidade da frase deixou Luísa com o coração acelerado. “Comer creme” era a senha deles para um ritual de toque onde o pai limpava a boceta de vera esporrada po Ricardo— Vermelha no escuro, ela guardou o telefone, colocou a ponta do pé na ponta da cama e se dirigiu, quase em reverência, até a porta do quarto dos pais.
O Espetáculo Silencioso
Pela fechadura, Luísa viu luz suave entrando pelo vão da porta entreaberta. Os risos contidos de Vera ecoavam como música íntima. O ajoelhado cumpria o seu papel...