Capítulo 5 – Ensaios
Tudo o que se domina primeiro se observa em silêncio.
O celular vibrou no escuro, iluminando a cabeceira do quarto com um brilho pálido. Luísa virou-se lentamente, os olhos ainda despertos apesar da hora.
Era uma mensagem.
Vera – 21:18
“Hoje, 30 minutos depois que eu chegar e for para o meu quarto, vá espiar. Pela fechadura. E só saia quando eu mandar.”
Sem ponto de interrogação. Sem explicações.
Luísa leu mais de uma vez. O coração disparou de leve — não por medo, mas por algo mais elétrico. Um chamado silencioso que ela não sabia como recusar.
Vera chegou pontualmente às 22h. O som da chave girando, o salto ritmado pelo piso e a porta do quarto fechando com firmeza. Como se estivesse marcando o início de algo que já estivesse ensaiado.
Luísa esperou os trinta minutos exatos. Sentiu cada segundo atravessar a pele como se o tempo estivesse sendo puxado por dentro dela.
Quando o relógio piscou 22:30, ela se levantou. Pés descalços, passos suaves. A casa parecia respirar com ela.
Chegou à porta do quarto dos pais. Encostou o rosto de leve. O ouvido captou apenas um silêncio tenso, como se dentro dali houvesse mais gesto do que som.
Curvou-se. Olhou pela fechadura.
E ali estava a cena.
Vera estava em pé, os cabelos soltos, envolta por uma camisola de tecido escuro, leve como sombra. O pai de Luísa estava ajoelhado diante dela, inteiramente despido, os braços soltos ao lado do corpo, o olhar abaixado.
Havia humilhação. Havia entrega.
Vera andava ao redor dele como quem inspeciona um altar. Parou em frente do marido levantou a camisola.
O marido não precisou uma orde segurou a ancas de Vera aprocimou seu rosto de da vagina dela e com olhos marejados começou chupar a Vera.
Vera gruniu de prazer
Então ela falou para Liusa ouvir. Ele assentiu sem levantar o rosto.
Luísa sentia o ar rarefeito. Não por escândalo — mas pela consciência de que estava assistindo algo que era parte de um mundo diferente. Um código. Uma linguagem secreta.
A mãe então amarrou os punhos do marido com suavidade, usando o próprio lenço. Nada agressivo. Apenas firme. Clara. Como quem diz: “Agora, é minha vez.”
Luísa queria desviar o olhar, mas não conseguia. Algo a prendia. Era mais do que o que via. Era o que compreendia sem precisar ouvir.
Foi então que Vera virou o rosto, com a lentidão precisa de quem já sabia que estava sendo observada.
Olhou direto para a fechadura.
E falou, sem se aproximar:
— Continue olhando, Luísa. Você precisa entender. Isso não é posse. É presença. Não se trata de mandar. É sobre ser impossível de ignorar.
Luísa estremeceu.
Era uma lição. Não havia grito, nem segredo. Aquilo era uma aula silenciosa de poder.
E ela estava atenta.
Quando Vera enfim disse que ela poderia ir dormir, Luísa se afastou. Voltou ao quarto em silêncio, com os pés ainda úmidos de tensão.
Sentou-se na cama. As mãos ainda trêmulas. Não de medo — mas de excitação interna. Aquilo que despertava sem nome. Aquilo que era mais sensação do que razão.
Ela olhou para o espelho.
E viu que algo no próprio rosto já havia mudado.
Na manhã seguinte, Vera estava à mesa. Chá de hibisco, camisa solta, olhar sereno.
Luísa se aproximou sem dizer nada. A mãe nem olhou, mas falou:
— Dormiu?
— Quase. Mas vi tudo.
— Então entendeu?
Luísa ficou em silêncio. Depois assentiu com um leve sorriso:
— Estou. escolhendo ainda...
Vera ergueu os olhos.
— Então comece devagar. Escolha com quem você quer treinar sua presença. Precisa tocar. Deixe que eles se queimem com a sua proximidade. E só se lembre de uma coisa, filha: você não deve nada ao desejo de ninguém.
Luísa respirou fundo. Sabia que dali em diante, nada seria igual.
Ela estava prestes a ensaiar o que havia apenas observado até então.
E o espelho... já não refletia apenas uma menina.
Continua0)