O uber safado me comeu

Um conto erótico de Regard
Categoria: Gay
Contém 2143 palavras
Data: 16/08/2025 06:49:23

O meu cu ainda pulsava, quente e melado pela porra do Bruno. Cada freada mais brusca do carro era um lembrete gostoso e invasivo do pau dele me preenchendo horas atrás, uma pressão úmida e interna que me fazia apertar discretamente as coxas no banco de couro sintético. O ar-condicionado soprava um alívio gelado no meu rosto suado, mas por dentro eu era um forno. Um fim de semana de putaria desenfreada tinha me deixado com o corpo moído e a mente elétrica, flutuando numa névoa de tesão satisfeito e exaustão. Mas a porra daquele relógio no painel me arrancava violentamente desse torpor.

18:43.

Vinte minutos. Vinte fodidos minutos pra atravessar o coração entupido dessa cidade e chegar na rodoviária. Eu olhava pro mapa no celular dele, preso no suporte do painel, e pra hora no meu, e a conta não fechava. A linha vermelha da rota parecia zombar de mim, grossa e imóvel. Merda, merda, merda.

"Tá com pressa, hein, campeão? Algum compromisso importante?"

A voz dele me tirou do meu loop de pânico. Era calma, um pouco rouca, grave. A voz de quem não está com pressa alguma. Ele não tirou os olhos do trânsito, as mãos grandes segurando o volante com uma firmeza relaxada. Observei o perfil dele. Moreno, maxilar marcado, uma barba rala e perfeitamente desenhada que descia pelo pescoço e sumia na gola da camisa preta. Os braços, expostos pela manga dobrada, eram grossos, cobertos por uma fina camada de pelos escuros. Engoli em seco. Ele era exatamente o tipo de problema que eu adorava encontrar.

"Um ônibus pra pegar," respondi, tentando manter a voz neutra, disfarçando a impaciência que me corroía as entranhas. "O último de hoje. Coisa de minuto."

Ele finalmente me olhou, não diretamente, mas pelo retrovisor. Foi rápido, um flash, mas o suficiente pra eu captar o brilho nos olhos dele. Um brilho de quem entende de urgências, talvez de outros tipos. Um sorriso mínimo, quase imperceptível, curvou o canto da sua boca.

"Vamos ver o que dá pra fazer. O trânsito hoje resolveu foder com todo mundo."

A palavra "foder" saiu da boca dele com uma naturalidade que me causou um arrepio. A forma como ele a pronunciou, arrastada, quase preguiçosa, transformou uma reclamação banal em algo sujo, pessoal. Meu pau, semi-mole dentro da calça jeans, deu uma contração involuntária. O calor do sêmen de Bruno pareceu se reativar dentro de mim, uma brasa esquecida. Desviei o olhar, constrangido pelo meu próprio corpo, e foquei na paisagem de concreto e metal que se arrastava pela janela.

Ele esticou o braço e pegou um pacotinho amassado de cima do painel. O barulho do plástico chamou minha atenção.

"Quer uma bala pra acalmar?" ele ofereceu, sem me olhar. "Halls preto."

O pacote preto e prata ficou ali, no espaço entre nós, uma oferta estranhamente íntima. Halls preto. A bala que gela a garganta, que deixa um hálito forte, que arde antes de refrescar. A bala que todo mundo sabe pra que serve de verdade numa boca bem usada. Meu cérebro, já sobrecarregado de sexo e ansiedade, disparou. Que porra de motorista oferece Halls preto pra um passageiro ansioso? Era só gentileza? Ou era um código? Um teste?

"Não, valeu. Tô de boa," respondi, a voz saindo mais seca do que eu pretendia.

Ele apenas deu de ombros e tirou uma para si, desembrulhando-a com um movimento ágil dos dedos. O cheiro forte de mentol e eucalipto logo preencheu o espaço confinado do carro, misturando-se ao odor sintético do aromatizante de pinho. O som dele chupando a bala, um estalo úmido e discreto, tornou-se a trilha sonora da minha agonia. Cada estalo era um segundo a menos no meu cronômetro invisível.

18:51.

Ele fez uma curva brusca, cortando um ônibus e entrando numa rua lateral que o aplicativo não mostrava. Meu corpo foi jogado contra a porta.

"Atalho," ele disse, simplesmente. "Talvez a gente ganhe uns minutos."

Eu não disse nada, apenas observei. Ele dirigia bem, não era imprudente, era preciso. Cada movimento era calculado, cada brecha no trânsito aproveitada ao máximo. As mãos dele no volante eram um espetáculo à parte. Dedos longos, nós dos dedos grossos, as veias saltando no antebraço a cada manobra. Fiquei imaginando aquelas mãos em mim. Apertando minha nuca, segurando meus quadris, me forçando contra um colchão. A imagem era tão clara, tão fodidamente potente, que eu tive que cruzar as pernas. O pulso latejante no meu cu era agora um eco do pulso que martelava na base do meu pau.

O carro cantou pneu numa curva fechada e voltamos para a avenida principal, bem mais à frente do que estávamos. Ele tinha ganhado uns cinco quarteirões. Um sorriso vitorioso, agora bem mais claro, estava no rosto dele. Ele me olhou de novo pelo retrovisor. Desta vez, nossos olhares se sustentaram por um segundo a mais. Não havia mais como negar. Aquilo não era só uma corrida de Uber. Havia algo no ar, uma eletricidade crua, uma pergunta silenciosa sendo feita e, da minha parte, respondida com cada batida descompassada do meu coração.

"Qual seu nome?", perguntei, quebrando o silêncio. A pergunta saiu como um desafio.

"Emerson. E o seu, campeão?"

"Manoel."

"Manoel," ele repetiu, testando o nome na língua. "Quase lá, Manoel. Segura firme."

A rodoviária apareceu, um monstro de concreto cinza e luzes de neon baratas. 19:02. Meu ônibus saía às 19:00. A esperança era uma faísca moribunda. Emerson pareceu sentir meu desespero. Ele não foi para a entrada principal. Fez um retorno proibido, subiu na calçada e parou ruidosamente no portão de desembarque, o mais perto possível das plataformas.

"Corre!", ele gritou, e o tom de comando na voz dele me fez obedecer sem pensar.

Eu joguei uma nota de cinquenta no banco do passageiro, agarrei minha mochila e saltei do carro. Não olhei para trás. Apenas corri. O ar pesado e poluído da rodoviária encheu meus pulmões. O cheiro de diesel e mijo. O som caótico de anúncios, rodas de malas e gente gritando.

Plataforma 7.

Minhas pernas queimavam. A pulsação no meu cu agora era dolorosa, um atrito incômodo a cada passada larga. Eu podia sentir o suor escorrendo pela minha testa, pelas minhas costas, pelo rego. Atravessei o saguão principal empurrando pessoas, pedindo desculpas que ninguém ouviu.

Plataforma 5... 6…

E então, eu vi. Plataforma 7. Vazia. Exceto por um funcionário da viação que recolhia o cone de sinalização. Bem ao longe, as luzes traseiras vermelhas do meu ônibus sumiam na escuridão da avenida.

Acabou.

Parei de correr. O impulso me levou mais alguns passos até eu me apoiar numa pilastra, ofegante. O ar não vinha. Minha cabeça girava. Senti um soco oco no estômago, uma mistura de raiva, frustração e um cansaço que parecia vir dos ossos. A adrenalina se dissipou, deixando para trás apenas o peso da derrota.

Soquei a pilastra. Uma dor aguda subiu pelo meu braço, mas era bem-vinda. Uma dor física pra competir com o nó na minha garganta. "Filho da puta!", grunhi para ninguém.

Fiquei ali, parado, por um tempo que não sei medir. As pessoas passavam por mim, um rio de destinos e reencontros dos quais eu não fazia parte. Eu era uma ilha de fracasso. Sozinho, suado, fedendo a desespero e com o cu ainda melado da porra.

Onde eu ia dormir? O que eu ia fazer? A raiva começou a se transformar em resignação. Olhei ao redor. As luzes da cidade do outro lado da rua pareciam piscar pra mim. Um hotel. Eu precisava de um hotel. Um banho quente, uma cama limpa e umas doze horas de sono.

Meu celular vibrou no bolso. Puxei-o, esperando uma mensagem inútil de operadora. Mas não era. Era uma notificação do aplicativo de corrida.

"Sua corrida com Emerson foi finalizada. Esperamos que tenha sido uma boa viagem!"

Eu estava exausto, sujo de suor e da viagem, emocionalmente esgotado pela corrida perdida. Mas debaixo de tudo isso, o fogo baixo do tesão, que a putaria do fim de semana inteiro tinha acendido, voltou a crepitar.

Abri o aplicativo. Meus dedos tremiam um pouco ao digitar "Hotel Central" no destino. O mais próximo, o mais genérico. Não importava. Era só um pretexto. A tela de busca girou por um instante eterno antes de confirmar.

Seu motorista está a caminho.

E então a foto dele apareceu. A mesma foto. O mesmo sorriso de canto, o mesmo olhar que parecia saber de todos os meus segredos. Emerson. O carro dele, um ícone anônimo no mapa, estava a apenas duas quadras de distância, movendo-se na minha direção.

Não acredito. Um arrepio percorreu minha espinha, eriçando os pelos dos meus braços. O destino às vezes tem um senso de humor muito, muito safado. Se da primeira vez eu estava cego pela pressa, pelo pânico, agora meus olhos estavam bem abertos. Dessa vez, eu não ia deixar passar.

Foda-se o ônibus, foda-se o cansaço. Alguma coisa me dizia que a noite não tinha acabado. Ela tinha sido interrompida, e agora o universo, ou algum deus cafetão, me dava a chance de continuar. Guardei o celular no bolso, ajeitei a postura e esperei. Minha respiração estava calma agora, meu coração batia num ritmo forte e constante.

Os faróis familiares surgiram na esquina, cortando a penumbra da rua. O carro preto deslizou até o meio-fio e parou suavemente na minha frente, o motor roncando baixo, como um animal satisfeito. A janela do passageiro desceu, revelando o rosto de Emerson, agora banhado pela luz alaranjada dos postes.

O sorriso dele era explícito, aberto, uma faca afiada de pura presunção. Ele sabia. Claro que sabia.

"Olha só quem é," a voz grave dele cortou o ar. "Parece que seu destino hoje era cruzar comigo de novo."

Abri a porta de trás por puro instinto, o hábito de passageiro falando mais alto. Joguei minha mochila no banco. Mas em vez de entrar, apoiei a mão no teto do carro e me inclinei, encontrando o olhar dele. O cheiro de mentol ainda pairava no ar.

"Acho que sim..." falei, minha voz um tom mais baixo do que o normal. O jogo tinha começado. "Sabe, acho que vou aceitar aquela bala agora."

O sorriso de Emerson se alargou. Ele não piscou. Seus olhos desceram para a minha boca e voltaram para os meus. Um predador avaliando a presa que caminha voluntariamente para a armadilha.

"Tá aqui na frente, mano," ele disse, a voz cheia de uma autoridade casual que me fez engolir em seco. Ele apontou com o queixo para o chão do lado do passageiro da frente. "Caiu ali no chão. Vem aqui pegar."

Fechei a porta de trás com uma batida suave e contornei o carro. Cada passo parecia calculado, pesado. Abri a porta da frente e deslizei para o banco. O espaço era outro. A proximidade dele era sufocante, elétrica. O calor do corpo dele parecia irradiar, o cheiro dele — uma mistura de colônia amadeirada, suor e o Halls preto — era quase um sabor no fundo da minha garganta.

Meu ombro roçou o dele enquanto eu me inclinava para "procurar" a bala. A respiração dele estava quente na minha nuca. Fingi dificuldade, meus dedos passeando pelo tapete do carro, sentindo a vibração do motor através do assoalho. A performance era ridícula, e nós dois sabíamos disso. Eu não estava procurando uma bala. Eu estava me oferecendo.

"Aqui," a voz dele soou bem ao lado do meu ouvido, um sussurro que me fez arrepiar. A mão dele desceu e pegou o pacotinho prateado, que estava perfeitamente visível o tempo todo. Seus dedos roçaram os meus ao me entregar. O toque foi breve, mas queimou.

Endireitei-me no banco, o pacote de Halls na minha mão. O clima dentro do carro era denso, pesado, como o ar antes de uma tempestade. Desembrulhei a bala lentamente, o barulho do plástico parecendo um trovão no silêncio. Levei-a à boca e comecei a chupar, fazendo um contato visual demorado e descarado com ele. O primeiro ardor do mentol na minha língua era agudo, delicioso. Girei a bala na boca, o som úmido preenchendo o carro.

Ele não se moveu, não ligou o carro. Apenas observou, os olhos escuros fixos em cada movimento da minha boca. A tensão era tão espessa que eu podia mastigá-la.

Depois de alguns minutos que pareceram horas, quebrei o silêncio. Minha voz saiu rouca, provocadora.

"Me diz uma coisa... tu oferece Halls pra todo mundo que entra no seu carro?"

Ele virou o rosto lentamente na minha direção. A luz do painel esculpia sombras no seu maxilar. Seu olhar era tão penetrante que eu me senti nu, exposto. Quando ele falou, a voz era um sussurro grave, carregado de uma honestidade brutal que me atingiu como um soco no estômago.

"Não. Só pra quem eu quero que me mame."

Leia completo em: https://privacy.com.br/@Regard

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Comentários

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Muito interessante e intenso. Quero um Halls também ;) Parabéns

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