Parte (5)
Série: Muito Libertinos
Eu tinha me esquecido de desmarcar o despertador do telefone e quando deu 6h30 ele deu sinal, me despertando de um sono tão profundo que ao acordar eu nem me lembrava direito de onde estava. Fiquei meio abestalhado na cama do hotel, tentando me situar. Senti o cheiro da minha gozada na cama, e aos poucos fui me localizando. Desliguei o despertador, e sabendo que eu estava de licença, não precisava madrugar. Mas, desperto, fiquei um pouco ali deitado, ainda no escuro do quarto, pensando na minha situação.
Um pensamento me ocupava a mente. Não fazia o menor sentido eu ficar excitado com as cenas da Size fazendo sexo com o Malan e a Louise, ou com o tatuado. Eu achava que era devido ao fato de ter sofrido uma grande desilusão com ela, e ter perdido o encanto, a afeição, considerando-a uma mulher como outra qualquer. Era como se a ligação afetiva com ela houvesse se partido. Eu estava era muito magoado com o que ela fizera, me tratando daquela forma, me traindo e enganando por tanto tempo. E no fundo, mesmo que eu tentasse controlar, eu sentia raiva e isso me fazia não a ver mais como antes. A minha dedicada e adorada esposa. Era como se eu visse cenas de um filme pornô. Pelo menos era o que eu achava. Ao tomar consciência disso, verifiquei que eu tinha mesmo que me preparar para a separação e o divórcio. E falar com um advogado era essencial.
Decidi que iria procurar um advogado e resolvi me levantar, tomar um banho, me vestir e descer para tomar o desjejum. Enquanto comia um pouco, no refeitório ainda vazio de hotel, decidi ligar para o meu chefe. Ele já tinha acordado, pois era dos primeiros a chegar na empresa. Ele me atendeu bem-disposto:
— Então, Genaro, bom dia. Está melhor hoje?
— Não sei se estou melhor, pelo menos já penso com mais clareza. Eu queria uma conversa com você, me ajudando a pensar se o que eu pretendo fazer é correto. E se tiver uma dica, preciso de um advogado para me orientar. – respondi.
Ele ficou uns segundos calado, e quando falou foi direto:
— Vou falar com o meu advogado, se pode recebê-lo. Ele é meio careiro, mas é bom, e vou pedir um desconto para lhe dar uma orientada. Poe ser assim?
— Claro que pode. Já lhe agradeço de antemão. – Respondi.
Ele perguntou:
— Você não aceita almoçar comigo? Poderemos conversar e você me pergunta o que deseja. E eu lhe darei a resposta do advogado. O que acha?
— Chefe, eu agradeço muito. Me deixe pagar o almoço. – Respondi.
Ele riu e disse que me daria o endereço do restaurante logo que ele pudesse. Agradeci e desliguei.
Era bem cedo ainda e eu não resisti à curiosidade de saber se havia alguma nova troca de mensagens da Size. Fui ao notebook verificar e lá estava ela falando com o Malan e a Louise:.
Size: “O Ge veio ontem aqui em casa. Pegou umas roupas, sei lá mais o quê, e deixou um bilhete. Vai dar um tempo na relação.”
Louise: “O que ele disse no bilhete, amiga?”
Size: “Olha o bilhete: “Size. Fiquei muito abalado, pois senti que você estava mentindo para mim, novamente. Eu nunca havia desconfiado de você, mas uma vez já aconteceu de você mentir, e quando a desconfiança se repete, resolvi não dar mais chance para novas mentiras. Eu não posso seguir na relação com desconfiança. Quero ficar uns dias isolado, pensando o que pretendo fazer. Não posso continuar uma relação sem confiar. Deixo um dinheiro na gaveta da penteadeira, para compras. Daqui uma semana, voltaremos a nos falar. Então resolveremos. Até lá. Não tente me procurar, não quero vê-la estes dias. Estou muito abalado e com raiva”.
Louise: “Ah, ele está mesmo jogando verde. Desconfia mas não sabe de nada”.
Malan: “Fica na sua. Mantém a sua posição não assuma nada. Logo ele volta”.
Size: “Não sei. O Ge não é de blefar. Ele é direto, sempre. Aposto que ele desconfia, tem alguma coisa que ele pegou, e eu não sei o que é. Estou com vontade de me abrir e assumir tudo. Se eu continuar mentindo, vai ser pior. Vou perder o meu marido para sempre”!
Louise: “Não seja louca, mulher. Negue sempre tudo. Se assumir, aí que ele nunca mais olha na sua cara”!
Malan: “A Lou tem razão. Conheço seu corno. Ele é muito certo demais. Nunca vai aceitar o que você já fez. Sempre foi safada e enganou. Acha que ele vai perdoar”?
Size: “Não sei, estou desesperada. Eu amo meu marido. Ele não tem culpa de eu ser uma safada, sem controle”. Mas eu acho que ele gosta de mim, ainda. Morro de medo do que ele pode fazer”.
Louise: “Você vai vir hoje, para a gente gravar mais? O canal está bombando. Mais gente comprando o acesso”.
Size: “Não vou hoje. Estou pra baixo. Deprimida. Sem tesão. Não vou conseguir”.
Malan: “Deixa de bobagem. Vem gravar. Está dando bom dinheiro. Você já está fodida mesmo. Mais um pouco não piora nada. Aproveita que tem a vida liberada e vamos fazer mais conteúdo”.
Size: “Verdade. Mas hoje eu não vou. Tenho esperança de falar com o Ge. Estou com o coração apertado, e sentindo muita falta dele”.
A conversa parou nesse ponto. Eu não conseguia entender nada mais. Estava podendo ver a minha esposa por uma fresta escondida, que enxergava o lado dela de safada, que ela sempre escondeu. Perceber o quanto eu fui enganado e traído, por ela e por falsos amigos, chegava a me dar gosto amargo na boca.
Entendi que eu precisava ter as provas daquelas traições bem à mão, para o caso de falar com o advogado, e para a minha conversa com a terapeuta também. Então, tratei de passar imagens e conversas da Size com os amigos para o meu telefone. Transferi as imagens e textos. Quando acabei, já estava perto das 10h30, e comecei a me preparar para ir almoçar com o meu chefe. Tomei um banho e quando estava me vestindo, o telefone tocou. Vi que era a Size, e não atendi. Ela deixou tocar até cair. Depois chamou novamente, e eu tornei a ignorar. Ela enviou uma mensagem de texto:
“Ge, meu amor, pelo amor de deus! Me atende. Estou muito angustiada, não entendo o que se passa com você. O que houve? Pode me dizer, para eu saber o que acontece?”
Ela viu que eu li, mas não respondi. Mandou outra mensagem:
“Você leu, não quer falar comigo por quê? Amor, me ajuda! Estou entrando em crise. Fala comigo?”
Resolvi responder:
“Pedi um tempo. Respeite. Não quero falar. Não me procure. Espere quando eu estiver disposto, eu chamo.”
Depois disso, ela sossegou. Eu acabei de me arrumar e fui para o restaurante que o meu chefe havia indicado. Até eu chegar, achar onde estacionar e ir para o restaurante, deu tempo dele também chegar. Nem esperei muito.
Era um restaurante tradicional, não era de luxo, mas bem amplo. Conseguimos uma mesa mais ao fundo, onde perderíamos conversar sem muito barulho, pois naquela hora, o movimento era grande. Logo que nos sentamos ele me perguntou:
— Como você está? Melhorou?
— Estou mais calmo, mas muito destroçado. Queria poder falar e buscar umas dicas. – Respondi enquanto me acomodava à mesa.
— Nos primeiros dias, fica tudo confuso. Nada faz sentido. – Ele disse. E prosseguiu:
— Falei com o meu advogado. Ele tem como receber você. Fará uma cortesia, receberá você hoje de tarde, às 17h, e vai se inteirar do caso. Somente depois desse levantamento, ele vai fazer um orçamento para lhe atender. Aí, você decide, já com a orientação dele.
Agradeci muito, e falei que depois do encontro com a terapeuta, eu iria pra lá. Foi quando o meu chefe falou:
— Sua esposa ligou hoje, querendo falar comigo. Eu atendi e ela perguntou se eu estava sabendo que você está fora de casa faz dois dias. Eu confirmei que você pediu licença por uma semana, para resolver questões pessoais. Ela perguntou se você disse o motivo. Eu falei que não, que apenas alegou questões pessoais e como sempre foi um funcionário exemplar, recebeu a dispensa. Ela então falou: “Desculpe explicar. Tivemos uma discussão grande, ele estava com ciúme porque eu fui a uma festa de umas primas, e voltei de carona. Ele não gostou e brigamos. Ele saiu de casa e não quer mais falar comigo. Estou sem saber o que fazer.”
Ouvi aquilo e abanei a cabeça em desagrado. Falei:
— Desculpe, chefe, agradeço. Não quero mesmo falar com ela enquanto eu não tiver resolvido o que vou fazer e como. Já expliquei ela isso.
Naquele momento veio o garçom pegar nosso pedido, e interrompemos a conversa. Fizemos nosso pedido e quando o garçom se afastou, ele falou:
— Não se preocupe, ela que está preocupada, e é natural. No fundo, ela sabe que você tem motivos para ficar bravo, mas ela ainda não sabe que você sabe o que ela fez. Está insegura com isso.
Eu disse:
— Não entendo uma pessoa que faz o que ela fez, trai e mente, seguidamente, e diz que gosta do parceiro, que ama, e eu não consigo aceitar isso.
Meu chefe sorriu, e fez uma expressão estranha, como se soubesse de algo que eu não sabia. Ele falou:
— Eu me separei quando descobri que minha mulher teve um amante por tanto tempo. Achei que era um absurdo, que ela não gostava de mim, e me enganou. Separação é sempre muito problemática. Ela sofreu muito e eu também com a separação, e somente depois de um certo tempo, quando eu fiz terapia, fui entender melhor algumas coisas. Uma vez, já passado um bom tempo da nossa separação, tive uma conversa com ela. Eu tive outras amantes temporárias depois de separado, e ela também teve. Mas, uma noite, nos encontramos numa festa de uns amigos comuns. Conversamos no jardim. Minha ex-mulher me disse que realmente me adorava, mas também gostava de ter um amante, por um ou dois dias, a cada mês. Era somente uma escapada da vida a dois. Como se ela fosse brincar de romance e depois voltava ao casamento. Confessou que ela não gostaria de viver com ele, de ser a companheira dele. Ele era apenas um momento de prazer diferente, com um amante que era bom no sexo, somente naqueles momentos. E me disse, que se ficasse muito tempo junto dele, ela perderia o tesão e o desejo. Eu admirado, perguntei por que ela não contou, e escondeu o fato por tanto tempo, me enganando. Ela disse que temia que eu não aceitasse essa situação, e temia a separação, e ela me adorava, como ainda continuava adorando. Via o amante apenas como um happy hour de vez em quando.
— Que coisa mais louca! – Eu disse.
— Pois é, e foi nessa festa que nós dois entendemos que foi um erro não termos conversado melhor, na altura da crise. Foi preciso viver separados, sofrendo a falta do outro, para entender isso. Ela sentia a minha falta e eu sentia a dela. Nunca achei ninguém de quem eu gostasse tanto. – Ele explicou.
Admirado com aquela informação, eu perguntei:
— Mas, você conseguiu perdoar a traição?
Meu chefe deu uma respirada profunda, e falou:
— Deixa eu lhe contar uma história. Tem duas partes. A primeira é que eu perdoei, pois aprendi, muito tarde, que não temos o direito de decidir sobre o que a outra pessoa pode ou não pode fazer com o seu corpo e seu sentimento. Se ela gostava de mim e gostava do outro, eu não podia impedir isso. Fui estudar a sexóloga Regina Navarro Lins, que disse: “Ninguém deveria se preocupar se o parceiro tem relação sexual com outra pessoa”. Segundo ela, acreditar que é possível controlar o desejo de alguém, somente porque tem um acordo conjugal com outro, é apenas uma das mentiras do amor romântico. É uma construção social.
— Mas foi isso que foi prometido, ao se casar. – Eu disse.
Ele prosseguiu como se não me ouvisse:
— Foi prometido por uma convenção imposta. A Regina Navarro disse que o amor romântico, pelo qual a maioria de homens e mulheres do Ocidente tanto anseia, não é construído na relação com a pessoa real, que está ao lado, e sim com a que se inventa, idealizada de acordo com as próprias necessidades. Esse tipo de amor é calcado na idealização do outro, e prega a fusão total entre os amantes, com a ideia de que os dois se transformarão num só. Contém a ideia de que os amados se completam, nada mais lhes faltando; que o amado é a única fonte de interesse do outro. É por isso que muitos abandonam os amigos quando começam a namorar. Acreditam que cada um terá todas as suas necessidades satisfeitas pelo amado, viverão um para o outro, que não é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, que quem ama não sente desejo sexual por mais ninguém. Mas, isso não é verdade. É uma grande mentira. Basta um pouco de tempo de convívio cotidiano e se percebe o quão equivocado é isso. Reprimir os verdadeiros desejos não significa eliminá-los. Wilhelm Reich, psicanalista austríaco, afirmou que todos deveriam saber que o desejo sexual por outras pessoas constitui parte natural da pulsão sexual. Muitos estudiosos sobre as motivações que levam a uma relação extraconjugal na nossa cultura, pensam que as mais diversas justificativas apontam sempre para problemas emocionais, insatisfação ou infelicidade na vida a dois.
— Acha então que é certo a sua esposa ter desejo pelo amante? – Perguntei.
Meu chefe explicou com um sorriso tranquilo:
— A Regina Navarro alertou que em quase nenhum lugar aparece o que lhe parece mais óbvio: embora haja insatisfação na maioria dos casamentos, as relações extraconjugais ocorrem principalmente porque as pessoas sentem necessidade e gostam de variar. Esse é o principal aspecto. As pessoas podem ter relações extraconjugais e, mesmo assim, ter um casamento satisfatório do ponto de vista afetivo e sexual. E essa foi a lição que eu aprendi com ela. Minha esposa gostava de mim, mas sentia desejo pelo outro também, sem deixar de gostar de ser minha esposa.
Eu ouvia aquilo muito admirado. A refeição chegou e nos servimos, começamos a comer e quando tive oportunidade perguntei:
— Você não achou errado que ela tivesse o amante? Você perdoou a traição?
Meu chefe sorriu, parecia satisfeito com a minha pergunta. Falou:
— Aí é que está, a segunda parte. Eu achei errado a traição, claro, pois foi uma quebra do nosso acordo. Algo feito escondido. Não deveria ser assim.
Ele deu uma garfada na comida, mastigou, e retomou a fala:
— Se ela tivesse sido sincera, e me falasse o que acontecia, eu não ficaria tão revoltado, ficaria com ciúme, abalado emocionalmente, mas não teria me sentido enganado. Foi isso o que mais me motivou a revolta. Acontece que depois, fazendo a terapia, entendi que o sentimento de posse e exclusividade sobre a parceira, é algo que não tem muito cabimento. Fomos doutrinados a ter esse comportamento de exclusividade, convencionou-se que é obrigatória a monogamia, e isso é uma falta de consideração com a outra pessoa. Não respeitar sua individualidade, sua vontade. A Sexóloga e psicanalista Regina Navarro diz que a exclusividade sexual é a grande preocupação de homens e mulheres. Mas isso foi imposto pelo sistema, pela religião, pelo patriarcado, e ninguém deveria se preocupar se o parceiro transa com outra pessoa. Homens e mulheres só deveriam se preocupar em responder a duas perguntas: Sinto-me amado(a)? Sinto-me desejado(a)? Se a resposta for “sim” para as duas, o que o outro faz quando não está contigo, não lhe diz respeito. Sem dúvida as pessoas viveriam bem mais satisfeitas se pensassem e agissem dessa forma. É a base do pensamento liberal. Mas quase todas foram educadas e modeladas para exigir a monogamia do outro.
Eu confesso que nunca tinha ouvido falar naquilo, e daquele jeito. Respeito meu chefe profundamente, sei que ele é muito preparado e vivido, e não teria nenhum interesse em me vender algo em que não acreditasse. Mas, eu também não estava preparado para aquela forma de visão. Respondi:
— É muito bonito na teoria, mas na prática não sei se funciona. Eu não sei se consigo pensar dessa forma. Ouvir a minha mulher dizer que quer ir dormir com o amante. Não aceitar nunca.
Ele fez então uma pergunta engraçada:
— Você se casou com a sua esposa sendo virgem?
Eu respondi com sinceridade:
— Não, não era. Já tinha namorado outros. Era até mais experiente do que eu.
— Então, ela já tinha feito sexo com outros, antes de você, não foi? – Perguntou.
Fiz que sim, concordando. Ele disse:
— Portanto, você não fez questão se ela já tinha feito sexo com outros antes de você. Não é isso?
— Exatamente. – Respondi.
— Mas você sentia que ela gostava muito de você. E estando juntos, sempre foi excelente amante, não foi?
— Sim, é isso. – Concordei. Ia dizer outra coisa, e ele me interrompeu:
— Se um dia ela chegasse para você e dissesse que estava com vontade de ir a um shopping, e tomar um sorvete sozinha, você ia reclamar?
— Não, claro que não? – disse logo.
— Então, se em vez de ir tomar sorvete ela dissesse que naquela noite, estava com vontade de variar, e queria sair com o ex-namorado. Você ia concordar? - Ele perguntou.
Na hora entendi a armadilha e falei:
— Porra! Aí é diferente. Ela é a minha esposa, e vai sair e dar para outro? Tem que me respeitar.
— Meu amigo, ela respeita, tanto é, que pergunta se pode. E você quer dominar o desejo dela? Que abafar o desejo? Acha que fato de ser sua esposa retirou dela o prazer de variar de pegada? Aí que entra o conceito de exclusividade, de posse. Ela foi honesta, disse que tinha vontade, não enganou, mas você ia deixar?
Fui totalmente sincero:
— Acho que não. Não ia aceitar, eu ficaria com ciúme e me sentiria muito mal, com raiva até. Ser conivente com minha mulher saindo com outro macho, é muito para minha cabeça.
Meu chefe deu risada. E explicou:
— É isso que eu aprendi, depois de um bom tempo separado. Tudo isso é uma grande besteira. Possessividade, exclusividade, no fundo é uma enorme insegurança, medo de perder. Medo de ela gostar mais de ficar com o outro. Pois aquele conceito de “lavou, está novo” é válido para relações sexuais contigo ou com outros, mas você pensa e age como um monogâmico exclusivista. É reflexo direto do machismo da nossa cultura. Talvez, tenha sido isso que fez a sua esposa lhe enganar, pois ela deveria ter vontade de ter algo mais, o desejo de variar ou incrementar às vezes, mas nem podia tocar nesse assunto com você. E sabendo que não admite, ela fez escondido. Entendeu agora?
Na hora que ele me disse aquilo, senti a minha pressão arterial subir novamente, e uma certa raiva voltar. Meio chateado falei:
— Amigo, não tenho perfil de corno. Não gosto de ser traído. E se ela dissesse que queria dar para outro, eu iria dizer para ela ir de uma vez, e não voltar.
Meu chefe comia, calmamente, e concordava com a cabeça. Então me perguntou:
— Você gostava dela até saber que ela o enganava?
— Sim, gostava muito! – Respondi.
— Ela sempre o tratou bem e fez de tudo para lhe agradar, mesmo quando o traía e você não sabia?
— Sim, sempre foi muito dedicada. – Respondi um pouco chateado.
— E deixou de gostar agora, quando descobriu a traição, ou só ficou com raiva dela ter enganado? – Ele perguntou.
Disse o que eu pensava:
— Os dois. Fiquei muito triste de saber que fui enganado por ela, e com raiva de ser enganado durante tanto tempo.
Ele me perguntou:
— Acha que ela gostava de você e continua gostando? Ou não gosta mais?
— Acho que não gosta mais tanto. Ela diz que gosta, para manter o casamento, mas acho que fica feliz sendo infiel.
Meu chefe bateu de leve o cabo da faca na mesa. “Toc, Toc”.
— Pronto. Chegamos no ponto que eu queria. Eu descobri que minha mulher gostava mais de mim do que do amante, ele era apenas uma diversão eventual, um algo a mais, de vez em quando, e que eu gostava mais dela do que de todas as outras que conheci e tive oportunidade de ter uma relação. Foi isso que me fez entender e mudar. Mas só consegui isso, depois de me descondicionar de toda a formação machista e possessiva, que eu tinha.
Na hora, me deu uma curiosidade e perguntei:
— Vocês voltaram? Separaram e se casaram novamente?
— Não, nos separamos, e continuamos separados, fizemos o divórcio, mas depois desse encontro na festa, voltamos a viver juntos. Trocamos o modelo antigo do casamento, pelo modelo de namoro permanente. Ele é a minha namorada, minha parceira, é livre para ficar com quem ela desejar, quando tiver vontade, basta me avisar, e eu também tenho essa liberdade. Mas vivemos juntos e ficamos juntos na maior parte do tempo. Pois adoramos ficar juntos. Agora, mais do que nunca.
Fiquei curioso:
— Se não for indiscreto da minha parte, gostaria de saber, ela ainda tem amantes, ainda sai com outros?
Ele sorriu e fez que sim. Depois, falou:
— Ela às vezes sai, mas me pergunta sempre se eu concordo. Já saímos uma vez com outro casal, e fizemos swing. Mas, ela é mais ciumenta do que eu, e quando ouviu a outra gemendo e gozando muito, ficou meio invocada.
— Não diga! – Exclamei. Incrédulo. Não fazia ideia de que ele pudesse ter aquela vida. Ele completou:
— Na hora, ela não disse nada, mas depois que voltamos para casa ela me contou que sentiu um ciúme enorme.
— Você não sente ciúme? – Perguntei.
— Sinto, claro, se ela for muito afetuosa e atenciosa com o outro, eu fico meio enciumado, mas consigo me controlar. Eu gosto de ver como ela vira uma safada sedutora quando quer deixar um macho cheio de tesão. E eu também fico. Ela sabe que me deixa com tesão e aproveita, se solta e vira uma puta. Mas sabemos que é tudo uma diversão sadia, sem ilusões de romance.
Confessei:
— Amigo, eu juro que não me sinto bem nessa situação. Estava vendo uns vídeos que a Size gravou com o amante e a namorada dele para vender conteúdo sexual, e fiquei excitado ao ver aquela putaria. Ver aquilo e me excitar, me deu ainda mais raiva. Não sei o que foi, mas me senti muito mal depois.
Meu chefe deu uma bela gargalhada, e falou:
— A gente não controla, o tesão toma conta. Se você deixar de pensar na raiva que passou, sentirá muito tesão.
Olhei para ele, e resolvi perguntar:
— Você sente tesão de ver a sua mulher com outro?
Ele fez que sim. Explicou:
— É meio difícil de controlar. Se na hora, você não estiver com raiva, sente muito tesão. Eu já assumi que gosto de ver. Fui com a minha ex-mulher numa casa de swing, numa noite em que a casa estava muito animada e cheia de gente bonita e gostosa. No quarto coletivo, minha mulher se embolou com mais duas mulheres e mais três machos, e foi uma suruba incrível. Em volta, uns seis ou dez casais assistiram e todo mundo ficou maluco. A mulher de um dos casais ao meu lado me masturbou enquanto eu a masturbava e ela gozou na minha mão e eu na dela, vendo minha esposa se divertir com os três machos e duas outras gotosas.
Ao ouvir ele contando, involuntariamente, meu pau ficou duro, e minha respiração o se alterou. Tentei disfarçar, ele percebeu, sorriu e falou:
—Também fico de pau duro quando me lembro.
Eu mudei a conversa perguntando:
— No dia seguinte volta tudo ao normal?
Ele confirmou:
— Volta e ficamos muito mais cúmplices, até comentamos o que sentimos. Isso nos uniu muito. Ganhamos muito mais cuidado, atenção, dedicação do que quando estávamos presos pelo matrimônio.
Eu ouvi aquilo, e abanei a cabeça:
— Cada um sabe da sua vida. Eu não penso dessa forma e respeito suas escolhas. Mas eu fui desprezado, humilhado, e por quem eu pensava que podia confiar. Perdi a confiança completamente.
Ele concordou, e encerrou a conversa dizendo:
— Acho que você está certo. Faça a terapia, pois vai se sentir melhor, mesmo que tome a decisão de terminar e separar. Estará equilibrado para isso.
Terminamos nosso almoço com uma conversa mais amena, falando de assuntos mais triviais e leves. Em total gratidão por ele ter conseguido o advogado me fazendo uma cortesia de primeira consulta, eu paguei nosso almoço. Depois nos despedimos e ele afirmou:
— Se precisar ligue. Não se acanhe. Sei como é ficar sozinho e sem alguém para trocar ideias.
Agradeci e fui para o meu encontro com a doutora Graciette.
Continua na parte 6.
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