Come o teu professor

Um conto erótico de Regard
Categoria: Gay
Contém 3986 palavras
Data: 30/07/2025 16:25:35

O ar em outubro era um bafo quente e úmido que prometia chuva, mas nunca entregava. Dentro da sala C-12 do bloco de Agronomia, o zumbido dos ventiladores de teto apenas empurrava o calor de um lado para o outro, um esforço inútil contra a mormaceira que subia do asfalto e da terra vermelha do campus. A turma do terceiro ano estava mole, letárgica, meio de luto pela aposentadoria do Professor Valmir, um velho cujas aulas sobre Fitotecnia eram tão secas quanto a palha do milho no inverno.

​Então a porta se abriu.

​Hiago, esparramado na cadeira do fundão como um rei em seu feudo desleixado, ergueu os olhos. E sentiu o ar faltar. Não era falta de ar pelo calor. Era um soco no estômago, um gancho direto no seu pau.

​O homem que entrou não era um acadêmico. Não no sentido esquelético e pálido da palavra. Mariano tinha 33 anos, como souberam depois, mas parecia carregar a solidez da terra em seu corpo. Ombros largos que mal cabiam no batente da porta, um peito grosso sob a camisa de botão azul-clara, e uma barriga sólida, de homem que come bem e bebe cerveja, mas que não deixa o corpo se entregar. Era parrudinho, a palavra exata que pipocou na mente de Hiago. Um urso. Um puto de um urso cheiroso. Porque mesmo da última fileira, Hiago sentiu o cheiro dele cortar a monotonia do ambiente: um perfume amadeirado, forte, com um fundo de terra molhada, quase como o cheiro que subia do campo depois de uma pancada de chuva.

​E então ele se virou para fechar a porta.

​Foi um momento sísmico. As calças de sarja, cor de areia, esticaram-se sobre uma bunda que era um desaforo. Farta, redonda, alta. Um pecado de duas bandas que parecia ter sido esculpida por um deus sacana. Hiago ouviu um risinho contido vindo de Bruna e Larissa, sentadas mais à frente. O volume na frente, quando ele se virou de novo e caminhou até a mesa do professor, era igualmente criminoso. Um calombo pesado, que pendia para a esquerda, e prometia o tipo de estrago que Hiago passava as noites imaginando. A barba por fazer, densa e escura, completava o quadro: um homem rústico, viril, enfiado num ambiente estéril de teoria e quadro branco.

​"Bom dia a todos. Meu nome é Mariano Sampaio. Serei o novo professor de Fitotecnia de vocês."

​A voz era grossa, calma, profissional. Um contraste brutal com a embalagem.

​Durante a pausa de quinze minutos, o caos. Bruna, a mais atirada da turma, foi direto ao ponto quando Mariano passava perto do bebedouro. "Professor," ela disse, com um sorriso de gata, "com todo respeito, que bunda, hein! A mulherada aqui já fez até um fã-clube."

​Mariano, pego de surpresa, engasgou com a água. Um rubor escuro subiu por seu pescoço, colorindo as orelhas. Ele deu um sorriso sem graça, um gesto de quem não sabe onde enfiar a cara. "Obrigado, eu acho. Vamos focar na matéria, que tal?"

​Hiago observou a cena de longe, encostado na parede. Ele não sentiu ciúmes. Sentiu validação. Não fui o único que viu, pensou. Aquele desconforto do professor, aquela tentativa de manter a compostura enquanto seu corpo era despido publicamente pelos olhos da turma... aquilo era um afrodisíaco. E Hiago, que sempre se orgulhou de seu faro para oportunidades, soube naquele instante. Não era uma questão de "se", mas de "quando". Aquele homem, com seu fogo contido e sua bunda criminosa, seria seu.

​Os dias seguintes só confirmaram a primeira impressão. Mariano era um professor duro. Exigente, focado, quase militar em sua abordagem. Passou um trabalho sobre fisiologia de leguminosas que era um monstro, um devorador de fins de semana. E no final da aula, com a seriedade de um juiz, ele projetou seu número de celular no quadro.

​"Este é meu WhatsApp," ele disse, a voz ressoando na sala silenciosa. "Para dúvidas estritamente acadêmicas. Não me mandem 'bom dia' ou correntes. Sejam objetivos. Nome, turma e a dúvida. Entendido?"

​Hiago sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Não era um aviso. Era um convite. A porta que o próprio Mariano, em sua inocência profissional, acabara de escancarar. Estritamente acadêmicas, ele zombou em pensamento. Claro, professor. Como o senhor quiser.

​Naquela noite, o jogo começou.

​O apartamento de Mariano era silencioso, organizado. Um santuário de ordem contra o caos do mundo. Depois de um banho longo, ele se sentou no sofá com um copo de uísque, o notebook no colo, planejando a próxima aula. O celular vibrou na mesa de centro. Ele pegou, viu um número desconhecido.

​[22:17] Desconhecido: Professor, boa noite. Aqui é o Hiago, do terceiro ano. Tô com uma dúvida nessa parte do livro, não entendi o conceito de fixação simbiótica de nitrogênio.

​Mariano suspirou. Um aluno dedicado, pelo menos. Ele digitou a resposta.

​[22:18] Mariano: Boa noite, Hiago. Qual o livro e a página, por favor?

​A resposta demorou um minuto. Um minuto em que Mariano podia ouvir o gelo estalando em seu copo e o zumbido da geladeira. Então, o aviso de uma nova imagem recebida piscou na tela. Ele abriu.

​E o uísque perdeu o gosto. O ar ficou preso em seus pulmões.

​A foto era, tecnicamente, inocente. Mostrava a capa do livro "Fisiologia Vegetal Avançada", aberta no capítulo certo. Mas a foto era tirada de cima. O livro repousava no colo de Hiago, que estava sentado em sua cama. Ele usava apenas uma cueca boxer de algodão, azul-escura, que estava impiedosamente justa. A coxa que aparecia na foto era um monumento. Grossa, definida pelos anos de trabalho na fazenda do pai, coberta por uma penugem escura de pelos que pareciam macios ao toque. O tecido da cueca se esticava sobre o início de uma curva que prometia uma polpa firme e, mais ao centro, a sombra de um volume que fazia a mente de Mariano viajar para lugares sombrios e proibidos.

​Ele engoliu em seco, sentindo o sangue descer do cérebro e se acumular, quente e pesado, em seu pau. O volume começou a pulsar dentro de sua própria calça de moletom, uma reação animal, instantânea, que ele não controlava. Era uma armadilha. Uma isca perfeita. Plausivelmente negável, mas inegavelmente erótica. A pergunta era acadêmica, a imagem era pura putaria.

​Suas mãos tremiam levemente quando ele digitou. Precisava manter a compostura. Precisava ser o Professor Mariano Sampaio, o profissional inabalável.

​[22:22] Mariano: Hiago, o conceito se refere à parceria entre a planta e bactérias do gênero Rhizobium. As bactérias infectam as raízes, formando nódulos onde convertem o N2 atmosférico em amônia, que a planta pode usar. Em troca, a planta fornece carboidratos para as bactérias. Leia o parágrafo 3 da página 112, está bem explicado ali.

​Ele enviou a mensagem, o texto seco, técnico. Ignorou a foto. Fingiu que não a viu, que não sentiu seu pau latejar com uma violência que o assustou. Ele bloqueou o celular e o jogou no sofá como se queimasse. Levantou-se, foi até a janela e respirou fundo, o suor brotando em sua testa. Lá embaixo, as luzes piscavam. Mas a única imagem em sua mente era a de uma coxa grossa e uma cueca azul.

​Filho da puta, ele pensou, dividido entre a raiva e uma excitação crua e vergonhosa.

​No quarto dele, a alguns quilômetros dali, Hiago sorriu para a tela do celular. A resposta demorada, puramente técnica, era a confirmação que ele precisava. O peixe não apenas viu a isca; ele a mordeu, mesmo que tentasse cuspi-la com todas as forças. Aquele homem, tão controlado, tão dono de si na sala de aula, estava em seu apartamento, sozinho, pensando na foto dele. Pensando em sua coxa. Em seu pau. O poder que Hiago sentiu naquele momento era mais inebriante que qualquer cachaça.

​O jogo tinha subido de nível.

​A aula seguinte foi um tormento para Mariano. Cada vez que ele olhava para a turma, seus olhos eram magneticamente atraídos para Hiago no fundão. O desgraçado parecia ainda mais gostoso. Usava uma camiseta preta apertada que marcava os músculos do peito e dos braços, e um boné virado para trás. E ele o encarava. Não de forma descarada, mas com um brilho no olhar, um sorriso mínimo nos lábios sempre que seus olhares se cruzavam.

​Mariano se refugiou no quadro branco. Era seu escudo. De costas para a turma, ele podia ser apenas o professor. Podia focar nas fórmulas, nos diagramas de ciclo de vida das pragas. Mas ele sentia o olhar de Hiago em suas costas. Como um ferro em brasa. Ele podia sentir o olhar do garoto percorrendo seus ombros, descendo por sua coluna, e pousando, demorado e pesado, em sua bunda. Sua pele formigava sob a roupa. Seu pau, traidor, começava a amolecer e endurecer em ciclos curtos e torturantes dentro da calça.

​Foi quando ele se virou para pegar um apagador que viu o flash discreto do celular de Hiago. Rápido, quase imperceptível. Mas Mariano viu. O coração dele deu um salto. O que ele está fazendo?

​Minutos depois, seu celular, em modo silencioso sobre a mesa, vibrou.

​Uma única, longa vibração.

​Mariano sentiu uma gota de suor escorrer por sua têmpora. Ele sabia o que era. Sabia que não devia olhar. Seria dar a Hiago exatamente o que ele queria. Seria perder o controle. Mas a tentação era uma força física, um vício. Com o canto do olho, ele se certificou de que todos estavam copiando a matéria do quadro. Com a mão trêmula, ele arrastou o celular para mais perto e, escondido atrás da pilha de livros, destravou a tela.

​Uma nova mensagem de Hiago.

​A foto era de sua própria bunda.

​A foto que Hiago acabara de tirar. O ângulo era perfeito, pegando todo o contorno da sua bunda, esticando o tecido da calça de sarja até o limite. A imagem era clara, focada, descarada. Uma foto de caça. Um troféu.

​E abaixo dela, a legenda.

​[10:48] Hiago: Professor, essa calça ficou muito boa no senhor. Valorizou o... conteúdo.

​O ar fugiu dos pulmões de Mariano. O sangue subiu ao seu rosto com a força de uma maré, um calor que queimava suas bochechas, sua nuca, suas orelhas. Ele era um homem de 33 anos, um profissional, e estava sendo caçado por um aluno de 24, em sua própria sala de aula. E a pior parte? A pior parte era a onda de excitação suja que o inundou, uma ereção tão forte e dolorosa que ele teve que cruzar as pernas discretamente debaixo da mesa.

​Seu olhar disparou, por cima dos livros, na direção de Hiago.

​O garoto o encarava. O sorriso mínimo ainda estava lá, mas agora era mais afiado, predatório. Havia um desafio em seus olhos. E agora, professor? O que você vai fazer?

​Os dedos de Mariano, gordos e trêmulos, digitaram uma resposta que era a mais pura manifestação de seu pânico e desespero.

​[10:49] Mariano: Obrigado, Hiago. Agora, por favor, preste atenção na aula.

​Era uma ordem fraca, patética. Uma súplica.

​Ele bloqueou o celular e o empurrou para longe. Tentou retomar a linha de raciocínio, mas as palavras haviam sumido. Sua mente era um zumbido branco de humilhação e desejo. Ele se sentia exposto, vulnerável, nu diante de vinte e cinco alunos, mas principalmente, nu diante de um.

​Mariano pegou o canetão, a mão suada, e se virou para o quadro, mas não conseguiu escrever. Ele ficou ali, de costas para a turma, sentindo o peso do olhar de Hiago como uma carícia física, uma mão suja apertando sua bunda. O profissionalismo, sua armadura, estava rachado, talvez para sempre. A sala de aula não era mais um território neutro. Tinha se tornado uma arena. E ele, o professor, o homem no controle, era a presa. E Deus o perdoasse, mas uma parte dele, uma parte sombria e faminta, estava adorando a caçada.

As duas semanas seguintes foram um inferno particular para Mariano. A sala de aula, antes seu domínio, agora era um território hostil, um campo minado onde cada passo era calculado. Ele evitava olhar para o fundo da sala, mas a presença de Hiago era uma força gravitacional, um calor que ele sentia na nuca. O garoto, por sua vez, havia recuado taticamente. Não havia mais mensagens, nem fotos. Apenas um olhar intenso e um sorriso de canto de boca que prometia que o jogo estava longe de acabar. Era uma trégua que não trazia paz, apenas uma ansiedade que corroía Mariano por dentro.

​Para reafirmar seu poder, para colocar a muralha do "Professor Sampaio" de pé novamente, Mariano fez o que acadêmicos fazem: ele aplicou uma prova. E não foi uma prova qualquer. Foi um massacre. Questões discursivas complexas sobre ciclos de nutrientes, identificação de deficiências minerais por imagens e a bioquímica da fotossíntese. Ele queria que sugassem, que se lembrassem de quem estava no comando.

​O resultado foi o esperado: uma chuva de notas vermelhas. Um silêncio fúnebre se abateu sobre a turma quando ele entregou as provas corrigidas. Ele sentiu um prazer sombrio e vingativo ao ver os rostos desapontados. Mas um rosto faltava. A cadeira de Hiago, no fundão, estava vazia. Ele havia faltado. Covarde, pensou Mariano, um alívio e uma decepção estranha se misturando em seu peito.

​Naquela noite, a paz precária de Mariano foi estilhaçada. Ele estava em casa, corrigindo os trabalhos de outra turma, quando seu celular vibrou sobre a mesa de madeira. Era ele. O coração de Mariano martelou contra as costelas. Ele hesitou, a mão pairando sobre o aparelho. Era masoquismo olhar, ele sabia. Mas a compulsão era mais forte. Ele abriu a mensagem.

​E quase derrubou seu copo de água.

​A foto era um ato de guerra. Hiago estava em pé, no que parecia ser seu quarto. O enquadramento era vertical, pegando-o do peito aos joelhos. Desta vez, não havia boxers azuis. Ele usava uma cueca slip, branca, do tipo que não perdoa nada. O algodão fino e justo era uma segunda pele, desenhando cada contorno de sua virilidade. O volume era pesado, descarado, uma promessa explícita de tamanho e grossura que fez a boca de Mariano secar. Os pelos escuros escapavam pelas laterais do tecido, um detalhe rústico que contrastava com a brancura da peça. Em uma mão, ele segurava a prova, o "4,5" circulado em caneta vermelha bem visível.

​A legenda era a pólvora para a explosão.

​[21:54] Hiago: Indignado com essa nota, professor. Muito baixa. Não sei o que fiz de errado pra merecer um castigo desses.

​Castigo. A palavra ecoou na mente de Mariano, desnudada de seu sentido acadêmico. Ele leu a frase de novo e de novo, o duplo sentido batendo nele como ondas. O castigo não era a nota. O castigo era o que a nota poderia inspirar. A imagem de Hiago, submisso, recebendo uma punição... uma punição muito diferente... inundou sua mente com uma clareza pornográfica. Ele se imaginou agarrando aqueles quadris, o tecido da cueca branca em seus punhos. Sentiu um calor violento se espalhar por sua virilha, uma ereção imediata e furiosa.

​Ele se levantou, andando de um lado para o outro em sua sala de estar. Sentia-se encurralado, provocado, humilhado. E, Deus o perdoasse, terrivelmente excitado. A audácia de Hiago era um soco em sua autoridade e, ao mesmo tempo, um afago em seu ego mais primitivo. O garoto não estava apenas flertando; estava oferecendo uma troca, a mais antiga de todas: poder por prazer.

​Ele não respondeu. Apagou a notificação, mas não a imagem de sua mente.

​Na aula seguinte, a tensão era palpável. Mariano mal conseguia se concentrar. Quando o sinal tocou e a sala começou a esvaziar, ele sentiu um nó no estômago. Sabia o que estava por vir. Hiago permaneceu sentado, impassível, até que o último aluno saiu, fechando a porta atrás de si.

​Então, ele se levantou. Caminhou lentamente, sem pressa, até a mesa do professor. Mariano permaneceu sentado, tentando parecer ocupado arrumando seus papéis, o coração batendo descompassado.

​"Professor," Hiago começou, a voz no seu tom normal. "Queria conversar sobre a prova."

​Ele não parou do outro lado da mesa. Contornou-a, parando ao lado da cadeira de Mariano, invadindo seu espaço pessoal. E então ele se abaixou, apoiando os dois antebraços na mesa, encurralando Mariano contra sua própria cadeira. O rosto dele ficou a centímetros do de Mariano. O cheiro de Hiago o atingiu em cheio: sabonete barato, suor fresco do calor do dia e um cheiro almiscarado, puramente masculino, que era só dele.

​A voz de Hiago baixou para um sussurro conspiratório, íntimo, carregado de intenção.

​"Pô, professor... a turma toda foi mal," ele murmurou, o hálito quente tocando a bochecha de Mariano. "A gente podia dar um jeito nisso, né? Um trabalho extra..." Ele fez uma pausa, e o olhar dele, antes fixo nos olhos de Mariano, desceu deliberadamente para sua boca. "...ou eu podia fazer algo pra ajudar a melhorar essa nota."

​O "algo" vibrou no ar entre eles. Era uma proposta, uma oferta, uma promessa. O mundo de Mariano encolheu para aquele espaço mínimo entre os dois. Ele podia ver os poros na pele de Hiago, a curva de seus lábios, a faísca predatória em seus olhos. Seu corpo inteiro estava em chamas. Sua mente gritava para ele se levantar, para impor sua autoridade, para expulsá-lo da sala. Mas seu corpo estava paralisado, pregado na cadeira pela intensidade daquele momento.

​Com um esforço hercúleo, Mariano forçou um riso. Saiu um som estrangulado, nervoso. "Hiago, a única maneira de melhorar a nota é estudando para a próxima prova. Agora, se me dá licença..."

​Ele fez menção de se levantar, mas Hiago não se moveu. Apenas sorriu, um sorriso lento e satisfeito de quem sabe que ganhou a rodada.

​"Tudo bem, professor. Como o senhor quiser," ele disse, a voz ainda baixa. Ele se endireitou, o calor de seu corpo se afastando, deixando um vácuo frio no lugar. E saiu da sala, deixando Mariano para trás, trêmulo, suado e com uma ereção latejante que era quase uma dor.

​Hiago não desistiu. A fase das provocações veladas havia terminado. Agora, era uma campanha aberta. Quase todos os dias, Mariano recebia uma nova mensagem. Eram selfies, sempre com uma desculpa ligada à matéria.

​[16:30] Hiago: [Foto de Hiago sorrindo, o cabelo úmido de suor, com uma planta de soja ao fundo] Professor, essa aqui tá com a folha meio amarelada nas bordas. Deficiência de potássio, né?

​[18:12] Hiago: [Foto de Hiago com o sol do fim de tarde batendo em seu rosto, ao lado de um pé de milho] Só pra confirmar, a fase de pendoamento é V-T, certo? Bom fim de tarde aí, professor.

​Eram iscas perfeitas. Acadêmicas na superfície, mas a real mensagem estava no sorriso galanteador, no brilho dos olhos, no jeito que ele sempre parecia ter acabado de sair de um trabalho pesado, o corpo forte em evidência.

​Depois vieram os convites.

​[20:45] Hiago: Professor, sei que deve estar cansado, mas vai rolar uma sinuca lá no Bar do Zé. Se animar, a primeira cerveja é por minha conta.

​[22:01] Hiago: Mariano. Tá afim de tomar uma? Sem ser professor e aluno. Só dois caras trocando ideia.

​Mariano recusou todas. Cada recusa era uma pequena morte, uma mentira que ele contava para si mesmo. "Agradeço o convite, Hiago, mas a relação professor-aluno exige uma certa distância." "Estou ocupado com as correções, quem sabe outra hora." Desculpas esfarrapadas que soavam ocas até para ele.

​Então, na noite de uma quinta-feira chuvosa, quando o som da água batendo na janela só amplificava a solidão de seu apartamento, o celular vibrou pela última vez. Sem fotos. Sem desculpas. Apenas texto. O nome no topo da conversa não era mais "Hiago Aluno". Em algum momento de fraqueza, Mariano havia salvado o contato apenas como "Hiago". E agora, a mensagem final, o xeque-mate.

​[23:16] Hiago: Mariano. Vou mandar a real. Eu te desejo pra caralho desde o primeiro dia. Essa porra toda de foto e conversa é porque eu quero te comer, e sei que você também me quer. Não é chantagem, não tem nada a ver com nota. É só tesão. Se você quiser, você sabe onde me encontrar. Se não, eu te deixo em paz. A escolha é sua.

​Mariano leu. Leu de novo. E uma terceira vez.

​O ar em seus pulmões pareceu se solidificar. O "professor" tinha sido abandonado. A linguagem era crua, direta, sem filtros. "Quero te comer". "Sei que você também me quer". Era uma acusação e uma libertação, tudo na mesma frase. A última linha era a mais devastadora: "A escolha é sua."

​Hiago tinha tirado o peso da perseguição de seus ombros e o colocado inteiramente sobre Mariano. O jogo de sedução, a caçada, a provocação... tudo havia acabado. Não havia mais a desculpa da insistência dele. Agora, o único obstáculo, a única barreira, era ele mesmo. Seus medos, suas regras, sua fachada de profissionalismo.

​Ele olhou para a tela do celular, para as palavras que brilhavam no escuro. Eu te deixo em paz. A promessa de silêncio era quase tão aterrorizante quanto a proposta.

​Mariano estava sozinho em seu apartamento silencioso, com a chuva batendo lá fora. O poder, pela primeira vez, estava inteiramente em suas mãos. E ele nunca se sentiu tão fraco.

A mensagem de Hiago ficou queimando na tela do celular, uma sentença final que era, ao mesmo tempo, uma absolvição. Mariano a encarou, o som da chuva lá fora abafando o zumbido em seus ouvidos. A honestidade crua de Hiago havia feito o que semanas de provocações não conseguiram: desarmá-lo completamente. A batalha interna, a luta exaustiva entre o Professor Sampaio e o homem Mariano, acabou. Não com uma vitória, mas com uma rendição incondicional.

​Um alívio oco e vertiginoso tomou conta dele, seguido por uma onda de pânico e desejo tão forte que o deixou ofegante. O jogo havia acabado. Agora, era real. Seus dedos, grossos e firmes, moveram-se sobre a tela com uma decisão que ele não sentia há muito tempo.

​[23:28] Mariano: Na minha casa. Amanhã à noite. E venha preparado.

​Ele enviou. O "entregue" apareceu quase instantaneamente. Não houve resposta. Nenhuma era necessária. Mariano desligou o celular e o deixou na mesa. Pela primeira vez em semanas, ele dormiu um sono pesado, sem sonhos.

​Na noite seguinte, a casa de Mariano estava imersa em uma quietude tensa. Ele tinha tomado um banho demorado, mas o cheiro de seu próprio nervosismo parecia impregnar o ar, misturando-se ao aroma familiar de madeira dos móveis e ao cheiro de terra que subia do pequeno jardim nos fundos. Ele vestia uma calça de moletom cinza e uma camiseta preta simples. Confortável. Anônimo.

​Às oito em ponto, a campainha tocou. Um único toque, firme.

​Mariano abriu a porta. Hiago estava ali, sob a luz amarela da varanda. Ele usava jeans e uma camiseta branca, e o cabelo ainda estava úmido. Ele não sorria. Seu rosto estava sério, os olhos escuros fixos nos de Mariano, carregados de uma intensidade que era quase uma agressão.

​Sem uma palavra, Mariano deu um passo para o lado, e Hiago entrou. O silêncio que se instalou era denso, elétrico. Mariano fechou a porta, e o som do trinco se fechando pareceu selar o mundo lá fora.

​Hiago o olhou de cima a baixo, e então um fantasma de seu sorriso predatório voltou. "Então essa é a toca do urso," ele disse, a voz mais baixa que o normal.

​E então, o movimento. Rápido, sem hesitação. Hiago avançou, agarrou a frente da camiseta de Mariano e o empurrou para trás, fazendo-o tropeçar e cair sentado no sofá grande e macio da sala. Antes que Mariano pudesse processar, Hiago estava sobre ele.

O calor dos dois era como um incêndio, o resultado do desejo, do poder e da sedução você encontra aqui: https://privacy.com.br/@Regard

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QUESTÃO DE ÉTICA. PROFESSOR NÃO PODE SE RELACIONAR COM ALUNO. EX ALUNO SEM PROBLEMA. É PERIGOSO O ALUNO CONFUNDIR AS COISAS. RSSSSSSSSSSSSSS

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