Segredos do Coração - Superando o Passado. Parte 26.

Um conto erótico de Ménage Literário
Categoria: Heterossexual
Contém 7337 palavras
Data: 01/05/2025 16:53:45

Quando as lágrimas secaram, ficou só o silêncio. E uma dor menos aguda. Ainda ali, mas … diferente. Como se algo tivesse se quebrado de vez. Ou talvez, tivesse começado a se encaixar.

Mari pegou o celular. Releu as mensagens de Anna. E uma, especialmente, insistia em ecoar na mente:

"Eu posso respeitar. Mas só se você me der uma última conversa. Um último encontro. Depois disso, eu prometo não insistir mais".

Ela encarou a tela por longos minutos. Depois digitou. Apagou. Reescreveu. Até que finalmente enviou:

“Anna, estou te respondendo porque eu … preciso respirar. Preciso tentar um novo caminho. Você foi parte de tudo o que aconteceu, mesmo que tenha doído. Eu aceitei me calar por muito tempo, mas acho que está na hora de falar. Uma última conversa. Nada mais. Depois disso, eu sigo em frente. E você também. Pode ser?”.

Mensagem enviada.

Mari fechou os olhos e respirou fundo. Não era força. Era tentativa. Um passo. Pequeno. Mas era um passo. Se não desse aquele primeiro passo, por mais curto que fosse, talvez nunca mais conseguisse caminhar de novo.

E talvez … aquele passo fosse o primeiro de muitos. Quem sabe?

Continuando …

Parte 26: “Tem Gente Que Chega Pra Ficar, Tem Gente que vai Pra Nunca Mais”*

A luz da manhã entrou tímida pelas frestas da cortina. Mari acordou com os olhos pesados e o peito dolorido. A noite anterior tinha sido longa e cruel. Mas, diferente dos outros dias, daquela vez ela não se entregou ao vazio. Tinha chorado tudo o que precisava. Era hora de se levantar.

Sem pensar muito, puxou o celular do criado mudo. Leu, novamente, a mensagem de Anna e respondeu:

"Bom dia, Anna. Vamos ter a nossa conversa. Pode me dizer o melhor horário para você?".

Após enviar a mensagem, se levantou, tomou uma ducha rápida para espantar o cansaço, despertar os sentidos, e foi para a cozinha. Colocou o café para passar e foi arrumar a mesa para receber os filhos.

Quando Diego e Daniela chegaram, ainda meio sonolentos, Mari os recebeu com um sorriso suave, ainda reticente e, enquanto servia as xícaras, Mari olhou para o filho com firmeza e disse:

— Diego, eu preciso que você de um recado ao seu pai, por favor.

Ele a encarou, atento.

— Diz que eu preciso falar com ele. — Mari ajeitou o guardanapo sobre a mesa, buscando se manter serena. — E, de preferência, o mais breve possível.

Daniela, do outro lado, parou com a torrada a meio caminho da boca. Observou a mãe em silêncio, percebendo a tensão sob a fisionomia serena da mãe. Diego assentiu, respeitoso.

— Pode deixar, mãe. Vou avisar.

Mari agradeceu com um olhar gentil, sentindo uma centelha de controle voltando às suas mãos. Ainda doía. Ainda era difícil. Mas precisava ser feito. Era o começo de algo novo. E ela se sentia pronta. Ou, pelo menos, disposta a tentar.

A casa parecia ter voltado ao silêncio habitual depois do café. Diego saiu para o trabalho com a mochila jogada no ombro e um beijo apressado na mãe. Daniela recolheu os pratos, trocando um sorriso discreto com Mari antes de subir para o quarto.

Mari ficou no mesmo local, sozinha alí na cozinha. As mãos ainda segurando a xícara de café já frio. Olhava para o nada, perdida nos próprios pensamentos. Mudanças. Eram inevitáveis. Necessárias. Não dava para fingir que tudo estava no lugar. Não dava para continuar parada, esperando que o passado voltasse, como se nada tivesse acontecido.

Ela pensou em sua situação. Na vida confortável que levava. Apesar de vir de uma família humilde, nunca pobre, mas de trabalho duro, Celo sempre fez questão de ser o provedor. Desde cedo, construiu a própria trajetória, enriquecendo com esforço, honestidade e visão de futuro. Nunca, em momento algum, exigiu um centavo dela para as despesas da casa, para a criação dos filhos, para nada.

A herança que a mãe de Mari deixara — um valor considerável — foi cuidadosamente administrada por ambos. Investimentos seguros, imóveis, aplicações de longo prazo. Mesmo separada, ela sabia que não teria problemas financeiros. Não naquele momento. Não nos anos seguintes.

Mari trabalhava porque amava o que fazia. Ajudar pessoas, ouvir suas dores e ser uma ponte para a cura. Aquilo dava sentido à sua existência. Mas, atualmente, até aquilo parecia distante. Inacessível. Não se sentia pronta para voltar a atender.

Era o primeiro dia de um novo ciclo. Ela não sentia apenas medo. Sentia também … uma pequena, quase imperceptível, esperança.

Algo dentro dela queria renascer. E ela não iria ignorar.

{…}

Daniela fechou a porta do quarto devagar, como se precisasse de silêncio para reunir coragem. Sentou-se na beira da cama, segurando o celular com as duas mãos. O número do pai já estava na tela. Respirou fundo e apertou o botão de chamada.

Celo atendeu no segundo toque, a voz sempre carinhosa.

— Oi, meu amor. Tá tudo bem?

— Oi, pai. — a voz dela saiu baixa, mas firme. — Tá sim. Na verdade … não! Não está nada bem.

— Aconteceu alguma coisa? — Ele ficou preocupado.

Daniela foi direto ao ponto. Não tinha por que adiar.

— Quem era a mulher que estava com você ontem à noite? No bar?

Do outro lado da linha, um breve silêncio. Celo hesitou.

— Filha ... eu acho que isso não é uma conversa para agora.

— É sim. — Daniela insistiu, a voz levemente embargada. — A separação de vocês ainda é tão recente. E você já tá ... namorando?

Celo suspirou pesadamente.

— Eu não acho que a minha vida amorosa deva ser discutida com você, Dani. Você é minha filha, não tem que carregar esse tipo de peso.

Mas ela não recuou. Sentia o sangue ferver nas veias.

— Eu vi, pai. Eu vi com meus próprios olhos. Você e aquela mulher ... — A voz saiu amarga — ... como se fossem um casal.

Mais um silêncio pesado de Celo. Denso. Daniela apertou o celular contra a orelha, os olhos marejados.

— E não fui só eu que vi. — A voz dela abaixou, triste. — A mamãe também estava lá. Eu, ela e a Luciana. Nós vimos tudo ...

Do outro lado, Celo não respondeu. Daniela continuou, a raiva misturada com mágoa.

— … A mamãe ficou mal, pai. Muito mal. Se trancou no quarto e chorou por horas. Eu ouvi. Foi de cortar o coração.

As palavras acertaram Celo em cheio. Daniela sentiu o peso das próprias palavras, incapaz de conter as lágrimas. Ouviu o silêncio dele mudar. Um silêncio que não era mais só de hesitação, era também de culpa.

— Você mandou muito mal, pai. Muito mal mesmo. — Ela sussurrou, com a voz falhando. — A mamãe não merecia ver aquilo. Nem eu. Nem ninguém.

Celo finalmente falou, a voz rouca, carregada de dor.

— Eu jamais deixei de amar a sua mãe. É que ... é complicado ...

Daniela mordeu o lábio. As lágrimas engrossaram.

— Não parecia complicado, ontem à noite. — A voz dela cortou como uma lâmina. — Não foi isso que eu vi.

Sem esperar mais, Daniela desligou. Jogou o celular na cama e enterrou o rosto nas mãos, sentindo o peso da decepção lhe esmagar o peito.

{…}

O celular de Mari vibrou no bolso enquanto ela regava suas flores. Ela limpou as mãos na calça e atendeu.

— Oi, Anna. — A voz ainda carregava o resquício da manhã reflexiva.

— Oi, Mari — A voz de Anna soou suave, acolhedora. — Tudo bem?

Mari hesitou antes de responder.

— Vai ficar. — Disse, sincera.

Do outro lado, Anna sorriu, mesmo que Mari não pudesse ver.

— Eu li sua mensagem. E ... bom, Paul está viajando a negócios. Ele só volta amanhã. Então, hoje, seria um ótimo dia pra gente conversar.

Mari ajeitou a franja que caia nos olhos, olhando para o céu claro daquela manhã.

— Hoje? — Repetiu, ganhando tempo para pensar.

— Hoje. — Anna confirmou com leveza. — Que tal vir aqui em casa? Assim a gente almoça juntas. Estou sozinha. Não vai ter ninguém pra nos interromper.

Mari sentiu o coração acelerar. Havia algo de reconfortante na ideia de estar a sós com Anna, em um ambiente tranquilo.

— Tudo bem. Pode ser. — Respondeu, depois de um segundo de hesitação.

— Ótimo. — Anna sorriu, e Mari quase podia sentir aquele sorriso através da linha. — Vem no seu tempo. Só me avisa quando estiver saindo.

— Aviso, sim.

— Te espero, Mari.

— Até já, Anna.

Desligaram.

Mari ainda ficou no jardim, por alguns instantes, olhando para o celular como se ainda pudesse sentir o calor da conversa recém-terminada. Depois, com um suspiro longo, voltou sua atenção para suas flores.

Ela se perdeu entre as plantas, podando com delicadeza, aparando folhas, mexendo na terra com as mãos nuas. O aroma das flores, o toque da terra, a simplicidade da vida crescendo sob seus cuidados ... tudo aquilo era um bálsamo para o seu peito ferido.

Quando o horário se aproximou, ela tomou um banho, separou uma roupa leve e confortável, ajeitou os cabelos e se olhou no espelho com um misto de nervosismo e esperança.

Pegou a bolsa, mandou uma mensagem rápida para Anna avisando que estava saindo, e partiu para a casa dela, onde um novo capítulo da sua história começaria a ser escrito.

Mari estacionou o carro, desligou o motor e permaneceu sentada por alguns segundos. Era hora de seguir em frente, de abrir espaço para o novo.

Respirou fundo, pegou a bolsa e desceu.

O portão da casa de Anna se abriu suavemente, revelando um gramado impecável, de um verde primaveril. Era um contraste bonito com a serenidade da fachada branca, simples e elegante, que refletia perfeitamente o estilo de Anna — discreto, mas cheio de vida.

Foi impossível não olhar para a grande vidraça frontal, lembrando que fora naquele local, num dia como aquele, que ela viu Paul e uma outra mulher, Anna aparecendo logo depois, os três envolvidos … e não amaldiçoar aquele dia. O dia em que seus problemas começaram.

Pelo menos, aquela era a desculpa que o seu coração ferido inventava para justificar o que deu errado.

Anna já a esperava na porta, encostada no batente, com um sorriso acolhedor no rosto. Estava descalça, usando um vestido leve, os cabelos soltos, e exalava a paz que Mari desejava, mas ainda não sabia como encontrar.

— Oi, Mari. Fico feliz que tenha vindo. — Ela disse, em um tom suave que parecia acariciar as palavras.

— Estou aqui, como combinamos. — Mari respondeu, sentindo o calor daquele sorriso acalmar um pouco da sua ansiedade.

Sem cerimônias, Anna se aproximou e a abraçou. Um abraço leve, sem pressa, sem peso, mas cheio de sinceridade. Mari hesitou por um instante antes de retribuir, fechando os olhos por um breve segundo e permitindo-se sentir aquele acolhimento.

— Vem, entra, a casa é sua. — Anna disse, soltando-a com delicadeza e fazendo um gesto para que ela entrasse.

O interior da casa era iluminado e aconchegante. Aromas de comida fresca invadiam o ar, misturado ao cheiro amadeirado de velas acesas. A sala era ampla, decorada com tons neutros, cheia de plantas e pequenas obras de arte que deixavam o ambiente vivo e acolhedor.

Uma mesa para dois já estava posta na varanda dos fundos, na área gourmet da piscina, onde a luz natural entrava generosa, espalhando calor pelo ambiente.

Mari deixou a bolsa em uma das poltronas e acompanhou Anna até a cozinha.

— Espero que você goste de massa fresca. — Anna disse, com um sorriso tímido, mexendo em uma panela no fogão.

— Eu adoro. — Mari respondeu, sentindo, pela primeira vez em dias, um vislumbre de fome.

Anna soltou uma risada baixa e apontou para a cadeira.

— Pode se sentar, se quiser. Vou só finalizar aqui.

Mari agradeceu com um gesto. O som dos pássaros, misturado ao aroma da comida criou uma atmosfera de paz. E logo, a conversa que poderia mudar tudo, começaria.

Ela acomodou-se melhor na cadeira, apoiando as mãos sobre a mesa. Anna percebeu a tensão no ar, mas permaneceu em silêncio, oferecendo apenas sua plena atenção.

Disposta a fazer Anna entender seus receios e suas atitudes anteriores, Mari decidiu ser brutalmente honesta. Sem rodeios, sem meias palavras, começou a contar sua história, expondo feridas que, por muito tempo, preferiu manter escondidas.

Contou tudo, sem esconder nada. Falou sobre o passado que a moldou: sobre um ex-noivo que a envolveu, usou e depois descartou. Confessou como, inconscientemente, puniu o marido por erros que não eram dele, guiada por um trauma que a fazia se sentir suja, inferior.

Enquanto Mari narrava, sem floreios ou autopiedade, Anna a escutava com olhos atentos e a alma aberta. Entendeu, de forma crua, a profundidade das cicatrizes que aquele episódio trágico deixara. Cada escolha de Mari, cada recuo, cada insegurança ... tudo passou a fazer sentido.

Anna entendeu que era sobre sobrevivência. Sobre Mari se proteger daquilo que já a devastara uma vez.

Quando Mari terminou, o silêncio entre elas se manteve como uma barreira — denso, mas cheio de respeito. Anna via a mulher diante dela de um jeito que nunca tinha enxergado antes.

E, enfim, seria a vez de Anna falar. Mas ela não sabia por onde começar.

— Eu sinto muito, Mari. De verdade. Ninguém merece passar por isso … — Disse, e sem querer, pensou alto: — Então foi isso que o Celo quis dizer …

Mari arregalou os olhos, surpresa.

— Celo? Como assim? Você falou com ele?

Anna não tinha motivos para mentir e nem vontade de esconder nada.

— Falei, sim. Tivemos uma conversa honesta, produtiva. Muito emotiva, até.

Mari ficou ansiosa, o coração aos pulos. Anna percebeu e foi direta:

— Falamos muito de você, claro. E o Celo se abriu comigo. Revelou verdades que se encaixam perfeitamente com tudo o que você acabou de me contar.

A pequena esperança que Mari sentiu foi abafada pelos fatos, pela visão da noite passada. Ela baixou a cabeça, rendida.

— O Celo seguiu em frente ... — Murmurou. — Não sei se eu quero ... ou melhor, se eu preciso saber o que vocês conversaram. Melhor não …

Anna entendeu o que ela queria dizer, e respeitou o tempo dela. Deixou que ela desabafasse.

Mari continuou:

— Eu vi o Celo, ontem, com outra mulher. Eles pareciam felizes, tinham uma química enorme.

Anna estranhou. Não foi aquilo que viu em Celo, quando conversaram.

— Mari ... o Celo queria, ou melhor, precisava se testar, entender suas próprias limitações. Eu não acho que ele esteja feliz, satisfeito com outra pessoa ...

Mari insistiu:

— Eu estava lá, Anna. Vi com meus próprios olhos. Mãos dadas, sorrisos, olhares, conversas ao pé do ouvido ... eu sei muito bem o que eu vi.

Anna respirou fundo, escolhendo as palavras com cuidado. Seria honesta, mas sem revelar confidências que Celo fizera num momento de vulnerabilidade.

— Mari, você viu uma parte. Só uma parte. — Pousou a mão sobre a dela, num gesto cheio de ternura. — Eu entendo o que você sentiu, de verdade. Mas, quando conversei com o Celo, vi outro lado. Vi o peso que ele carrega. Vi a falta que ele ainda sente de você. Vi um Celo vulnerável, que acredita que está fazendo o que é melhor para você.

Mari a olhou com olhos marejados, dividida entre a dor e a esperança que tentava sufocar.

— Eu não acho que o Celo seguiu em frente como você pensa. — Anna continuou, com a voz baixa, mas segura. — Ele não está inteiro. Ele está tentando sobreviver, Mari. Tentando entender o que lhe resta depois de ter aberto mão de você ... porque achou que era o que você merecia. Porque achou que, ficando, só te machucaria mais.

Anna apertou levemente a mão dela, insistindo com o olhar para que Mari acreditasse.

— E tem mais uma coisa ... — Anna hesitou, medindo o impacto do que ia dizer. — O Celo se tornou quase obsessivo com uma ideia equivocada: a de que ele não é suficiente para você. Que não consegue te satisfazer. Que não consegue te dar prazer.

Mari arregalou os olhos, atônita.

— De onde ele tirou isso, Anna? — Mari perguntou, assustada. — Como ele pode achar uma coisa dessas?

Anna suspirou.

— Talvez ... talvez depois de ver você com o Paul. Depois de tudo que aconteceu. — Ela falou com cuidado, ainda com culpa. — Acho que o Celo começou a se comparar. A criar monstros na própria cabeça. A acreditar que, para você, ele não bastava.

Mari balançou a cabeça, sem acreditar, e a voz saiu embargada:

— Para mim ... o Celo sempre foi um marido e um amante perfeito. — Mari sentiu o impacto da revelação. — Porque, para mim, Anna, amor e sentimento sempre foram a maior forma de prazer. Nada ... nada supera isso. Se alguém deve alguma coisa, sou eu que estou em dívida com ele.

Anna sorriu, satisfeita.

— Eu disse exatamente isso pra ele. — Riu baixinho, tentando aliviar o peso da conversa. — E ainda confessei uma coisa ...

Mari a encarou, curiosa. Anna sorriu, divertida:

— … Contei que nem para mim, que sou esposa do Paul, ele é o melhor amante que eu já tive.

As duas riram, entre lágrimas, e a tensão pareceu ceder um pouco.

— Desculpa, amiga. — Mari disse, sincera. — O Paul é um homem incrível, mas, nem de perto, se compara ao meu marido. — Ela explicou, sem intenção de diminuir Paul. — Para mim, lógico.

Mari respirou fundo, disposta a colocar tudo para fora de vez.

— Sei que magoei o Celo, que deixei limites não combinados serem ultrapassados, mas não foi apenas prazer sem culpa com o Paul. Não vou mentir, dizer que não estava curiosa, que era tudo por causa do Celo, que era ele que queria aquilo … Desculpe minha honestidade, mas nem de longe, para mim, Paul é melhor do que o meu marido. Ninguém jamais será ...

Mari parou de falar por alguns segundos, aparentemente, organizando algum pensamento que lhe veio à mente.

— Continua. Mari — Disse Anna, percebendo que ela ainda tinha algo a falar.

— Anna, só agora caiu a minha “ficha”.

— Do que você está falando, Mari? Que ficha? — Perguntou Anna, tentando entender onde ela pretendia chegar.

— Tentando entender o que aconteceu entre o Paul e eu, eu fiz uma grande confusão nas minhas conclusões. Inclusive cheguei a conversar sobre isso durante a terapia que fizemos, eu e o Celo, com a Luciana.

— E qual foi a confusão? Voltou a perguntar, Anna.

— Sobre ter o controle sobre a minha vida, controle sobre a minha vontade sexual. Eu acreditei que estava no controle durante a transa com o Paul e, na verdade, eu estava sendo dominada por ele. E foi exatamente isso que eu neguei para o meu marido durante todos os anos do nosso casamento. Eu, por medo, nunca deixei que ele me dominasse, tirando dele, o controle das ações. Restringindo ou limitando as suas vontades. — Disse ela, abaixando a cabeça e colocando as mãos sobre o rosto, num sinal de arrependimento.

Anna aceitou com naturalidade, inclinando-se mais perto dela.

— Eu entendo, fique tranquila. — Sorriu. — E sendo bem honesta com você ... eu acredito que o Celo está tentando entender tudo o que aconteceu. Começando a enxergar as coisas com mais clareza. Talvez ... talvez seja hora de vocês dois se darem uma nova chance.

Mari mordeu o lábio inferior, confusa, o coração em guerra com a razão.

— Não sei, Anna ... — Mari respondeu, balançando a cabeça, a voz embargada. — Eu sei muito bem o que vi ontem à noite. O Celo estava feliz, curtindo o momento com aquela mulher. Acho que ... acho que eu também deveria seguir em frente. Não posso ficar com a vida parada eternamente, esperando algo que talvez nunca aconteça. — Respirou fundo, sentindo a dor ferver de novo. — Ele escolheu ir embora. E isso ... isso me machucou demais. Achei que estávamos nos entendendo, mas, do nada, ele se foi.

— Celo estava feliz, não é? Curtindo o momento com aquela mulher … você disse. — Anna fez uma pausa, fazendo Mari encará-la. E então, de forma inteligente, fez Mari mudar sua percepção. — Talvez você tenha visto o Celo ontem, com os mesmos olhos que ele a viu com o Paul.

Anna a olhou com carinho, tinha atingido seu objetivo ao falar e, após um breve silêncio, vendo Mari pensativa, fez uma revelação guardada desde a conversa com Celo:

— Mari ... o Celo me pediu para cuidar de você.

Mari levantou os olhos, surpresa.

— Pediu para que eu te mostrasse que nem todo mundo vai te usar, nem te abandonar. Na verdade, eu só entendi o que ele quis dizer, depois do que você me revelou sobre o seu passado. Eu e Paul nos entendemos com o Celo … bom, mais ou menos. — Anna sorriu, doce, mas firme. — Eu continuo acreditando: o casamento de vocês ainda tem salvação. Se você quiser. Se ele quiser ... ainda dá.

Mari continuava pensativa, encarando o vazio, tentando organizar a tempestade que existia dentro de si. Anna percebeu e resolveu mudar de abordagem, tentando trazer um pouco de leveza para a conversa.

— Escuta ... em algumas semanas vamos fazer uma festa aqui em casa. — Disse, com um sorriso convidativo. — O Paul alcançou marcos profissionais importantes, e queremos dividir isso com os amigos.

Mari arqueou as sobrancelhas, desconfiada.

— Eu quero que você venha. Vou chamar o Celo, também. Quem sabe ... seja uma oportunidade para vocês conversarem?

Mari hesitou, visivelmente apreensiva. Conhecia o estilo de vida que Anna, Paul e seus amigos levavam, e não sabia se se sentiria confortável. Anna entendeu o receio no olhar dela e a tranquilizou de imediato:

— Fica tranquila, Mari. É realmente só uma festa de comemoração. — Sorriu, divertida. — Nada de reuniões liberais, nada que você precise se preocupar. A maioria dos convidados nem sabe da nossa vida paralela.

— Acho melhor, não. Você vai convidar o Celo e ... ele virá acompanhado. Eu prefiro não .... eu não estou preparada para passar por esse tipo de situação. — Disse Mari, ciente de suas limitações.

— Tudo bem, eu acredito que será mais importante para você do que para ele ter esse momento de descontração. Pode deixar, não vou incluí-lo no convite, mas insisto em que você venha.

Mari sorriu, ainda incerta, mas tocada pela preocupação genuína da amiga.

— Eu prometo pensar com carinho ... — Mari respondeu, sem promessas futuras.

Após longos minutos de conversa mais casual, para amenizar o clima, e tentar reavivar a amizade, Mari e Anna encerraram a conversa de forma leve. Um abraço apertado, promessas de novos encontros e um sorriso sincero da amiga, a acompanharam até o carro.

A amizade entre as duas ainda precisava se reestabelecer, mas aquele foi um ótimo primeiro passo. A conversa havia clareado algumas coisas, mas também aberto novas dúvidas que Mari não sabia se estava pronta para enfrentar.

O fim de tarde tingia o céu de tons dourados quando Mari chegou em casa. Ela deixou a bolsa sobre a poltrona, tirou os sapatos e estava prestes a subir para o quarto quando o celular vibrou. Era Celo.

Ela atendeu, tentando soar neutra:

— Oi.

Do outro lado, a voz dele veio calma, mas cheia de cautela:

— O Diego me passou seu recado ... Você queria falar comigo? Aconteceu alguma coisa?

Mari hesitou, o coração acelerando. A conversa com Anna ainda ecoava em sua mente. Respirou fundo antes de responder:

— Pensei melhor. Acho que ... seria melhor adiar essa conversa. Não é o momento.

Do outro lado, Celo ficou em silêncio por um instante. Depois, a voz dele veio mais suave:

— Entendi.

Quando ela já se preparava para se despedir, ele continuou:

— Mari ... eu falei com a Dani, hoje. Queria te explicar sobre ontem.

Mari fechou os olhos, sentindo a velha dor tentando ressurgir.

— A mulher que você viu comigo ... o nome dela é Clara. Somos só amigos, nada mais. Eu não queria …

Mari soltou uma risada curta, amarga, o interrompendo. A velha dúvida corroendo sua paciência. Sem rodeios, disparou:

— Vocês transaram?

O silêncio dele do outro lado da linha foi tudo que ela precisou ouvir. Como sempre, o silêncio que ascente. Mari apertou o celular com força, a voz embargada, mas firme:

— Pelo jeito, ela é uma ótima amiga, né?

— Não é o que … — Celo tentou falar, mas já era tarde.

Sem querer ouvir a resposta, Mari desligou. O som seco da ligação encerrada ecoou na sala vazia. Mari largou o celular sobre o sofá e subiu as escadas com passos marcados, sentindo o peso das suas expectativas despedaçadas mais uma vez.

{…}

Dois dias depois, enquanto Celo terminava uma aborrecida videoconferência sobre prazos de projeto, o celular vibrou novamente. Daquela vez, o nome que apareceu na tela fez seu estômago dar um leve nó: Clara.

Ele atendeu com uma cautela que tentou disfarçar:

— Clara? Que grata surpresa.

A voz dela soou um pouco mais tensa do que o normal:

— Oi, Celo. É ... eu tô de volta na cidade.

— Que bom! — Ele respondeu, tentando soar natural. — Quando foi que voltou?

— Ontem à noite.

Houve uma pausa curta, como se ela buscasse coragem para continuar.

— A gente pode se ver?

Celo inclinou-se na cadeira, percebendo a tensão não dita na voz dela.

— Claro. Quer sair pra jantar? Algum lugar legal? — Sugeriu, tentando aliviar o clima.

Clara, no entanto, recusou rapidamente:

— Não ... na verdade, eu ... — Ela hesitou. — Eu preferia ir até o seu apartamento. O que eu preciso falar é ... importante.

Ele ficou surpreso, curioso e um pouco desconfiado, mas manteve o tom leve:

— Importante tipo “notícia boa” ou “prepare-se para o pior”?

Ela riu, um riso nervoso, tenso:

— Talvez um pouco dos dois.

— Tá. — Celo respondeu. — Vou confiar que não é nada que envolva polícia ou dívida de jogo.

— Prometo que não. — Respondeu ela, com um tom um pouco mais brincalhão.

— Então vem. Vou deixar a porta aberta ... Mentira, claro que vou trancar. A gente vive no século XXI.

Clara deu uma risadinha, e o clima entre eles se aliviou um pouco.

— Te vejo mais tarde, então. — Ela se despediu, encerrando a ligação.

Celo largou o celular sobre a mesa, olhando para o teto por um instante.

"Bom", pensou. "Pelo menos a vida está começando a se mexer de novo. De um jeito ou de outro”.

Mais tarde, no horário combinado, Clara chegou ao apartamento. Ela parecia ainda mais tensa do que na ligação, o que só aumentou a desconfiança de Celo sobre o que estava por vir.

— Cheguei. — Ela anunciou, batendo suavemente à porta que ele deixou entreaberta.

Celo sorriu ao vê-la e acenou com a cabeça, convidando-a a entrar.

— Seja bem-vinda. Fica à vontade ... — Ele apontou para a mesa da cozinha, onde improvisara um jantar simples, mas feito com cuidado. — Não sabia quanto tempo a gente ia demorar ... então fiz algo para beliscar.

Clara olhou para a mesa e não conteve um sorriso: uma tábua de queijos e frios, uma cestinha de pães variados, uma travessa de brusquetas quentinhas e, ao centro, uma garrafa de vinho tinto já aberta, respirando.

— Olha só ... — Ela brincou, surpresa e feliz com aquele agrado. — Tá querendo me impressionar?

— Claro! — Ele respondeu, fingindo seriedade. — Passei a tarde inteira ralando queijo com a mão esquerda pra dar um toque artesanal.

Ela riu, relaxando um pouco, e puxou uma cadeira.

— Aceito ser impressionada, então.

Enquanto Clara beliscava um pedaço de pão com queijo Brie, respirou fundo e retomou o motivo da visita:

— Celo ... lembra a última vez que a gente se viu?

Ele assentiu, pegando também uma taça de vinho.

— Claro.

— Então ... naquela semana, eu estava aqui na cidade porque estava fazendo entrevistas para uma vaga de trabalho fora do país.

Celo arregalou os olhos, surpreso:

— Fora do país? — Ele pousou a taça na mesa, devagar. — Caramba, Clara! Que vaga? Onde?

— Na Espanha. Uma oportunidade incrível, para liderar um projeto de inovação. — Ela deu um sorriso meio triste. — Eu não queria te falar antes ... não queria misturar as coisas. E também nem sabia se ia dar certo.

— E aí? — Ele perguntou, genuinamente interessado. — Deu certo?

Clara balançou a cabeça, os olhos brilhando:

— Sim. Me ofereceram o contrato ontem.

Celo sorriu, sincero:

— Poxa, que notícia boa, Clara! Você merece. Estou feliz que tudo deu certo para você.

O sorriso dela vacilou um pouco. Ela apoiou os cotovelos na mesa, olhando para ele com mais seriedade.

— Obrigada, Celo. Mas ... eu preciso te perguntar uma coisa …

Ele ficou em alerta, endireitando-se na cadeira.

— Perguntar o quê?

Ela hesitou, mordendo de leve o lábio, antes de deixar a pergunta escapar:

— Tudo o que rolou entre a gente ... — Clara falou, baixando um pouco o tom — … foi só curtição? Um lance casual? Ou em algum momento você pensou em mim como alguém que poderia estar no seu futuro?

Celo, instintivamente, ficou em silêncio. Não por desprezo ou desinteresse, mas por medo. Medo de ferir alguém que ele gostava de verdade.

Clara, percebendo a pausa, desviou os olhos, como se já soubesse a resposta. Mas antes que ela interpretasse errado, Celo soltou um suspiro longo e foi honesto:

— Clara ... você é uma mulher incrível. Eu adorei cada momento que a gente viveu juntos. De verdade. — Ele fez uma pausa breve, escolhendo bem as palavras. — Mas eu fui casado por mais de vinte anos. E a verdade é que ... eu ainda amo minha esposa. Não posso mentir pra você. Nem pra mim mesmo.

Os olhos de Clara perderam um pouco do brilho, mas ela sorriu, doce, mostrando a maturidade que sempre teve.

— É ... eu meio que já sabia. — Disse, sem mágoa na voz.

Celo estendeu a mão sobre a mesa, tocando a dela com carinho, como quem queria agradecer e se desculpar ao mesmo tempo. Clara apertou de leve seus dedos e depois de alguns segundos, brincou com um sorriso maroto:

— Então ... — Ela disse, inclinando a cabeça. — Que tal uma última noite?

Celo a olhou, surpreso.

— Uma última noite? — Repetiu, com um sorriso sacana.

Ela riu baixinho, com um charme desarmante:

— Eu quero. Se você quiser.

Ele ficou em silêncio por um momento, analisando aqueles olhos que misturavam desejo e sinceridade. Depois, devolveu o sorriso, cúmplice.

— Tudo bem. — Celi disse finalmente, sua voz rouca. — Como eu resistiria a você? Impossível!

Clara sorriu, um sorriso que era ao mesmo tempo triste e libertador, depois se aproximou, seus olhos brilhando. Ela colocou as mãos no rosto dele, seus dedos deslizando suavemente sobre suas bochechas.

— Não precisa ser triste. — Murmurou. — Depois de tudo o que vivemos, mesmo que breve, foi lindo.

Celo fechou os olhos, sentindo o calor das mãos dela em sua pele. Quando os abriu, puxou-a para si, seus lábios encontrando os dela em um beijo lento, cheio de gratidão. Era um beijo que dizia tudo o que eles não conseguiam expressar com palavras. Clara foi terapia, remédio, bálsamo para uma autoestima destruída.

As mãos de Clara subiram para o pescoço dele, enquanto as dele deslizaram para a cintura dela, puxando-a ainda mais perto.

Ela se afastou levemente, respirando ofegante, mas manteve o olhar fixo no dele.

— Quero que seja especial — Sussurrou.

Celo sorriu, um sorriso triste, mas sincero.

— Sempre foi.

Com cuidado, ele puxou as alças do vestido, deixando que deslizassem pelos ombros, revelando a pele macia e os seios pequenos, coroados por mamilos rosados. Clara fechou os olhos, sentindo o toque, revivendo cada sensação que já haviam compartilhado. Celo beijou seu pescoço, descendo lentamente até o colo, onde depositou beijos suaves, explorando cada centímetro de pele.

Ela deixou o vestido deslizar pelo corpo, caindo ao chão e, com mãos trêmulas, começou a desabotoar a camisa dele. Quando finalmente a retirou, admirou seu corpo maduro, forte. Clara passou as mãos pelo peito dele, sentindo a familiaridade da pele e a textura dos músculos. Era como se estivesse se despedindo de uma parte de si mesma.

— Você é um homem maravilhoso, sabia? — Clara murmurou, o olhar cheio de admiração.

Celo sorriu, puxando-a para um abraço apertado.

— E você sempre soube como me fazer sentir especial.

Eles se beijaram novamente, com mais intensidade, como se quisessem apagar a distância que os separariam. As mãos de Clara desceram para a calça, desabotoando-a com pressa, enquanto Celo a levantava, tirando-a do chão. Ela enrolou as pernas em sua cintura, e ele a carregou até o quarto, onde a deitou suavemente na cama.

A luz do abajur iluminava o corpo dela, e Celo sentiu o desejo misturar-se com uma onda de emoção. Ele se ajoelhou ao lado da cama, beijando o ventre dela, descendo até a calcinha, que retirou com cuidado. Clara fechou os olhos, sentindo o toque dos lábios dele em sua pele.

— Celo ... — Murmurou, a voz cheia de desejo e saudade.

Ele olhou para ela, seus olhos brilhando de emoção.

— Estou aqui — Disse, antes de beijar o interior de suas coxas, aproximando-se lentamente do xoxota que começava a umedecer pelo tesão.

Clara arqueou as costas, sentindo a língua dele deslizar sobre o clitóris, explorando cada canto, cada dobra, como se estivesse mapeando seu corpo pela última vez.

— Hummm … que delícia … — Ela gemeu baixinho, segurando firmemente nos lençóis, enquanto Celo a saboreava, bebendo dela como se fosse a última gota de água no deserto.

— Ah, Celo ... — Suspirou, seu corpo tensionando com o prazer. — Não para …

Ele sorriu, continuando o movimento, até sentir seu corpo tremendo. O clímax invadindo cada terminação nervosa do corpo dela.

— Ahhhh … mais … eu quero mais …

Quando ela se acalmou, Celo deitou-se ao seu lado, puxando-a para seus braços. Deixando que ela se recuperasse do orgasmo.

Imediatamente, com o fogo dobrado, queimando forte dentro dela, livrou-se do abraço e se ajoelhou sobre ele, enquanto beijava seu peito, seu pescoço, seu rosto. Celo fechou os olhos, sentindo o toque macio, como se estivesse sendo curado de uma ferida antiga.

Clara sorriu, antes de descer a boca até o pau, duro e pulsando de desejo. Ela o envolveu com os lábios, a língua deslizando por toda a extensão, enquanto suas mãos acariciavam os testículos.

— Cacete! Que boquinha gostosa … — Celo gemeu, afundando as mãos no cabelo dela.

Clara mamava com habilidade e ele sentiu o prazer crescer, ameaçando consumi-lo. Clara não parou, continuando a movimentar a cabeça, subindo e descendo a boca na pica, enfiando fundo na garganta, e só parando quando precisava recuperar o ar.

— Clara ... — Celo sussurrou, explodindo de prazer em sua boca. — Você é incrível.

Eles ficaram em silêncio, ouvindo o som de suas respirações, como se estivessem tentando congelar aquele momento no tempo.

Celo não tinha terminado. Queria, ou melhor, precisava mostrar a ela o quanto ela importava. Queria se colocar à prova, ir além, dar a ela uma noite inesquecível. Mostrar que ela era a responsável por dar a ele a chance de melhorar.

Não queria ser como Paul, ou Giba. Como Chris ou Vicente … queria ser o Celo, uma versão nova e melhorada, mas dele mesmo.

Puxou Clara para cima de si e beijou sua boca com paixão, sentindo a ereção crescente, que começava a cutucar a portinha de sua buceta. Clara começou a se esfregar, para cima e para baixo, rebolando e melando a pica, mostrando que a xoxotinha ansiava por aquela piroca.

Ficaram naquele sarro gostoso, aos beijos, se provocando.

— Você é um macho muito gostoso. Foi um prazer estar com você. — Ela disse, com sinceridade.

Celo resolveu ousar, usar um linguajar que não dominava ainda.

— E você é uma putinha deliciosa. Me fez sentir o homem mais sortudo desse mundo.

Clara estava dominada pelo tesão, mas queria mais de Celo. O tempo juntos foi incrível, e naquela última noite, ela queria ir além.

— Celo … — Clara começou, hesitante … — eu adoro seu jeito carinhoso, respeitoso … mas hoje, pelo menos hoje, você atende a um pedido meu?

Celo beijou novamente sua boca, já concordando com qualquer pedido que ela tivesse.

— Claro, sua gostosa. O que deseja?

Clara rebolou mais dengosa no pau, animada e extremamente excitada.

— Me pega com força … mete com tudo … quero que você me domine totalmente … — A voz de Clara era um sussurro rouco, carregado de uma necessidade que Celo mal conseguia compreender.

Ele hesitou, as mãos tremendo levemente, mas ela não deu espaço para dúvidas. Com um movimento fluido, ela pegou a mão dele e a posicionou sobre seu pescoço, a pele macia e quente sob seus dedos.

— Bem aqui. Aperta um pouco, mas com calma. — Ela disse, os olhos brilhando com uma mistura de desafio e prazer. — Feito com jeitinho, um enforcamento é bem prazeroso.

Celo obedeceu, sentindo o peso da responsabilidade em seus dedos. Ele mediu a força, aplicando uma pressão suave, mas firme. Ele entendeu o que ela estava fazendo, um último presente, ensinando sem diminuí-lo. Mostrando o que fazer, ao invés de debochar dele na manhã seguinte.

— Pode me xingar, chamar de puta, de safada … — Clara pediu, já mais confiante que Celo estava se divertindo. — Às vezes, tudo o que uma mulher quer, é ser submissa, entender o seu lugar, que é exatamente onde eu estou agora, sentando gostoso nessa pica grossa que você tem.

Clara sentou com tudo, deixando a pica deslizar para dentro dela sem resistência.

— Um tapinha na cara, de leve, para marcar o seu domínio, também não é nada mal … — Ela o provocou.

Celo engoliu em seco, as palavras dela ecoando em sua mente. Ele nunca havia sido o tipo de homem que dominava, mas Clara estava despertando algo nele, uma fome primitiva que ele não sabia que possuía.

Celo estava paralisado, os olhos fixos na mulher que se movia à sua frente com uma confiança que ele nunca havia visto antes. Clara não era apenas bonita; ela era uma força da natureza, uma tempestade de desejo e dominação que o arrastava para um território desconhecido.

O som dos corpos se chocando encheu o ar, e Celo sentiu a xoxota dela envolver sua rola como um luva quente e apertada. Clara gemia, os olhos fechados, o rosto corado de prazer. Ela começou a se mover, subindo e descendo, a pica deslizando dentro dela com uma facilidade que o deixou tonto.

— Isso … assim … — Ela murmurou, as unhas cravando-se em seus ombros. — Me domina, Celo. Me mostra quem manda aqui.

Ele obedeceu, as mãos subindo para segurar o rosto dela, os polegares acariciando as bochechas macias. Com um movimento rápido, ele deu um tapa leve, o som ecoando. Clara gemeu, os olhos se abrindo, brilhando com uma mistura de dor e prazer.

— De novo … — Ela pediu, a voz ofegante. — Me trata como a putinha que eu sou.

Celo repetiu o gesto, mais firme desta vez, sentindo o poder fluir através dele. Clara gemia, o corpo se contorcendo sobre o dele, a xoxota apertando sua rola como se quisesse sugar toda a vida dele. Ele a segurou pelos quadris, ditando o ritmo, fodendo-a com uma intensidade que nunca havia experimentado antes.

— Você gosta disso, não é, putinha? — Ele perguntou, a voz rouca de desejo. — Gosta de ser dominada, de ser fodida como a cadela que você é? — Celo ganhou confiança, entendendo e entrando no jogo.

— Sim … — Ela respondeu, os lábios se contorcendo em um sorriso lascivo. — Sou sua cadela, meu macho. Me usa, me enche de porra.

As palavras dela o levaram ao limite, e Celo sentiu o orgasmo se aproximando, uma onda avassaladora de prazer.

“Ainda não … Ela merece mais …”. Em pensamento, Celo sentiu que podia dar mais de si e segurou o ímpeto, deixando o pau parado, latejando dentro da buceta que vibrava de excitação.

— Mais … me mostra o macho exigente e bruto que você é … Mete forte, sem parar … vem com tudo … — Clara exigiu.

Ele a segurou com força, uma mão apertando o quadril, a outra se revezando para enforcar e dar leves tapas estimulantes em sua bochecha, enquanto voltava a foder com tudo, a rola batendo fundo dentro da xoxota molhada.

— Vou gozar … não para … está perfeito … do jeito que imaginei … Ahhhh … — Clara avisou, a voz quase um rugido.

— Goza putinha … goza que depois eu vou encher essa xoxota de porra.

— Tô gozan … Ahhhhhh — Clara gemeu alto, os olhos fechados, o rosto contorcido em êxtase. — Me enche … goza comigo …

Celo explodiu, o orgasmo o consumindo como um incêndio. Ele gemeu, as costas se arqueando, enquanto a porra jorrava dentro dela, enchendo a xoxota de Clara com seu líquido quente. Ela gritou, o corpo se contorcendo em um orgasmo intenso, as paredes da xoxota se contraindo ao redor da rola pulsante.

Quando o mundo finalmente parou de girar, Celo olhou para Clara, que estava deitada sobre ele, ofegante, o cabelo grudado na testa. Ela levantou o rosto, os olhos brilhando com uma satisfação que ele nunca havia visto antes.

— Agora você sabe … — Ela sussurrou, um sorriso lento se espalhando pelos lábios. — Às vezes, tudo o que uma mulher precisa é ser dominada, e tudo o que um homem precisa, é dominar.

Celo não respondeu, as palavras dela ecoando em sua mente. Ele ainda estava tentando processar o que havia acontecido, o poder que havia sentido, o prazer que havia experimentado. Clara se levantou, encharcada de suor, mas ele mal percebeu. Sua mente estava em outro lugar, perdida em um turbilhão de pensamentos e desejos que ele mal começava a entender.

A noite estava apenas começando, e Celo sabia que nada seria como antes. Clara havia despertado algo nele, uma fome que ele mal conseguia controlar. E enquanto ela seguia para o banheiro, deixando-o sozinho com seus pensamentos, ele não podia deixar de se perguntar o quanto mais poderia aprender, o quanto ainda tinha a descobrir.

Aquela despedida ficaria gravada para sempre em sua memória.

{…}

Uma semana havia se passado desde a última vez que Celo e Mari se falaram por telefone. Desde então, o silêncio reinava entre eles, pesado e incômodo. Ele tentava se convencer de que era o melhor, mas sabia que, no fundo, carregava uma inquietação que não queria admitir.

Naquela tarde de sábado, enquanto tentava se concentrar em arrumar a cozinha, ou ao menos fingir que não vivia num caos, o celular tocou. Era Anna chamando.

Ele limpou a mão no pano de prato e atendeu, já esperando alguma conversa animada.

— Boa tarde, Celo! — Falou Anna com uma certa tensão.

— Tudo bem, Anna? Sentiu saudade? — Brincou ele, já sorrindo.

Do outro lado da linha, Anna hesitou por um instante. Respirou fundo antes de responder, num tom mais cuidadoso do que o habitual:

— Celo ... posso te fazer uma pergunta um pouco ... invasiva?

— Ué, agora fiquei curioso. Manda.

— Você tá mesmo em um novo relacionamento?

Celo franziu a testa, encostando-se à bancada da cozinha. O pano de prato ainda pendurado no ombro.

— Como assim, “novo relacionamento”? Do que você esta falando?

— É que me disseram, e não importa quem, que você foi visto circulando com uma mulher em um clima, vamos dizer, bem romântico. E eu queria saber …

— Relacionamento? Não ... — ele interrompeu e respondeu devagar, quase rindo. — Era uma amiga. Muito próxima, é verdade. Mas não passou disso.

— Ah ... — Anna soltou, com um misto de surpresa e alívio. — Então vocês terminaram?

— Nem chegou a ser um namoro, pra falar a verdade. A Clara ... ela recebeu uma proposta de trabalho fora do país. Conversamos, nos despedimos, e ficou tudo bem.

Anna fez silêncio por alguns segundos, como se processasse a informação com cuidado. Então, retomou, tentando soar casual:

— Entendi. Ó, é o seguinte: Paul e eu faremos uma reunião aqui em casa, no próximo sábado à noite. Nada formal e nada liberal, só a galera mais próxima mesmo ... comida boa, música decente e algumas garrafas de vinho estratégicas. Será uma comemoração para o Paul.

Celo deu uma risadinha:

— Garrafas de vinho estratégicas, né? Estratégicas para quê? Me embebedar e arrancar mais confissões?

Do outro lado, Anna gargalhou.

— Não que fosse má ideia, mas é só para deixar todo mundo mais leve. Você precisa sair desse casulo, Celo. Vai ser bom. A gente sente sua falta.

Celo hesitou, olhando para a pia entulhada de louça como se fosse uma metáfora da própria vida.

— Ah, Anna ... não sei se ainda é o momento.

— Celo, escuta. — A voz dela ficou mais séria. — Só vem. Sem expectativas, sem pressão. Acho que você vai gostar do que vai encontrar aqui. — Ela soou enigmática.

Ele suspirou, vencido.

— Tá bom. Eu vou.

— Boa! — Anna vibrou. — Vou avisar pro Paul que nossa missão está cumprida. Sábado que vem às oito, hein? Sem atrasos!

— Tá bom, mulher.

Os dois se despediram e Celo desligou sorrindo. Estranhou o convite, mas ficou feliz pela lembrança. Estava curioso com as palavras. “Por que eu vou gostar do que vou encontrar?”.

Continua …

*Da música, “Encontros e Despedidas”, de Milton Nascimento e Fernando Brandt, que ganhou uma versão incrível na voz da Maria Rita em 2003.

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Foto de perfil de Ménage LiterárioMénage LiterárioContos: 62Seguidores: 331Seguindo: 37Mensagem Três autoras apaixonadas por literatura erótica. Duas liberais, e uma mente aberta, que adora ver o parquinho pegando fogo.

Comentários

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Mais um otimo capitulo muito bom mesmo capitulo para mais teorias aparecendo dos leitores parabens meninas

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Essa festinha não liberal promete... Agora que a Clara foi embora, eu posso dizer que por um momento, eu achei que tinha um dedo do Paul. Achei que ele tivesse pedido a uma amiga ou até mesmo contratado alguém pra dar uma endireitada no Celo, mas no final do capítulo anterior, eu já dava por encerrar essa teoria e hoje foi a pá de cal.

Na linha do tempo, tem 2 semanas que não sabemos da Mari. Não creio que em duas semanas ela iria conhecer alguém e levar pra festinha, mas seria uma tremenda surpresa para o Celo kkkkk.

Eu tinha uma outra percepção sobre a transa do Paul e Mari, que no capítulo passado já me fez repensar e hoje só se confirmou.

Mais um ótimo capítulo. É uma pena a Clara ter ido embora, mas talvez ela tenha despertado um bichinho voraz dentro do Celo.

Acho que ele vai começar a passar o rodo em geral, a começar pela Anna e as amigas.

Mais um ótimo capítulo. Em vez de dar 3 estrelas, Vou dar 3 brusquetas, que me deu muita vontade de comer e vou fazer agora. Um forte abraço menin@s

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Porque será que estou com a impressão que a Clara foi uma "amiga' plantada na vida do Celo para fazê-lo se soltar se liberar e conseguir enxergar quem ele realmente é?? essa história de ir morar fora ficou meio estranho e do nada ela pedir para ele a dominar, posso estar muito enganado, mas tenho quase certeza que tem dedo de "algumas pessoas' nessa amizade dos dois.

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Meu amigo Neto, pensei a mesma coisa e pra não ficar nessa de que um copiou o outro, olha o horário das postagens...

Um forte abraço meu amigo.

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Oh, pode para com essas historias de “teoria da conspiração”, ta? Essas coisas só acontecem nas historias do MA. Ok ?

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