Segredos do Coração - Superando o Passado. Parte 25.

Um conto erótico de Ménage Literário
Categoria: Heterossexual
Contém 8523 palavras
Data: 25/04/2025 16:37:59

Foi quando Mari parou. Olhou ao redor. Viu o filho rindo alto, abraçado a um grupo de amigos. A filha, conversando animadamente com outros convidados. Ali, sozinha no meio da multidão, sentiu o vazio voltar a se aproximar pelas bordas do coração. O olhar dela se deslocou instintivamente ... e encontrou o que procurava: Celo.

Ele estava em um canto, com um copo na mão, observando-a com delicadeza. Não como quem julga. Mas como quem sente.

Mari hesitou. Respirou fundo, sentindo o peso de tudo o que ainda não fora dito. O medo, o orgulho, as mágoas e a saudade. Mas algo dentro dela, mais forte que tudo aquilo, gritou mais alto. Ela precisava perguntar, saber a verdade. Não podia esperar mais.

Passou por entre as pessoas, ignorando os sons da festa, os risos, os flashes das câmeras. Atravessou o salão com a firmeza de quem finalmente entende o que quer. Quando parou diante dele, Celo também deixou o copo de lado. Ficaram apenas os dois, frente a frente. Mari estava decidida, não tinha mais retorno. Apenas aquele sorriso tinha o poder de desarmar seu coração.

Continuando …

Parte 25: “O Mundo é Um Moinho. Vai Triturar Teus Sonhos, Tão Mesquinho. Vai Reduzir as Ilusões a Pó”.

— Preciso falar com você. Pode sair um pouco comigo? — Mari perguntou, sem rodeios, sem meias palavras.

Celo hesitou por um segundo. Depois concordou, acompanhando-a em silêncio pelo corredor lateral da Casa de Eventos, até um pequeno jardim iluminado apenas por luzes baixas de paisagismo. O ar do lado de fora era mais frio. E mais sincero. Mari respirou fundo antes de começar. A voz tensa, claudicante.

— Eu não vim aqui para brigar com você, Celo. Nem para te cobrar nada. Juro. — Ela olhou para ele, buscando ancorar a determinação. — Eu só ... preciso entender. Preciso saber se o que me contaram é verdade. Porque, se for, eu acho que você deveria ter me dito. Mesmo que não fosse fácil.

Celo não respondeu de imediato, pois não sabia sobre o que ela estava falando. Apenas a encarava, olho no olho, esperando que ela continuasse.

— Eu entendo que você tem o direito de viver o que quiser, com quem quiser. — Continuou Mari. — Você escolheu, a gente se separou, e eu sei que foi minha a culpa. Só ... só me machuca pensar que você pode estar tomando algumas atitudes por vingança. Ou para provar alguma coisa.

Mari engoliu em seco, a determinação falhando.

— A Cora ... ela me disse algumas coisas. Sobre você e … um tal de Vicente. Sobre noites de farra. — Ela riu, sem graça, melancólica. — Claro que foi de uma maneira venenosa e teatral. Mas, mesmo assim ... ouvir aquilo foi como levar um tapa na cara.

Celo levantou os olhos para ela, visivelmente desconfortável, mas ainda em silêncio.

— E eu queria tanto que você me dissesse que é mentira. — Disse Mari, baixinho, com os olhos marejados. — Queria tanto que me olhasse agora e dissesse que ela inventou aquela história. Que você não ... que você não se jogou nos braços de outro alguém só pra se provar vivo de novo. Ou para se anestesiar de mim.

Celo deu um passo, mas parou. Abriu a boca como se fosse dizer algo, mas nada saiu. Só o silêncio. Um silêncio denso, que fez mais barulho no peito de Mari do que qualquer grito.

Ela respirou fundo, tentando manter a compostura.

— Está tudo bem — Disse, num sussurro. — Você não precisa me explicar nada. Seu silêncio ... já diz tudo.

Por um instante, os dois apenas se encararam. Havia tristeza nos olhos de Mari, lágrimas escapando. Nos olhos de Celo, arrependimento. Ou culpa. Ou os dois.

— Eu não te culpo, Celo. — Mari baixou a cabeça, triste. — Mas, por favor, tenha cuidado ao espalhar sua nova vida feliz por aí. Isso me fere. E muito. Mesmo que eu mereça.

Ela deu um passo para trás.

— Volta pra festa ... Eles vão querer uma foto com você. O pai orgulhoso. — Mari se lamentou.

E antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela já caminhava de volta para dentro, com os ombros erguidos, mas o coração em pedaços.

Celo ficou parado, por mais um tempo. No jardim. Sozinho. Escutando ao longe a música que continuava, como se o mundo não tivesse desabado naquela conversa silenciosa e dilacerante demais para duas pessoas que ainda se amavam.

Mari voltou para o salão com os passos firmes, mas o coração vacilante, despedaçado. A música ainda tocava, os risos ainda ecoavam, mas ela parecia atravessar um outro mundo, um mundo onde tudo doía ainda mais. Um mundo cinza, sem sentido.

Logo, ela foi cercada pela filha e por alguns amigos do filho, todos ainda animados, tentando envolvê-la de novo na celebração. Ela sorriu, abraçou, posou para fotos. Mas os olhos ... ah, os olhos ... já não brilhavam como antes. Estavam marejados. Carregados. Vermelhos.

A filha foi a primeira a notar.

— Mãe, tá tudo bem? — Ela perguntou, baixinho, encostando o rosto ao dela.

Mari piscou rapidamente, tentando disfarçar.

— Claro, meu amor. Eu só me emocionei. Você sabe como essas coisas me tocam ...

Ela beijou a testa da filha com carinho e voltou a sorrir, como se pudesse convencer a todos — e a si mesma — de que estava tudo sob controle. Mas o filho a observava à distância, atento. E não comprou aquela desculpa tão trivial. Sabia que tinha algo errado. E quando viu o pai entrando no salão com o semblante fechado, com os olhos baixos e as mãos nos bolsos, foi como juntar as peças de um quebra-cabeça que ele nem queria montar, e foi até ele.

— Pai … — Chamou, firme, sem rodeios.

Celo ergueu os olhos e forçou um sorriso, mas o filho não sorriu de volta.

— Aconteceu alguma coisa com a mamãe?

— Não. — Celo desviou o olhar. — Fica tranquilo, filho. Está tudo bem.

— Não está. Eu vi o jeito que ela voltou. Os olhos dela ... ela tava chorando?

Celo respirou fundo.

— Não é algo com que você precise se preocupar. É entre nós dois. Curta sua festa.

— Como assim não é algo com que eu deva me preocupar? Vocês são meus pais. Se estão mal, claro que eu tenho que me preocupar!

O tom aumentava, atraindo olhares ao redor. Celo olhou para os lados e fez um gesto, pedindo calma.

— Filho, não é o lugar. Nem o momento. Por favor ...

— Então quando vai ser? — Retrucou o rapaz, mais baixo, mas ainda incisivo. — Porque eu continuo sem entender nada. Um dia vocês estavam bem e, no outro ... acabou? Vocês se separaram sem explicação nenhuma. Todo mundo ficou sem chão. E agora eu vejo a minha mamãe voltando com os olhos inchados e você parado aí, como se não tivesse nada a ver com isso?

Celo baixou a cabeça. Sentia o peso de cada palavra, mas não conseguia respondê-las.

— Pai ... — O rapaz não conseguiu se segurar. — Você traiu a mamãe?

A pergunta caiu como um raio silencioso entre eles.

Celo ficou imóvel por um momento. Depois levantou os olhos, pesados, cansados. E não disse, “sim”. Nem, “não”. A expressão em seu rosto era de culpa, o mesmo silêncio usado com Mari, o som do consentimento.

Se fosse preciso assumir aquela culpa, ser o mártir para poupar Mari, Celo faria, sem pensar duas vezes. Sempre fora o protetor dos seus e jamais deixaria que os filhos duvidassem do caráter da mãe.

O filho o encarou por alguns segundos, o maxilar travado, os olhos marejados. Depois deu um passo para trás, sacudindo a cabeça.

— Eu sempre o respeitei. Você era o meu exemplo, o meu Norte. Quem é você? Cadê o meu pai?

E saiu, voltando para o salão, para o calor das luzes e das pessoas, enquanto Celo ficava para trás. Sozinho outra vez, no mesmo silêncio que parecia persegui-lo por toda parte.

Celo deu um último olhar para os filhos no salão, antes de respirar fundo e se afastar em direção à saída. Sentia o peito apertado, os passos pesados. Foi quando a filha o alcançou, chamando baixinho:

— Pai ... o que está acontecendo?

Ele sorriu desanimado, o olhar cansado. Aproximou-se, ajeitou o cabelo dela com carinho e respondeu com doçura:

— Tá tudo bem, meu amor ... Só preciso ir agora, tá? — A tristeza estava estampada em seu rosto.

— Mas você nem ficou para comemorar com a gente direito … — A filha o segurou pelo braço, tentando puxá-lo de volta.

— Outro dia a gente comemora juntos. Eu prometo. — Ele a puxou para um abraço apertado. — Eu te amo muito, nunca se esqueça disso.

Beijou sua bochecha e se afastou, mesmo com dificuldade, como se carregasse o peso do mundo nas costas, e saiu.

Pouco depois, o filho voltou para perto da mãe. Não disse nada. Apenas a abraçou. Mari se surpreendeu, sentindo o corpo rígido dele se desfazer em ternura no calor do abraço.

— Vai ficar tudo bem, mãe. Eu entendo agora. As coisas vão melhorar.

Ela o olhou, confusa, prestes a perguntar o que ele queria dizer, mas a filha chegou correndo, interrompendo o momento. O filho apenas se afastou em silêncio, sendo puxado pelos amigos, com uma expressão firme e decidida no rosto. Mari ficou parada, com o coração inquieto, sem entender o que o filho quis dizer.

A noite passou. A festa se encerrou em clima mais ameno. Os três voltaram juntos para o apartamento do rapaz, cada um mergulhado nos seus próprios pensamentos.

Na manhã seguinte, entre caixas e malas sendo fechadas, já que o filho voltaria com elas para casa, a arrumação dividida entre silêncios e pequenas instruções, Mari viu o filho sozinho no quarto, dobrando camisetas. Sentiu que precisava aproveitar aquele instante. Ela se aproximou devagar, puxando assunto com cuidado.

— Ei ... — Disse, com um leve sorriso forçado. — Tá empacotando direitinho, hein?

Ele encarou a mãe, o olhar cheio de ternura.

— Alguma coisa eu aprendi com você, né?

Mari sentou-se ao lado dele, observando o horizonte da cidade pela janela, ainda sonolenta.

— Ontem … eu vi você e seu pai discutindo. Eu preciso saber o que houve.

O filho ficou em silêncio por alguns segundos. Depois largou as camisetas que dobrava e olhou para ela.

— Ele não foi capaz de admitir. Nem mesmo pra mim. Mas eu vi nos olhos dele. Ele é um traidor, mãe. Por que você não nos contou a verdade?

Mari travou. A palavra ecoou dentro dela como um soco: “traidor”.

— Eu o admirava tanto … — Continuou ele, a voz embargada. — ... Ele era o meu herói.

— Filho ... espera. Do que você está falando? — Mari tentava entender.

— Da traição, mãe. O papai. Ele traiu você, não foi? — O rapaz tentou confirmar.

Mari sentiu o estômago revirar. A boca secar.

— Não … não. Você está enganado.

Ele olhou para a mãe, confuso.

— Como assim? Eu o confrontei, ele ficou em silêncio, como um covarde.

Ela respirou fundo. Mas a verdade empurrou a dor pra fora antes que ela pudesse se proteger. E confessou:

— Não foi ele. Não o seu pai. — As lágrimas já brotavam nos olhos. — A traidora ... fui eu.

O filho ficou paralisado. Os olhos arregalados. O tempo parou, por alguns segundos.

— O quê?

Mari começou a chorar. As palavras saíam entrecortadas, quase engasgadas.

— Fui eu … eu errei. Quebrei a confiança dele. Destruí o que a gente construiu. E mesmo assim … ele preferiu carregar essa culpa sozinho. Para me proteger aos olhos de vocês. Para nos proteger. Porque sabia o quanto vocês me admiravam …

— Mãe … — Murmurou ele, incrédulo.

— Me perdoa, meu filho … — Ela soluçava. — Eu não queria machucar nenhum de vocês. Eu nunca quis, mas eu machuquei. Eu me perdi de mim mesma ...

O filho, ainda em choque, abaixou a cabeça. Ficou em silêncio por longos segundos. Na porta do quarto, a filha observava a cena sem entender completamente o que havia acontecido, mas sentindo, no peito, a mesma dor difusa que invadia aquela casa.

O sol da manhã parecia mais frio naquele instante.

Ainda com o rosto molhado de lágrimas, Mari observou os filhos se afastarem, os olhares confusos, feridos. A dor apertou ainda mais o peito dela, mas, daquela vez, em vez de se esconder, ela respirou fundo e se levantou.

— Esperem ... — Disse com a voz trêmula, mas decidida. — Por favor. Sentem-se. Eu … eu preciso me explicar.

Eles se entreolharam, hesitantes, mas a intensidade no olhar da mãe os fez parar. Sentaram-se na cama, ainda em silêncio. Mari ficou de pé, diante deles. Não havia mais lágrimas, só verdade.

— Eu sei que o que vocês ouviram … machucou. Sei que talvez estejam me olhando agora como se eu fosse uma estranha. Mas vocês têm o direito de saber. Pelo menos … de entender.

Ela fez uma breve pausa, tentando organizar as palavras, sentindo o peso de cada uma.

— O seu pai e eu … a gente se amou muito. De verdade. Fomos companheiros, amigos, cúmplices. Mas o tempo … o tempo desgasta. As rotinas engolem os sentimentos, os silêncios ocupam o lugar das conversas. E, aos poucos, a gente foi se perdendo um do outro.

Ela abaixou o olhar por um instante, depois voltou a encará-los.

— Eu, e agora não importa o motivo, acabei negligenciando os sentimentos do seu pai. As necessidades dele. No meu egoísmo, embalada pelos meus traumas, deixei de olhar pra dentro, para nós dois. E quando percebi, estávamos morando na mesma casa, dividindo a mesma cama, mas vivendo vidas diferentes.

A filha segurava as mãos, apertando os dedos. O filho olhava fixamente para um ponto da parede, o maxilar contraído.

— Foi quando … a gente resolveu tentar algo novo. Uma forma de reencontro, sabe? De quebrar a rotina. Conversamos muito. Foi difícil. Mas tentamos entrar em um mundo diferente. Um mundo ... mais aberto. Onde o ciúme não fosse um muro, mas algo a ser vencido.

Ela se ajoelhou em frente aos dois, com a voz mais suave.

— E foi nesse caminho, nessa tentativa … que eu errei. Numa noite. Uma mistura de bebida, curiosidade, e … fraqueza. Eu me deixei levar. Me entreguei a outro homem.

Ela fez outra pausa. Deixando o silêncio ecoar entre eles.

— Não foi o pai de vocês. Fui eu. E ele não merecia. Ele confiou em mim … e eu … eu … — Mari não conseguiu continuar.

A filha estava com os olhos cheios, mas não chorava. O filho, ainda em choque, sacudiu a cabeça levemente.

— E por que ele não me contou? — Perguntou, a voz embargada. — Por que me deixou achar que era ele?

Mari o encarou, com tristeza no olhar.

— Porque ele é esse homem. Porque mesmo magoado, destruído … ele me protegeu. Ele ama vocês mais do que odeia o que eu fiz. E preferiu carregar essa cruz pra não ver vocês me julgando.

A filha finalmente deixou escapar uma lágrima.

— E você … você ainda o ama?

Mari respirou fundo, olhando para o vazio por um instante, antes de responder:

— Eu ... acho que sempre vou amar. Mas amar não apaga os erros. Só nos ensina a não os repetir.

Os três ficaram em silêncio. O filho se levantou e caminhou até a sacada. A filha ficou com Mari, ajoelhando-se ao lado dela e segurando sua mão.

— Obrigada por ter contado, mãe. Por ser honesta. Por não deixar o papai levar a culpa.

Mari apertou a mão da filha e sentiu o coração se partir mais um pouco. Mas ali, naquele momento, no meio da dor, havia algo novo: dignidade.

Na sacada, o filho olhava para o horizonte. A dor ainda era nítida no rosto, mas agora havia algo mais: um esboço de compreensão, ou ao menos, de início de aceitação.

Mari sabia que não havia como apagar o que fez. Mas, naquele instante, sentiu que estava tentando construir algo verdadeiro. Mesmo sobre os escombros.

O voo de volta parecia mais longo do que realmente era. Não por causa do tempo, mas pelo silêncio que pairava entre os três.

Daniela cochilava, de fones nos ouvidos, a cabeça encostada na janela, enquanto Mari tentava focar em qualquer coisa que não fosse a tensão no ar. Ao seu lado, Diego mantinha o olhar fixo no encosto da poltrona da frente, braços cruzados, sem uma única palavra desde o embarque. Parecia magoado.

Mari arriscou um olhar em sua direção, mas ele não retribuiu. Não por raiva, não mais. Era algo mais difícil de decifrar: mágoa crua, talvez. Ou apenas confusão.

Ele ainda estava digerindo tudo. A revelação feita pela mãe, no dia seguinte à discussão com o pai, ao tê-lo acusado, ainda ecoava nos cantos da memória dos três. Diego tinha defendido a mãe com unhas e dentes, acreditando que o pai era o traidor. E então, ela jogou a verdade sem filtros, entre lágrimas e vergonha.

Desde então, ele se fechou. Não havia gritos. Só silêncio e afastamento.

Ao chegarem em casa, Diego largou a mala no corredor e foi direto para o antigo quarto. O apartamento de estudante fora alugado já mobiliado, e ele só tinha as próprias roupas para trazer. O resto de suas coisas seriam entregues por uma transportadora.

Daniela, já recuperada da noite mal dormida, tentava animar o ambiente com seus comentários sobre a formatura, mas Mari ouvia tudo como se estivesse submersa em água. As palavras vinham distorcidas, lentas, distantes.

Nos dias seguintes, a nova rotina se impôs. Mari tentava manter as coisas leves. O café da manhã estava sempre pronto, mesmo que ninguém se sentasse à mesa ao mesmo tempo. As refeições pareciam reuniões improvisadas, cada um em um canto, como se evitassem tocar em assuntos sensíveis.

Diego saía para caminhar no fim da tarde, evitava conversas longas e dormia com a porta trancada. A distância entre eles era física e emocional. Mari não o culpava, e talvez por isso doesse ainda mais.

Daniela, por outro lado, parecia ser o fio de ligação entre mãe e irmão. Fazia comentários, provocava risadas tímidas, conectava os dois com uma naturalidade que Mari invejava. Mas, até mesmo ela, percebia o peso no ar. Certas noites, se encolhia no sofá ao lado da mãe, abraçada a um cobertor e a uma pergunta não dita: “Vai ficar tudo bem?” Ninguém sabia responder.

E, no silêncio da madrugada, quando a casa enfim adormecia, ela se deixava afundar na solidão. O que Cora contou, o silêncio que consente de Celo, tudo aquilo se misturava dentro dela. E doía.

Machucada, durante a madrugada, Mari se levantava da cama e percorria a casa. Passava pela porta do quarto de Diego, onde, às vezes parava, sem coragem de entrar. Depois se deixava cair no sofá da sala, abraçada a uma almofada antiga, como se pudesse absorver dela algum conforto esquecido.

Ter os filhos por perto, naquele momento, deveria ser o suficiente para preenchê-la. Mas havia um espaço dentro de si que nada conseguia ocupar. Nem o retorno de Diego, nem a presença vibrante de Daniela. Porque o amor dela por Celo latejava doloroso no peito. E o dele, ela já não sabia mais onde estava, ou se ainda existia.

{…}

O céu ainda estava meio cinza quando Diego acordou. A casa silenciosa, a luz da manhã filtrando pelas frestas da cortina, e uma inquietação crescendo no peito. Desde que voltaram, ele não conseguia dormir direito. A imagem do pai parado, mudo, enquanto ele o acusava na formatura, não saía da cabeça.

“Por que ele não se defendeu? Por que ficou calado? Por que deixou que eu o odiasse?”.

Mari havia contado a verdade, sim. E isso só tornava tudo mais confuso. Era como se o chão que ele pisava estivesse rachado, e cada passo expusesse uma nova mentira, uma nova ferida.

Naquela manhã, sem nem pensar direito, ele se vestiu, pegou as chaves e saiu. Precisava encarar o pai. Precisava de respostas que a mãe não podia dar. Ele atravessou a cidade sem demora, chegando ao novo endereço do pai. Já estava autorizado e subiu ao apartamento. Bateu duas vezes e logo ouviu o barulho da chave.

Quando abriu a porta e viu o filho parado ali, com o maxilar tenso e os olhos carregados, Celo levou um instante para processar.

— Diego? Você tá bem?

Diego entrou sem responder. Cruzou a sala com passos decididos e parou no meio, girando para encará-lo.

— Por que você não se defendeu? — Ele foi direto.

— Como é? — Celo estava confuso.

— Lá na formatura. Na minha cara. Na frente de todo mundo. Eu te acusei. Te chamei de traidor. E você … nada.

O garoto respirou fundo, tentando acalmar a frustração.

— Nada, pai! — A voz subiu um tom, carregada de mágoa. — Você só ficou lá, com cara de cachorro chutado. Por quê?

Celo fechou a porta devagar. O peito apertando. Não era o tipo de conversa que esperava ter antes do café da manhã.

— Eu … achei que você precisava daquele momento. Que tava magoado. Não achei que adiantaria discutir ali. Não era o lugar certo. — Celo se manteve calmo.

— Não achou que adiantaria? Você me deixou acreditar que você traiu a mamãe. Que foi o canalha da história. E ficou quieto por quê? Por orgulho? — Diego estava vermelho, quase explodindo.

— Não, filho. Eu …

— Ela me contou. — O filho o interrompeu. — Contou tudo. Que foi ela quem traiu. Que vocês dois estavam vivendo aquela loucura de casamento aberto. Que ela foi com outro cara, que se envolveu, que cruzou a linha …

O ar faltou, e ele fez uma pausa.

— A sua esposa, pai … — Ele olhava para o pai em busca de qualquer coisa que o ajudasse a entender. — A minha mãe. Isso é coisa de mulher …

— Cuidado com o que você fala da sua mãe. — O veneno nas palavras do filho fez Celo cerrar os punhos, o interrompendo.

— Por quê? — Diego desafiou. — Vai defender ela agora? Depois de tudo? Depois de fazer você de idiota?

A expressão de Celo mudou. Firme. Imponente. A voz saiu grave, cortante.

— Cala a boca, Diego. — Celo deu um passo à frente, ameaçador. — Você não tem ideia do que tá dizendo.

E então, recuou, recobrando a calma.

— Você ouviu uma versão. Uma história. E já achou que sabe tudo. Mas não sabe. Não sabe de mim, não sabe dela. Não sabe porra nenhuma, moleque.

Diego arregalou os olhos. A boca se abriu, mas não saiu nada. Celo deu dois passos à frente novamente, os olhos cravados no do filho.

— Eu não vejo o que a sua mãe fez como traição. Não mais. Eu tive tempo pra pensar. Pra olhar pra trás.

Nervoso, Celo começou a andar de uma lado ao outro da sala, respirando mais rápido, e voltou a falar.

— E sabe o que eu vi? Vi um cara perdido. Um homem que não soube lidar com os próprios fantasmas. Que colocou a mulher que amava numa situação em que ela teve que se dividir para não se anular. Que induziu, ao invés de proteger. Eu coloquei sua mãe naquela posição. A culpa é minha.

Diego franziu a testa, confuso.

— Como assim? Mas ela que foi com outro, pai.

— Porque eu propus. Porque eu empurrei. — Celo confessou. — Eu tava tentando estimular sua mãe, sem saber o quanto ela já tinha sofrido.

Diego tentou se aproximar, mas Celo fez sinal para que ele parasse. Ainda não tinha terminado.

— E ela tentou me acompanhar. Ela tentou segurar a barra. Você entende o que é isso? Ela foi leal até quando se perdeu. Porque tava tentando não me perder.

A voz de Celo embargou. Ele respirou fundo, afastando a emoção como quem espanta fumaça.

— Então, lava essa boca antes de falar da sua mãe. Porque eu vivi com ela. Eu sei quem ela é. E se você soubesse metade do que ela sofreu, do que tiraram dela, teria vergonha de falar do jeito que falou.

Diego parecia menor. A raiva inicial dava lugar à culpa, ao desconcerto, à confusão ainda maior.

— Então você … ainda a ama? — Perguntou, timidamente.

Celo hesitou. Depois sorriu, com uma tristeza quase bonita nos olhos.

— Eu vou amar sua mãe até o fim dos meus dias. Mas isso não quer dizer que eu seja a pessoa certa para ela, nesse momento. Eu tenho meus próprios demônios para exorcizar. Amar às vezes não é suficiente. Às vezes, a gente ama e mesmo assim … quebra tudo. — Celo finalmente colocou tudo para fora.

Diego abaixou o olhar. Os ombros caídos. Um silêncio pairou entre os dois, dessa vez mais maduro. Mais humano.

Depois de alguns segundos, ele levantou os olhos.

— Desculpa, pai. Eu fui um babaca.

Celo se aproximou, colocou a mão na nuca do filho e deu um leve puxão, colando sua testa na dele, como fazia quando Diego era criança.

— Você é meu filho. E eu vou sempre te amar. Mesmo quando for um babaca.

Ambos riram, meio sem graça.

— Vai querer um café? — Perguntou Celo.

— Só se for forte. — Respondeu Diego, limpando os olhos disfarçadamente.

— Bom … é o único jeito que eu sei fazer.

A fumaça do café ainda subia da caneca de Diego quando Celo se levantou. Sem dizer nada, foi até uma pasta apoiada sobre o aparador da sala. Abriu com calma, como se soubesse exatamente o que procurava.

Diego levantou o olhar, curioso.

— Que isso? É aquele carro que você me prometeu, pai?

Celo soltou uma risada baixa.

— Quase isso.

Voltou com alguns papéis em mãos e os colocou sobre a mesa, virados para o filho. Diego olhou, surpreso.

— É um contrato?

— De sociedade. — Celo piscava um olho para ele. — Uma pequena porcentagem da minha empresa. Tá aí, o seu nome, sócio minoritário, a cláusula de participação nos lucros. Tudo certinho.

Diego arregalou os olhos.

— Tá brincando, né?

— Você me conhece, filho. Sabe que eu não brinco com trabalho. — Celo falou sério. — E também não dou título de sócio só por sobrenome.

Celo entregou a caneta, apontando para os documentos.

— Isso aqui … — Disse, batendo levemente nos papéis — … é porque você merece. Porque você tem talento. Porque, mesmo sendo jovem, já pensa e programa como gente grande.

Diego ainda não sabia o que dizer. Mas os olhos entregavam: ele estava tocado.

Celo se sentou de novo, muito mais sério. O tom virou o de um pai que fala com o coração, mas sem perder o profissionalismo.

— Filho, a vida vai te dar muito trabalho pela frente. Vai ter dia que vai parecer que nada faz sentido. Que tudo que você fez não valeu de nada. — Celo estava se emocionando. — Mas aí você lembra de onde veio. Do que carrega no sangue.

E precisou fazer uma pausa, para segurar a emoção, antes de continuar.

— Eu acompanhei você crescer e vi um moleque que desmontava brinquedo pra entender como funcionava. Que hackeou o próprio colégio só para se provar. E agora você tá aqui, formado, com uma vida inteira pela frente.

Celo respirou fundo, e sorriu com orgulho.

— Eu não quero que você comece do zero. Isso aqui é a sua herança, Diego. Mas não uma que você vai receber quando eu morrer. É uma herança viva. Um lugar pra você construir. Errar. Acertar. Inventar. Porque o futuro da empresa tá nos seus dedos. E um dia, ela vai ser sua.

Celo ajeitou os papéis com os olhos marejados.

— Mas, por enquanto … eu preciso de você. Dos seus códigos. Das suas ideias. Dos seus bugs e das suas soluções.

Diego passou a mão no rosto, tentando esconder o que sentia. Mas era impossível. O orgulho nos olhos dele era tão nítido quanto nos do pai.

— Cara … eu nem sei o que dizer. — Diego ainda tentava processar tudo.

— Então assina. — Celo respondeu com aquele sorriso largo. — A gente resolve o resto no código.

Diego riu, pegou a caneta e assinou.

— Mas eu quero uma cadeira decente no escritório. — Brincou.

— Vai ter que ralar por ela. — Celo respondeu, brindando com a caneca de café.

E ali, naquela sala simples do pequeno apartamento alugado, sem pompa nem testemunha, pai e filho selaram uma nova fase. Não só como família. Mas como sócios. Parceiros. Dois gênios do mesmo sangue prontos para deixar sua marca no mundo digital, e um no coração do outro.

Celo observava o contrato recém-assinado enquanto tomava o último gole do café. A satisfação em seu rosto não era só pelo negócio, era pelo reencontro, pelo entendimento, pela reconstrução. Mas antes que Diego se levantasse, Celo esticou a mão e segurou o braço do filho com leveza.

— Espera. Tem mais uma coisa.

Diego virou-se para ele, atento.

— Eu sei que a sua relação com a sua mãe ficou abalada. A confusão, a dor, o que ela confessou, o que eu deixei de fazer … tudo isso bagunçou vocês. Mas eu preciso te pedir uma coisa, filho …

Ele fez uma pausa, como quem escolhe cada palavra com cuidado.

— Cuida dela.

Diego entendeu, mas Celo continuou.

— Cuida mesmo. Da tua mãe. Ela precisa de vocês agora mais do que nunca.

Celo apoiou a mão no ombro dele, passando segurança.

— Não tô falando por falar. Tô falando como alguém que conhece cada detalhe dela. Cada gesto, cada silêncio. Ela tá tentando se encontrar de novo, Diego. E não é fácil.

Respirando fundo, soltando o ar de devagar, ele continuou.

— O peso da culpa … da dúvida … da solidão … isso tudo dói mais do que parece. Sua mãe é sensível e especial. Cuida dela pra mim … por enquanto.

Celo apertou suavemente o ombro do filho, com a voz embargada.

— Ela não precisa de julgamento. Precisa de amor. Do teu, da tua irmã … daquele carinho que só vocês dois conseguem dar. Porque, no fim das contas, a gente não falhou por falta de amor. A gente falhou por não saber o que fazer com tanto amor. E talvez, lá no fundo, nem seja realmente uma falha. Talvez, seja apenas um até logo.

Diego abaixou os olhos, pensativo. E ali, no silêncio que se seguiu, entendeu o pedido do pai. Não era uma obrigação. Era um legado. Um pedido de coração para coração.

— Eu vou cuidar dela, pai. Prometo.

Celo sorriu, aliviado.

— Obrigado, filho.

E naquele instante, o passado já não pesava tanto. Porque o que estava nascendo era maior: uma nova história, feita de perdão, maturidade e amor. Entre pais, filhos … e as cicatrizes que, com o tempo, se tornariam lições.

{…}

Mari estava na cozinha, preparando o almoço, quando ouviu o barulho da porta se abrindo. Daniela gritou um "Diego!" animado da sala, e em seguida os passos apressados dele ecoaram pelo corredor até ela.

Sem dizer uma palavra, Diego entrou na cozinha, foi direto até a mãe e a envolveu num abraço apertado. Apertado de verdade. Daqueles que apertam também o coração.

Mari se deixou levar. Fechou os olhos, sentindo o peito do filho contra o seu. Por um segundo, quis voltar no tempo, quando ele era só um menino magrelo que corria pra ela depois da escola, com o joelho ralado e os olhos brilhando.

— Eu fui ver o papai … — ele disse, ainda abraçado. — Precisei entender. Precisava saber por que ele deixou eu pensar o pior.

Ela se afastou um pouco, o suficiente para olhar nos olhos dele. Havia algo diferente ali. Maturidade. Paz, talvez.

— E você entendeu?

Diego confirmou.

— Entendi. A gente teve uma conversa boa … de homem pra homem. Ele me contou tudo, mãe. Inclusive que você nunca foi uma traidora, não aos olhos dele. Ele disse que, se existe um culpado, esse culpado é ele. Que foi ele quem te empurrou para um lugar que você não deveria estar. Que você só fez o que fez porque ele não soube ser honesto, te proteger.

Mari desviou o olhar, as lágrimas surgindo sem permissão. Mas, daquela vez, não eram só de dor.

— E sabe o que mais? — Diego continuou agora sorrindo. — Ele me ofereceu sociedade. Um percentual da empresa dele. Disse que essa é minha herança. Que acredita em mim.

Mari abriu um sorriso largo, orgulhoso. Enxugou o rosto com as costas da mão e abraçou o filho de novo, dessa vez mais leve.

— Você merece isso, filho. Mais do que ninguém.

{…}

O apartamento de Celo estava silencioso, cortado apenas pelo som suave de uma playlist instrumental que ele gostava de colocar quando precisava se concentrar. Os papéis da sociedade com o filho estavam espalhados sobre a mesa da sala: contratos, termos, cláusulas, porcentagens. Ainda se sentia mexido pela conversa com Diego, mas, naquele momento, mais do que nunca, decidido a manter o filho por perto, como sócio e como homem.

Separou os documentos que levaria ao cartório no dia seguinte e estava prestes a desligar o computador quando o celular vibrou. Na tela, o nome de Clara. Ele demorou alguns segundos para atender. Desde a semana que passaram juntos, naquela cidadezinha do interior, entre álcool, risadas e noites de prazer, não tinham se falado muito. Mas o que viveram naquele local, não foi pouco. E ficou marcado.

— Oi, sumido. — A voz de Clara veio leve, com aquele charme natural que sempre desarmava Celo.

— Clara ... que surpresa boa. Tudo bem?

— Tudo ótimo. Tô na cidade. Cheguei hoje cedo pra uma reunião e já volto amanhã. Queria te ver. Jantar? Um motel? — Ela riu debochada. — Queria um pouco da tua companhia antes de eu sumir de novo.

Celo sorriu. Sabia que Clara era assim. Direta, sem rodeios. E ele gostava disso nela.

— Achei que você fosse me ligar só na próxima viagem. — Ele brincou.

— E perder a chance de uma noite boa com você? Nem pensar.

Celo se recostou na cadeira, lembrando da última noite na edícula, do jeito que riram como adolescentes, do cheiro do cabelo dela no travesseiro.

— Bom ... tem uma artista nova na cidade, hoje. Nanda Garcia. Tá fazendo uma turnê pequena com um álbum de releituras de clássicos da MPB. “Na minha Voz”, o nome do álbum. Show intimista, voz e violão. Acho que você vai curtir. Topa?

— Eu topo tudo que envolva você, MPB e um bom vinho — Ela respondeu, com aquele tom provocante que já era dela.

— Então é um encontro. Te pego às oito?

— Estarei pronta. Te mando o endereço do hotel por mensagem.

Celo desligou o telefone devagar, com um meio sorriso. Não sabia onde aquela história com Clara ia dar — talvez em nada, talvez em alguma coisa boa. Mas naquela noite, tudo o que ele queria era viver mais um momento com alguém que, por enquanto, sabia tocar nele do jeito certo. Sem cobranças. Sem passado. Só presença.

O teatro pequeno e aconchegante estava quase lotado quando Celo e Clara chegaram. As luzes suaves banhavam as poltronas em tons quentes, criando um clima intimista. No palco, um violão já repousava ao lado de um microfone. Celo escolheu dois lugares mais ao fundo, com boa visão e uma dose de privacidade.

Clara se ajeitou ao lado dele, usando um vestido preto simples, mas elegante, com um batom cor de vinho que combinava perfeitamente com o clima da noite.

— Gosto desse tipo de lugar ... — Ela sussurrou. — Parece que a gente entra num tempo paralelo, sabe?

Celo sorriu, observando o ambiente.

— É. Aqui dentro tudo desacelera.

As luzes se apagaram por completo, e o público silenciou. Nanda Garcia entrou no palco com uma presença leve, descalça, os cabelos soltos, sorrindo como quem cumprimenta velhos amigos. Pegou o violão, agradeceu a presença de todos, e começou o show com uma releitura suave de “O Mundo é um Moinho”, de Cartola.

“Ainda é cedo, amor

Mal começaste a conhecer a vida

Já anuncias a hora de partida

Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Presta atenção, querida

Embora eu saiba que estás resolvida

Em cada esquina cai um pouco tua vida

Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor

Preste atenção, o mundo é um moinho

Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho

Vai reduzir as ilusões a pó …”

A voz de Nanda era doce, mas carregada de emoção. A cada verso, Clara fechava os olhos, como se absorvesse a música pela pele. Celo observava, encantado. Sentia-se estranhamente em paz. Aquela música parecia tocar nele também, como se falasse de despedidas que ele ainda não sabia dar.

Depois, veio “Atrás da Porta”, de Chico Buarque.

“Quando olhaste bem nos olhos meus

E o teu olhar era de adeus

Juro que não acreditei

Eu te estranhei, me debrucei

Sobre o teu corpo e duvidei

E me arrastei e te arranhei

E me agarrei nos teus cabelos

No teu peito, teu pijama

Nos teus pés, ao pé da cama”

E com ela, a emoção do público mudou. A música invadiu o espaço como uma confissão dolorida, e Clara encostou a cabeça no ombro de Celo. Ele não se afastou. Pelo contrário, entrelaçou os dedos nos dela. Mesmo que aquela não fosse uma história de amor, havia algo bonito ali, duas pessoas tentando viver bem o momento presente, apesar das cicatrizes.

Na sequência, Nanda embalou o público com “Sampa”, e o clima ficou mais leve. Clara sorriu, mexendo os ombros no ritmo da música, e Celo riu com ela. Pareciam dois amigos antigos dividindo lembranças que nunca tiveram juntos.

— Essa me lembra meu pai. — Disse Clara, baixinho, durante os aplausos. — Ele também tocava violão, só que cantava errado, mas com o maior sentimento do mundo.

— O meu me ensinou a ouvir Gal Costa, mas cantava só no banho — Disse Celo, divertido.

O show seguiu com “Sina”, de Djavan, e depois uma versão minimalista de “O Leãozinho”, que arrancou suspiros da plateia. Clara pegou a mão de Celo e, sem dizer nada, só olhou pra ele com um sorriso manso. Ele retribuiu o olhar. Era um daqueles momentos que a gente não explica. Só vive. O beijo foi inevitável, irresistível.

Quando a última música terminou, uma versão arrebatadora de “Apesar de Você”, com o público cantando em coro, Celo sentia algo dentro dele mais leve, mais solto. Não era amor o que havia entre ele e Clara. Mas era algo sincero. Um cuidado, uma companhia, uma pausa na dor.

— Quer tomar um drink antes de ir? — Ele perguntou, enquanto saíam do teatro.

— Claro — Respondeu ela, com aquele olhar de quem estava exatamente onde queria estar.

E, de mãos dadas, os dois caminharam pela calçada tranquila da noite, prontos para esticar aquela cumplicidade até o último gole. O bar ficava a poucos quarteirões do teatro. Era discreto, charmoso, com iluminação baixa e jazz instrumental preenchendo o ambiente sem atrapalhar a conversa.

Assim que entraram, Celo e Clara foram recebidos com um aceno do barman, que reconheceu Celo de visitas anteriores. Escolheram dois bancos altos, lado a lado, no balcão de madeira envernizada. Estavam de mãos dadas, rindo de algo que haviam comentado na saída do show, ainda embriagados pela leveza da música.

— Aquela versão de “Sina” … Meu Deus! Se eu tivesse escutado aquilo sozinha, teria chorado. — Disse Clara, girando devagar a taça com um martíni claro.

— Eu quase chorei com “Atrás da Porta”. Aquilo … é pra quem viveu dor mesmo. — Celo respondeu, tomando um gole de seu gim-tônica, os olhos ainda meio perdidos na lembrança da voz de Nanda.

— Você tem um jeito … denso. Mas não pesado. Gosto disso. — Clara falou, no ouvido dele.

— Isso é um elogio?

— É um baita elogio — Ela riu. — Você me escutou o tempo todo lá naquela cidadezinha. Me tratou bem. Me respeitou. Me fez rir. Isso é raro hoje em dia. Principalmente com homens que carregam tristeza nos olhos.

Celo sorriu, inclinando-se um pouco mais para perto dela.

— E você foi um respiro. Eu não esperava nada daquela semana. Só paz, introspecção. Acabei tendo uma semana incrível.

— Então vamos terminar essa noite direito. — Clara girou o corpo no banco, ficando de frente pra ele. — Quero dormir com você hoje. Relembrar.

Celo a olhou por um segundo longo. Seus olhos refletiam sinceridade, desejo, e uma ausência de cobrança que ele começava a valorizar cada vez mais. Ele apenas assentiu, pegou a carteira e deixou uma nota generosa no balcão, dispensando o troco.

— Vamos? — Disse, com a voz baixa, sem pressa.

Levantaram-se de mãos dadas, sorrindo cúmplices, e saíram do bar como entraram: alheios ao mundo ao redor.

Em uma mesa mais ao fundo, onde as luzes mal tocavam, três mulheres observavam em silêncio. Uma delas segurava o copo com força demais. Mas Celo não viu. Não naquela noite.

A entrada do prédio estava silenciosa, envolta na calmaria típica das madrugadas. Celo apertou o botão do elevador, mas logo leu o aviso colado com fita crepe na parede: “Em manutenção. Use as escadas”.

— Ótimo — Resmungou, virando-se para Clara com um sorriso enviesado. — Preparada para uma escalada?

— Se for do seu lado, sempre. — Ela disse, mordendo o lábio inferior e enlaçando o braço no dele.

Começaram a subir os degraus, rindo como adolescentes escondendo algo dos pais. A cada andar, os beijos ficavam mais demorados. Clara encostava Celo contra a parede, roubava um beijo, ria, e depois corria escada acima, puxando-o pela mão. Celo revidava, prendendo-a pelas ancas num dos patamares, sussurrando algo quente ao pé do ouvido.

— A gente vai ser expulso desse prédio. — Ele disse, ofegante, rindo.

— Só se alguém reclamar. Mas a gente tá sendo silencioso, né?

— Nem um pouco.

Eles subiram os últimos lances aos tropeços, entre risos e carícias e, quando Celo destrancou a porta do apartamento, ainda com o gosto dela nos lábios, soube que aquela noite não teria espaço para arrependimentos. Só para prazer.

O apartamento estava imerso em uma penumbra suave quando eles entraram, rindo baixo, como dois adolescentes que sabiam que estavam prestes a quebrar regras que ninguém tinha imposto. Clara tirou os sapatos logo na entrada e jogou a bolsa no sofá com um suspiro de alívio.

— Aqui tem cheiro de casa de homem que vive sozinho, mas um homem que se esforça. — Clara brincou, caminhando até a sala, observando o ambiente com um sorriso.

— Eu passo pano no chão. O que já é mais do que a maioria dos solteiros que eu conheço. — Celo rebateu, trancando a porta atrás deles e largando as chaves na bancada da cozinha americana. — Quer uma água? Um vinho?

— Vinho. Tinto. E se tiver chocolate, casa comigo. — Ela respondeu, se jogando no sofá como se já conhecesse aquele espaço há anos.

Celo riu e foi até a pequena adega que mantinha ao lado da geladeira. Pegou um Syrah, abriu com cuidado e trouxe duas taças. Clara já mexia na playlist da TV com o controle remoto, procurando algo para tocar de fundo.

— Você tem gosto musical decente. — Disse ela, encontrando uma seleção de samba jazz instrumental. — É tipo … o clima perfeito.

— Você é que tá deixando tudo perfeito. — Ele entregou a taça, se sentando ao lado dela. Os joelhos se tocaram, os ombros se inclinaram. A intimidade entre os dois era natural, espontânea. Nenhum esforço era necessário.

— Você sempre foi assim? — Clara perguntou, depois de um gole. — Calmo. Intenso. Engraçado quando quer. Misterioso quando precisa. E gentil … mesmo quando poderia ser amargo?

— Sempre … não. — Ele encarou o fundo da taça por um segundo, como quem enxergava lembranças no reflexo do vinho. — Mas estou aprendendo. A duras penas.

— Que bom. Porque do jeito que você é agora … é uma delícia.

Eles riram juntos. Ela deitou a cabeça no ombro dele, e ele pousou a mão em sua coxa descoberta pela fenda do vestido. O toque foi sutil, mas cheio de intenção. Não havia pressa. Entre goles de vinho, pequenas histórias e piadas sussurradas, a noite foi amadurecendo como uma canção bem escrita.

Quando o silêncio entre uma risada e outra se prolongou, Clara o encarou com os olhos brilhando.

— Eu ainda quero dormir com você hoje. — Repetiu, mas agora num tom mais baixo, mais carregado de desejo.

Celo se aproximou devagar, encostando a testa na dela.

— Então vem comigo.

Ele a puxou pela mão, levando-a para o quarto. A luz suave do abajur iluminava o espaço com aconchego. Ali, entre beijos demorados e sorrisos cúmplices, eles não pensavam em passado, nem em consequências. Só no momento. E no quanto era bom estar ali, juntos.

{…}

Os dias seguintes foram mais leves naquela casa onde agora três habitavam. Daniela voltou a rir alto nas refeições. Mari passou a dormir melhor. Diego, mesmo ainda com os olhos fundos de quem cresceu rápido demais nos últimos meses, começou a mostrar mais cor no rosto. A conversa era boa, organizavam a rotina, até planejaram uma pequena viagem para o feriado seguinte. Só os três.

Às vezes, Mari parava sozinha na varanda ao final da tarde, olhando o céu alaranjado. Pensava em Celo. Pensava nos dias que pareciam perdidos, no que aconteceu na formatura, na dor muda de vê-lo se afastando ... e pensava nele com outras mulheres. Aquilo ainda doía. Ainda sangrava.

Mas ele nunca pediu o divórcio. Nem tocou no assunto. Nem uma linha, uma mensagem, uma insinuação.

Meses haviam se passado. E ele seguiu a vida dele … ou tentou. Mas nunca rompeu de vez.

E aquilo, de um jeito que Mari não conseguia explicar, mantinha viva uma chama discreta no peito. Uma esperança que ela odiava sentir, mas não conseguia apagar.

Talvez fosse loucura. Ou talvez … ainda existisse alguma coisa ali. Algo esperando pelo tempo certo para florescer, se é que esse tempo viria.

Enquanto isso, ela precisava escolher viver. Um dia de cada vez. Pelo filho, pela filha. E, por si mesma também.

Naquele tempo de silêncio e reconstrução, outras mensagens chegaram. Anna tentou contato mais de uma vez. Primeiro, com uma ligação à tarde, que Mari deixou tocar até cair. Depois, uma segunda, já à noite. E mais duas nos dias seguintes.

Vieram também as mensagens:

"Mari, queria muito conversar".

"Sei que talvez não queira ouvir minha voz agora, mas ... me escuta, por favor".

"Você não precisa responder. Só queria que soubesse que estou aqui".

Mari leu. Todas. Mas não respondeu nenhuma.

Até que, numa noite especialmente quieta, já deitada, o celular vibrou novamente. Era Anna. Outra vez.

"Eu só quero entender o que restou. E te pedir perdão de verdade. Me deixa falar com você".

Mari respirou fundo, encarando a tela iluminada. E então respondeu:

"Anna, eu li todas as suas mensagens. E, honestamente, nesse momento da minha vida, na situação em que estou, prefiro me manter afastada. Estou tentando respirar de novo. Me encontrar. Me respeitar. E preciso que você respeite isso também".

A resposta veio minutos depois:

"Eu posso respeitar. Mas só se você me der uma última conversa. Um último encontro. Depois disso, eu prometo não insistir mais".

Mari apagou a tela. Ficou ali, olhando o teto, o coração apertado, mas em paz por estar colocando seus próprios limites.

Não respondeu. O silêncio era suficiente, Anna iria entender.

Era sexta-feira e, por algum milagre do destino, Mari se sentia bem. Não eufórica, nem radiante, mas bem. Os filhos estavam mais próximos, Diego até tinha feito café da manhã para ela naquela manhã, como fazia quando era mais novo. Daniela passou a tarde inteira com ela no shopping, e agora, ali, no banco de trás do carro da Luciana, Mari estava arrumada, maquiada e com um vestido que há tempos não usava.

— Você tá linda, mãe. — Daniela comentou, com um sorrisinho cúmplice.

— Obrigada, filha. Mas também … vocês duas me obrigaram a sair de casa — Respondeu, sorrindo levemente, ajeitando os cabelos.

Chegaram ao restaurante e o jantar foi leve, regado a vinho, risadas e lembranças antigas. Luciana, sempre espirituosa, fazia piada até com a sobremesa. Depois, decidiram seguir para um barzinho ali perto. Ambiente tranquilo, música ao vivo, mesas à meia luz, um pouco mais de movimento.

Sentaram-se em um canto mais reservado. O garçom trouxe os drinks, e Mari, depois de meses de lamentação e poucas saídas, sentiu-se parte do mundo. Ria das piadas, respondia às provocações da filha, até se permitiu brincar com o cantor, que insistia em olhar para a mesa delas entre uma música e outra.

— Agora sim, essa é a Mari que eu conheço! — Luciana comemorou, brindando com as duas.

Mas a comemoração durou pouco. No meio de uma gargalhada, Daniela congelou. Os olhos presos na entrada do bar.

— Mãe …

Mari se virou devagar, ainda com o sorriso no rosto. E então, ela o viu: Celo. Entrando pela porta principal, de mãos dadas com uma mulher.

Cabelos soltos, riso fácil, vestido impecável. Ela era linda. Provavelmente tinham a mesma idade. Eles pareciam íntimos. Cumplicidade em cada gesto. Mãos entrelaçadas, passos sincronizados, risos sussurrados. Sentaram-se no balcão, pediram drinks. A mulher tocou o ombro dele, e ele se inclinou, dizendo algo no ouvido dela que a fez rir alto.

Mari sentiu o estômago virar. O bar inteiro parecia ter desaparecido. As luzes, as vozes, a música … tudo ficou abafado. O ar ficou denso, difícil de puxar.

— Vamos embora? — Daniela perguntou, num sussurro protetor, mas Mari balançou a cabeça.

— Não. Tá tudo bem. — Tentou disfarçar.

Não estava tudo bem. Ela olhou de novo. Celo ria com a mulher como se o mundo não tivesse doído. Como se nunca tivesse desmoronado.

Ele não viu Mari. Não viu a filha. Estava imerso naquele momento com a mulher. Depois de poucos minutos, levantaram-se, mãos ainda entrelaçadas. Sorrisos, olhares cúmplices. Saíram como chegaram: juntos, leves, como se fossem um casal de longa data.

Mari não chorou. Não ali. Apenas permaneceu em silêncio, olhando para o copo, como se as respostas estivessem no fundo daquele drink.

Luciana respeitou. Daniela segurou a mão da mãe por baixo da mesa. Mari respirou fundo. Aquilo doeu. Doeu demais. Mas também … despertou algo. Talvez fosse a gota final. Talvez fosse o empurrão que ela precisava. Para se reconstruir de verdade. Para parar de esperar que alguém voltasse. E finalmente … seguir em frente.

Mari entrou em casa em silêncio. Daniela se manteve ao lado da mãe. Com um beijo na testa, e um olhar cheio de cuidado, ela desejou “boa noite” à filha. Mari não conseguia sorrir. Caminhou lentamente pelo corredor, entrou no próprio quarto, e, assim que fechou a porta, desabou.

O choro veio seco, bruto e profundo. Não era só tristeza, era também exaustão. Dor acumulada demais pra caber dentro do peito. Escorregou pelas paredes até o chão, abraçando os próprios joelhos. Chorou até perder a noção do tempo. Chorou pelos anos, pelas ausências, pelo amor que não morreu, mas também não vivia. Chorou por si mesma. Pela mulher que deixou de ser. Pela mulher que estava tentando reencontrar.

Quando as lágrimas secaram, ficou só o silêncio. E uma dor menos aguda. Ainda ali, mas … diferente. Como se algo tivesse se quebrado de vez. Ou talvez, tivesse começado a se encaixar.

Mari pegou o celular. Releu as mensagens de Anna. E uma, especialmente, insistia em ecoar na mente:

"Eu posso respeitar. Mas só se você me der uma última conversa. Um último encontro. Depois disso, eu prometo não insistir mais".

Ela encarou a tela por longos minutos. Depois digitou. Apagou. Reescreveu. Até que finalmente enviou:

“Anna, estou te respondendo porque eu … preciso respirar. Preciso tentar um novo caminho. Você foi parte de tudo o que aconteceu, mesmo que tenha doído. Eu aceitei me calar por muito tempo, mas acho que está na hora de falar. Uma última conversa. Nada mais. Depois disso, eu sigo em frente. E você também. Pode ser?”.

Mensagem enviada.

Mari fechou os olhos e respirou fundo. Não era força. Era tentativa. Um passo. Pequeno. Mas era um passo. Se não desse aquele primeiro passo, por mais curto que fosse, talvez nunca mais conseguisse caminhar de novo.

E talvez … aquele passo fosse o primeiro de muitos. Quem sabe?

Continua …

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Foto de perfil de Ménage LiterárioMénage LiterárioContos: 61Seguidores: 331Seguindo: 37Mensagem Três autoras apaixonadas por literatura erótica. Duas liberais, e uma mente aberta, que adora ver o parquinho pegando fogo.

Comentários

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Gente, eu estou lendo vários comentários sobre o comportamento do Celo neste capítulo. Que ele deveria ter contado para a Mari sobre o seu relacionamento com a Clara. Que deveria ter confrontado o filho, a Cora e não sei quem mais. sendo que, ele, sempre que confrontou, foi de forma reativa. Bom ... vamos as polêmicas do dia:

O Celo está sendo incoerente, nesse capítulo, com tudo o que já foi mostrado do comportamento dele ?

O Celo nao deixou clara as regras quando se separou (pela segunda vez) da Mari. Inclusive, dizendo para ela que não deveria esperá-lo?

O Celo não confrontou o filho quando esse quis subir o tom da conversa?

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Id@, tem pessoas lendo outro conto, e comentando neste.

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Eu nao acredito que seja isso. Que estão lendo outra história. Para mim, estão querendo que ele tenha um comportamento diferente. O que seria incoerente com tudo o que já foi mostrado sobre o personagem.

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O Celo não está sendo incoerente, o Celo está sendo o Celo, e isso irrita kkkkkk

Então, nesse capítulo tem um parágrafo que Mari faz uma reflexão em relação a separação e ao divórcio. Eu me apego a esse ponto. Separar no entendimento, QUE EU FAÇO, da Mari, poderia ser, vamos dar um tempo ? E o divórcio seria um, agora acabou mesmo, segue seu rumo que eu sigo o meu ?

Até que ponto para Mari, ela tem consciência de que Celo foi se testar como homem e até que ponto ela tem conhecimento de que na verdade Celo está recluso apenas analisando e tentando entender as coisas ?

Ao meu ver, Celo deveria ter falado para Mari a verdade, que ele está buscando novos relacionamentos e que encontrou um que meche com ele.

O que Mari teve durante a separação foi silêncio e fofoca.

Provavelmente ao falarar com a Ana,Mari vai ter parte da verdade, entender o pq Celo foi tentar outros relacionamentos, mas ela vai saber somente o que a Ana sabe, ela não vai saber sobre Clara.

Agora, mulher não é besta, mulher sempre tem um sétimo e um oitavo, quando não um nono sentido para essas coisas, ela percebeu que o relacionamento de Celo e de Clara, não era meramente casual né? Havia sentimento.

Isso pode ser que levante a pula atrás da orelha da Mari.

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Tenho uma colega de trabalho q o pai faleceu, e o mesmo fez um seguro de vida, mas tá uma dificuldade pra receber, pq o pai é separado da mãe a quase 40 anos, mas ainda são casados no papel, tem muita diferença entre a separação e o divórcio?

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Meu caro Osório, eu sinto muito que o Celo te irrite, mas ... é o personagem da história.

Veja bem, o SEU ENTENDIMENTO pode não estar errado, mas o Celo deixou claro para a Mari que não acredita em "dar um tempo", certo ? De outra forma, ele também não aventou qualquer hipótese de divórcio. Pelo menos, por enquanto. Ele somente se separou, pelos motivos que ele tem (sejam quais sejam) e disse para ela que "não o esperasse", que ela estava livre para seguir a vida como achasse melhor. E, ela nao tem qualquer ciência dos objetivos de vida do Celo. Isso é fato. Agora, o que pode estar passando na cabeça da Mari: ele não acredita em dar um tempo e não pediu o divórcio? Qual é a dele ?

Em contrapartida, o Celo está mesmo buscando um novo relacionamento ? Tenho certeza que a Clara mexe com ele, mas será que ele está realmente apaixonado por ela ?

Concordo que mulher tem outros sentidos (que, normalmente, o homem não tem), entretanto, ela está se baseando somente na fofoca e na visão que teve do Celo e da Clara no bar. Ela pode ter chegado a conclusão que existe sentimento entre o Celo e a mulher. Mas é uma conclusão dela, o resto ela não sabe.

Será que esse nao é o objetivo das escritoras ? fazer com que ela fique, como você disse, "com a pulga atrás da orelha".

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Nu!

Esse capítulo me deixou sem palavras, e com os olhos cheios de água. Não tive como não me colocar no lugar da Mari, tendo uma conversa dessas com minhas filhas, estou nervosa até agora.

Que capítulo foi esse, meninas!? Parabéns!

Beijão

⭐⭐⭐

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Ainda bem q minha ansiedade não tá me atacando, foram capítulos com poucos dias de intervalo.

Tomara q continue assim, ne meninas.

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Capítulo interessante, pesado, tenso, mas deu um sentimento agridoce no final

Da parte de Celo, seria bom se ele tivesse metade da característica do próprio filho, a característica da vontade de enfrentar os problemas de frente e o poder de ação, Celo errou muito ao longo da história por ser o tipo de pessoa que não consegue encarar as coisas de frente, segura muito seus sentimentos e deixa eles consumirem a sua pessoa, quando a coisa aperta e ele precisa tomar uma atitude, ele se cala, abaixa a cabeça e vai pra longe chorar. Celo ainda não aprendeu a ter uma conversa direta, não aprendeu ainda a resolver seus problemas. Reagiu sim de forma firme com o filho quando esse foi atrás dele, mas ainda sim se esconde das coisas.

Bato um pouco no Celo, pois a quanto tempo ele deixou Mari ? Ha quanto tempo ele fez Mari ruminar a informação da Cora ? E sem querer, fez ela descobrir da pior forma possível que ele se relaciona com outras pessoas. (Não só se relaciona, como ficou claro que ele demonstra sentimento por essa pessoa e essa pessoa por ele)

Celo deveria ter ido atrás da Mari e dito a ela que estava sim tendo novos relacionamentos, ele se calou como covarde quando confrontado e não teve a diguinidade de ir atrás dela e lhe dar essa informação, mesmo depois que a poeira abaixasse. Não Celo simplesmente se calou e permaneceu calado enquanto curtia suas aventuras com Clara.

Da parte da Mari, espero uma reação dela, essa já chegou ao fundo do poço e cavou uns 5 metros mais pra baixo. Ainda bem que ela foi buscar apoio com Ana no final.

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O comportamento dele é muito infantil, ele ainda não entendeu que o cobertor é curto, cobre a cabeça os pés ficam de fora, sendo assim a vida requer posicionamento, ele precisa decidir o que quer da vida e quais consequências está disposto a pagar.

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Larga de crusificar o Celo, agora ele encontrou alguém q dar oq ele quer, coisa q Mari não fazia, agora ela vai seguir seu caminho, um caminho q pode ser junto com os " amigos" liberais, um caminho q na minha humilde opinião, não é oq Celo quer.

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Mas é isso, ela tinha decidido ficar com ele e tentar junto com ele superar tudo, porque no entender dela o objetivo principal é ficar com ele mesmo que tenha de abrir mão de algo, ela entendeu e aceitou isso, já ele fica se vitimizando e ja passou da idade pra isso

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Kiquinho, ela abriu mão de q?

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Umbelina.

No caso, Mari abriu mão dela por conta do Celo.

Ela apenas esperou, não viveu, não curtiu, não evoluiu.

Ela apenas aguardou um sinal dele e nada fez para si enquanto isso.

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Por isso Celo pediu pra Ana cuidar dela, talvez celo tenha percebido q a Mari gosta desse estilo de vida, e o Celo não, ai deixou ela seguir esse caminho ou não.

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Umbelina

Não sabemos se ela realmente gosta, temos indícios de que ela poderia ser dar bem, ou pelo menos, se sair melhor que o Celo no estilo de vida liberal.

Mas aí te pergunto, o estilo de vida liberal, ele não condiz mais com a mulher do que com o homem ?

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Ela abriu mão de algo que ela gosta, como o mundo liberal para poder ficar com o que realmente é importante pra ela

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Sim, e o Celo viu isso.

Pra quem ele pediu pra cuidar da Mari?

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Kiquinho, onde você encontrou alguma referencia de que a Mari gosta do mundo liberal?

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Nas emoções que ela sentiu quando descobriu que a Ana vivia esse mundo. tive essa percepção que pode estar equivocada lógico

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Tá certo, pode ser mesmo ... ou não !!!!

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Umbelina

Deve ser crucificado sempre que for necessário.

Ele é um Homem ou um moleque ? Ele deixou uma pessoa que ama ele esperando, sem dar qualquer notícia, sem qualquer informacao, sem qualquer sinal de vida. E quanto isso foi procurar sua felicidade em outras pessoas.

E pior, soube pela própria Mari que, ela soube que ele estava tendo outro relacionamento ou pelo menos outros casos, e nem se quer conseguiu dar uma única palavra ? E deixou a Mari remoendo isso por dias ? Semanas ? Meses ?

Não é assim que a coisa funciona, tudo bem procurar se curar da suas feridas, mas tenha dignidade de olhar no olhos do outro e dizer: Sim, eu estou me relacionando com outras pessoas.

É o mínimo né ?

Sabemos da história como espectadores, mas se ponha no lugar da personagem, o que ela vai pensar ?

Uma pessoa normal não iria ao delírio da felicidade em saber que seu parceiro está lá, farreando e curtindo, enquanto se espera em casa certo ?

No lugar da Mari, eu pelo menos, pensaria: Ora porra, o desgraçadozinho está lá, trepando com todas, enquanto me deixa em casa, no fundo da fossa, o que ele pensa ? Se encontrar alguém que lhe agrade pede o divórcio e segue sua vida ? Se não conseguir ninguém, aí volta com o rabo entre as pernas e reata comigo ?

A Mari virou o que ? A reserva ? A falta de opção?

Ela não tem as informações que você tem como leitora, ela vai reagir como um ser humano que vive e sente na pele as coisas e não como alguém que está fora, somente espionando.

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Nesse ponto concordo com vc, Celo era pra ter essa conversa com a Mari, e talvez pedisse o divórcio.

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Osório, se acha q os 2 querem o mesmo estilo de vida?

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Umbelina.

Eu ainda preciso entender um pouco mais sobre a Mari e ver o que ela vai fazer por ela mesmo.

Sem ver a evolução da Mari, não posso chutar nada.

Enquanto mãe acho que ela tá indo bem, enquanto parceira e como mulher independente, ainda falta mais coisas.

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Desculpa se só eu penso assim..

Não é com um romance novo que Celo vai curar sua dor...

Ele só vai se resolver com a Mari sendo a mulher que ele sempre desejou, deixando de chorar e sendo altiva, o procurando..

Não sei o que as autoras pretendem com esse encontro de Mari com Ana...

Vamos ver

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Na vida todo mundo é substituível e o tempo tudo cura, por mais que algum sentimento ainda permaneça.

As vezes, acontece tantas coisas na vida, que quando tentamos voltar a um relacionamento do passado, descobrimos que é impossível.

Por mais que se esforce as coisas não voltam a ser como são, é um sentimento estranho.

A evolução dos personagens é necessária, mas está ocorrendo de forma separada, e ao final dessa jornada, creio eu, restará apenas as boas lembranças e a amizade, mas não o casal.

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Aiii meu coração ansioso todo dia por um capítulo novo dessa história maravilhosa.

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Olá MENINAS...

Capitulo denso, carregado de muitas dores (necessárias), mas essas dores podem trazer a cura dos corações deles dois.

Eu sinceramente não torço para que eles reatem o casamento, torço demais para que os dois voltem a ter uma vida mais feliz, mesmo que não estejam juntos novamente, torço por ela, para que ela encontre um novo caminho, uma nova oportunidade, ele esta tentando, pode ser que consiga, mas pode ser que não, quem sabe?

Uma coisa que não entendi, até talvez não seja a hora ainda...

mas porque que ele não foi atras da Cora venenosa (cobra "Coral") para tirar a limpo a intensão de tentar magoar ainda mais a Mari, ele deveria ter pelo menos falado com a Anna sobre o que a "amiga" fez, mas como eu disse talvez ainda não tenho sido a hora certa para isso.

Vou ficando por aqui.. sinceramente para mim, a história voltou a ter um sentindo em um ou dois capítulos, sinceramente achei que iria caminhar para o mais do mesmo, agora vejo que ainda bem que eu estava enganado.

Parabéns pela história.

Grande abraço

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Não sei se ele deveria ir atrás de Cora, ela é uma pessoa de índole ruim, e isso já ficou claro, além de que ela não deve nada ao casal.

Ao meu ver, Celo deveria ter ido atrás de Mari, e explicado a verdade, que sim, que experimentou e experimenta novos relacionamentos.

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3 🌟, q sigam caminhos diferentes, mas sejam felizes.

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sem palavras, essas dores estão doendo em mim e em todos que estão acompanhando essa história o cuidado da forma de narrar de vocês está fantástico, torço para que o casal se reinvente e fiquem juntos. 3 estrelas

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Capítulo perfeito! Tanto Celo como Mari já choraram demais as dores do passado, precisam olhar para o futuro, reconstruir suas vidas, descobrir que a felicidade não é dada por outra pessoa, mas fruto de uma postura otimista frente a vida e aos outros. Eu sei que é clichê, mas quem não consegue ser feliz consigo mesmo não vai conseguir ser feliz com ninguém.

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Alguns pedem a volta do casal. Já outros, acham que cada qual tem que seguir em frente, que o casamento já era. Já eu, acho que o principal é o aprendizado, a experiência. Se não aprenderem nada, juntos ou separados, vão continuar cometendo os mesmos erros e jamais irão se recuperar dos traumas ou evoluir como pessoas. Muito menos como amantes ou companheiros. Um deles já começou. Será que o outro engrena agora?

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Acredito que sim, apesar da tristeza as coisas serão mais fáceis para Mari. Diferente do Celo, totalmente inexperiente, a Mari viveu um momento de plenitude sexual na juventude e, apesar do trauma, conseguiu se soltar com Paul e até tentar se soltar com Celo após seu retiro no interior.

Esse comentário tá bem louco, o leitor dizendo para autora o que vai acontecer na história! kkk

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Mas eu acho que essa será uma questão (TB sempre tentando me antecipar, desculpa..kkk).

Só pelo fato da dificuldade que foi aceitar conversar com a Anna, já deu p ver que ela coloca um peso muito grande no que aconteceu lá na praia...e, como eu disse, p mim ela errou muito lá (duas vezes),mas o principal problema vem antes...

Ela precisa entender que esse temor de se abandonada, e isso é muito real, e acontece por inúmeros motivos...conheco pessoas que perderam a mãe bem novinhas, com meses de idade, e que não só se culpam como ainda tiveram um puta relacionamento ruim com o pai dos irmãos, sempre tendo que se sentir na obrigação de agradar e sempre com a sensação de que pode ser abandonadas, pelos marido filhos e etc...isso não é racional...

Agora imagina na história que ela sabe que novamente foi só ela começar a se "soltar" que foi "abandonada" novamente...acho loucura acharem que ela simplesmente vai conseguir voltar a se relacionar com essas pessoas com tanta facilidade, e fiquei muito, muito feliz mesmo, que teve esse espaço de tempo e um motivo tão forte para que isso acontecesse...sinal que realmente essas autoras são fantásticas.

Fica neste resposta, meu comentário sobre a história, desculpa o tamanho himerus...

Eu acho que o caráter e a sensibilidade das autoras ficou evidente nesta primeira parte, em que tanto o Celo, todo destruído (mas destruído por ele próprio), continua sendo o puta HOMEM que é...esse realmente é macho...proteger sua família e a mulher que ama ou amou, mesmo que te tenha que trazer para si o ódio dos filhos, é coisa p poucos.

E o mesmo vale para a Mari...que mulher fantástica!! Infelizmente foi para um lado um pouco ruim, pois mesmo parecendo entender, parecer não ter aceitado muito bem o fato do marido ter que se encontrar e precisar procurar outras pessoas para isso. E como previ, um pouco de mágoa e ressentimento do marido ficou latente, mas mesmo assim ele assumiu a culpa. Foi uma cena marcante e dramática...digna de toda a obra de arte que está sendo escrita.

Minhas únicas críticas (não séria eu so elogiasse, kkk) vai para o fato dela talvez demorar para se encontrar, pelo menos saber por onde prosseguir, já que a questão da sua profissão sempre precisa ser lembrada, assim como o fato de ter como melhor amigar uma terapeuta (aí talvez seja o problema? Falta de objetividade?). No caso do Celo fez todo o sentido a Ana o ajudar, até pq ninguém tinha tudo uma conversa realmente boa e honesta com ele, principalmente ouvindo, e tentando o entender...a Ana fazer esse papel com a Mari eu já não vejo muito sentido, e por isso estou ansioso por essa conversa, até pq há claramente um pouco de reserva da Mari com os "amigos" desde tudo que aconteceu.

Acho que Ana comentar o que o Celo falou o ela, não q parte dele, mas principalmente a parte que pede para a Ana a ajudar e etc importante e necessária, mas não neste momento...massss, sou apenas um leitor palpiteiro...kkk

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*...mas mesmo assim ELA assumiu a culpa.

De todos os pequenos erros que já conhecem, esse seria o principal...kkk

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Tendo um tempinho leia o primeiro capítulo da história que publiquei hoje, críticas e sugestões serão bem vindas. O título tirei de um dos capítulos iniciais de Dom Casmurro: "A Boceta de Pandora". Meus personagens principais são casados a dez anos e são liberais desde o namoro. Um casal feliz, ele por viver com o amor de sua vida, ela por um motivo diferente, um segredo que vai desestruturar o casal. Acredito que você vai gostar, eu amei escrever!

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Perfeito!!! É exatamente isso!!! Antes dele pensarem em recuperar o casamento precisam se recuperar individualmente.

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Como diz uma certo ditado " Depois de uma tempestade o sol volta a brilhar" .

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Aí ai... Tá difícil... Vou ter que ver um filme de comédia ou aventura agora...

Mais um ótimo capítulo, mas está sendo bem dolorido e doloroso... Vou ter que das 3 lágrimas na avaliação, em vez de 3 estrelas, porque tá tenso.

Isso vai ter volta... Kkkkk

Um forte abraço menin@s.

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Talvez, só talvez, a parte mais dramática e intensa tem sido concluída. Quem sabe agora, com todos "mais livres", a parte divertida e mais sexual comece?

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Será? Estou adorando, apesar dessa parte mais melancólica. Tá muito bom ler essa parte densa. Se emocionar faz parte e às vezes necessário pra poder botar os próprios sentimentos pra fora, mas mesmo assim, ainda vai ter volta... Nem que eu tenha que matar um protagonista ou algum personagem querido kkkkkk tô brincando. Um forte abraço e um ótimo final de semana pra vocês.

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Cara... Que episódio dolorido...

Excelente. Mas dolorido.

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Era necessário contar essas dores. Agora o caminho está pavimentado, e todos os personagens precisam seguir em frente. Todos tem opções para escolher.

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