Lara girou a taça de vinho nas mãos, observando o líquido vermelho deslizar pelas paredes do copo como se marcasse o ritmo da própria ansiedade. A sala estava em meia-luz, iluminada por poucas luminárias e por uma fita de LED atrás do rack, tingindo tudo com um tom âmbar suave. Do lado de fora, a cidade fazia seu barulho constante, mas lá dentro só existiam duas coisas: a respiração dela e de Thiago.
Tinham 32 e 34 anos, casados há seis, juntos há quase dez. Passaram por fases calmas, tempestades, reformas de apartamento, promoções, crises de ciúme, mudanças de cidade e de emprego. E naquela noite estavam, outra vez, prestes a atravessar uma fronteira juntos.
Lara estava no puff, pernas cruzadas, vestindo apenas uma camiseta preta larga que Thiago usava pra dormir e uma calcinha fio dental de renda vermelha que deixava as laterais à mostra. O cabelo castanho ondulado caía em ondas sobre os ombros, e os olhos verdes, mesmo de longe, queimavam de expectativa.
Thiago, no sofá, com uma bermuda de moletom cinza e nada por baixo. O volume no meio das pernas já denunciava o quanto ele estava envolvido no que viria. Barba bem aparada, peito liso, coxas fortes, aquele jeito de homem seguro que ela conhecia bem — e que adorava deixar vulnerável.
— Você tá nervoso — ela comentou, sem tirar os olhos dele.
Thiago sorriu de canto, girando a própria taça de vinho na mão.
— Eu tô… ligado. — Ele deu de ombros. — Mas nervoso é você. Tá enrolando pra começar o assunto desde a hora que sentou aí.
Lara mordeu o lábio, com um sorriso lento.
— Eu não tô enrolando, eu tô te torturando — respondeu. — É diferente.
Ela descruzou as pernas de propósito, deixando a camiseta subir mais e revelando a lateral da calcinha. Notou como o olhar dele desceu e demorou um segundo a mais do que o normal.
— Então fala logo, Lara — ele insistiu, com a voz um pouco mais rouca. — Você me mandou mensagem no meio da tarde dizendo “hoje a gente vai decidir tudo”. Tô aqui desde as oito esperando.
Ela tomou um gole de vinho, respirou fundo e foi direto:
— Eu quero marcar. Hoje.
Thiago ergueu uma sobrancelha.
— Marcar o quê?
Ela estreitou os olhos.
— Não finge que não sabe. — Deu um sorriso travesso. — Quero marcar a nossa primeira noite com outro cara. Hoje. Com data, hora, lugar. Chega de fantasia só na fala.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse revendo mentalmente todas as conversas dos últimos meses. As brincadeiras, as provocações, os “imagina se…” durante o sexo, as piadas sobre ele ser “corninho” em fantasia, as discussões seríssimas no café da manhã sobre limites, respeito, ciúme, confiança.
— Você quer de verdade? — perguntou, agora sem ironia.
Lara sustentou o olhar dele sem desviar.
— Quero. E quero que tenha tudo. Quero que você veja. Quero que você mande eu não parar e mesmo assim eu continue. Quero que você seja meu por uma noite inteira, Thiago. Totalmente meu. Sem discutir, sem fazer cara feia. Eu mando, você obedece. E ele… — ela deu de ombros, um sorriso maldoso — ele me usa.
O pau de Thiago latejou dentro da bermuda. Só a maneira como ela dizia “meu por uma noite inteira” já o deixava meio zonzo.
— E se… — ele começou, ainda se certificando — se eu travar na hora? Se eu ficar desconfortável?
Lara inclinou o corpo pra frente, apoiando o cotovelo no joelho, aproximando o rosto do dele. O cheiro doce do perfume que ela usava sempre que queria alguma coisa — aquele com baunilha e alguma coisa que ele não sabia nomear — tomou o ar entre eles.
— Se você falar “para”, a gente para — disse, séria. — Sempre. Você, eu, ele. Sem discussão. Mas se você não falar, eu vou partir do princípio que você tá aguentando. E eu não vou aliviar.
Ele sorriu, um sorriso de quem estava prestes a se atirar de um penhasco de propósito.
— Então… — Thiago respirou fundo. — O que falta decidir?
Lara se recostou novamente, girando a taça.
— Faltam três coisas: como vai ser o processo, quem eu vou escolher e qual vai ser o seu lugar na brincadeira.
— Meu lugar? — Ele riu. — achei que seria me sentindo o maior corninho da história.
Ela mordeu o lábio inferior, com os olhos brilhando.
— Não falei nada disso. Mas gostei da descrição.
Silêncio. A tensão sexual ali era quase palpável.
— Então tá — Thiago disse, finalmente. — Define o jogo.
Lara apoiou a taça ali no chão, ao lado do puff, e cruzou as pernas outra vez, como se assumisse o papel de juíza.
— Primeiro: eu escolho o cara. Você não se mete. Nem antes, nem durante, nem depois. Nada de ficar me mandando print, perfil, nada. Eu saio, eu flerto, eu conto a real, eu vejo se o cara tem cabeça boa. Se topar, eu trago a proposta pra você. Se você achar que não tem condição, a gente descarta. Mas a escolha é minha.
Thiago assentiu.
— Justo. E segundo?
— Segundo: você não toca em mim sem eu mandar, na noite do encontro. Nem um beijo. Nada. Eu mando, você obedece. Se eu quiser que você só veja, você só vê. Se eu quiser que você se ajoelhe no chão, você se ajoelha. Se eu quiser que você segure o pau dele pra mim, você segura.
O pau dele pulsa mais forte. A submissão não era o papel natural de Thiago, mas justamente por isso o fetiche vinha tão pesado.
— Ok — ele murmurou, engolindo em seco. — E terceiro?
Ela sorriu, já sabendo que essa era a parte que mais o mexeria.
— Terceiro: você vai sentir um pouco do que eu sinto quando você enfia um vibrador em mim e fica controlando o ritmo só pra me enlouquecer. — Ela levantou um dedo. — Um pouco. Não precisa ser tudo.
Ele fez uma careta, mas o brilho no olhar o entregava.
— Você quer mesmo meter alguma coisa em mim, né?
— Não “em você” — corrigiu. — Em você não. Em você, eu já meto a língua. — Ela sorriu com malícia. — No seu rabinho, eu quero colocar um brinquedo. Liso, bonito, com controle remoto. Nada gigante. só pra te lembrar, o tempo todo, que você é o meu brinquedo enquanto eu sou o brinquedo de outro cara.
O ar pareceu ficar mais denso. Thiago respirou fundo, deixou a taça na mesinha de centro e passou as mãos pelo cabelo.
— Você planejou isso faz quanto tempo?
— Desde a primeira vez que você me chamou de “minha putinha” — respondeu sem hesitar. — Ou seja, faz anos.
Ele riu alto, passando a mão no rosto.
— Você é um perigo.
— E você se casou, problema seu — ela respondeu, com naturalidade. — Então? — inclinou a cabeça. — Topa?
Thiago a olhou por um tempo. Tinha uma parte dele que queria dizer não, inventar uma desculpa, se proteger. Mas tudo o que construíram até ali — as conversas honestas, os limites claros, a confiança absurda que tinham um no outro — gritava que aquilo não era o começo do fim; era só o próximo nível de um jogo que sempre foi deles.
— Topo — respondeu, enfim. — Mas com uma condição.
— Ih. — Lara estreitou os olhos. — Vai começar…
— Uma só — ele insistiu. — Depois que a sua noite acabar, a próxima é a minha. E eu vou escolher. Você vê, você sente, e você vai ter que deixar outra chupar sua buceta se eu mandar.
Lara demorou meio segundo para responder, mas o sorriso que veio depois foi de puro desafio.
— Combinado — disse. — Você vai escolher quem vai te chamar de “safado” na minha frente.
Eles brindaram, as taças se tocando num “tlim” quase inocente diante do que tinham acabado de selar.
A Caça
Na sexta-feira seguinte, Lara se olhou no espelho do quarto e viu exatamente a mulher que queria ser naquela noite: perigosa.
Optou por um vestido curto de tecido preto colado ao corpo, sem sutiã, com um decote em V profundo na frente e um ainda mais ousado nas costas. Nas laterais, duas aberturas discretas deixavam a pele aparecer quando ela se mexia. A calcinha era um fio dental de renda vinho, com tiras finas sobre os ossos do quadril. Os saltos, pretos, estilizados com tornozeleira de metal.
Fez uma maquiagem caprichada: olhos esfumados, delineador fino, boca num vermelho fechado. Unhas das mãos e dos pés no mesmo tom vinho escuro. O cabelo, solto, com ondas marcadas.
Thiago, sentado na beirada da cama só de cueca boxer cinza, a observava com a atenção de quem vê algo sagrado e profano ao mesmo tempo.
— Vira — pediu.
Ela girou devagar, deixando o tecido subir um pouco na parte de trás, revelando mais da bunda.
— Se você sair na rua assim, alguém vai pedir pra te seguir até em casa — ele murmurou.
— É essa a ideia, né? — ela respondeu, piscando. — Só que quem eu vou levar não é qualquer um.
Ela cruzou o quarto até ele, parou entre as pernas dele e segurou seu queixo, forçando-o a olhar para cima.
— Último check, Thiago. — A voz dela veio mais baixa, mas firme. — Tá tudo bem?
Ele encostou o rosto na barriga dela, respirando fundo, sentindo o perfume, a pele quente, o leve cheiro de creme de corpo com jasmim.
— Tá. — Ele virou o rosto e deu um beijo na lateral da coxa dela. — Só tô com vontade de trancar a porta e não te deixar sair. Mas tá.
Lara sorriu, passando os dedos pelo cabelo dele.
— Então faz o contrário: deixa a porta aberta. — Ela deu mais um passo pra perto, encostando o tecido fino do vestido no rosto dele. — E deixa o celular carregado. Vou te mandar mensagem de tudo.
Ela sentiu o arrepio que correu pelo corpo dele. Virou, pegou a bolsa, conferiu o batom uma última vez no espelho e saiu do quarto.
Thiago ficou ali, sentado, ouvindo os saltos ecoarem pelo apartamento até a porta se fechar. Só então percebeu que estava prendendo a respiração. Soltou o ar devagar.
No espelho, viu o próprio reflexo: um homem forte, barbeado, com o pau duro dentro da cueca, prestes a experimentar o tipo de vulnerabilidade que sempre imaginou só como fantasia.
Pegou o celular. Minutos depois, chegou a primeira mensagem.
Cheguei no bar. Tá cheio. Já tem uns três me olhando.
Você ia ficar maluco se estivesse aqui.
Thiago deu um sorriso nervoso.
Já tô maluco.
Seguiu mais uma.
Tô de costas no balcão. Sem sutiã.
Bico do peito duro.
Tem um cara de camisa azul no canto me olhando como se tivesse pelado.
A imagem mental quase doeu. Ele se recostou no sofá, ampliando a conversa. Dali a pouco, outro aviso:
Primeiro abordou. Bonito, mas todo travado.
Já recusou a ideia só de eu dizer que sou casada.
Próximo.
Thiago riu sozinho, um riso tenso.
As mensagens foram pontuando a noite: descrições curtas de olhares, mãos que tentavam se aproximar, uma cantada péssima, um cara que parecia promissor mas surtou quando ela falou em ménage.
Até que veio uma diferente:
Achei.
Ou ele me achou.
Chama Rafael.
Sorriso de quem sabe usar a língua.
Já já eu te conto.
O tempo, dali em diante, pareceu se comprimir. Thiago imaginava cada gesto, cada toque de leve no braço, cada olhar sustentado mais tempo do que o socialmente aceitável. Seu pau respondia a cada linha.
Depois de quase quarenta minutos sem notícias, o celular vibrou.
Ele sabe de tudo.
Sabe que você existe, sabe que a gente quer jogar.
Não arregou.
Ele perguntou se você realmente aguenta ver.
Thiago apertou o aparelho.
E você respondeu o quê?
A resposta demorou só alguns segundos.
Que você é mais tarado que eu.
E que, se eu mandar, você faz qualquer coisa.
Thiago levou a mão ao rosto, uma mistura de vergonha e tesão bruto.
A gente se encontra quando?
Sábado que vem.
Suíte temática.
Espelho no teto.
Três horas de reserva.
E você, meu amor… amarrado.
O pau dele pulsou tão forte que ele precisou ajustar a cueca.
Você vai chegar em casa hoje?
Pelo menos uma vez.
Brincadeiras de Véspera
Os dias até o sábado pareceram arrastar e acelerar ao mesmo tempo. No trabalho, Thiago pegava o celular a cada intervalo, relendo a conversa, tentando antecipar as cenas. À noite, em casa, Lara não dava sossego.
Na terça, ela saiu do banheiro só de toalha, os cabelos ainda molhados, a pele brilhando. Deixou a toalha cair na frente dele sem cerimônia, revelou o corpo todo depilado, lisinho, com aquela faixa fininha de pelos sobre o púbis que ele adorava.
— Fiz o “pacote completo” hoje — ela comentou, casual, enquanto abria a gaveta de calcinhas. — Se ele quiser me comer de qualquer jeito, tá fácil.
Thiago engoliu a seco.
— Você tá impossível.
Ela pegou uma calcinha simples de algodão cinza, vestiu devagar, puxando o tecido milimetricamente para cima, de frente pra ele.
— Tô treinando pra sábado, amor. — Sorriu. — Você também devia.
— Treinar como? — perguntou, com desconfiança.
Lara pegou a gaveta de brinquedos que ficava no criado-mudo dela, tirou uma caixinha pequena ainda fechada, com plástico.
— Chegou hoje — anunciou, atirando a caixa pro lado dele na cama.
Thiago pegou. Atrás do plástico transparente, um plug pequeno, de silicone preto, com uma base arredondada e um controle remoto discreto.
— Eu sabia — ele resmungou, mas com um meio sorriso. — Você não ia perder essa chance.
— Relaxa, macho alfa — ela riu. — Não vou te arrombar na primeira. — Se aproximou, subindo na cama de joelhos, aproximando o rosto do dele. — Eu só quero você confortável com a sensação. Se a gente fizer isso direito, sábado você vai gozar com esse negócio vibrando e nem vai lembrar do próprio nome.
Ele passou a mão pela barba, fingindo ponderar.
— E você vai cuidar de tudo?
— Quando eu não cuido? — respondeu, mordendo o queixo dele com leveza. — Vira. Deita de bruços.
Ele obedeceu, ainda resmungando qualquer coisa sobre “não acredito que tô fazendo isso”, mas com o corpo claramente curioso. Lara ligou o som baixo, subiu por cima dele, sentou no bumbum dele e começou uma massagem lenta com óleo nas costas, descendo pelas lombares, pelas laterais, pelas coxas.
— Eu vou entrar — avisou, depois de um tempo, a voz suave, mas firme. — Devagar. Se doer, fala.
Lubrificante gelado, dedos experientes, paciência. Thiago sentiu primeiro um incômodo estranho, depois um formigamento intenso, depois um tipo diferente de prazer — profundo, concentrado, que parecia acender alguma coisa.
Quando ela ligou a vibração na intensidade mínima, ele prendeu a respiração.
— Porra…
— É bom? — ela perguntou, inclinando o corpo para frente e sussurrando no ouvido dele. — Imagina isso no sábado, enquanto você me vê gemer por outro cara. Você preso na cama, com esse negócio te lembrando que a noite é minha.
O pau dele endureceu ainda mais, apertado contra o colchão.
— Você é muito cruel — murmurou.
— E você adora, corninho.
Eles transaram ali mesmo, ele de bruços, ela cavalgando por cima, levando o ritmo do plug no controle remoto, aumentando e diminuindo, parando de repente, ligando de novo quando ele chegava perto de gozar, até deixá-lo implorando.
Quando finalmente deixou, ele goçou com um gemido grave, quase animal, o corpo inteiro tremendo.
— Isso foi… — ele ficou sem palavra.
— Um ensaio — ela completou, dando um beijo na nuca dele. — Sábado é a apresentação.
O Encontro
No sábado, Thiago demorou mais que o normal no banho. Não era só pela higiene; era também pra organizar a cabeça. Enxugou-se com calma, parou diante do espelho, encarando a própria imagem. A ideia de ver Lara com outro homem o deixava com ciúme? Sim. Com medo? Um pouco. Com tesão? Muito.
Vestiu uma calça jeans escura, uma camisa preta com mangas enroladas nos antebraços, tênis casual. Queria estar arrumado, mas não chamar atenção. Aquela noite, ele não era o protagonista. Era público, parceiro e brinquedo ao mesmo tempo.
Quando saiu do quarto, Lara o esperava na sala. E ele teve certeza de que, se aquela fosse a última coisa que visse na vida, morreria feliz.
Ela usava um body de renda preto, cavado, com recortes que deixavam a lateral dos seios à mostra, e por cima, um vestido de tecido fino, também preto, com fenda até quase o quadril. Os mamilos marcavam levemente o tecido. Nos pés, salto fino. No pescoço, um colar delicado.
— Falta pouco pra eu cancelar — ele confessou, meio rindo, meio sério. — Só pra não ter que dividir isso.
Ela se aproximou, segurou o rosto dele com as duas mãos e deu um beijo lento, molhado, que disse mais que qualquer discurso.
— Lembra de uma coisa, Thiago — sussurrou. — Ele vai me comer. Só que quem vai voltar comigo pra casa é você.
Ele assentiu, respirando fundo.
O motel ficava num bairro afastado, discreto. A suíte que reservaram tinha cama king-size, espelhos na cabeceira e no teto, uma poltrona erótica num canto, chuveiro com box de vidro transparente e iluminação dimmerizável.
Lara entrou primeiro, de salto, explorando o ambiente com um olhar que misturava curiosidade e profissionalismo de quem estava avaliando um palco.
— Gostei — decretou. — Tem espaço pra tudo.
Thiago trancou a porta, deixou a chave na mesinha e sentiu o estômago revirar quando o celular vibrou.
Acabei de chegar na recepção.
Lara digitou rapidamente.
Suíte 304.
Porta destrancada.
Thiago arregalou os olhos.
— Destrancada?
— Ué, você queria suspense, não queria? — Ela piscou. — Vai ser surpresa até pra gente.
Ela tirou a bolsa, colocou em cima da poltrona, foi até a cama, abriu a gaveta do criado-mudo e tirou de lá o plug e o controle remoto que trouxera na bolsa pequena. Voltou até ele, entregou o brinquedo na mão dele.
— Cueca fora — mandou. — Agora.
Ele obedeceu. A sensação de ficar pelado ali, sabendo que a qualquer momento outro homem podia entrar, o arrepiou inteiro.
Lara se ajoelhou na frente dele, abaixou a calça e a cueca ao mesmo tempo, deixando o pau de Thiago livre. Deu um beijo na glande, rápido, quase casto, depois se levantou.
— Deita de costas — ordenou.
Ele deitou. Lara pegou duas cintas de couro que estavam dobradas ao pé da cama, presas à estrutura de metal — parte do equipamento da suíte — e prendeu os pulsos dele acima da cabeça, com firmeza, mas sem apertar demais.
— A gente treinou — ela murmurou, enquanto passava o lubrificante no plug. — Hoje é pra valer.
Ele respirou fundo, sentindo aquele frio na barriga misturado com calor entre as pernas. Quando o brinquedo entrou, devagar, o corpo se enrijeceu, mas logo se adaptou. Ela ligou na mínima intensidade, deixando só um ronronado constante ali dentro.
— Se ficar demais, você me fala — lembrou. — Uma vez só. Se falar, eu tiro e acabou. Sem julgamento, sem drama. Combinado?
— Combinado — ele respondeu, a voz grave.
A campainha da suíte tocou. Um bip discreto.
Lara abriu um sorriso.
— Começou.
Sem checar com Thiago, andando com a segurança de quem estava perfeitamente no controle, ela foi até a porta e girou a maçaneta.
Rafael não era um modelo de Instagram, mas tinha algo que chamava muita atenção: postura. Altura mediana, cabelo castanho curto, barba baixa, camiseta preta simples que marcava os ombros largos, jeans escuro. O olhar dele percorreu o ambiente rápido, mas não de um jeito invasivo — parecia mais estar se ajustando.
Quando viu Thiago amarrado na cama, deu um meio sorriso.
— Oi. — Ele ergueu a mão. — Sou o Rafael.
— Thiago — respondeu, com um aceno meio sem saber onde pôr os olhos.
Lara fechou a porta e encostou, colocando uma mão no peito de Rafael.
— Entra. — A voz dela veio num tom mais baixo, ainda, que acendeu alguma coisa em ambos. — A partir de agora, você segue o meu ritmo. Se eu falar que para, para. Se eu falar que continua, continua. O resto você descobre.
Rafael assentiu, sério.
— Fechado.
Ela o puxou pelo braço até a cama, parando ao lado de Thiago.
— Olha bem pro meu marido — pediu, voltando o olhar para Rafael. — Ele tá aqui porque quer. Se em qualquer momento ele disser que tá desconfortável, a gente muda o jogo. Até lá, a noite é minha.
O plug vibrando dentro do cu de Thiago parecia sublinhar cada frase. Rafael o encarou com respeito.
— Se você pedir pra parar, a gente para — repetiu, como se fosse importante deixar claro. — Sem ego, sem orgulho.
Thiago assentiu, surpreso com o alívio que aquela frase lhe trouxe.
— Beleza.
Lara sorriu, satisfeita.
— Ótimo. Agora, pronto? — perguntou, olhando de um para o outro. Nem esperou resposta. — Vou começar.
Ela se afastou um passo, virou de costas, e, numa única vez, deixou o vestido escorregar pelos ombros e cair no chão.
O silêncio que se seguiu durou meio segundo, mas pareceu uma eternidade. O body de renda colava no corpo, desenhando os contornos dos seios, da cintura, do quadril. A fenda lateral deixava a marca da calcinha e a curva da bunda em evidência.
Rafael soltou um “caralho” quase involuntário. Thiago prendeu a respiração.
Lara se virou devagar, caminhou de volta até a cama e subiu nela, ajoelhando-se entre as pernas de Thiago, de costas para ele, de frente pra Rafael.
— Vamos deixar uma coisa clara — ela disse, olhando para Rafael, mas apertando a coxa de Thiago. — Hoje à noite, eu sou a sua putinha. — inclinou a cabeça na direção de Thiago. — Combinado?
Rafael deu um sorriso de canto.
— Combinado.
Ela se inclinou para frente e tomou a boca dele num beijo que não tinha nada de tímido. Línguas se encontraram, se reconheceram, se testaram. Rafael colocou uma mão na nuca dela, outra na cintura. Thiago assistia, o pau latejando, o brinquedo dentro dele fazendo tudo parecer mais intenso.
Quando o beijo terminou, Lara ainda segurou o queixo de Rafael com os dedos.
— O pau dele tá duro — ela comentou, sem olhar pra trás. — Deixa o corninho ver como eu tô com tesão.
Rafael riu soprando o ar pelo nariz, nada exagerado. Abriu o botão da calça, abaixou o zíper, deixou a calça descer até o meio da coxa. A cueca preta marcava um volume generoso. Ele olhou para Lara, como quem pergunta silenciosamente se podia ir adiante. Ela assentiu.
Poucos segundos depois, o pau dele estava exposto: grosso, veias aparentes, cabeça rosada. Thiago sentiu algo entre orgulho por ela, ameaça e tesão puro em ver o que iria entrar nela.
Lara não perdeu tempo. Se abaixou, passou a língua devagar da base até a ponta, olhando para Thiago por baixo dos cílios. Ele soltou um gemido baixinho.
— Gosta de ver? — ela provocou. — Gosta de ver outro pau na minha boca, amor?
Ele respirou fundo.
— Gosto… — admitiu, com a voz rouca.
Ela abriu um sorriso satisfeito.
— Então aproveita.
Chupou Rafael com vontade, alternando entre movimentos profundos e lambidas mais lentas, uma mão acariciando o saco, a outra apoiada na coxa dele. Rafael gemia baixo, olhando ora para ela, ora para Thiago, claramente se ligando na dinâmica ali.
Depois de alguns minutos, Lara parou, limpou a boca com o dorso da mão e se virou para Thiago. Subiu pelo corpo dele e o beijou, sem delicadeza, enfiando a língua, forçando-o a sentir o gosto de Rafael em sua boca.
Ele hesitou por um segundo, mas a excitação era tanta que não conseguiu resistir. Retribuiu o beijo com força, respirando pesado.
— Você é meu — ela murmurou, entre um beijo e outro. — Meu corninho obediente.
Ela então arrastou o corpo para baixo, posicionando a boceta sobre o abdômen dele, pressionando, se esfregando só o suficiente pra fazê-lo sentir a umidade através da renda. Ao mesmo tempo, aumentou mais um nível a vibração do plug em Thiago. Ele arqueou as costas.
— Puta que pariu…
— Respira — Lara aconselhou, com um sorriso. — Ainda nem comecei.
O Jogo
Lara saiu de cima dele, se ajoelhou ao lado e pegou uma camisinha no criado-mudo. Jogou o pacote pra Rafael.
— Veste — ordenou. — Mas não entra em mim ainda.
Rafael obedeceu, com naturalidade, desenrolando o látex até a base.
Lara então se posicionou de quatro na cama, de lado pra Thiago, com a bunda empinada na direção de Rafael e o rosto virado pro marido.
— Chega mais — ela chamou Rafael, rebolando devagar. — Quero você sentindo como eu tô molhada.
Thiago engoliu em seco, os olhos colados no corpo dela.
Rafael se aproximou por trás, ajoelhou-se e, em vez de já ir com o pau, abaixou o body de Lara na parte de baixo, revelando a calcinha fio dental vinho totalmente encharcada. Puxou a peça de lado e passou a ponta do dedo pela entrada da boceta.
Lara deixou escapar um gemido instantâneo.
— Isso, assim… — ela suspirou. — Chupa pra mim.
Rafael não precisou de insistência. Ajoelhou-se mais, segurou os quadris dela e grudou a boca ali, lambendo, sugando, explorando. A língua dele alternava entre o clitóris e a entrada, mergulhando, voltando, desenhando círculos.
Lara apoiou a testa no colchão por um segundo, ofegante, depois se forçou a levantar o rosto pra encarar Thiago.
— Olha aqui, amor — disse, com a voz falha de prazer. — Olha o jeito que ele tá me chupando. É isso que eu mereço.
Thiago puxou as amarras instintivamente, querendo tocar, segurar, participar. O plug vibrava numa cadência que parecia sincronizada com os movimentos de Rafael.
— Você… você tá linda — ele conseguiu dizer. — Puta que pariu.
Ela riu, ofegante.
— Ainda vai melhorar.
Depois de alguns minutos assim, Lara levantou a mão, um sinal silencioso pra Rafael parar. Ele se afastou um pouco, a boca brilhando.
— Vem pra cá, Thiago — ela chamou. — Chega mais perto.
Ele ergueu as mãos, mostrando que estava preso.
— Como, né?
Ela deu uma risadinha, levantou, se ajoelhou ao lado da cabeceira e soltou uma das cintas, libertando o braço direito dele.
— Agora chega — exigiu. — Quero sua cara bem aqui.
Thiago rolou um pouco pra lateral, aproximando o rosto da borda da cama. Lara voltou à posição de quatro, mas agora de forma que a boceta ficasse a poucos centímetros do rosto dele, e a bunda, empinada pra Rafael.
— Você vai ver tudo de perto — ela sussurrou pra Thiago. — E vai me ajudar.
Pegou gentilmente a mão livre do marido e guiou até o pau de Rafael.
— Segura — mandou. — Quero você sentindo o tamanho do pau que vai me comer hoje.
Thiago hesitou só um instante. O plug dentro dele vibrou mais forte — ela aumentara de novo, a desgraçada — e a mistura de vergonha, submissão e tesão ganhou de qualquer trava. Ele fechou a mão ao redor do pau de Rafael, firme, sentindo a textura do látex esticado, a pulsação.
Rafael mal respirou, respeitando o tempo deles.
— Agora — disse Lara, olhando nos olhos de Thiago — você vai guiar ele pra dentro de mim. Devagar.
Thiago engoliu em seco. Aproximou a ponta do pau da entrada da boceta de Lara, já aberta, brilhando. Ela gemeu só de sentir o toque.
— Isso… — suspirou. — Enfia em mim, amor.
Ele empurrou um pouco, sentindo a resistência inicial se desfazer conforme Rafael avançava. Foi guiando centímetro a centímetro, até sentir os quadris de Rafael encostarem na bunda dela.
Lara arfou alto.
— Aih… caralho… — gemeu. — Ele entrou inteiro.
Thiago prendeu a respiração, o olhar fixo no ponto de união, vendo o pau do outro homem sumir dentro da mulher que ele amava.
— Porra, Lara — murmurou.
— Agora deixa ele me foder — ela ordenou, sem tirar os olhos dele.
Rafael começou devagar, estocadas lentas, profundas, saindo quase até a ponta e entrando de novo, até o fundo. Cada movimento fazia Lara gemer de um jeito diferente. Ela apoiava uma mão no colchão, outra no ombro de Thiago, apertando, como se a presença dele fosse o fio que a mantinha ali.
— Olha pra mim — pediu ao marido. — Olha bem pra mim enquanto ele me come.
Ele obedeceu. O plug vibrando dentro dele parecia amplificar tudo. Ver a expressão dela — os olhos semicerrados, a boca aberta, o suor começando a surgir na testa — enquanto outro homem a penetrava com força era uma tortura deliciosa.
— Você tá com ciúme? — ela perguntou, entre gemidos.
Ele pensou um segundo, sincero.
— Tô com tesão — respondeu. — Ciúme também. Tudo junto.
Ela sorriu, satisfeita.
— É assim que eu gosto de você.
Rafael acelerou o compasso, as mãos cravadas nos quadris de Lara como âncoras, a pelve colidindo contra a curva da bunda dela em um ritmo que ecoava como um tambor primal. Os sons — pele estalando contra pele, gemidos roucos se entrelaçando, respirações entrecortadas — preenchiam o quarto, abafados apenas pelo zumbido sutil do ar-condicionado, como um segredo sussurrado no escuro.
Lara sentiu o orgasmo se avolumando como uma onda inevitável, rápida demais para domar, quente demais para ignorar. Apertou o ombro de Thiago com unhas que deixavam meias-luas na pele dele, puxando o rosto para perto, os olhos dela faiscando com uma urgência selvagem.
— Chupa meu clitóris, corninho — ordenou, a voz um fio de seda rasgada, sem piedade. — Agora.
Thiago não hesitou, o instinto guiando-o como um fio invisível. Aproximou a boca da boceta dela, inchada e reluzente, ainda esticada pelo pau de Rafael que a preenchia a cada investida. A língua encontrou o clitóris inchado, circundando-o com lambidas firmes, e o impacto foi imediato: a cada empurrão de Rafael, o nó de prazer roçava contra a boca de Thiago, enviando choques elétricos que faziam as coxas de Lara tremerem.
Houve momentos em que o pau de Rafael escorregava para fora, reluzente de umidade, e Lara, ofegante, pedia a Thiago com um sussurro urgente: "Coloca de volta, amor... devagar". Ele obedecia, os dedos trêmulos guiando a grossura de volta para dentro dela, sentindo a boceta se abrir e engolir tudo de novo. Nessas frações de segundo, ela jurava que ia explodir ali mesmo, o prazer se condensando em uma borda afiada, prestes a cortar.
Ela gritou então, um som gutural e cru que rasgou o ar, sem filtros ou pudores.
— Puta que pariu, Thiago! Assim... assim... não para!
Rafael não fraquejou, mantendo o ritmo impiedoso, lendo os sinais no corpo dela — a respiração que virava fúria, os músculos que se contraíam como cordas esticadas. Thiago devorava-a com a boca, chupando com uma fome que misturava devoção e desespero, lambendo o néctar dela entremeado ao cheiro salgado do lubrificante e ao látex do preservativo. O plug dentro dele vibrava sem piedade, um contraponto cruel que o empurrava para o próprio abismo, o pau latejando contra o colchão, esquecido mas vivo.
— Eu vou gozar — ela anunciou, as palavras saindo como um juramento erótico, meio ameaça, meio bênção. — Olha pra mim, Thiago. Eu vou gozar no pau dele... e na tua boca safada.
Ele ergueu os olhos, a língua ainda dançando incansável, o rosto molhado de suor e dela. Bastaram mais umas estocadas profundas, mais segundos de sucção voraz, e o mundo de Lara se desfez em estilhaços. O corpo inteiro convulsionou, um terremoto que a dobrou ao meio; as mãos cravaram no ombro de Thiago com uma força que beirava a dor, unhas marcando território. A boceta apertou o pau de Rafael em espasmos ritmados, sugando-o como se quisesse devorá-lo, e ele gemeu baixo, o som vibrando através dela. Lara gritou de novo, um uivo longo e liberador, ecoando pelas paredes como uma vitória conquistada.
Levaram segundos — ou minutos? — para o ar voltar aos pulmões dela, para o tremor ceder lugar a um pulsar exausto. Quando o nevoeiro se dissipou o suficiente, ela afastou a boca de Thiago com delicadeza, os dedos traçando linhas suaves pelos fios úmidos do cabelo dele, um carinho que contrastava com a ferocidade de instantes antes.
— Bom menino… — sussurrou. — Você foi perfeito.
Ela então fez um gesto pra Rafael parar. Ele saiu de dentro dela, respirando fundo, controlando o próprio orgasmo.
— Tira a camisinha — ela pediu, estendendo a mão.
Rafael obedeceu, entregando o preservativo usado. Ela o deixou de lado, pegou uma nova, mas não abriu.
— Ainda não — disse, com um sorrisinho malicioso, os olhos faiscando com aquela crueldade afetuosa que só ela manejava como uma arma de precisão. — Agora é a vez do meu brinquedo aqui. Meu corninho obediente, todo duro só de me ver ser usada por outro pau de verdade.
Ela se virou para Thiago, soltando a outra cinta com uma lentidão provocante, libertando-o totalmente como se estivesse desatando um laço que pretendia refazer mais tarde. Subiu sobre o corpo dele, sentando-se na altura do quadril, a boceta ainda latejando dos ecos do orgasmo, úmida e escaldante contra a pele dele. O quarto pulsava com o cheiro de suor e desejo, o ar denso como um véu que os envolvia.
— Senta — ordenou, a voz um ronronar imperioso. — Encosta na cabeceira, corninho. Quero te ver bem quietinho, assistindo enquanto eu te torturo um pouquinho.
Thiago se ajeitou, as costas colando no estofado macio, o plug ainda vibrando em um zumbido constante que transformava cada respiração em uma faísca. Ele a fitava, o pau ereto como uma súplica silenciosa, veias inchadas sob a pele tensa, pré-gozo brilhando na ponta.
Lara se ergueu devagar, puxando o body de renda por baixo com um gesto fluido, deixando-o deslizar como uma confissão abandonada. A peça ficou pendurada no pé por um segundo, antes de cair no chão com um farfalhar suave. Nua agora, o corpo suado e marcado — digitais vermelhas de Rafael nos quadris, um brilho oleoso de suor traçando a curva dos seios —, ela era uma visão de poder nu e selvagem, bela em sua entrega sem reservas.
Voltou para ele, montando no colo com uma graça predatória, mas negando-lhe o alívio que ele implorava com o corpo. Em vez disso, roçou a boceta inchada contra a glande dele, devagar, em círculos preguiçosos, deixando os lábios molhados escorregarem sobre a ponta sensível, o clitóris traçando linhas de eletricidade pura. Gemidos baixos escaparam dos dois, mas os dela eram risadinhas abafadas, vitoriosas, como se saboreasse cada tremor dele.
— Olha pra você, Thiago — murmurou, encostando a testa na dele, o hálito quente se misturando ao suor salgado. — Todo babando por mim, mas sem entrar. Você quer gozar, né, corninho? Quer me encher enquanto eu ainda tô quentinha do pau dele, cheirando a outro homem?
— Quero… — ele confessou, a voz grossa e entrecortada, sem uma sombra de defesa, só rendição crua. — Caralho, Lara… por favor.
Ela riu baixinho, o som vibrando contra o peito dele como um terremoto sutil, e o beijou devagar, demorado, a língua invadindo como se reclamasse posse. Mordeu o lábio inferior dele no fim, puxando de leve, deixando uma marca rosada que latejava como um lembrete.
— Ah, mas você é o maior corninho do mundo todo, amor — provocou, os quadris ainda dançando em atritos lentos, torturantes, o suficiente para fazê-lo inchar e pulsar, mas nunca para satisfazer. — Olha pro Rafael ali, pau duro me esperando pra me foder de novo. Daqui a pouco ele vai gozar na minha buceta, vai me encher todinha de porra quente, e aí você vai limpar tudo com essa boquinha gulosa. Vai lamber cada gotinha, corninho, porque é isso que corninhos patéticos como você fazem. Limpam a sujeira que os machos de verdade deixam na própria esposa.
As palavras dela caíam como chicotadas de veludo, queimando e inflamando ao mesmo tempo. Thiago gemeu, o corpo se arqueando contra a vontade, o plug amplificando cada roçar em ondas que o deixavam zonzo. Rafael observava de perto, imóvel como uma estátua, o pau ainda ereto e reluzente, mas paciente, deixando Lara orquestrar o espetáculo — ele era peça, não maestro.
Ela acelerou o atrito por um instante fugaz, só o bastante para sentir o pau dele endurecer mais, o pré-gozo escorrendo e se misturando à umidade dela em uma poça pegajosa. Thiago ofegou, as mãos subindo instintivamente para a cintura dela, apertando como se pudesse prendê-la ali, forçar o fim da tease.
— Isso, corninho… quase — sussurrou ela, os seios roçando no peito dele, os mamilos duros riscando trilhas de fogo. — Goza pra mim agora, vai. Mostra pro Rafael como você é fraco, gozando só de roçar na buceta que ele me abriu. O maior corninho do mundo, explodindo sem nem me foder direito.
Foi o limiar. Thiago arqueou as costas com um grunhido rouco, o pau latejando contra a boceta dela sem penetrar, os músculos se contraindo em espasmos secos, o prazer se acumulando como uma represa prestes a romper — mas ela parou. Abruptamente. Desmontou com uma risada baixa, deixando-o ali, ofegante e no fio da navalha, o pau pulsando no vazio, implorando por toque.
— Não, não — disse, lambendo os lábios, os olhos travessos. — Ainda não acabou, corninho. Agora deita de bruços. Quero brincar mais com o rabo do meu brinquedo.
Thiago obedeceu, rolando para o lado sem protesto, o corpo pesado de frustração e fogo contido. De bruços, as nádegas expostas, o plug zumbindo como um coração mecânico. Ela subiu nas costas dele, as coxas abraçando as dele como uma prisão suave, e posicionou a boceta sensível — inchada e hipersensível do orgasmo anterior — diretamente sobre o pau dele, agora latejante e exposto. Começou a roçar devagar, o calor úmido dela pressionando contra a pele sensível, cada movimento uma mistura de alívio e agonia, arrancando gemidos mistos de dor e êxtase.
— Sente isso, corninho? — provocou, inclinando-se para sussurrar no ouvido dele, o cabelo caindo como uma cascata escura. — Minha buceta tá toda aberta e molhada de ser comida. Você tá tremendo todo, né? O maior corninho do mundo, quase gozando só de sentir o cheiro de outro macho em mim. E olha… — ela aumentou a pressão, roçando mais firme, sentindo-o inchar de novo apesar da sobrecarga, o corpo traindo-o em cada espasmo. — Tá latejando pra mim. Patético. Daqui a pouco o Rafael vai me foder de novo, vai gozar bem fundo, e você vai lamber tudo, lambuzadinho de porra alheia, porque é o que você merece.
Thiago enterrou o rosto no travesseiro, gemendo alto e abafado, o pau se recuperando aos trancos contra o atrito dela, o plug vibrando em harmonia com o pulso acelerado. Ela o levou até a borda outra vez, os quadris dela traçando um ritmo hipnótico, sentindo-o pulsar e endurecer, os músculos dele se contraindo em ondas — quase lá, um gemido gutural escapando, o corpo inteiro tenso como uma corda esticada.
E então, parou de novo. Desmontou com uma graça felina, deixando-o ali, ofegante e abandonado, o pau latejando no ar frio, uma lágrima de pré-gozo escorrendo solitária.
— Ainda não, corninho — disse, com um sorriso diabólico que iluminava o quarto mais que as luzes dimmer. — Você aguenta mais um pouquinho. Agora volta pra mim, Rafael. Quero sentir você de novo, enquanto o meu corninho assiste e aprende o que é paciência.
Rafael assentiu, aproximando-se com uma calma que só acentuava o contraste, o pau endurecendo sob o olhar faminto dela. Lara se posicionou de quatro ao lado de Thiago, ainda de bruços e forçado a virar o rosto para absorver cada instante — cada detalhe como uma lição. Pegou uma camisinha nova do criado-mudo, jogou para Rafael com um gesto casual, imperioso.
— Vem — chamou, rebolando devagar, a bunda empinada como uma provocação viva. — Me fode enquanto ele implora em silêncio aí. E você, corninho — olhou para Thiago, os olhos chamejando —, fica quietinho. Daqui a pouco você limpa, mas só quando eu mandar.
Rafael obedeceu, pegando a camisinha nova do criado-mudo com uma naturalidade que só acentuava sua presença sólida. Desenrolou o látex devagar ao redor do pau ereto, o som sutil do material estalando ecoando no quarto como um prelúdio tenso. Posicionou-se atrás dela, a ponta roçando a entrada úmida da boceta de Lara, prestes a avançar centímetro por centímetro, o corpo dele tenso de contenção.
Mas Lara ergueu a mão de repente, parando-o no limiar, o toque leve mas inegociável contra o quadril dele. Virou o rosto para trás, os lábios entreabertos em um sorriso lento e perigoso, os olhos semicerrados de puro capricho.
— Espera — murmurou, a voz rouca de desejo, mas afiada como uma lâmina. — Não quero assim. Não com isso. — Ela balançou a cabeça devagar, olhando para o pau dele envolto no látex brilhante. — Tira isso, Rafael. Quero você cru, pelado, me enchendo de verdade. Sem barreiras. Sem essa porra de camisinha entre a gente.
Rafael congelou, o pau pulsando contra ela, o ar entre os corpos carregado de uma pausa elétrica. Ele a encarou, uma sobrancelha erguida em surpresa misturada a fome, mas sem questionar — o ritmo era dela, sempre fora.
— Tem certeza? — perguntou, baixo, a voz grave ecoando a preocupação genuína, mas os quadris já se inclinando para frente, como se o corpo soubesse antes da mente.
Lara riu baixinho, um som que vibrou pela espinha de Thiago como um terremoto distante, e virou o rosto para o marido, ainda de bruços ao lado, o plug zumbindo incessante em seu corpo. Seus olhos encontraram os dele, travessos e impiedosos, transformando o momento em uma lição particular.
— Certeza absoluta, corninho — disse, estendendo a mão para Thiago, os dedos crocantes de suor acenando como um gancho. — Vem cá, amor. Tira isso pra mim. Tira a camisinha do pau dele. Quero que você sinta o tamanho de verdade, que veja como ele tá latejando pra entrar na sua mulher. Vai, corninho… faz direito. Segura com jeitinho, como se fosse o teu próprio, mas sabendo que nunca vai ser.
Thiago engoliu em seco, o coração martelando no peito, uma onda de calor subindo pelo pescoço. O plug vibrava mais forte agora, ou talvez fosse só a percepção dele, amplificando a humilhação em camadas de tesão cru. Ele se ergueu devagar, de joelhos na cama, o pau dele próprio balançando semi-duro entre as pernas, sensível ao ar condicionado. Aproximou-se, hesitante por um segundo, mas o olhar de Lara — aquela mistura de comando e carinho sádico — o puxou como um ímã.
Rafael ficou imóvel, respeitoso, as mãos nos quadris dela soltas o suficiente para permitir, o pau ereto apontado como uma seta. Thiago estendeu a mão trêmula, os dedos roçando primeiro a base grossa, sentindo o calor da pele, as veias pulsantes sob o látex esticado. Era real, quente, vivo — diferente do seu, maior em presença, e a consciência disso o atingiu como um soco no estômago. Ele segurou a borda da camisinha com cuidado, puxando devagar para baixo, desenrolando o material úmido que escorregou pela extensão até cair no lençol, deixando o pau de Rafael exposto, rosado e brilhante de pré-gozo, latejando no ar como uma ameaça velada.
— Isso… bom menino — Lara elogiou, a voz um sussurro rouco, passando a mão livre pelo cabelo de Thiago em um carinho fugaz antes de empurrá-lo de volta para o lado, de bruços outra vez. — Agora assiste, corninho. Assiste ele me foder sem nada no meio. Sente o cheiro, o som… e lembra que depois você limpa tudo, gotinha por gotinha, da buceta que ele vai encher.
Rafael não esperou mais sinal. Com um grunhido baixo de alívio, posicionou-se de novo, a cabeça do pau nu roçando os lábios inchados dela, e avançou devagar, centímetro por centímetro, o atrito cru e direto arrancando um gemido longo e gutural de Lara que rasgou o quarto como um raio. Sem o látex, era mais intenso — o calor da pele contra pele, o escorregão natural da umidade dela engolindo-o inteiro, os músculos internos se ajustando ao volume exposto. Ela arqueou as costas, a bunda empinando mais, convidando-o a ir fundo, os seios balançando com o primeiro impacto completo.
— Caralho… assim — ofegou ela, os olhos cravados em Thiago, transformando cada estocada em uma confissão visual. — Sente isso, amor? Ele tá pelado dentro de mim, me abrindo todinha, me marcando de verdade. O maior corninho do mundo todo, de pau duro só de ver o amante da própria esposa me possuir cru. E quando ele gozar… ah, você vai adorar lamber, vai engolir cada jato que ele deixar aqui dentro.
O ritmo de Rafael se intensificou aos poucos, mãos firmes nos quadris dela, pele contra pele em um compasso que enchia o quarto de sons primitivos e úmidos — estalos carnais, respirações entrecortadas, o leve zumbido do ar-condicionado como um contraponto distante e irreal. Lara se inclinava para frente, beijando Thiago de lado com fome, enfiando a língua suja de gemidos na boca dele, enquanto o pau de Rafael a esticava por dentro, nu e implacável, ameaçando levá-la a outro pico. Mas ela controlava, freando com um toque sutil nas costas de Rafael, mantendo-o no limiar, assim como fazia com Thiago — ninguém gozava sem sua bênção, ninguém cruzava a linha sem permissão.
— Segura aí, Rafael — murmurou ela, ofegante, virando o rosto para ele por um instante fugaz. — Quero que o corninho sinta o quanto você tá perto, pulsando cru dentro de mim. Sente isso, amor? — voltou-se para Thiago, apertando a mão dele contra a própria coxa trêmula, os músculos flexionando a cada investida. — Ele tá latejando, prestes a encher tudo de porra quente. E você? Você fica aí, duro e vazio, o rei dos corninhos, esperando sua vez de provar o que um homem de verdade deixa na própria mulher.
Thiago gemeu contra a boca dela, o pau roçando inutilmente no lençol encharcado, o plug vibrando como um castigo eterno e delicioso. Rafael grunhiu baixo, enterrando-se mais fundo mas obedecendo ao compasso dela, o corpo tenso de contenção, suor escorrendo pela espinha em riachos preguiçosos. Lara alternava olhares entre os dois — o amante atrás, o marido ao lado —, orquestrando a tensão como uma sinfonia de negação, prolongando o prazer até que o ar parecesse crepitar de eletricidade estática, cada respiração uma faísca prestes a incendiar tudo.
— Bom… assim tá bom — sussurrou ela, por fim, desacelerando tudo com um suspiro satisfeito e predatório, o corpo ainda colado ao de Rafael, mas os olhos fixos em Thiago como uma promessa. — Ainda não, nenhum de vocês. A noite é minha, e eu decido quando explode. Mas olha só pro pau dele saindo de mim, corninho… brilhando de mim. Quase dá pra ver o quanto ele quer te dar trabalho depois.
O ritmo parou por um instante, o quarto suspenso em uma respiração coletiva, o ar carregado de umidade e expectativa. Rafael ofegava atrás dela, o pau nu ainda semi-enterrado, pulsando contra as paredes sensíveis da boceta de Lara, suplicando por liberação. Ela sentiu aquilo — o inchaço, o tremor sutil —, e um sorriso lento se abriu em seus lábios, como se lesse um segredo que só ela conhecia. Virou o rosto para ele, os cabelos úmidos colando na nuca, e apertou os quadris para trás, engolindo-o mais fundo só para ouvir o gemido rouco que escapou dele.
— Agora, sim — murmurou, a voz um fio de mel e veneno. — Goza pra mim, Rafael. Goza bem fundo, me enche todinha. Quero sentir você jorrando cru, marcando o que é meu… e do meu corninho aqui. — Ela olhou para Thiago, os olhos verdes faiscando com malícia pura. — Olha bem, amor. Olha o homem de verdade gozando na tua mulher. Daqui a pouco você lambe tudo, corninho. Cada gotinha que vazar, vai ser teu aperitivo.
Rafael não precisou de mais. Com um grunhido primal que ecoou pelas paredes, ele cravou as mãos nos quadris dela, os dedos deixando marcas frescas na pele já avermelhada, e começou a estocar com uma urgência animal, fundo e rápido, o pau nu deslizando no calor apertado dela como se quisesse se fundir ali para sempre. Os sons eram obscenos — úmidos, estalantes, a boceta de Lara sugando-o com cada recuo, o impacto da pelve contra a bunda dela reverberando como um tambor de guerra. Ela gemia alto, incentivando, o corpo arqueando para recebê-lo inteiro, os seios balançando em um ritmo hipnótico que Thiago devorava com os olhos, o plug vibrando em seu cu como um eco cruel da própria negação.
— Isso… enche ela — Thiago murmurou, sem nem perceber, a voz rouca de tesão e rendição, o pau dele latejando contra o lençol encharcado.
Lara riu entre gemidos, virando o rosto para ele por um segundo, os lábios inchados e vermelhos. — Ouviu isso, Rafael? Meu corninho tá torcendo por você. O maior corninho do mundo todo, pedindo pra você me foder e me encher. Goza, vai… faz ele engolir teu leite depois.
Foi o estopim. Rafael enterrou-se até o talo uma última vez, o corpo inteiro se contraindo como um arco esticado, e explodiu. Jatos quentes e grossos inundaram a boceta de Lara, pulsando contra as paredes internas, o excesso já ameaçando vazar com cada espasmo. Ele gemeu longo, grave, as coxas tremendo contra as dela, o suor pingando da testa para as costas dela em gotas salgadas. Lara sentiu tudo — o calor se espalhando, o pau inchando e definhando dentro dela —, e isso a levou a um pico secundário, um tremor rápido que a fez apertar os olhos e morder o lábio, o corpo se contraindo em ondas que sugavam cada gota dele.
Demorou segundos para o mundo voltar ao foco. Rafael saiu devagar, o pau amolecendo com um som úmido, deixando um rastro de sêmen misturado à umidade dela escorrendo pela parte interna da coxa de Lara. Ela desabou de lado, ofegante, o sêmen vazando devagar da boceta inchada, uma poça pegajosa se formando no lençol. Olhou para Thiago, ainda de bruços, o rosto corado e os olhos vidrados, e estendeu a mão, os dedos trêmulos mas firmes.
— Vem cá, corninho — chamou, a voz baixa e doce agora, como um vício disfarçado de carinho. — Hora de limpar tua bagunça. Lambe tudo. Prova o que ele deixou em mim… prova como eu sou tua putinha safada.
Thiago hesitou por um segundo, o corpo tenso, os olhos fixos no vazamento reluzente entre as coxas dela, uma faísca de dúvida — ou seria o último resquício de orgulho? — piscando no fundo do desejo. Mas Lara não deu espaço para recuos. Com um movimento rápido e possessivo, ela esticou a mão, pegando o rosto dele com firmeza, os dedos cravando nas bochechas suadas, forçando-o para baixo, aproximando a boca da boceta inchada como se selasse um pacto inevitável.
— Agora, amor — ordenou, a voz um sussurro rouco de comando e afeto, os olhos travados nos dele por um instante antes de empurrá-lo. — Lambe. Limpa tudo pra mim, corninho. Não me faz esperar.
Ele cedeu, a resistência se dissolvendo no calor da palma dela contra a pele, rolando para o lado e aproximando o rosto. A língua tocou primeiro a coxa, lambendo o rastro escorregadio e quente, subindo devagar até os lábios inchados. Ela gemeu baixinho, os dedos agora no cabelo dele, guiando-o com uma gentileza sádica que misturava dor e prazer. Ele mergulhou, a boca trabalhando com devoção forçada, sugando o sêmen que vazava, a língua penetrando de leve para buscar mais, misturando tudo ao calor familiar dela. Era humilhante, sujo, perfeito — o plug ainda vibrando em seu corpo como um lembrete de que ele era o brinquedo, o limpador, o corninho que limpava o que os outros sujavam.
— Isso… bom menino — sussurrou ela, as coxas tremendo ao redor da cabeça dele. — Lambe tudinho. Sente o quanto ele gozou? É tudo pra você agora. O maior corninho do mundo, bebendo a porra do amante da própria esposa. Engole, amor… engole e fica duro pra mim.
— Meu Deus, Thiago… você é perfeito assim — murmurou, os olhos brilhando. — Agora goza pra mim. Goza sabendo que da próxima vez, eu que vou te ver ser o brinquedo de outra. Vou te ver com o plug no cu, gemendo enquanto uma mulher chupa você na minha frente, e eu mando ela parar bem na beira, igual eu fiz com você hoje. Ou quem sabe a gente repete a dose com mais um cara, hein? Imagina isso, amor… você todo vulnerável, gozando pro meu prazer, e eu te provocando o tempo todo.
As palavras dela eram faíscas em gasolina. Ela o rolou de costas, subindo no colo dele com uma urgência renovada, a boceta ainda sensível roçando a glande latejante. Encaixou devagar, descendo centímetro por centímetro, engolindo o pau dele em um abraço úmido e possessivo. Thiago gemeu alto, as mãos cravando nos quadris dela, o plug amplificando cada fricção como um eco de rendição. Ela cavalgou com força, os seios quicando, o cabelo selvagem caindo sobre os ombros, os gemidos se misturando aos dele em um coro particular.
— Goza em mim agora, corninho — ordenou, inclinando-se para frente, os lábios roçando a orelha dele. — Goza na buceta que acabou de ser enchida por outro.
Foi demais. Thiago arqueou as costas, agarrando-a com desespero, e explodiu dentro dela, jatos quentes e intermináveis inundando o calor que Rafael havia marcado minutos antes. O orgasmo o rasgou ao meio, gemidos graves e animais escapando da garganta, o corpo convulsionando em ondas que pareciam intermináveis, o plug vibrando como um selo final de submissão. Lara sentiu o pulso dele, o sêmen se misturando ao resíduo de Rafael dentro dela, e isso a arrastou para um clímax suave, um tremor que a fez cair sobre o peito dele, ofegante e rindo, os dois colados em suor e essência.
O quarto caiu em silêncio por um momento, só respirações pesadas ecoando, o som abafado do ventilador do ar-condicionado e algum carro distante na rua. Rafael, ainda ali, pegou uma garrafa d'água da mesinha, oferecendo com um aceno discreto, o clima de tesão selvagem se dissolvendo aos poucos em algo cúmplice, humano.
Lara rolou para o lado, estendendo a mão para pegar a garrafa, bebendo um gole longo antes de passar para Thiago. Ele se sentou devagar, o plug finalmente desligado por ela em um gesto carinhoso, e bebeu, o corpo exausto mas leve, como se tivesse descarregado não só o sêmen, mas camadas de tensão acumulada.
— Água pra todo mundo — murmurou Rafael, com um sorriso genuíno, pegando outra garrafa para si. — Senão amanhã ninguém acorda.
Eles riram baixinho, os três, o riso quebrando o último resquício de intensidade como vidro fino. Depois de mais alguns minutos para respirar — toques casuais, comentários leves sobre o quanto o espelho no teto era "uma distração foda" —, veio o banho rápido: primeiro ela e Rafael, um chuveiro funcional sob o olhar atento de Thiago; depois ela e Thiago, mãos explorando sem urgência, lavando o suor e as marcas; por fim, Rafael solo, enquanto eles se vestiam.
O tempo da suíte se aproximava do fim, o relógio piscando como um lembrete discreto. Já vestidos, mas ainda bagunçados — camisas amassadas, cabelos úmidos —, sentaram na beirada da cama, em um silêncio confortável que falava mais que palavras.
Rafael foi o primeiro a se mexer, passando a mão na nuca, o rosto sério mas sereno.
— Obrigado pela confiança — disse, olhando para os dois com uma sinceridade que cortava o ar. — Sério mesmo. Não é todo dia que se entra num lance assim e sai se sentindo… parte de algo maior.
Lara deu de ombros, o sorriso leve agora, sem o fio de provocação.
— Obrigada por não ser um babaca — respondeu, simples. — Isso é mais raro do que devia ser. E por ter gozado tão bem… — piscou, arrancando uma risada dele.
Thiago assentiu, a voz ainda rouca.
— E por respeitar os limites. Quando a gente precisava pausar, você pausou. Isso faz toda a diferença.
Rafael sorriu, levantando-se devagar.
— Vocês são um casal foda. De verdade. Se for só essa vez, foi honraria. Se rolar mais, só avisar. Sem pressão, sem drama.
Lara se ergueu, dando-lhe um abraço curto e limpo, sem conotações além do afeto passageiro, seguido de um beijo rápido na bochecha.
— Vai com cuidado na rua — disse, sincera.
Ele acenou, pegou a jaqueta e saiu, a porta se fechando com um clique suave, dessa vez com chave. O silêncio que se seguiu foi como um suspiro coletivo, o mundo lá fora voltando aos poucos.
Lara e Thiago ficaram estáticos por segundos, como se o ar ainda vibrasse com o eco dos gemidos. Depois, os olhares se cruzaram, e a risada veio — alta, nervosa, libertadora, misturando alívio, tesão residual, orgulho e uma pitada de incredulidade.
— Então… — Lara falou, enxugando uma lágrima que rolava pela bochecha, incerta se era de riso ou de pura adrenalina. — E aí, corninho? Sobreviveu à tua própria putinha sendo enrabada por outro?
Thiago se aproximou, as mãos emoldurando o rosto dela, e deu um beijo longo, demorado, sem a urgência de antes — só profundidade, gratidão, posse recíproca.
— Sobrevivi — murmurou, encostando a testa na dela, os narizes se tocando. — E tô ferrado, porque agora toda vez que eu te olhar, vou lembrar do teu gosto misturado com ele… e do quanto eu amei limpar.
Ela riu baixinho, mordendo o lábio inferior dele de leve.
— Isso quer dizer o quê? Que na tua vez, você vai me fazer implorar pra chupar o pau de outra enquanto você me fode?
Os olhos dela brilharam.
— Tô pronta quando você estiver — garantiu, a voz um sussurro rouco. — E da próxima, eu que vou ser a corninha, e você pode mandar eu fazer o que quiser. Vai ser… épico.
Ele riu baixo, o som vibrando entre eles.
— E eu vou fazer questão de te deixar louca.
Saíram da suíte de mãos dadas, os corpos exaustos mas leves como plumas, o ar da noite os envolvendo como um abraço. No carro, a caminho de casa, as palavras foram escassas — silêncios cheios, olhares trocados no semáforo. De vez em quando, a mão dela na coxa dele, traçando círculos preguiçosos; de vez em quando, ele levando os dedos dela aos lábios, beijando como se selasse promessas.
No apartamento, Lara jogou a bolsa no sofá com um suspiro, chutou os saltos para o canto e se virou para ele na penumbra da sala, a luz da rua filtrando pelas cortinas como um véu dourado.
— Agora é só nosso — disse, os braços ao redor do pescoço dele.
Ele a puxou pela cintura, os corpos se encaixando como peças antigas.
— Sempre foi — respondeu, simples.
Beijaram-se ali, encostados na parede, sem pressa ou fome — só um fogo baixo, confortável, que queimava devagar, alimentado pela certeza silenciosa de que aquilo não era o fim de nada, mas o começo de um labirinto de desejos. Um jogo que, jogado com honestidade crua e respeito feroz, só os uniria mais, camada por camada.
Antes de irem para o quarto, de mãos dadas e pés descalços no piso frio, Lara parou na porta, virando-se com aquele sorriso travesso que sempre anunciava tempestade.
— Ah, e só pra constar: na próxima, eu quero te ver com o plug maior, de joelhos, lambendo uma buceta nova enquanto eu te fodo por trás com o strap-on. E você vai implorar por mais, corninho.
Thiago fechou os olhos, rindo resignado, o pau dando um pulso preguiçoso na calça só com a imagem.
— Eu me odeio por dizer isso, mas… eu também quero. Me faz implorar, amor.
— Ainda bem — ela sussurrou, puxando-o para dentro do quarto escuro. — Vai ficar interessante. Muito interessante.
E foi assim, entre promessas sussurradas no escuro, corpos entrelaçados na cama familiar e mentes fervendo de vislumbres futuros, que aquela noite se fechou — não como um ápice isolado, mas como o primeiro ato de uma sinfonia erótica. Um jogo que só pulsava porque, no cerne de cada fetiche e provocação, havia algo mais profundo que qualquer gozo: a certeza inabalável de que, por mais que dividissem o corpo e as fantasias, a alma — e o lar — continuavam sendo só deles.