Diário de um Corno: Esse Relato Não é Para Qualquer Um - PARTE 2

Um conto erótico de Ramon66
Categoria: Heterossexual
Contém 1554 palavras
Data: 30/12/2025 02:15:49

A sexta-feira amanheceu com um silêncio diferente. Não era mais o silêncio do tédio, mas o silêncio de um canteiro de obras. Catarina não me olhou nos olhos enquanto tomava café, mas havia uma eletricidade nova nela. Ela usava um sutiã de renda preta por baixo da blusa de seda branca que ia para o escritório—um sutiã que eu não via há anos, ou que talvez nunca tivesse visto. O contraste do preto sob o tecido translúcido era um anúncio. Uma placa de "aberto para reformas".

Passei o dia no escritório fingindo analisar o fluxo de caixa da *InvestSul*, mas meus olhos não saíam do celular. O gatilho da minha infância, aquele esconde-esconde no armário de naftalina, voltou com força. Senti-me novamente o menino de sete anos, invisível, esperando por um contato que sabia que não viria. Eu não queria que Catarina me mandasse mensagem dizendo que me amava; eu queria o relatório do dano.

Às 15h42, o celular vibrou. Uma notificação do cartão de crédito compartilhado: *Débito - Boutique L’Amour - R$ 850,00*.

Senti uma ereção instantânea e dolorosa sob a mesa de carvalho. Oitocentos e cinquenta reais em lingerie. Dinheiro que eu havia economizado para trocar os pneus do carro, agora convertido em tiras de cetim e seda que seriam arrancadas por mãos que não eram as minhas. A castração financeira, aquele meu velho gatilho de me sentir inferior aos homens que "proveem", agiu como um chicote. Eu era o provedor da estrutura, mas Matteo seria o provedor do evento.

Quando cheguei em casa, o apartamento cheirava a produtos químicos e depilação. Catarina estava no banheiro. Ouvi o som do chuveiro e, depois, o silêncio da porta trancada. Fui até a cozinha e vi a sacola da boutique sobre a bancada. Abri. Dentro, um conjunto de cinta-liga e um *body* de renda que deixava os mamilos expostos. Toquei o tecido. Era frio. Tentei imaginar o corpo dela ali dentro, mas meu cérebro, treinado pelo voyeurismo digital passivo, projetou Matteo antes de me projetar.

"André?" Ela saiu do banheiro envolta numa toalha branca. O rosto estava vermelho pelo vapor, a pele brilhando. Ela parecia dez anos mais jovem. Ou talvez fosse apenas a minha percepção, mudada pelo fato de que ela agora pertencia ao mundo.

"Vi o gasto no cartão," eu disse, tentando manter a voz neutra.

Ela parou, a mão segurando a toalha no peito. O olhar dela foi um teste. "E?"

"E que… você vai ficar linda."

Catarina soltou um riso curto, aquele mesmo riso de desprezo da noite anterior, mas agora carregado de um tesão cruel. "Ele marcou para as nove. Num bar nos Jardins. Ele quer que você vá."

"Ele sabe de mim?"

"Ele sabe de tudo, André. Ele disse que gosta de saber que você vai estar lá, assistindo, sabendo que eu sou dele por algumas horas."

A humilhação foi completa. Matteo não era apenas um amante; ele era um curador da minha destruição. Ele entendia a minha psicologia de "zelador", o meu desejo de ser a testemunha muda da morte do meu próprio ego.

### O Jantar e a Humilhação Estética

O bar era um desses lugares pretensiosos com luz de velas e coquetéis de trinta reais. André sentou-se numa mesa de canto, nas sombras, cumprindo seu papel de fantasma. Ele viu quando eles entraram. Matteo era exatamente o que André temia: quarenta e poucos anos, ombros largos que enchiam a camisa social azul marinho, um relógio que custava três meses do salário de André, e uma segurança animal que fazia o ar ao redor dele vibrar.

Catarina estava radiante e aterrorizada. O vestido preto era curto demais, apertado demais. Ela sentou-se ao lado de Matteo, e André viu, com uma clareza que o cegava, quando a mão de Matteo pousou na nuca dela, os dedos enterrando-se no cabelo castanho. Matteo não olhou para André, mas André sabia que ele estava ciente de cada olhar seu.

A conversa deles era inaudível, mas a linguagem corporal era um grito. Matteo falava perto do ouvido dela, o hálito dele provavelmente cheirando a bourbon e confiança. Catarina ria, o corpo inclinando-se para ele, os seios pressionados contra o braço dele. André, do seu canto, sentiu-se o cachorro atropelado na calçada: fascinado pela própria agonia, incapaz de desviar o olhar do fim.

O momento explícito sob a mesa começou como uma suspeita. André viu o ombro de Matteo descer levemente. Viu a expressão de Catarina mudar—o riso congelou, os lábios se entreabriram, as pupilas dilataram. Ela parou de falar no meio de uma frase. André sabia o que estava acontecendo. Matteo estava com a mão nela. Não por cima do vestido, mas por baixo. André imaginou os dedos de Matteo encontrando a renda de oitocentos reais, encontrando a umidade que ele não despertava há anos.

André baixou a mão para o próprio colo, escondido pela toalha de mesa. Ele começou a se masturbar ritmicamente, um movimento curto, escondido, enquanto via Matteo enfiar um pedaço de *carpaccio* na boca de Catarina. Ela mastigou devagar, os olhos fixos nos de Matteo, enquanto a mão dele trabalhava entre as pernas dela. O som do bar—o tilintar de gelo, as conversas banais—tornou-se o ruído branco para a sinfonia de degradação que André orquestrava para si mesmo.

### A Realidade da Carne

Eles não foram para um hotel. Matteo insistiu em levá-la para o apartamento dele—um loft duplex com janelas do chão ao teto que davam para a cidade. André seguiu no seu carro popular, mantendo distância, sentindo-se o zelador que vai limpar o escritório depois do expediente.

Matteo deixou a porta entreaberta. Um convite ou um desafio.

André entrou. O lugar cheirava a couro e sândalo. Ele ouviu os sons antes de ver as imagens. Não eram os gemidos coreografados dos vídeos que ele assistia às 3 da manhã; eram sons de esforço, de atrito, de realidade. O som de um tapa na carne. *Plaft*. E o suspiro agudo de Catarina.

Ele parou na fresta da porta do quarto. A luz estava acesa—Matteo queria que tudo fosse visto. Catarina estava de quatro na cama king-size, o vestido preto enrolado na cintura, as estrias prateadas das coxas que André tanto catalogara brilhando sob a luz halógena. Matteo estava atrás dela, ainda de camisa, mas com a calça abaixada. O pau dele era grosso, uma veia pulsante cruzando a glande úmida.

"Olha para ele, Catarina," Matteo ordenou, a voz grave, sem um pingo de hesitação. "Olha para o seu marido enquanto eu te fodo."

Catarina virou o rosto para a porta. Seus olhos encontraram os de André. Havia um brilho de ódio e de uma gratidão doente ali. Matteo entrou nela com um golpe seco. *Uhn*. Catarina arqueou as costas, as mãos agarrando o lençol de fios egípcios.

O som da penetração era visceral: *squish, squish, squish*. A lubrificação dela, misturada ao suor, criava uma sonoridade obscena que ecoava no quarto minimalista. André, encostado na parede do corredor, via os músculos das costas de Matteo se contraírem a cada estocada. Ele via o ânus de Catarina se contrair e relaxar, uma marca vermelha de mordida já aparecendo no seu ombro esquerdo.

"Ele é melhor que você, não é, André?" Matteo perguntou, sem parar o ritmo, a voz ofegante mas controlada. "Ele é mais homem que você."

André não respondeu. Ele não conseguia. Ele estava ocupado demais absorvendo a ruína estética da sua vida. Ele via Matteo puxar o cabelo de Catarina, inclinando a cabeça dela para trás para beijar sua garganta enquanto continuava a estocá-la com uma força que André jamais ousara usar. André sentiu o gosto amargo da própria insignificância na boca, e isso foi o que finalmente o fez gozar.

Ele gozou silenciosamente, a porra sujando sua própria calça social, enquanto via o homem que ele desejava ser possuir a mulher que ele não sabia como amar.

### O Residual Amargo

A cena final daquela noite não foi o sexo, mas o "clean up". Matteo terminou, gozando nas costas de Catarina—uma corda branca e densa que escorreu pelas estrias que André tanto conhecia. Matteo limpou-se com um lenço descartável, vestiu a calça e olhou para André com um desprezo clínico.

"Ela é boa," Matteo disse, acendendo um charuto, ignorando as regras de não fumar de André (que agora não valiam nada). "Mas ela está vazia. Você a esvaziou, André."

Matteo saiu do quarto, deixando os dois ali. Catarina continuou deitada de bruços, ofegante, o cheiro de Matteo impregnado nela. André aproximou-se da cama. O zelador voltando ao trabalho.

Ele pegou uma toalha úmida. Começou a limpar as costas dela, removendo o sêmen de Matteo com movimentos lentos e cuidadosos. Catarina não se mexeu. Ela apenas fechou os olhos.

"Você gostou?" ele sussurrou.

Ela demorou a responder. "Eu me senti viva pela primeira vez em anos. E eu odeio você por isso."

André continuou limpando. Ele sentiu o peso do silêncio ruidoso do seu passado—o armário de naftalina, o presente trocado, a janela do vizinho. Ele tinha o que queria: era a testemunha ocular do seu próprio funeral. E, enquanto limpava a prova do prazer de outro homem da pele da sua esposa, ele sabia que a enciclopédia ilustrada da sua infância finalmente tinha se tornado real. Ele não tinha o videogame, mas tinha a descrição perfeita de como era jogar.

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