Onde o mar nos levou - Capítulo XXXIV

Um conto erótico de Rafa & Caio
Categoria: Gay
Contém 3320 palavras
Data: 27/12/2025 06:40:11

Capítulo XXXIV — Onde o mar nos levou de novo!

Rafa narrando...

O sol se inclinava sobre o horizonte quando voltamos à praia. A mesma, aquele pedaço de areia onde tudo começou, onde a confissão de um “eu te amo” mudou nossas vidas para sempre.

O vento trazia o cheiro salgado do mar misturado à lembrança viva de quem fomos e, de algum modo, ainda éramos.

Caio segurava minha mão com firmeza. Os passos dele eram lentos, como se cada grão de areia fosse uma lembrança. E talvez fosse mesmo.

Eu respirei fundo, sentindo o peito arder de emoção. O som das ondas me lembrava de tudo que tínhamos atravessado: o medo, a dor, o amor que resistiu.

— É estranho, né? — ele disse, quebrando o silêncio, com a voz embargada. — Voltar aqui depois de tudo.

— Estranho... e necessário. — respondi. — Aqui foi onde eu entendi o que era amar de verdade.

Caio olhou pra mim, os olhos marejados refletindo o reflexo do mar.

— Eu lembro de cada palavra, de cada toque, de como o sol batia no seu rosto naquele dia.

— E de como você me olhava — completei. — Como se o mundo inteiro coubesse nos seus olhos.

Ele sorriu, um sorriso pequeno, mas cheio de significado.

Nos sentamos na areia, lado a lado, e o silêncio se estendeu de novo, mas dessa vez era leve, sereno. O tipo de silêncio que fala.

— Eu sonhei com esse dia, Rafa — ele confessou. — Sonhei com a gente voltando pra cá, livres. Eu só não sabia se um dia aconteceria de verdade.

— Aconteceu. — toquei o rosto dele, sentindo o calor da pele. — A gente sobreviveu, Caio. O amor sobreviveu.

Ele encostou a cabeça no meu ombro, e ficamos assim por um tempo, só ouvindo o barulho do mar.

— Eu me culpei tanto... — disse baixinho. — Me culpei por cada briga, por cada palavra atravessada, por não ter te protegido quando devia.

— Ei... — interrompi, virando o rosto dele pra mim. — Você foi o que me manteve vivo lá dentro. Pensar em você era o que me fazia aguentar. Não se culpe mais.

— Mas e você? — perguntou, com a voz trêmula. — Você se perdoou?

— Acho que sim. — sorri de leve. — Quando te vi de novo, eu percebi que a culpa não podia mais morar em mim. Que eu precisava escolher viver.

O sol já tocava o mar, e os raios dourados refletiam nas lágrimas que escorriam do rosto dele.

— Eu te amo — ele sussurrou, encostando a testa na minha. — Mais do que eu consigo dizer.

— Eu também te amo — respondi, a voz quebrando no meio. — E dessa vez, é pra sempre.

Nos beijamos. Lento e intenso, como um recomeço.

A brisa passou entre nós como se o tempo voltasse a respirar.

Quando o beijo se desfez, Caio se levantou, tirou do bolso uma pequena concha e colocou na minha mão.

— Achei isso aqui na semana passada. Guardei porque me lembrou da gente. As ondas levam, mas sempre devolvem o que é de verdade.

Olhei pra concha e sorri.

— Então, acho que o mar decidiu nos devolver.

Ficamos de pé, de frente pro oceano. Ele me abraçou por trás, o queixo encostado no meu ombro.

— Lembra o que você me disse da primeira vez que viemos aqui?

— Que o amor não é pra quem tem medo. — respondi, sorrindo.

— Então, a gente venceu o medo.

A maré subia, molhando nossos pés. O horizonte era um espetáculo de cores: dourado, laranja e lilás.

Fechei os olhos e senti o vento tocar o rosto, como se o universo dissesse em silêncio que tudo, enfim, estava no lugar.

— A gente passou pelo inferno, Rafa — ele disse baixinho. — Mas olha pra nós... a gente ainda tá aqui.

— O amor sempre volta pra casa, Caio. E o nosso é o mar.

Ele riu entre lágrimas, e eu o abracei mais forte. Naquele instante, não havia dor, passado, nem feridas. Só o som das ondas, o cheiro de liberdade e dois corações que, mesmo depois de tanto, ainda batiam juntos, firmes, inteiros e prontos pra viver.

O sol mergulhou por completo no horizonte, e o último reflexo dourado do dia se perdeu entre as águas.

E ali, naquele fim de tarde de verão, o mar nos levou de novo. Mas dessa vez... pra sempre.

Caio estava com um sorriso sacana no rosto. Me olhou e me comeu com os olhos.

— Bora pro mirante, amor?

— Agora?

— Sim. Quero te mostrar algo.

Ele nem esperou eu responder e me pegou pelas mãos. Andamos descalços pelas areias da praia e caminhamos uns vinte minutos ou menos, entre beijos, abraços e promessas.

O mirante parecia mais alto do que antes. Talvez porque, agora, não fosse só o mar que se estendia lá embaixo, mas também tudo o que tínhamos sobrevivido. O vento batia contra nossos rostos, quente e úmido, misturando o cheiro do sal com o da liberdade.

Caio caminhava ao meu lado em silêncio. Os pés descalços tocavam o chão de pedra, e o som do mar preenchia o ar como uma oração antiga. Quando chegamos ao ponto mais alto, ele parou, respirou fundo e me olhou com uma expressão que misturava paz e saudade.

— Foi aqui, lembra? — ele perguntou baixinho. — O lugar onde você disse que me amava pela primeira vez.

Assenti, sentindo um arrepio percorrer meu corpo.

— E onde eu prometi que seria seu pra sempre. — minha voz saiu rouca. — Acho que cumpri, né?

Caio sorriu de leve, os olhos brilhando.

— Mesmo quando o mundo tentou arrancar isso da gente.

O silêncio caiu entre nós, mas era um silêncio cheio de coisa viva. Um silêncio que dizia “estamos aqui”.

Ele se aproximou, devagar, até que eu senti o calor do corpo dele tocando o meu. O toque foi simples, a ponta dos dedos roçando meu braço, mas me atravessou por inteiro.

— Eu esperei tanto pra te sentir de novo, Rafa. — disse ele. — Pra te tocar sem medo.

As palavras dele me desmontaram. Toquei o rosto de Caio com as duas mãos e o puxei pra perto, os olhos fixos nos dele. O tempo pareceu parar quando nossas bocas se encontraram. O beijo não era urgente, mas profundo.

Era um beijo de volta pra casa.

As mãos dele subiram pelo meu pescoço, pelos meus ombros, e eu podia sentir cada centímetro da pele dele reagindo à minha. Era como se o corpo inteiro falasse, como se dissesse “eu lembro de você”.

Nos sentamos sobre a blusa azul que ele trouxera, a mesma de quando tudo começou. O tecido era macio sob nós, e o vento bagunçava o cabelo dele de um jeito que me fez sorrir.

— Você ama essa blusa, né?! — perguntei, com um sorriso no rosto.

— Guardo o que tem a tua história. — respondeu. — E essa blusa tem a primeira vez que te vi sorrir de verdade. Tem sua essência, amor.

Fiquei em silêncio por um instante, olhando o mar lá embaixo.

— Eu achei que nunca mais fosse ver esse céu, Caio.

— Eu também. — ele respondeu, encostando a testa na minha. — Mas Deus foi generoso com a gente.

As palavras se perderam, e o que restou foram os gestos.

Os dedos dele percorreram minha pele com cuidado, como quem redescobre algo sagrado.

A maneira como ele me tocava não era desejo puro, era reverência, um agradecimento silencioso por ainda estarmos ali.

Cada respiração se misturava a do outro. Os corações batiam num mesmo compasso, e o mundo inteiro parecia distante. O vento envolvia nossos corpos, e o calor do entardecer grudava em nossas peles, desenhando pequenas faíscas de luz onde o sol se despedia.

Deitamos sobre a blusa azul. O céu estava tingido de rosa e dourado, e as nuvens se moviam lentas, como se o universo soubesse que devia dar espaço pra nós.

Caio deslizou os dedos pelo meu peito, e eu segurei a mão dele, apertando de leve.

— Sabe o que eu mais amo em você? — ele perguntou, num sussurro.

— O quê?

— Que, mesmo depois de tudo, você ainda acredita no amor.

Respirei fundo, tentando conter a emoção.

— Eu acredito porque encontrei o amor em você, Caio. E quando a gente encontra, não tem volta.

Ele me olhou por um tempo, em silêncio. Aquela troca de olhares tinha mais verdade do que qualquer palavra. O toque de nossos corpos era o fio que ligava passado e presente... o elo entre o que fomos e o que estávamos aprendendo a ser.

O sol já se punha por completo. A luz dourada deu lugar a um azul profundo, e a primeira estrela surgiu no céu. Caio passou a mão pelo meu rosto, pelas cicatrizes que o tempo deixou.

— Cada marca sua conta uma história — ele disse, com a voz trêmula. — E eu amo todas elas.

Fechei os olhos. O toque dele era como um bálsamo sobre a alma. Era ali, na pele dele, que eu reencontrava a paz que a vida tinha levado. O mar rugia distante, como uma testemunha silenciosa daquilo que renascia.

Ficamos assim por um tempo: entre beijos, carícias e sussurros. As respirações se tornaram lentas, sincronizadas, e o mundo parecia girar só pra nós.

Não era luxúria. Era amor que pulsava, vivo, presente, inteiro.

Quando finalmente paramos, o silêncio voltou a nos envolver. O vento soprou mais suave, e eu senti a brisa passando entre nossos dedos entrelaçados. Caio repousou a cabeça no meu peito, ouvindo meu coração.

— Tá ouvindo? — perguntei.

— Tô.

— É o som de alguém que viveu pra te amar.

Ele riu, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

— E vai me amar até quando o mar parar de existir.

Olhei o horizonte. A lua já refletia na água, iluminando nossas silhuetas. E naquele instante eu entendi que não havia mais nada a temer, que o amor não era sobre eternidade, mas sobre presença.

Caio levantou a cabeça e me olhou.

— Eu quero que esse momento dure pra sempre.

— Ele vai durar — respondi, passando o polegar pelo canto dos lábios dele. — Aqui dentro.

Ficamos abraçados por muito tempo, sentindo o vento, o cheiro do sal, o som do mar. Tudo em volta parecia respirar junto conosco.

E quando o silêncio se fez absoluto, percebi que o amor não precisava provar mais nada.

A vida podia tentar nos afastar mil vezes, mas sempre haveria um ponto de reencontro, um mirante, um mar, um pôr do sol.

Ali, deitados sob a lua nascente, compreendi que nosso amor tinha deixado de ser sobrevivência pra se tornar algo maior.

Era fé. Era promessa. Era cura.

Fechei os olhos e sussurrei contra o cabelo dele:

— A gente é o que o mar devolveu ao mundo, Caio.

Ele sorriu.

— E o mar nunca devolve o que não é verdadeiro.

Nos beijamos mais uma vez, leves, inteiros, certos.

E foi assim que o amor se refez, entre o som das ondas e o céu aberto, onde a liberdade e o afeto finalmente se tornaram uma coisa só.

Fomos embora, a noite foi intensa. Fizemos amor no quarto e nos entregamos um ao outro. Definitivamente, nos entregamos sem reserva. A noite foi embora, o sol nasceu devagar, derramando luz pelas frestas das cortinas.

A claridade entrou silenciosa, atravessando o quarto e se espalhando sobre os lençóis amassados, sobre nossos corpos ainda entrelaçados, sobre o cheiro de mar e saudade que permanecia no ar.

Caio dormia com a cabeça apoiada no meu ombro, o rosto sereno, os lábios entreabertos. Por um momento fiquei apenas observando, o peito subindo e descendo, o ritmo lento da respiração, os cabelos bagunçados tocando meu queixo.

Era bonito demais ver a paz dele ali, tão perto, depois de tudo o que vivemos.

Passei a mão com cuidado pelo cabelo dele, sem querer acordá-lo, e sussurrei baixinho:

— Que bom que você ficou...

Ele se mexeu, murmurou algo indecifrável, e depois abriu os olhos, piscando contra a luz.

— Hm... tá cedo? — perguntou, sonolento.

Sorri.

— O sol acabou de nascer.

Ele bocejou, alongando os braços, e me olhou com aquele sorriso preguiçoso que sempre me desarma.

— Bom dia, amor.

— Bom dia — respondi, encostando os lábios na testa dele.

Ficamos alguns minutos em silêncio, ouvindo o barulho distante das ondas. O mar estava logo ali, visível pela varanda, e parecia brilhar mais do que nunca. Caio se levantou, enrolado no lençol, e foi até a janela. Abriu as cortinas por completo, deixando o quarto se encher de luz.

— Eu amo esse lugar — ele disse, olhando o horizonte. — A gente devia ficar aqui pra sempre.

— E quem disse que não podemos? — retruquei, me levantando também. — Às vezes, o para sempre tá em continuar, mesmo que o endereço mude.

Ele riu, virando-se pra mim.

— Poético, hein?

— A culpa é sua. Você me deixa assim.

Nos abraçamos por trás, e fiquei ali, com o rosto encostado no pescoço dele, sentindo o perfume da pele e o calor da manhã se misturando.

Depois de um tempo, Caio se virou, ainda rindo.

— Vem, vou fazer café.

— Você vai fazer café? — provoquei. — Milagre!

— Não exagera. Eu sei pelo menos ligar a cafeteira.

Rimos juntos e fomos pra cozinha, ainda descalços, ainda meio sonolentos. O apartamento pequeno parecia mais vivo, como se cada canto respirasse conosco. O cheiro de café logo tomou o ar, e Caio cantarolava alguma coisa desafinada enquanto procurava as xícaras.

— Canta mal, mas é bonito de ver — comentei.

— Pelo menos sou bonito, né? — ele respondeu, piscando.

Sentei-me na bancada e fiquei só observando. A luz do sol batia na pele dele, deixando o bronze mais acentuado. Havia uma leveza nos gestos que eu não via fazia tempo.

— Sabe — ele começou, servindo o café —, quando eu pensei que te tinha perdido, achei que nunca mais ia conseguir sorrir de verdade.

— Eu também achei — respondi, pegando a xícara que ele me estendeu. — Mas olha pra gente agora.

— É... — ele disse, sentando-se à minha frente. — A gente sobreviveu.

Bebemos o café em silêncio por um tempo, só o som das ondas e das gaivotas lá fora nos acompanhava.

Depois, ele me olhou com um brilho curioso.

— O que vai ser da gente agora, hein? — perguntou. — Quero dizer... o futuro. A vida.

Sorri de leve, já esperando por isso. — Engraçado, eu ia te perguntar a mesma coisa.

Ele riu, mas depois ficou sério.

— Eu quero construir algo com você, Rafa. Uma vida de verdade. Sem medo, sem segredos. Quero casar, quero planejar as coisas...

— Casar? — perguntei, fingindo surpresa. — Tá me pedindo em casamento de novo, é isso?

— Depende. Você ainda tem a aliança?

Fiquei em silêncio por um instante e mostrei o anel que ainda usava no dedo.

— Nunca tirei.

Os olhos dele se encheram de lágrimas, e ele se levantou pra me abraçar.

— Eu te amo tanto, Rafael.

— Eu também te amo, Caio. Mais do que qualquer coisa.

Ficamos abraçados por longos minutos, o tempo escorrendo lento. Quando nos afastamos, ele ainda tinha os olhos marejados.

— E o que a gente vai fazer agora? — perguntou, tentando disfarçar a emoção.

Peguei a pasta que estava sobre o balcão e coloquei diante dele.

— Sobre isso... eu preciso te contar uma coisa.

— Ih... lá vem — disse, meio rindo, meio desconfiado. — O que você aprontou dessa vez?

— Nada ruim, eu prometo. — Abri a pasta e tirei alguns papéis. — Ontem à noite, antes de dormirmos, eu recebi uma ligação da minha mãe.

— Sua tá bem presente, né? Ainda bem, ela é o máximo.

Sorri.

— Ela é meu porto seguro.

— O que ela disse?

— Ela quer que a gente trabalhe nas empresas Santos Montenegro.

Caio arregalou os olhos.

— O quê? Como assim “a gente”?

— Ela acha que chegou a hora de nós dois assumirmos um papel lá dentro. Disse que o conselho já aprovou, e que a empresa precisa de gente de confiança, de valores, sabe?

— Rafa... — ele murmurou, balançando a cabeça. — Mas eu não tenho nada a ver com isso. A empresa é da sua família, não da minha.

Respirei fundo, sentindo o coração apertar.

— É aí que você se engana.

Ele me olhou, confuso.

— Como assim?

— Eu passei uma parte das minhas ações pra você. —Falei devagar, deixando as palavras encontrarem o peso que mereciam.

Caio ficou em silêncio. O olhar dele se perdeu por um instante, como se o cérebro precisasse processar o que tinha acabado de ouvir.

— O quê? — ele perguntou, por fim, com a voz falhando. — Como assim passou parte das suas ações?

— Eu fui ao cartório, autorizei tudo legalmente. Não só ações — continuei. — Também te incluí nas propriedades, nos investimentos, em tudo o que é meu.

— Rafael, não... — ele balançou a cabeça, visivelmente abalado. — Você não podia fazer isso.

— Podia, e fiz.

— Mas por quê?

— Porque eu quero dividir absolutamente tudo com você. — disse, firme. — Tudo, Caio. A vida, o futuro, o que eu sou e o que eu tenho. Eu não quero um amor que dependa de condições. Quero um amor inteiro, onde a gente seja dono do mesmo sonho.

Caio passou a mão pelo rosto, tentando conter as lágrimas.

— Eu... eu não acredito que você fez isso. — a voz dele era quase um sussurro. — Você é louco, Rafael.

— Louco por você, talvez. — respondi, sorrindo de leve. — Mas foi uma decisão pensada. Eu vi o quanto você lutou por mim, o quanto ficou ao meu lado quando todo mundo duvidava. Eu quero te dar o que eu tenho não por obrigação, mas porque você é parte disso. Parte de mim.

As lágrimas começaram a cair, uma a uma, silenciosas.

Ele se levantou, veio até mim e segurou meu rosto com as duas mãos.

— Você não precisava fazer isso pra eu saber que te amo.

— Eu sei. Mas eu precisava fazer isso pra que o mundo também soubesse.

O abraço que veio depois foi demorado.

O corpo dele tremia contra o meu, e eu sentia o coração batendo rápido, misturado com o som do mar lá fora.

— Eu não mereço tanto, Rafa... — ele murmurou, entre soluços.

— Claro que merece. Você é o que há de mais certo na minha vida.

Caio respirou fundo, tentando se recompor.

— E agora, o que a gente vai fazer com tudo isso?

— A gente vai trabalhar juntos. — falei. — Mostrar que amor e negócio não se excluem. Que dá pra ser parceiro em tudo. Mamãe quer que a gente comece pela filial do litoral. Vai ser o primeiro projeto dos “dois herdeiros”, como ela disse.

Ele riu, enxugando as lágrimas.

— Herdeiros... nunca imaginei ouvir isso na minha vida.

— Pois é. E você acha que eu ia deixar meu futuro sem o seu nome nele?

— Você é impossível. — respondeu, sorrindo. — Mas... eu aceito. Não pelas ações, nem pelo dinheiro. Eu aceito porque quero continuar construindo tudo com você.

— É tudo o que eu queria ouvir.

Caio se levantou e foi até a varanda. Ficou olhando o mar, respirando fundo. A luz dourada do sol batia nele, e eu pensei que nunca tinha visto nada tão bonito.

— Rafa... — ele disse, sem se virar. — Sabe o que eu aprendi com tudo o que a gente viveu?

— O quê?

— Que amor não é só ficar. É cuidar. É decidir ficar, mesmo quando o vento muda de direção.

Fui até ele, abracei por trás e encostei o queixo em seu ombro.

— E eu decidi. — murmurei. — Por você, pelo que a gente é, pelo que ainda seremos.

Ele virou o rosto e me beijou, devagar.

Foi um beijo calmo, cheio de promessas que não precisavam ser ditas.

— Então é isso — ele disse, com um sorriso suave. — Casamento, empresa, vida nova...

— E um café que precisa ser refeito, porque já esfriou. — brinquei.

Rimos juntos. Aquele riso que vem de dentro, leve, sincero, como quem finalmente respira depois de tanto tempo debaixo d’água.

— Eu te amo, Caio.

— Eu te amo, Rafael. E agora é pra sempre.

O sol continuava subindo, e a cidade despertava lá fora, mas dentro daquele apartamento, o tempo parecia ter parado.

Tudo ali, o cheiro do café, o som das ondas, os corpos próximos, diziam que recomeçar era possível.

E que, às vezes, o amor mais bonito nasce justamente depois que o mundo tenta acabar com ele.

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Foto de perfil de T. Lys. RT. Lys. RContos: 36Seguidores: 5Seguindo: 3Mensagem "Escrevo com o coração em carne viva, transformando dor, amor e redenção em capítulos que sangram poesia — onde cada palavra carrega o peso da verdade e o alívio da esperança."

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