Ela me via só como amigo - Cap. 2

Um conto erótico de runo (por Carlos_Leonardo)
Categoria: Heterossexual
Contém 3920 palavras
Data: 06/11/2025 08:21:53
Última revisão: 06/11/2025 08:33:11

- Como é que é? – Minha mãe deu uma gargalhada histérica por tempo suficiente para me deixar irritado e envergonhado – Eu não sei o que foi pior: você escolher Jornalismo por causa dela ou ficar chocado por ver um casal de namorados... transando.

- Droga! Eu sabia que não deveria ter falado nada – Me levantei e caminhei em direção ao meu quarto – Não sei porque a senhora insiste em saber das coisas se nunca me leva a sério – Entrei e bati a porta com força, trancando-a em seguida.

Deitei-me na cama, tentando esfriar minha cabeça. Pouco tempo depois, minha mãe veio e bateu na porta, chamando minha atenção.

- Bruno, posso entrar? – Sua voz parecia mais doce agora – Vai, meu filho, me deixa entrar. Por favor? – Deixei-a falando sozinho, não me movi – Não fica assim. Eu não sorri à toa, juro. Eu só quero que você entenda que toda essa situação é uma bobagem e você está fazendo tempestade num copo d’água. Eu não quero que você sofra por algo que não merece.

Para ela, podia ser bobagem, mas para mim, não. Foram anos alimentando algo platônico para ser reduzido a algo sujo. Ou melhor, a algo cruelmente fascinante. Meu romantismo estava se dilacerando, mas meu cérebro voltava incessantemente ao som da voz dela chamando-o de 'safado'.

- Filho? – Ela ainda batia na porta, mas agora com suavidade – Me responde, filho. Só para eu saber se você está bem – Ainda não respondi – Olha, eu entendo que deva ter sido um choque e lamento que você não tenha amigos para desabafar. Agora você entende porque me preocupava com o fato de você não ter amigos, né? Amigos são bons para essas horas. Mas veja, além de ser sua mãe, eu sou sua amiga também e eu sempre vou estar ao seu lado, tá bem? – Ela deu um suspiro profundo – Vou deixar você se acalmar mais, mas, por favor, só me diz um OK para eu ficar tranquila. Pode ser?

- OK – Falei relutantemente e ela saiu cumprindo o que ela mesma tinha combinado.

Depois que ela saiu, tentei relaxar para dormir, mas minha mente não parava. Não sei quanto tempo passei virando de um lado para o outro da cama, mas cheguei a um limite de tédio que me fez ir para o meu computador.

Checando meus e-mails, vi que minha mãe tinha me mandado um com vários links de vídeos do YouTube. “Acho que esses vídeos podem te ajudar de alguma forma”, dizia o corpo do e-mail. Cliquei em alguns links e os temas eram variados: relacionamentos modernos, o que fazer quando se está com coração partido, educação sexual, como flertar com uma mulher, o que as mulheres gostam na cama, etc. Senti-me infantilizado. Se minha mãe achava que eu precisaria aprender tudo aquilo, só mostrava o quanto eu estava distante de me comparar com alguém como o Vitor. E esse pensamento me irritou profundamente. Esses vídeos ficariam para depois. Ficar no computador não tinha sido uma boa ideia. Desliguei-o e voltei para a cama. O sono ainda demorou a vir, mas eventualmente veio.

A aula seguinte à festa me deixou com ansiedade sobre como ficaria minha relação com Wanda. Porém, se para mim, muita coisa havia mudado, para ela, nada mudou. Ela não fez nada de diferente do que já fazia antes. Ela continuou assistindo às aulas ao lado de Vitor, interagindo com o mesmo carinho fofo de sempre, muito diferente da selvageria que vi naquele quarto. No intervalo, ela conversava com as amigas enquanto via Vitor jogar basquete. E sobre eu fazer Jornalismo e ser a parceria dela na faculdade? Zero comentários. Isso me deixou arrasado, mas procurei não demonstrar. Eu esperava que ela tomasse a iniciativa, mas ela nunca o fez.

Tamanho descaso dela, do meu ponto de vista, me fez pensar em desistir da ideia de fazer Jornalismo e focar no curso de Economia. Como me interessava cada vez mais por investimentos, resolvi me inscrever para o vestibular de Economia na FGV, um dos melhores do país. É uma faculdade particular, mas minha mãe tinha me dito que dinheiro não seria problema para pagar a mensalidade. Minha mãe ficou feliz com minha decisão, mas perguntou-me sarcasticamente porque não fiz a inscrição para Jornalismo na USP.

- Era só uma brincadeira, lembra? – Retruquei.

- Lembro, mas acho que você deveria tentar mesmo assim.

- Não quero. Não é minha praia.

- Como não? Escrever em grandes portais sobre investimentos pro público leigo é algo inovador para um país com tanta pouca gente investindo.

- Ah, mãe, isso foi só uma desculpa que inventei na hora. Não faz nem sentido.

- Para mim, começou a fazer.

- Você tá me zombando?

- Claro que não. Olha, siga o conselho da mamãe. Inscreva-se também em Jornalismo na USP. Pelo menos, você terá um plano B. E... – Minha mãe me deu um sorriso malicioso – você pode encontrá-la lá.

- Não me importo com ela – falei revirando os olhos.

- OK! – agora ela deu aquele sorriso despreocupado que odeio – Isso é o de menos. O foco mesmo é você se formar. Já pensou, Bruno? Você formado por duas faculdades diferentes: Economia e Jornalismo. Sei que será capaz.

- Não sei se tenho pique para isso.

A conversa plantou uma sementinha em meu coração. Impressionante como mães conseguem o que querem. No último dia de inscrição, meu nome estava lá como postulante a uma das vagas de Jornalismo na USP, assim como o de Wanda.

E veio o vestibular, fiz as provas e fui aprovado para os dois cursos. Na lista de aprovados em Jornalismo, vi que Wanda também passou. Por um momento, fiquei feliz, mas minha expectativa de que ela me procurasse depois não se concretizou. Aquela conversa que tivemos na festa sobre sermos parceiros parecia uma miragem agora. Pensei em me matricular apenas para Economia, mas minha mãe – mais uma vez ela – me convenceu a fazer a de Jornalismo também. E eu que me virasse para conciliar os horários. Então, concebi a ideia de ver como seriam as primeiras semanas de aula e depois, quem sabe, trancar a USP, focando apenas na FGV.

No primeiro dia de aula no Jornalismo, eu cheguei atrasado. Entrei na sala de aula com ela em andamento, mas não consegui passar despercebido do professor que caçoou de mim, ao lembrar que atrasos na faculdade não funcionavam como na escola. A turma riu de mim, deixando-me vermelho. Sentei-me no fundão tentando prestar atenção no professor enquanto procurava Wanda naquela turma imensa, mas não a vi. “Ótimo”, eu pensei, “talvez ela tenha desistido”. Já começava a considerar que aquela seria minha primeira e última aula naquele curso. Cada vez mais me convencia que meu foco deveria ser Economia.

No intervalo, eu estava no pátio analisando minha turma e percebi o quanto me sentia deslocado daquele lugar. Um nerd perdido no meio de tanta gente eloquente e desinibida, um peixinho fora d’água. Decidi que toda aquela loucura “já deu o que tinha que dar”. Me levantei para ir à coordenação do curso para trancar minha matrícula. E foi então que eu a vi vindo em minha direção. Wanda.

- Enfim te encontrei – disse ela, com um sorriso gigante de satisfação no rosto.

- Eu não sumi – retruquei, dando um sorriso também, mas tímido.

- Até o último momento, pensei que você não estaria nesse curso.

- Por que? Eu tinha te dito que faria.

- Ah, para, Bruno – o “para, Bruno” me trouxe aquelas lembranças - Você sempre foi o melhor em matemática, o que poderia fazer aqui no curso de Jornalismo?

- Ah, entendi seu questionamento, mas também estou fazendo Economia na FGV.

- Duas faculdades? Uau! Como você consegue?

- Bom, estou tentando. Espero que me ajude aqui no curso, você parece levar muito mais jeito que eu.

Wanda não me respondeu de imediato, me dando um sorriso contido, com seus olhos penetrando os meus, como se quisesse procurar a verdade por trás daquelas palavras. Confesso que estremeci um pouco, me senti como se estivesse me desnudando e ela descobrindo todas as minhas intenções.

- Claro que eu ajudo, né? – ela me deu um tapinha no braço – Pode contar comigo. E eu espero que me ajude também. Vai ser bom ter você nessa nova caminhada. À propósito, me passa teu contato.

Nos dias seguintes, ficamos próximos. Víamos as aulas lado a lado e no intervalo, conversávamos bastante, mas quase sempre sobre o curso e o futuro profissional. Ela não desviava muito desses assuntos, não parecia interessada no que eu era além dali e também ela não dava aberturas sobre sua vida pessoal. Por mensagens, a conversa era limitada a troca de artigos e de conteúdos sobre as aulas e Jornalismo de uma forma geral. Eu também não forçava além disso, talvez por receio. E isso me deixava com um sentimento misto: por um lado, apesar de tudo, ficava feliz pela atenção que ela estava me dando, parecendo realmente uma parceria, mas por outro, chocado pelo que ela é na intimidade, sem deixar transparecer a ninguém. Muitas vezes me pegava pensando se ela vinha para a faculdade marcada pelo sêmen do Vitor.

As semanas passaram e Wanda passou a interagir com outras meninas também. Duas delas ficaram mais próximas: Larissa e Renata. Larissa era uma morena muito bonita, mas não tanto quanto Wanda. Já Renata era mais desleixada, inclusive com a aparência. Formávamos um quarteto e até um grupo de mensagens fora criado para reforçar isso. Elas dominavam o grupo com seu papo de meninas e eu, mais retraído, me limitava a interagir apenas quando o assunto envolvia o curso.

Já na metade do primeiro semestre, Larissa nos convidou para a calourada de Jornalismo, que seria na própria USP. Wanda e Renata se empolgaram com a ideia.

- Fazer faculdade e não ir a uma calourada? Eu vou com certeza – Wanda disse, empolgada.

Eu disse que não ia e expliquei que não curtia festas, além de ter matérias para estudar em Economia também, o que era verdade. Sim, eu continuava nessa loucura de conciliar as duas faculdades. As meninas, porém, insistiram bastante. Wanda me mandou uma mensagem privada em uma tarde da noite para me convencer.

- Vamos, amigo – A palavra “amigo” me pegou de jeito – Vai ser legal e mesmo que você se sinta deslocado, o Vitor estará lá. Vocês poderão fazer companhia um ao outro.

“Não, Wanda. Eu não quero a companhia do Vitor e você não entende, pelo visto”. Ainda bem que a conversa era por mensagem, assim não tinha como ela perceber minha cara de desgosto. Por outro lado, digamos que fiquei aliviado por, aparentemente, ela não perceber minhas reais intenções nisso tudo.

- O Vitor ficou contente com a ideia de você ir – ela continuou – Lá, vocês poderão ficar conversando também, colocando os papos em dia. E, olha, eu prometo que não deixarei você sozinho. Então, vamos?

- Tá bom. Irei.

No dia da calourada, um sábado qualquer, não recebi qualquer mensagem de Wanda ou das meninas confirmando se eu iria ou não. Devido a isso, eu tinha até desistido de ir, mas, como sempre, minha mãe me convenceu a ir. É impressionante o poder que ela tem sobre mim. Acabei indo de táxi e cheguei ao local cerca de duas horas depois da festa ter começado.

Não demorei muito para encontrar Wanda, Vitor, Larissa e Renata interagindo alegremente, com copos de bebida na mão. Fui recebido com entusiasmo, o que me deixou um pouco constrangido.

Não dando tempo de me situar no local, as meninas começaram a cochichar entre si e rapidamente saíram, dizendo que iam pegar bebida para mim, mesmo eu protestando e dizendo que não bebia e estava bem com isso. Vitor riu.

- Acho que elas estavam esperando você chegar para saírem juntas.

- Mas por que? – perguntei, confuso.

- Ora por que, Bruno. Pra fofocar, na certa – Vitor falou com desdém – Vem, vamos dar uma volta, vamos ver o que é que tem por aqui.

Sem outra alternativa, fui segundo Vitor. Ele ia criando seu próprio caminho dentre uma infinidade de pessoas curtindo a festa. Em alguns momentos, ele parava, observava o ambiente como se procurasse algo e voltava a andar. E eu, como se fosse um cachorrinho, o seguia. Comecei a pensar “o que é que eu vim fazer aqui”?.

De repente, ele encontrou um amigo que estava acompanhado de mais outros dois caras. Esse amigo se chamava Gustavo e pelo que entendi, também fazia Direito, mas estava em semestres mais avançados. Eles começaram a conversar sem se importar comigo. Sequer fui apresentado a eles. Me senti deslocado e frustrado. Pareceu que minha presença foi o elo necessário para que Wanda e Vitor pudessem se separar na festa. “Que irônico”, pensei.

Não fiquei muito tempo ali, afinal, tenho um pouco de amor próprio. Resolvi andar para acalmar a chateação crescendo dentro de mim e, aos poucos, fui percebendo o óbvio: aquele local, esse tipo de festa, não era para mim. Era hora de ir embora. Se me perguntassem porquê, responderia que estava com algum mal estar ou que minha mãe me ligou com alguma emergência familiar.

Quando avistei Vitor para me despedir, parei um pouco atrás, sem que ele me visse, pois a conversa dele com o Gustavo era, no mínimo, interessante.

- Tu tá vacilando por continuar namorando, cara – argumentava Gustavo – Tu vai passar 5 ou 6 anos na faculdade, sempre vai ter festas, meninas a rodo, e elas estão cada vez mais loucas, cada vez mais querendo aprontar, sem compromisso, só pelo prazer e pelo sexo. Isso é bom demais pra não aproveitar, cara.

- Cara, eu fico doido de vontade com isso, mas... eu gosto muito da Wanda, temos planos, e ela confia demais em mim.

- Eu entendo e valorizo isso, mas veja, você é novo, cara. Você já quer ficar preso com essa idade, sem aproveitar o que a vida tem a te oferecer? Eu te garanto, irmão, essa é a melhor fase da tua vida. Depois, você vai se arrepender de não ter estado solteiro.

- Não sei, cara – a confusão na face de Vítor era nítida.

- Ou então – Gustavo aproximou-se do ouvido de Vitor, mas consegui escutar – Você faz tudo escondido e torce pra sua namorada nunca descobrir.

Vitor se virou para Gustavo e antes que pudesse retrucar com algo, as meninas chegaram inesperadamente, com Wanda pulando em cima de Vitor. Foi engraçado ver eles disfarçando e agindo como se nada demais tivesse acontecido. Wanda me viu e me chamou para perto deles.

- Que foi, Bruno? Tá perdido? – Ela me questionou – Vai ficar parado aí? Vem pra cá.

- Não, nada, tinha ido no banheiro. Voltei agora. – Menti.

- Toma – Larissa me estendeu um copo, intrometendo-se no meu campo de visão com Wanda – tá aqui sua bebida.

- Eu já te disse que não bebo.

- Para de besteira, tudo tem uma primeira vez – Ela retrucou.

- Vamos lá, Brunão – Agora foi a vez de Vitor tentar me convencer, parecendo amigável – Vamos beber, cara. Já vou aproveitando pra pegar mais copos em sua homenagem, por ser um parceiraço da minha namorada – Ele virou-se para ela e a beijou com volúpia, me deixando com um sorriso amarelo.

– Vou com você, amor – Wanda respondeu, saindo abraçada com ele.

Fiquei observando-os ir. Aquela cena deles se afastando me pareceu familiar. Os carinhos trocados, o sorriso roubado, o jeito malicioso como gesticulavam, o suspiro que ela deu quando ele falou algo em seu ouvido, estava na cara que aprontariam algo. Isso não deveria ser da minha conta, mas senti exatamente o contrário. Um frio subiu pela minha barriga e uma vontade urgente se apoderou de mim. Não consegui ficar parado e saí atrás dele. O que quer eles fossem fazer, eu precisava saber. Eu precisava ver.

Eles se afastaram da festa, caminhando em direção a um estacionamento que eu nem sabia que existia. Lá estava escuro, mas conseguia ver os dois caminhando e se beijando, se grudando cada vez mais, as mãos lutando para explorar o corpo do outro, ambos alheios ao que acontecia ao redor. Eles se encostaram num carro e ficaram numa posição mais reservada. Ele, de costa para a porta do passageiro, e ela, de frente, abraçada a ele, de pontas de pé, o que deixava sua bunda bem arrebitada.

Eles trocavam beijos lascivos, profundos. Quando paravam, pareciam falar sacanagens pois os sorrisos em sequencia eram maliciosos, carregados de desejos profanos. Então, ele a surpreendeu com um tapa no rosto. Meu coração errou a batida por um momento. Senti-me compelido a ir até lá e protegê-la dessa grave violação. Eu esperava uma reação de discordância da parte dela, incisiva, mas o que vi foi uma expressão de tesão, de subserviência, de submissão, de permissão para que ele fizesse o que quisesse. E veio outro tapa seguido dele apertando seu queixo e seus lábios, o que a fez revirar os olhos como da primeira vez, arfando e dando outro sorriso diabólico depois dele falar algo. E voltaram a se beijar, com mais urgência ainda.

De repente, ela se abaixou, ficando de cócoras, tirando o zíper da calça dele, liberando o membro avantajado, aquele que a deixa marcada desde os tempos de escola. Sem o menor pudor, ela abocanhou com vontade. Sua cabeça indo para frente e para trás, num ritmo alucinante, com uma maestria de quem faz aquilo regularmente. Ele arfava forte, cabeça inclinada para cima, uma de suas mãos pousando delicadamente no seu cabelo, fazendo um pequeno carinho. Passaram um bom tempo assim e eu, de coração acelerado, estava ficando… excitado.

Ele se aprumou para frente e segurou sua cabeça com as duas mãos, na altura das orelhas, enquanto ela colocava as duas mãos para trás. E então ele começou a foder sua boca, com vontade. Agora, era a vez dela arfar, engasgar, babar bem muito. Ele tirava um pouco, deixava ela respirar, mas logo voltava para sua boca com toda virilidade. Era impressionante como tudo aquilo entrava até sua garganta e mesmo parecendo sofrer, ela parecia ansiar por mais. E ele não se fez de rogado e continuou movimentando até gozar em sua boca. O seu grito de prazer deu para escutar de onde eu estava. Me tremendo, enquanto eles apreciavam aquele período pós gozo, eu me abaixei para que não conseguissem me ver. Na minha calça, meu membro duro a marcava de uma forma obscena. Abaixe-me um pouco para respirar. Depois saí dali e fui para um canto mais distante, me encostando num carro até me acalmar.

Fiquei refletindo um pouco sobre tudo que tinha visto: o desprezo do amigo de Vitor quanto ao namoro até o sexo oral dele com Wanda, a minha cada vez menos princesa da Disney. Num momento, Vitor foi aconselhado a não manter o namoro e no outro, estava literalmente fodendo a boca dela. Eu deveria avisá-la do péssimo amigo do Vitor? Tentando enxergar por uma perspectiva maior, Wanda me via como amigo ou eu era apenas um plano B enquanto ela não se enturmava por completo com a turma do Jornalismo? Aos poucos fui me acalmando e concluindo que, no fim das contas, nada daquilo era problema meu. Eu não tinha mais nada o que fazer naquela festa, já tinha tido informação demais. Fui para casa.

O platonismo que sentia por Wanda estava sendo quebrado aos poucos. Sentia-me como se tivesse perdido o encanto por ela. Sendo mais preciso, era como se eu tivesse desacreditado do amor puro e verdadeiro. Nas semanas seguintes, tentei me afastar dela. Sentei distante nas aulas, ignorei o grupo de mensagens e nos intervalos, inventava algo urgente para fazer na coordenação. Ela me questionou se estava tudo bem e eu disse que sim, o que a fez desencanar rapidamente. Eu não gostei dessa indiferença. Pensei que ela valorizaria minha ausência, que me procuraria. O que fui percebendo aos poucos, porém, é que ela estava cada vez mais enturmada com os outras pessoas da turma. Então, o plano B aqui já não era mais importante. A parceria, pelo visto, só era necessária no começo. Agora, ela parecia demonstrar que conseguiria trilhar pelo curso sozinha.

No último mês do primeiro semestre, porém, aconteceu algo que mudaria tudo. Wanda faltou por uma semana inteira. O grupo de mensagens estava silencioso. Até mandei um “oi”, todas leram, mas nenhuma respondeu. Cheguei a mandar uma mensagem privada para Wanda, mas ela me ignorou. Na semana seguinte, ela reapareceu, mas sua fisionomia era completamente diferente. Seu rosto denotava desconforto e desânimo, com pouca ou nenhuma maquiagem, seu cabelo amarrado num coque desajeitado e sua roupa, desleixada. Não era a Wanda que eu conhecia. Ela sentou distante de mim e das amigas. No intervalo, procurei me aproximar dela, mas mal deu tempo de falar algo.

- Wanda, aconteceu algo? – Perguntei rápido, antes que ela fugisse – Sim – Ela respondeu com a mesma pressa que teve para sair de perto de mim e ir para sabe-se lá onde.

Procurei Larissa e Renata, mas só achei a segunda. Quando perguntei se ela sabia o que tinha acontecido com Wanda, ela me respondeu:

- Você não sabe? Pensei que vocês dois fossem amigos – Ela me questionou com curiosidade.

- E somos, eu acho – Respondi, mas a incerteza na minha fala era perceptível.

- Então – Renata continuou, dando de ombros – o que soube é que o Vitor terminou o namoro. Ele disse que não queria se amarrar num relacionamento agora.

- Sério? Por isso que ela está assim… tão distante.

- Ela ama o Vitor, cara. Estranho seria se ela não tivesse sofrendo.

- Eu sei, mas ela está distante até de nós.

- Pera lá, você se afastou primeiro, né? Nunca entendi o porquê. Quanto a nós, a realidade é que... – Ela engoliu em seco – Quer saber, deixa pra lá, não é da minha conta. Só saiba que há um motivo para ela se afastar de nós... da Larissa, principalmente.

- Da Larissa? Não entendi. Por que?

- Não posso, Bruno. Juro por Deus que não posso! Não é da minha conta, mas... pergunte a Wanda. – Renata irritou-se, afastando-se de mim. Também não insisti.

Aquela vibrante e empolgada Wanda tinha mudado para alguém pragmática e sem emoção. Ela entrava muda e saía calada da sala de aula. Nos intervalos, sumia e isso me intrigava. Eu a procurava por diversos lugares do Campus, comprometendo inclusive as próximas aulas que deveria assistir, mas não a encontrava. Eu já considerava a hipótese dela desistir da faculdade, o que deixou meu coração apertado.

Certo dia, eu estava destinado a resolver esse mistério. Quando deu o intervalo, eu resolvi segui-la a distância. Ela caminhava roboticamente, parecendo estar a esmo, mas logo ficou claro para onde ela estava indo. Uma biblioteca mais distante do nosso bloco, mas ainda dentro da USP. Ela foi para um andar mais elevado, sentou-se numa mesa e ficou parada, olhando a paisagem, sem qualquer outra reação digna de nota. De tempos em tempos, ela passava uma das mãos no rosto, provavelmente limpando alguma lágrima. Era nítido que o término do namoro a afetava profundamente.

Pensei em me aproximar, levar palavras de conforto, mas lembrando de sua última reação comigo, tudo indicava que ela queria ficar sozinha, realmente. Procurei respeitar, mas algo dentro de mim não queria aceitar isso. Eu não queria deixá-la assim. Por um momento, esqueci a outra face da sua personalidade e lembrei da princesinha que sempre idealizei e que agora precisava ser protegida, amparada e amada. Mesmo sem obrigação nenhuma, senti um senso de responsabilidade por ela e comecei a pensar em formas de me aproximar sem que desrespeitasse seu espaço e seu momento. Foi aí que me lembrei de algo, um vício inocente que ela tem.

Continua...

Espero que gostem. Desde já, ficarei grato com qualquer comentário, crítica ou elogio. Próximo capítulo em alguns dias.

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Comentários

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Boa Carlão

Conto muito bem escrito .

Sempre falei que vc escreve super bem .

Mano , quem nunca se apaixonou pela menina mais linda fã faculdade ou da escola ?

O protagonista é tímido e apaixonante , adorei esse personagem

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Apesar de achar que as coisas não vão acabar bem para nosso protagonista. Pelos comentários de nosso amigo Carlos no conto do Gui. Sei que ele não gosta de protagonistas cornos mansos, e que se ele torce para um final bom para o Gui lá, confio que ele não vai fazer nosso menino aqui que já sofreu até que bastante (por idiotice própria, convenhamos), se ferrar no final.

Até aqui, ótimo conto.

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Conto é bom,boas histórias,tem sempre algo rolando. Mas o personagem central é um pouco irritante. Confessa coisas a mãe que ninguém comentaria; vive em função de um amor platônico; obcecado em ser voyeur;uma hora nutre sentimentos genuínos,noutra quer bancar o durão. Ainda assim,impossível adivinhar o que vem pela frente,o que dá ao relato uma boa imprevisibilidade.

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Velho, torço pelo protagonista mas essa história tá me lembrando um filme que não termina bem pro principal...

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Qual filme?

Mas também tô com a impressão de que não vai acabar bem para ele. Pois me lembra muito o que aconteceu com um colega de faculdade meu.

Ele era apaixonado por uma garota da nossa sala. Ela namorava já fazia alguns anos. Pegou o namorado traindo e terminou com ele. Aí meu colega chegou junto e eles começaram a namorar uns 3 ou 4 meses depois do término dela. Nisso estávamos no 4 semestre. Eles namoraram até o 9 semestre, quando ela traiu ele com o ex. Aí o cara ficou depressivo e quase largou a faculdade (otário querer largar uma faculdade quase no fim por uma mulher que nem vale a pena), mas resolveu ficar e terminar o curso.

Não sei como nenhum deles está agora, nunca tive muito contato com quase ninguém da minha turma, só tinha mais contato com ele pois fazíamos parte do mesmo grupo para o trabalho semestral.

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