Meu nome é Leonora, mas a maioria das pessoas me chama de Nora. Tenho 24 anos e nasci e cresci em uma família muito rica na cidade de Santos, no litoral paulista. Minha infância foi a melhor possível, mas infelizmente, no início da minha adolescência, perdi meu pai em um trágico acidente de carro. Foi muito difícil me despedir do homem que, além de pai, era meu herói. Essa foi a pior fase da minha vida, e acredito que da minha mãe também.
Depois dessa perda irreparável, fiquei apenas eu e minha mãe. Ela teve que assumir os negócios do meu pai, e eu passei boa parte da minha adolescência na companhia dos empregados da casa. Foi nessa época que comecei a me apaixonar por pintura. Influenciada por uma amiga do colégio, comecei a estudar e a dar minhas primeiras pinceladas em uma tela. Desde então, essa se tornou minha paixão: pintar e conhecer tudo que pudesse sobre essa arte. Isso, no entanto, não agradou muito minha mãe no início.
Minha mãe sempre foi uma mulher do lar, apesar de ser muito inteligente e formada em administração. Ela nunca seguiu carreira; sua alegria era estar em casa, fazendo suas receitas junto com as empregadas. Infelizmente, com a morte do meu pai, ela teve que assumir os negócios. Ela achava que faria isso até eu poder assumir no lugar dela, mas mesmo antes de terminar o colegial, deixei claro que não queria saber de escritórios, mas sim de um ateliê de pintura.
Com alguma dificuldade, minha mãe acabou aceitando o que eu queria e começou a montar uma diretoria confiável para cuidar dos negócios, mas isso levaria tempo. Meu pai veio de uma família muito rica, fui o único herdeiro de uma grande fortuna, que ele ainda aumentou ao longo dos anos. Eu não fazia ideia do montante, mas pela vida que tive, imaginava que era muito dinheiro. Portanto, colocar alguém para tomar conta de tudo precisava ser bem planejado. Minha mãe queria alguém de confiança, mas as pessoas em quem ela confiava, como meus tios, já tinham seus próprios negócios.
Enquanto minha mãe preparava a diretoria, eu me preparava para estudar na França. Nessa época, eu já não era mais virgem; namorei um garoto por um ano e acabei tendo minha primeira experiência sexual. No entanto, o namoro não deu certo. Depois da minha primeira vez, perdi um pouco do encanto pelo relacionamento. Fizemos sexo mais algumas vezes, mas não era nada incrível como minhas amigas diziam, e acabei perdendo o interesse e terminando o namoro. Foi tudo tranquilo; ele insistiu para que continuássemos, mas quando viu que eu realmente não queria, aceitou numa boa e até nos tornamos bons amigos.
Quando terminei o colegial, meu francês não era muito bom, mas eu achei que era o suficiente, já que eu dominava bem o inglês e falava um pouco de espanhol. Tinha certeza de que isso era o suficiente para viver na França por alguns anos e que, com certeza, aprenderia mais da língua francesa morando em Paris.
Passei dois meses de férias em nossa casa, estudando e pintando a maior parte do tempo. Minha mãe deixou que eu montasse um pequeno ateliê em um dos quartos da mansão, onde passei a maior parte do meu tempo. Vivia uma vida feliz entre livros e tintas. À noite, eu jantava e conversava com minha mãe por um bom tempo. Ela me dava vários conselhos e todo seu apoio. Sem dúvida, minha mãe era a pessoa mais importante da minha vida, a pessoa que eu mais amava e em quem mais confiava.
O dia da minha viagem chegou, e foi difícil sair de casa e deixar minha mãe sozinha. Lembro-me bem de que ela se fez de forte e não chorou na nossa despedida. Mas eu conseguia ver a tristeza em seus olhos, e quando o carro se afastou, vi-a limpar as lágrimas do rosto com as mãos. Eu não precisava ir para a França, mas queria muito. Seria por quatro anos, e claro que viria ao Brasil todos os anos para ver minha mãe. Além disso, manteríamos contato diariamente por ligações, mensagens e chamadas de vídeo. Eu amava muito minha mãe e não iria me afastar dela emocionalmente, mesmo estando longe fisicamente. Não havia fronteiras no mundo que pudessem diminuir o amor que eu tinha por ela.
Meu primeiro ano na França foi meio chato; a cidade era linda, os museus eram fantásticos, e Paris parecia respirar arte. Porém, ainda tinha algumas dificuldades para entender bem o francês, o que me atrapalhou um pouco nas aulas. Depois de passar as férias no Brasil, retornei para o segundo ano já mais animada, pois desde o fim do último ano, conseguia entender perfeitamente tudo que o professor dizia. Foi nesse ano que conheci outra brasileira que estudava em Paris. Seu nome era Tânia, e ela era muito divertida. Na verdade, ela gostava ainda mais de se divertir.
Comecei a sair com ela nos finais de semana; íamos a bares, boates e às melhores festas de Paris. Tânia era filha de um diplomata muito conhecido no Brasil e, por isso, além de dinheiro, tinha muito prestígio. Tínhamos acesso a quase todos os lugares quando se tratava de diversão. Foi em uma das festas que conheci o verdadeiro poder da língua francesa. Eu já estava bem alegre, Tânia tinha saído com um rapaz, e eu estava de bobeira em uma boate. Foi quando uma morena linda se aproximou e puxou conversa comigo. Seu nome era Désirée, e eu nunca vou esquecer desse nome. Não sei se era o nome verdadeiro dela, mas guardarei para sempre na minha memória.
Désirée era boa de papo, bonita e muito inteligente. Provavelmente, ela era uns cinco anos mais velha do que eu. Conversamos por um bom tempo, e eu realmente estava amando a companhia dela. Em determinado momento, ela me chamou para á acompanhar até o banheiro, e fui, já que também estava precisando. Assim que entramos, ela pegou minha mão e me arrastou até a última cabine. Assim que a porta se fechou, ela me colocou contra a parede com certa intensidade e me beijou. No início, eu não estava entendendo muito bem o que estava acontecendo, mas quando percebi, não sei se por causa do álcool ou porque a boca dela era uma delícia, correspondi ao beijo.
O beijo, que já começou de maneira intensa por parte dela, só aumentou em intensidade quando correspondi. Nossas línguas buscavam o contato uma da outra, e logo senti suas mãos nos meus seios. Eu estava completamente entregue a ela, gemendo dentro da sua boca enquanto seus dedos apertavam meus mamilos por cima da blusa. Ela desceu a boca para o meu pescoço, começou a beijar, lamber e sugar minha pele. Eu sabia que iria ficar marcas, mas não me importei; só queria aproveitar aquela loucura. Meu corpo estava pegando fogo, e sentia minha intimidade umedecer entre as pernas. Passei a apertar sua bunda com as mãos, e ela voltou a me beijar de maneira deliciosa.
Désirée, em um movimento rápido, se afastou e ajoelhou na minha frente. Ela provavelmente tinha muita prática, pois o que aconteceu a seguir foi muito rápido. Ela levantou minha saia, afastou minha calcinha com o dedo, e sua boca já encaixou na minha intimidade, brincando com minha clítoris. Eu não sabia como reagir; apenas relaxei, gemi com a mão na boca e senti seu toque me levando à loucura. Já tinha sido chupada pelo meu ex, e essa era a melhor parte do sexo, mas o que ela estava fazendo era enlouquecedor. Era como se soubesse exatamente onde e como eu queria; sua língua e lábios mapeavam cada centímetro da minha intimidade como se a conhecessem como a palma da mão.
Eu já delirava de prazer quando ela me penetro com os dedos e começou um vai e vem que me fez explodir de prazer. Senti uma sensação tão incrível tomar conta do meu corpo que achei que fosse desmaiar. Era a primeira vez que tinha um orgasmo acompanhada, e era mil vezes melhor do que sozinha com meus dedos nas noites solitárias na minha cama.
Ainda estava tentando recuperar a respiração quando ela veio me beijar. Senti o meu gosto na sua língua, mas o beijo não durou muito. Ela inverteu nossas posições, levantou seu vestido e eu pude ver que não usava nada por baixo. Colocou as mãos nos meus ombros e sorriu, já forçando meu corpo para baixo. Eu me ajoelhei na sua frente e olhei para cima, diretamente nos seus olhos.
Désirée— Suce-moi.
Nunca tinha feito aquilo na minha vida, mas depois do orgasmo incrível que ela me proporcionou, eu ia pelo menos tentar. Então levei meu rosto entre suas pernas e olhei para sua intimidade, ali a centímetros da minha boca. Ela tinha um cheiro meio doce, meio cítrico, era muito gostoso. Resolvi fazer o que ela pediu e a chupei bem gostoso.
Procurei repetir o que ela tinha feito comigo, e parece que funcionou, pois ela gemia e movia os quadris. Sentia meus lábios cada vez mais molhados, e seu gosto já tomava conta da minha boca. Ela prendeu minha cabeça com as mãos e começou a mover seu corpo; eu sentia sua intimidade deslizando pelos meus lábios e língua. Espalmei minha língua, e ela intensificou os movimentos. Logo senti seu corpo tremer e seu mel molhar toda minha boca. Ela soltou minha cabeça, e eu me levantei para beijá-la.
Depois de um beijo muito gostoso, ela ajeitou suas roupas e cabelo. Olhou nos meus olhos e disse: "Tu es incroyable." Deu-me um selinho e saiu. Fiquei ali com a saia na cintura, a calcinha ainda de lado e a sensação de que uma nova porta se abriu na minha vida. Quando voltei ao meu estado normal, me arrumei e saí. Nem lembrei que Iria realmente usar o banheiro.
Fui até onde estava antes, mas nada de Désirée; ela tinha sumido. Isso me deixou um pouco triste, pois queria pelo menos ter pego o contato dela. Mas ela já tinha desaparecido, e como já era bem tarde, achei melhor ir embora, já que minha amiga também tinha sumido. Provavelmente, estava se divertindo em algum lugar com o homem que a acompanhava. Peguei um táxi e voltei para meu apartamento.
Não conseguia tirar o que aconteceu da minha cabeça e, durante o banho, me masturbei pensando na boca de Désirée me chupando. Gozei bem gostoso, mas não era a mesma coisa sozinha, e queria sentir aquilo de novo, seja com Désirée ou com outra mulher. Agora, eu entendia por que o sexo com meu ex não era bom. O problema não era ele, ou eu; era porque ele não era uma mulher. Daquele dia em diante, eu sabia exatamente do que gostava. Eu gostava de mulheres e ia aproveitar essa descoberta.
Precisava falar com alguém sobre minha descoberta e, assim que acordei, mandei uma mensagem para Tânia. Ela só me respondeu à tarde, pois acordou depois das duas e ainda estava na casa do rapaz com quem tinha ficado na boate. Combinamos de nos encontrar à noite para conversar. Ela viria ao meu apartamento e depois iríamos sair para algum lugar com bebida e diversão.
Tânia apareceu às dezenove horas e, depois de respirar fundo, fui contando tudo o que aconteceu. Achei que ela iria rir ou me zuar, mas não; ela agiu normalmente, ou pelo menos eu achei que tinha agido. Naquele mesmo dia, ela disse que estava desanimada de sair e iria para casa. No dia seguinte, fiquei sabendo por amigos em comum que ela tinha ido a uma festa e se divertiu a noite toda. Até então, não fazia ideia do motivo, mas com o passar do tempo, isso ficou claro para mim. Tânia se afastou de mim como se eu tivesse uma doença contagiosa. Não respondia minhas mensagens, me evitava na universidade e não atendia minhas ligações. Nunca imaginei que alguém como ela fosse preconceituosa; me enganei completamente. Descobri minha sexualidade e perdi minha melhor amiga.
Aquilo me deixou com muito medo, não das pessoas me julgarem por eu ser lésbica, mas que minha mãe fosse como Tânia. Então resolvi não contar para ela, pelo menos não por enquanto; achei que seria melhor conversar cara a cara. Pelo menos era o que eu planejava, porém alguém teve outra ideia, e só descobri quando minha mãe me ligou dizendo que queria falar comigo.
Naquele dia, conheci a face verdadeira de duas pessoas que faziam parte da minha vida e descobri também um lado meu que até então não conhecia.
Continua...
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper