AVISO AOS LEITORES: Excepcionalmente, este capítulo será narrado pela Jéssica. É um experimento para saber se ela e outras personagens femininas podem ganhar narrativas PoV em suas séries. Digam nos comentários o que vocês acharam.
Olá leitores, esta é a primeira vez que me dirijo a vocês. O meu nome é Jéssica, tenho 27 anos, sou casada há quatro anos com o Rogério. Esta série conta nossas desventuras no prédio onde moramos, onde alguns vizinhos e vizinhas (e os nossos melhores amigos) parecem querer testar nosso amor. Quem puder ler os primeiros capítulos, só procurar pela série.
Sempre gostei de cuidar das pessoas, mas confesso que também gosto de cuidar de mim mesma. Meu corpo é meu templo, e eu sempre o tratei como tal. Tenho 1,71m de altura, pele amendoada que parece sempre beijada pelo sol, cabelos castanho-claros que caem em ondas suaves pelos ombros. Sou magra, mas minhas coxas são bem torneadas, firmes, resultado de horas na academia. Meus seios são pequenos, mas perfeitamente proporcionais, e minha bundinha é exatamente do jeito que eu gosto: redondinha, firme, provocante. Eu sei que homens olham quando eu passo, e, sinceramente, eu adoro a sensação. Gosto de me sentir desejada, dona do meu corpo e da minha sensualidade.
Mas, acima de tudo, eu sou mulher de um único homem: Rogério. Meu marido, meu grande amor, meu porto seguro. Ele tem 29 anos e é empresário, um homem trabalhador, inteligente e incrivelmente bom. O Rogério não é apenas bonito, ele é deslumbrante. Tem 1,85m de altura, ombros largos, um peitoral forte e coxas que me deixam arrepiada só de olhar. O sorriso dele é capaz de iluminar qualquer ambiente, e os olhos são de um castanho profundo que me hipnotiza sempre que me olha.
Quando estamos juntos, eu me sentia a mulher mais sortuda do planeta. Não importava se estávamos em uma festa elegante ou deitados no sofá assistindo a um filme qualquer, ele sempre conseguia fazer meu coração disparar. Rogério era a personificação do homem perfeito e eu me orgulhava de chamá-lo de meu.
Eu acordei naquele sábado com um sorriso bobo no rosto, o corpo inteiro dolorido e satisfeito. A coleira estava sobre o criado-mudo, com o nome do Rogério gravado. Lembrava de cada detalhe da noite anterior, do jeito que ele me dominou, me chamou de putinha, me fez sentir dele e somente dele. A gente quase não dormiu. Foram horas e horas em que eu fui a mulher mais feliz e mais devassa do mundo.
Levantei devagar, ainda sentindo minhas pernas bambas, e fui direto para o banheiro. Tomei uma ducha morna, sentindo a água escorrer pela minha pele enquanto meu corpo ainda ardia de desejo e memória.
Ao sair, escolhi uma roupa bem leve, caseira, mas que deixasse ele me desejar ainda mais: um shortinho de algodão cinza, bem curtinho, que mal escondia a pontinha da minha bunda, e uma camisetinha branca, sem sutiã, que deixava meus seios marcando nitidamente por baixo.
Quando cheguei na cozinha, me deparei com um café da manhã caprichado. A mesa estava posta com frutas, pães, ovos mexidos, suco natural, tudo preparado por ele. Meu coração quase explodiu de amor.
— Bom dia, minha putinha — disse, com um sorriso safado.
Eu fui até ele, puxei pelo pescoço e o beijei demoradamente, sentindo o gosto doce do suco que ele já tinha bebido. Ele segurou minha cintura, me encaixando contra ele, e suspirei.
— Bom dia, mestre — respondi, provocando.
Ele riu e começou a encher meu prato. Enquanto ele me servia, falou com uma expressão que misturava seriedade e diversão:
— Só falta uma última missão pra minha putinha cumprir.
— Que missão, mestre?
Ele se aproximou do meu ouvido e sussurrou:
— Quando puder, quero que conte tudo pro Lucério. Cada detalhe do que eu fiz com você essa noite. Quero que aquele velho desgraçado entenda que tudo que ele faz só nos une mais.
Meu corpo se arrepiou todo. Eu sorri com uma expressão obediente e falei com voz manhosa:
— Ouço e obedeço, mestre.
Caímos na risada juntos, rindo da intensidade daquela brincadeira que era tão real e gostosa pra gente. Ele me puxou para outro beijo, dessa vez mais suave.
— Segunda-feira vou comprar a nova coleira — disse, acariciando meu pescoço. — Quer vir junto e escolher?
Balancei a cabeça, sorrindo.
— Não. Quero que seja algo totalmente do seu gosto. Quero que, quando você me olhar com ela na cama, seja exatamente o que você quer.
Os olhos dele brilharam com desejo e malícia.
— Você sabe o que eu sonho com você na cama.
Aquele frio na barriga veio na hora. Ele estava falando do meu cu. Desde que a gente se conheceu, o Rogério tinha essa fantasia, mas eu ainda era virgem anal. Nós conversamos sobre isso algumas semanas atrás, e eu disse que estava disposta a liberar por trás. Mas a verdade é que ainda tinha medo.
— Prometo que isso ainda vai acontecer... um dia. Este ano. Só não vamos definir uma data.
Ele arregalou os olhos na hora que ouviu a palavra “data”.
— Data! Isso me lembrou que eu tenho que te contar uma coisa.
Eu imaginava o que era, mas ele estava claramente nervoso.
— Eu combinei com a Lisandra de ir assistir “Star Wars - Episódio III” com ela. Vão exibir no cinema por causa dos 20 anos de lançamento. Era pra eu ter te contado antes, perguntar se você se incomoda, mas eu simplesmente esqueci. Se você não gostar da ideia, eu desmarco, sem problema.
Eu segurei o riso. Aquele era o momento que eu estava esperando. Sorri de um jeito que misturava ternura e uma pontinha de travessura.
— Eu já sabia. A Lisandra me contou no nosso grupo de zap, meu, dela e da Lorena, na mesma hora que tu a convidou. Ela é bem leal e perguntou se haveria problemas pra mim.
Ele ficou quieto por um segundo, até perguntar:
— E tem problema?
— Nenhum. Você tem a Lorena, eu tenho o Carlos. Dois melhores amigos. A Lisandra pra ti é como o Miguel pra mim: aquele amigo que, lá no início, queria te comer, mas que depois mudou de ideia em nome da amizade.
— Que história é essa do Miguel querer te comer?
Dei uma risadinha maliciosa.
— Amor, você não precisa se preocupar com o Miguel. Isso foi só enquanto a gente se conhecia. Ele parou assim que soube que eu era casada. Além do mais, quase todos os médicos querem me comer, e algumas das enfermeiras também. Nessa altura, já me acostumei.
Ele arregalou os olhos, fingindo ciúmes.
— Normal, normaaaaaaaaaal, não é.
Eu gargalhei e dei um beijo estalado nele.
— Não se preocupe. Esta aliança no meu dedo diz que sou sua, exclusivamente sua. Do mesmo jeito que essa daí no seu diz que você é apenas meu. Falando nisso... Quero pôr uma condiçãozinha pra esse cinema apenas porque você demorou pra me contar.
— Lá vem.
— Você demorou dois dias pra me contar, Rogério. E justo na semana que eu parei de falar com o amigo mais antigo que eu tinha, a pedido seu — acrescentei pra efeito dramático. — Então, como compensação, vocês dois vão ter que ir fantasiados de personagens de Star Wars e eu escolho os personagens.
Ele explodiu em risadas.
— Sério isso?
— Seríssimo. Vão sair de casa fantasiados e voltar fantasiados. Eu mesma vou pagar o aluguel das fantasias.
— E de quem a gente vai se fantasiar?
Foi aí que eu travei. Eu não sabia nada sobre Star Wars, só o básico de cultura geral que a gente absorve por osmose.
— Ainda estou pensando nisso... Mas você vai ver só.
Ele riu, balançando a cabeça.
— Você é inacreditável. Claro que eu topo.
Eu me levantei, me sentei no colo dele e o abracei forte. Não tinha muitas forças pra fazer amor naquela manhã, mas tinha pra chamegos.
Na tarde do domingo, fui bater na porta dos meus amigos especialistas nesse negócio de Star Wars. Quando o Carlos abriu a porta, já sorri automaticamente. Ele me recebeu com aquele abraço apertado e cheio de carinho que sempre me fazia me sentir em casa no apartamento deles.
O Carlos era meu melhor amigo. Uma das pessoas que eu mais amava e confiava nesse mundo. Ele era aquele tipo de pessoa que eu sabia que podia ligar no meio da madrugada, e ele viria me ajudar sem pensar duas vezes. Claro que ele não era perfeito. Algumas vezes por mês, ele merecia uns cascudos. Porque, olha, a capacidade dele de fazer caquinha ou safadeza quando eu não tô prestando atenção era absurda. Mesmo assim, ele era como um irmão mais velho pra mim. Eu sempre estaria lá tanto pra apoiá-lo quanto pra descer a voadora no meio dos peitos dele. O que fosse necessário pro bem dele no momento.
Eu me afastei um pouco e o encarei com ternura. Carlos tinha uma beleza madura. Aos meus olhos, ele lembrava alguém como o Richard Gere em “Uma Linda Mulher”, só que um pouquinho mais fora de forma e com um pouco menos de cabelo. E esses dois pontos, ele estava cuidando. Os resultados da academia e da nova alimentação estavam ficando visíveis na barriga e braços. E no sorriso dele, cada vez mais feliz e confiante.
— Entra, Jéssica! — disse, abrindo mais a porta.
Agia como se fosse da casa, porque, sinceramente, pra todos ali era quase isso. A Odete estava na sala, sentada confortavelmente. Sorri para ela.
— Oi, Odete! — falei, me aproximando para abraçá-la.
A Odete tinha um corpo lindo, mesmo aos cinquenta anos. Ela era levemente avolumada, com uma barriga saliente que dava um ar natural e aconchegante. Os seios, enormes, chamavam atenção, mas o que eu mais admirava nela era a segurança. Ela carregava o corpo com uma autoconfiança que eu invejava de leve.
Os dois se divorciaram, mas continuaram bons amigos. Na verdade, estava envergonhada de ter sido contra a separação porque os dois pareciam mais felizes que nunca e a relação deles não parecia ter mudado quase nada. Talvez eles tenham sido mais roomates que marido e mulher todos esse tempo.
— Oi, querida! — ela me respondeu, apertando meu braço com carinho.
Me sentei no sofá, do lado da Odete, enquanto o Carlos permanecia em pé. Temia que fosse parecer meio boba, mas precisava da ajuda deles.
— Gente, eu preciso da ajuda de vocês, porque vocês são os maiores fãs de “Star Wars” que eu conheço.
— Tecnicamente, o Rogério é o maior fã — analisou Carlos.
— A Lisandra também curte bastante — relembrou Odete. — E eu aposto que o Érico e a Sarah também são. Já vi a Sarah numa loja de fantasia erótica dando umas olhadas na fantasia de biquini da Leia.
— Sim. O Érico curte sim, mas ele é mais trekker.
— Mas vocês dois também são, né? — tentei voltar os dois ao foco.
— Eu sou fã da Trilogia Clássica e dos livros do Timothy Zahn — explicou Odete. — O resto, mal aturo.
Fiquei sem entender absolutamente nada do que ela estava falando. Timothy quem? Trilogia o quê?
— Hã... certo... — murmurei, completamente perdida.
Odete percebeu minha confusão e, como se fosse a coisa mais natural do mundo, começou a explicar:
— Olha, cada geração tem a sua própria trilogia. Os filmes sempre foram feitos para os mais jovens. E os das gerações anteriores tendem a não curtir o teor mais infantilizado porque a gente cresce vendo releituras e continuações mais maduras no Universo Expandido. Para ficar num exemplo, eu e Carlos somos da trilogia clássica. O Rogério tava na idade certa pra assistir a Trilogia Prequel quando ela estreou.
— Trilogia Prequel?
Carlos riu alto.
— Isso é só a superfície, minha querida. Se a Odete começar a explicar dos livros, jogos, quadrinhos e séries animadas, dos dois cânones, dos diferentes níveis de canonicidade em cada um... A gente vai ficar aqui a noite toda.
Odete revirou os olhos, mas riu.
— Livro canônico pra mim é só o que o Zahn escreveu na Legends.
— Enfim... — tentei retomar o controle da conversa — eu preciso arrumar personagens pra o Rogério e a Lisandra se fantasiarem. Mas eu só conheço o bonequinho verde, Yoda.
Odete soltou uma risada curta, divertida.
— O Yoda? Ah, querida, aposto que tu conhece é o Baby Yoda. Mas me diga que tipo de dupla você tá procurando.
— Eu quero algo que deixe bem claro que os dois são e sempre serão apenas bons amigos. Nada de casalzinho ou algo que possa ser mal interpretado.
Carlos e Odete trocaram um olhar daqueles de código secreto, pensando juntos, silenciosamente. Dava pra ver que os dois estavam conversando quase por telepatia, um entendendo o que o outro tava pensando. Sabia porque eu e o Rogério tínhamos uma sintonia parecida.
— E se forem Luke e Leia? — sugeriu Odete. — Eles são irmãos.
— Não sei. — Carlos franziu a testa — Eles se beijaram duas vezes, e os primeiros cartazes eram bem ambíguos.
— Credo, beijos entre irmãos? — exclamei, arregalando os olhos. — Que coisa horrorosa!
Carlos riu. Tinha uma regra no regimento interno do condomínio proibindo terminantemente incesto na região do prédio.
— Na época ninguém sabia que eles eram irmãos, Jéssica.
— Como se isso melhorasse alguma coisa!
Odete, ainda pensativa, disse:
— Aqueles dois do “Rogue One” não eram um casal. O Andor e a outra.
— Odete, nem eu lembro o nome da protagonista de Rogue One! O Andor, eu só lembro por causa da série. — rebateu Carlos. — Imagina o resto do povo.
Odete suspirou.
— Estou sem ideias... Talvez o Treepio e o Artoo.
— Quem?
— Os dróides — explicou Odete.
Eu só aceitei. Carlos estalou os dedos, animado.
— Anakin e Ahsoka! Eles são mestre e aprendiz. Bons amigos.
Odete imediatamente reagiu:
— A Ahsoka não é canônica. Não está nos filmes.
— A Ahsoka é canônica sim, Odete! — rebateu Carlos. — Foi criada pelo George Lucas.
Eu estava completamente perdida. Esses nomes pareciam ingredientes de receita oriental. Anakin? Ahsoka? George Lucas eu ao menos conhecia. Mas o resto...
— Continua sendo desenho animado. Pra mim, não vale.
— Você tem que se atualizar, Odete. Pensa assim. Pro que a Jéssica precisa, Anakin e Ahsoka são perfeitos. Pensa bem, o Rogério e a Lisandra seriam vistos por todos como apenas amigos porque a Jéssica é a Padmé do Rogério, mesmo que ela não esteja lá e não se fantasiasse.
— “Padmé” é tipo como é chamada a esposa ou namorada em Star Wars?
— Padmé é o nome da esposa do Anakin — respondeu Odete. Ela parou por um instante e refletiu que talvez fosse melhor não me contar mais sobre quem era Anakin e o que ele fez — Acho que pode funcionar.
Eu continuei olhando de um para o outro, sem entender nada. Eles falavam com uma familiaridade com esses nomes como se fossem vizinhos nossos. No fim, os dois se viraram para mim, quase em uníssono.
— Isso. Anakin e Ahsoka! — disseram.
A Odete pegou o celular, procurando algo no YouTube, e logo me mostrou um vídeo de uma série chamada “Clone Wars”. Era uma cena de um rapaz com uma cicatriz no rosto e uma garota vermelha conversando de um jeito claramente amistoso, mas com pequenas trocas de farpas. Ela até tinha um apelido que tinha um quê bem de Lisandra, “Abusada”.
— Viu? — Odete disse. — Mestre e aprendiz. Uma amizade forte, sem romance.
Assisti com atenção e era bem o que estava procurando mesmo.
— Isso é perfeito! É exatamente o que eu precisava — falei, animada.
Me levantei e abracei os dois.
— Vocês são os melhores, de verdade. Muito obrigada!
Carlos sorriu com aquele ar maroto.
— Eu sei que sou. Mas eu aceito café como pagamento.
A Odete riu.
— E eu aceito que me apresente a alguns dos seus amigos médicos gostosos. Ou amigas médicas. Importante é ser gostoso.
Sabia exatamente quem indicar pra Odete e de quem me livrar ao mesmo tempo.
Na noite da segunda, toquei a campainha do apartamento do seu Arnaldo e da dona Mirosmar e fiquei ali por uns segundos, ajeitando a alça da bolsa no ombro. Quando a porta se abriu, lá estava meu velho vizinho: magrinho sob uma camiseta de malha desbotada e um ar simpático no rosto enrugado. O cabelo, já ralo e branco, estava cuidadosamente penteado para trás. Sempre achei curioso como o seu Arnaldo, mesmo com essa aparência frágil, conseguia transmitir certa vivacidade.
Naquela hora, também não pude evitar que a minha mente voltasse para o dia em que ele assistiu a uma transa minha com Rogério logo que nos mudamos para o prédio, uma ideia impensada do Rogério na hora. Seu Arnaldo nunca contou pra ninguém, nem mesmo pra Mirosmar, mas em troca desse segredo eu o deixava me ver com pouca ou nenhuma roupa de vez em quando, uma silenciosa barganha que se manteve ao longo dos anos.
— Olha só quem veio nos visitar! Entra, minha querida, entra!
— Oi, seu Arnaldo — respondi, com um tom apressado. — Não posso demorar, só vim dar um oi mesmo. As últimas semanas têm sido uma loucura e a gente quase nem tem se falado.
Passei pela porta e logo avistei a dona Mirosmar vindo do quarto. Ela era um pouco cheinha e tinha o cabelo grisalho. Usava um vestido florido, que deixava transparecer seios outrora fartos e tinha um rosto simpático, desses que convidam para uma boa conversa.
— Jéssica! — exclamou, abrindo os braços para me abraçar. — Que saudade de você, minha jovem!
— Eu que estava com saudade de vocês. — Não queria que pensassem que eu tinha esquecido, mas as coisas estão tão corridas nos últimos meses... mal tenho tido tempo pra respirar.
— Ah, nós entendemos, querida — respondeu ela. — A gente vê como você corre pra cima e pra baixo. Deus te dê força!
A sala deles era um ambiente aconchegante, com uma estante cheia de fotos antigas e um cheirinho de café fresco vindo da cozinha. De longe, o filho deles me lembrava alguém, mas devia ser só impressão minha.
— Vocês vão na reunião do condomínio segunda-feira? Fiquei curiosa porque achei a data meio estranha.
Seu Arnaldo balançou a cabeça, ainda sorridente.
— Infelizmente, não vamos poder ir, Jéssica.
Suspirei e ajeitei o cabelo atrás da orelha. Era um pequeno truque que, vergonhosamente, eu sabia sempre fazer o seu Arnaldo mudar de ideia e fazer o que eu pedia.
— Eu também não vou conseguir ir porque vou estar de plantão. Até parece que escolheram essa data olhando pra minha escala e procurando quando eu não poderia participar. — Dei um sorriso meio sem graça. — Seria bom ter alguém lá...
Seu Arnaldo respondeu, com um ar quase pedindo desculpas:
— Não podemos. Na segunda, vamos ao aniversário do meu irmão, que mora lá do outro lado da cidade. É mais de uma hora só pra ir e ainda ter a volta.
Assenti, entendendo a situação.
— Ah, então tudo bem. Eu que agradeço. Só espero que bastante gente compareça mesmo assim, porque essas reuniões são importantes.
Conversamos rapidamente sobre outros temas. Eles queriam saber do Rogério e ela comentou sobre um livro que estava lendo. Mas eu realmente estava sem tempo e precisava ir pro hospital logo. Levantei-me, sentindo uma pontinha de pena por ter que sair tão rápido.
— Gente, preciso ir agora. Plantão me espera — disse, sorrindo. — Foi muito bom ver vocês.
A dona Mirosmar se levantou também, me dando mais um abraço apertado.
— Vai com Deus, Jéssica. E se cuida, viu?
Seu Arnaldo, sempre educado, acenou de longe.
— Boa sorte no plantão, minha querida. E obrigado por ter vindo.
Fora uma vez ou outra que nos cumprimentamos com aperto de mão, o seu Arnaldo nunca triscou um dedo em mim. Quase como se tivesse medo de que até um abraço em contexto normais me fizesse nunca mais me despir na frente dele. Esse medo me daria segurança, admito.
Saí do apartamento pensando na longa noite de trabalho no hospital que tinha pela frente. Quando voltei pra casa, de carona com o Miguel, já tinham passado mais de 25 horas que tinha saído de casa. Só queria desabar na minha caminha e receber mimos do Rogério.
Quando estava entrando no elevador, ouvi passos rápidos atrás de mim, entrando junto comigo. Era o Lucério.
Ele surgiu de algum canto do hall, com aquele jeito meio furtivo que ele tinha, como se fosse parte da sombra. Eu sabia que ele provavelmente estava me esperando escondido fazia algum tempo. Ele devia saber que meu plantão era de 24 horas e eu deveria chegar por volta deste horário. Calculou que eu voltaria de Uber ou carona e me esperou ali. Tudo isso só para pegar o elevador junto comigo.
O Lucério era um homem que, fisicamente, não chamava atenção de forma positiva. Parecia um vampiro clássico. Era magricela, levemente corcunda, com o cabelo ralo e um sorrisinho de vilão. Mesmo assim, havia algo nele que inspirava respeito. Uma inteligência aguçada e uma astúcia que, se direcionadas para o bem, poderiam fazer dele um grande amigo.
Eu sabia que tudo que o Lucério queria era me comer. Ele nunca escondeu isso. Para mim, nossas brigas e a nossa “rivalidade” era quase um tipo diferente de amizade. Bem competitiva e cheia de provocações, mas amizade. Eu tolerava sua tara pelo corpo porque ele era aberto quanto a isso e seguia um conjunto de regras. Era meio esquisito, mas as regras que limitavam também me davam segurança pra continuar nesse jogo. Ele queria me comer, eu queria que ele se tornasse uma boa pessoa e um bom amigo pra mim.
Ficamos lado a lado no elevador, ambos olhando para a porta, sem nos encararmos diretamente. O ar parecia mais denso, carregado de coisas não ditas. Eu sentia o olhar dele deslizando para mim, mesmo que ele fingisse estar apenas observando os números do painel.
— O mês que eu prometi no nosso acordo acaba na sexta — disse ele, a voz calma, quase casual, mas com uma intenção subjacente que me fez estremecer levemente.
— Tenho ciência disso — respondi, mantendo a postura.
Ele fez uma pausa calculada. Eu podia quase ouvir as engrenagens da mente dele girando, preparando a próxima jogada.
— Quer uma extensão?
Sorri levemente, sem olhar para ele, consciente de como esse simples gesto poderia deixá-lo inquieto.
— Eu gostaria que você continuasse tão bonzinho quanto esteve sendo nesse mês.
— Tem mesmo certeza de que quer isso? — perguntou com um tom provocador. Tinha uma pegadinha ali, eu só não sabia onde estava.
— Absoluta — garanti, embora temesse as linhas miúdas do contrato que estava assinando sem conseguir ler.
Lucério respirou fundo, pensativo. A cada suspiro dele, eu sentia o clima esquentar, a tensão sexual pairava apenas do lado dele, mas ainda assim tinha algo presente.
— E o que eu ganharia com isso?
Já esperava essa pergunta. Era o Lucério sendo Lucério.
— Eu continuaria te visitando uma hora três vezes por semana — respondi, mantendo o tom neutro. — Enquanto você continuar bonzinho, serei sua amiga.
Ele fez um barulho pensativo com a garganta, um som baixo que parecia carregar desejo e frustração contida.
— Quero que, nessas visitas, você venha usando regata e shortinho — disse por fim.
Era típico dele tentar empurrar os limites, me testar, ver até onde podia ir sem me perder. Mas, considerando tudo, não era exatamente um pedido inaceitável. Tinham dias que era quente mesmo e ele não veria mais do que já via na piscina nos finais de semana. Ponderei por alguns segundos antes de responder, deixando o silêncio trabalhar a meu favor.
— Se você for bonzinho e não abusar da minha paciência, posso considerar isso — falei com cuidado.
Ele ficou em silêncio por um instante. Eu conseguia sentir a mente dele trabalhando, avaliando cada palavra minha, talvez até fantasiando com a visão dos meus ombros e minhas coxas.
— Fechado — disse, por fim, e eu quase podia sentir o sorriso satisfeito.
Às vezes, esse jogo era como andar na beira de um precipício: qualquer passo em falso, e tudo desabaria. Ao mesmo tempo, era divertido como um tentava sobressair ao outro. Eu sabia que ele teria que cumprir a parte dele e o dia deveria estar quente, pra eu ir de regata. Com sutiã. E um shortinho com a maior calcinha que tivesse. Devia comprar uma daquelas calçolas de vovó, gigantonas.
— Você está sabendo da reunião do condomínio de segunda? — perguntei, tentando soar casual.
— Sim — respondeu prontamente. — Uma pauta bastante polêmica sobre código de vestimenta nas áreas comuns. Você vai participar?
— Não vou poder, mas o Rogério deve tentar ir.
— Não sei se a opinião de um homem valerá tanto nesse caso... — comentou, a voz carregada de insinuações, como se houvesse algo que ele soubesse e eu não. — Será um alvo fácil de acusações de querer ver a mulherada em trajes sumários.
Suspirei. Mas tinha uma última cartada.
— Eu ficaria muito feliz se essa pauta milagrosamente mudasse para outra coisa banal — falei, deixando uma brecha proposital.
O Lucério riu baixo, um som quase imperceptível, que percorreu minha espinha como um arrepio.
— Isso é possível de ser feito, mas não é algo que uma pessoa boa faria.
— Às vezes, para o bem maior, é necessário fazer coisas não tão boas assim — respondi, encarando a porta de aço na minha frente, refletindo sobre os riscos que estava correndo em nosso jogo com essa brecha.
Ele fez um som pensativo.
— E o que eu poderia pedir ou esperar ganhar em troca disso?
Respirei fundo e me virei para ele, encontrando os olhos dele. O olhar de Lucério era intenso e curioso. Tentava me decifrar tanto quanto eu tentava decifrá-lo.
— Eu contaria, em detalhes, o que aconteceu com a coleira que você me deu.
O canto da boca dele se curvou num quase sorriso.
— Muitos detalhes? — perguntou, a voz baixa e carregada de curiosidade.
Mantive o olhar fixo no dele, sem vacilar, mesmo sentindo o ar se eletrificar entre nós.
— Tantos detalhes que seria como se você estivesse lá — prometi, apenas omiti a parte em que o Rogério já tinha me mandado fazer isso de qualquer maneira.
Um sorriso lento se espalhou pelo rosto dele, a máscara de frieza dando lugar a um brilho faminto.
— Você deve receber uma mensagem no WhatsApp sobre a mudança da pauta em até duas horas — disse, satisfeito, quase triunfante.
As portas do elevador se abriram. Dei um passo à frente e, antes de sair, ele falou:
— Sempre é um prazer negociar com você.
Virei levemente a cabeça, com um sorriso enigmático, consciente de como até o ato de me despedir era parte do nosso jogo.
— O prazer é meu, Lucério.
Conforme prometido. Em 90 minutos, o síndico seu Alberto mandou uma mensagem no grupo geral dos condôminos dizendo que a pauta da reunião mudara pra discussão sobre o circuito de vigilância do prédio e que o tema das regras de vestuário ficariam parados enquanto se analisava a “constitucionalidade” deles...
A Marieta soltou fogo pelas ventas no grupo, mas a vitória tinha sido minha. Ou melhor do Lucério.
Ou melhor do Rogério, que teve a ideia de me fazer contar sobre o que fizemos com a coleira pro Lucério.
Na quarta de noite, eu estava na academia, focada em um série de agachamento. Senti minhas coxas queimando, um calor gostoso se espalhando pelas fibras musculares enquanto eu subia e descia devagar, sentindo cada movimento.
O espelho na minha frente refletia meu corpo, e eu admito que adorava me olhar enquanto treinava. Porque eu me achava gostosa. Meus seios são pequenos, mas firmes, minha cintura é fina, minhas coxas bem torneadas, e minha bundinha, embora pequena, é redondinha e empinadinha do jeito que o Rogério adora apertar. Estava usando um top preto coladinho e um shortinho rosa neon que marcava cada curva da minha bunda. Uma escolha proposital, porque eu adoro me sentir sexy na academia. O suor descia em gotinhas pela minha pele amendoada, me deixando com um brilho sensual que sempre me dava um certo prazer.
Era uma daquelas noites em que toda a “turma da academia” do condomínio parecia ter combinado de aparecer. Cada uma dessas mulheres tinha um corpo incrível e uma história própria.
A Lorena, minha amiga e sócia do Rogério, estava na esteira. Aos 27 anos, ela era uma verdadeira musa: cabelos escuros, pele bronzeada, seios pequenos e durinhos, barriga lisinha e pernas longas. Ela sempre se divertia brincando com a gente durante os treinos, e eu adorava como ela conseguia ser espontânea sem nunca parecer forçada. Ela tinha uma energia contagiante.
A Eliana, aos 30 anos, era pura perfeição. Pele bronzeada, olhos verdes, seios grandes e fartos, coxas torneadas e uma bunda perfeita. Aquela mulher parecia uma escultura viva. Ela sempre tinha um sorriso doce no rosto, mas eu percebia algo diferente nela recentemente, como se tivesse um segredo queimando por dentro.
A Rebecca, com 29 anos, era o oposto da Eliana em termos de estilo. Pequenos seios firmes, bundinha empinada, corpo esguio, cabelos castanho-claros e olhos cor de mel. Aquele jeitinho recatado sempre me despertava uma vontade de protegê-la, como se ela estivesse prestes a se quebrar. Ela era muito doce e gentil, mas havia algo em seus olhos ultimamente. Uma confusão que eu não conseguia decifrar.
A Carolina, 30 anos, era uma mulher elegante, bronzeada, com peitos generosos e uma postura confiante. Suas coxas e bunda eram mais discretas, mas o conjunto era muito harmonioso. Ela tinha um charme natural, sempre gentil com todo mundo, especialmente com os funcionários do condomínio. Eu gostava muito dela, mesmo sem sermos tão próximas.
A Sarah, prima da Carolina, também tinha 27 anos e um corpo muito parecido com o dela. Um pouco mais retraída, mas ainda assim linda, com curvas na medida certa. Ela tinha um jeito bem carismático, apesar de parecer atrapalhada.
A Natália, a ruiva bunduda de 31 anos, estava fazendo afundos com halteres. Aquela bunda era hipnotizante, um verdadeiro monumento. Ela era esportista e tinha uma energia vibrante, sempre disposta a puxar uma conversa animada sobre trilhas ou corridas. Eu gostava do jeito leve com que ela levava a vida.
A Alessandra, de 32 anos, tinha um corpo incrível: ombros firmes, seios moderados, cintura bem marcada, quadris largos e uma bunda redonda e convidativa. Seus cachos loiros balançavam enquanto ela fazia seus exercícios com concentração. Ela sempre parecia segura de si, com aquele ar de mulher que sabe exatamente o que quer.
A Andréia era uma deusa cheinha loira de 41 anos. A bunda dela parecia ter sido desenhada por algum artista renascentista, algo realmente impressionante. Era tão confiante e tinha uma raba tão bela que ninguém parecia se importar com a barriguinha e os quilinhos a mais. Eram parte do charme natural dela, sempre risonha e provocadora.
E por fim, a Letícia, a universitária de 23 anos, estava com suas coxonas fazendo leg press. Ela tinha uma energia jovem e vibrante, cabelos castanhos, lábios carnudos e um corpão de dar inveja.
Éramos uma turma bem unida. Eu só não sabia, e nem tinha como imaginar, que algumas de nós tinham levado o “unidas” tão ao pé da letra que até tinham transado umas com as outras (e mais de uma vez).
Todas nós nos reunimos perto do bebedouro durante uma pausa. Era quase cômico ver aquele grupo junto, parecendo um comercial de academia. A Lorena foi a primeira a falar, com aquele jeito divertido dela:
— Gente, vocês viram a pauta da reunião do condomínio? Mudaram de última hora pra falar de câmeras de vigilância.
A Eliana secou o suor com a toalhinha branca.
— Estranho isso... — ela disse. — Essas câmeras já estão sendo instaladas há dias, e a gente já tinha falado sobre isso na última reunião. Parece pauta fria, sabe?
A Rebecca, sempre mais delicada, falou num quase hesitante:
— Talvez tenha acontecido algum incidente que a gente não sabe ainda. Pode ser algo mais sério.
Carolina, prática como sempre, comentou:
— Ou pode ser alguma jogada política pra desviar atenção das reformas estruturais que o prédio precisa.
Natália riu, balançando os cabelos ruivos.
— Vamos passar o ano pagando cota extra e reforma. Vão vendo.
— Eu acho que a gente precisa ouvir primeiro o síndico vai dizer na reunião antes de tirar conclusões — disse eu. — Mas confesso que achei meio suspeito também. As câmeras são importantes, mas eu passei o último mês listando pontos de melhoria e reforma no prédio e nada disso entrou em pauta.
Depois desse pequeno descanso, cada uma voltou para o seu próximo exercício. Eu me deitei no banco para fazer supino reto, sentindo meus peitos se alongarem com cada movimento. e metia, nunca era simples.
Depois que encerrei as minhas séries daquele exercício, o suor escorrendo pelo meu corpo, me levantei lentamente. Caminhei até a rodinha onde já estavam Lorena, Eliana, Rebecca, Carolina, Sarah, Natália, Alessandra, Andréia e Letícia. Assim que me aproximei, Lorena me cutucou, apontando discretamente para duas mulheres que treinavam na área de pesos livres. Eu ergui a cabeça, curiosa, e vi que mal as conhecia de vista.
— Elas são do condomínio também — disse Lorena, com aquele sorrisinho travesso. —A ruiva é Larissa, e a outra é a Tatiana.
Eliana enxugou o suor do colo com uma toalhinha branca.
— Já vi as duas algumas vezes — disse Eliana. — Parecem gente boa. Não custa nada a gente ir lá puxar assunto, quem sabe integrar elas na nossa turma.
Eu me virei melhor para observá-las. Primeiro, meus olhos pousaram na Tatiana. Ela tinha um corpo magro-atlético, com a pele clara levemente bronzeada. Seus seios eram pequenos, mas arredondados e firmes, cabendo perfeitamente no top lilás colado que ela usava. A cintura bem definida descia para quadris discretos, e a bunda, firme e oval, ficava irresistível no shortinho preto justo que terminava bem no meio da coxa. O cabelo castanho liso, com franja longa, realçava seus lábios naturais e olhos curiosos.
A Larissa era uma o tipo de mulher que fazia qualquer homem virar o rosto. Pele branca, cheia de pintinhas delicadas pelos ombros, coxas e até no colo. O cabelo ruivo escuro estava preso em um rabo de cavalo alto, balançando conforme ela fazia levantamento terra. Seu corpo era forte e feminino ao mesmo tempo: coxas grossas e musculosas, glúteos redondos com projeção perfeita, ombros firmes, seios médios acomodados em um top preto de alças finas. O short verde musgo que ela usava era bem justo, marcando cada curva. Quando ela se abaixava, dava pra ver a sua bunda desenhando um arco perfeito.
— Tenho certeza de que a ruiva é crossfiteira — comentou Natália, com aquele olhar avaliador de quem também era atleta.
— Vocês acham que vale a pena puxar papo? — hesitou Carolina. — Nem todo mundo gosta de treinar em grupo.
A Sarah, porém, pareceu incomodada de imediato.
— Eu não sei se é uma boa ideia... Especialmente com aquela Larissa. — Sua voz soou dura, quase cortante. — Melhor deixar quieto.
Antes que o clima pesasse, a Natália puxou a Sarah discretamente para um canto. As duas se afastaram, conversando baixo. De onde eu estava, só dava para ver as expressões delas. A Sarah parecia contar um monte de coisas enquanto gesticulava bastante enquanto a Natália ouvia com paciência e falava pouco. Depois de alguns minutos, as duas voltaram. A Sarah tinha um olhar relutante, mas assentiu.
— Tudo bem, vamos falar com elas — disse, num tom que deixava claro que não estava totalmente convencida.
Foi aí que surgiu um novo problema: quem iria até lá. Eu me encolhi um pouco, cruzando os braços. A Alessandra olhou em volta, visivelmente tímida.
— Eu sou muito ruim com essas coisas. — Ela deu um risinho nervoso. — Quem me conhece, sabe que sou péssima pra chegar em outras mulheres.
Por algum motivo, a Letícia caiu na risada ao ouvir isso.
— Eu também não vou — disse Andréia. — Ia acabar falando alguma besteira.
A Lorena revirou os olhos e soltou um suspiro exagerado.
— Gente, assim ninguém vai! Vamos resolver isso de forma justa. Votação. — Ela ergueu a mão como se fosse uma líder nata. — Precisamos de duas pessoas pra ir com a Eliana. Cada uma fala um nome. Eu voto na Jéssica.
— Ei! — protestei, arregalando os olhos. — Isso não é justo!
A Rebecca deu uma risadinha contida e disse:
— Eu também voto na Jéssica. Ela tem jeito simpático, vai ser ótimo.
A Carolina sorriu de canto.
— Concordo. Meu voto também é na Jéssica.
Eu suspirei, percebendo que estava perdida.
— Ah, ótimo, gente... obrigada pela confiança — falei, meio sarcástica.
— Eu voto na Natália — disse Sarah. — Ela quem quer a Larissa na turma.
Alessandra assentiu rapidamente.
— Também voto na Natália.
Letícia e Andréia também votaram na Natália. A Lorena juntou as mãos, satisfeita.
— Então tá decidido. Jéssica e Natália vão com a Eliana. — Ela sorriu maliciosamente. — A democracia venceu.
— Democracia uma ova! — disse Natália, rindo e balançando a cabeça.
Eu gemi em frustração, cobrindo o rosto com as mãos.
— Eu não acredito que caí nessa... — falei, meio rindo. — Vou acabar pagando mico!
Eliana, sempre carismática, se colocou entre nós duas e pegou nossas mãos com firmeza.
— Vamos, garotas! — disse, com um brilho nos olhos. — Vai ser divertido. E, se elas não quiserem papo, a gente volta rapidinho. Confiem em mim.
Eu e a Natália trocamos olhares cúmplices e resignados. A Eliana era uma líder nata. Eu só era boa de maquinar nas sombras.
Com ela à frente, caminhamos juntas, sorridentes. Quando chegamos perto, a Larissa estava ajeitando os pesos e a Tatiana se alongava. Eu dei o primeiro passo.
— Oi! Vocês moram no condomínio aqui da esquina, né?
A Tatiana ergueu a cabeça, um sorriso simpático surgindo em seus lábios.
— Sim! Eu sou a Tatiana, prazer.
A Larissa apenas confirmou balançando a cabeça, analisando a gente, antes de sorrir de um jeito meio travesso.
— Larissa. — A voz dela tinha uma autoconfiança natural. — E vocês?
Eliana, sempre doce, tomou a dianteira.
— Eu sou Eliana, essa é a Natália, e essa é a Jéssica. A gente treina juntas aqui quase todo dia.
Eu complementei, animada:
— A gente tem um grupinho de condôminas que se encontra pra treinar. Nós sempre combinamos de vir nos mesmos horários. Estávamos pensando se vocês gostariam de se juntar a gente. O que acham?
A Tatiana inclinou a cabeça, parecendo considerar.
— Hm... gosto da ideia. Treinar em grupo pode ser motivador. E, olha, eu adoro conhecer gente nova — disse, simpática, mas com uma ponta de intenção. — Vocês parecem bem divertidas.
A Larissa cruzou os braços, rindo baixo.
— Eu não costumo treinar em grupo, mas... — Ela nos avaliou com os olhos, quase como se estivesse nos testando. — Vocês parecem legais. Se rolar treinos puxados e conversa boa, eu topo. Só não venham com frescura, porque eu falo o que penso.
A Natália gargalhou.
— Vai se dar super bem com a gente então!
A Eliana pegou o celular na hora.
— Me passem os números de vocês, vou adicionar no nosso grupo do WhatsApp.
Depois de salvar os contatos, nós as levamos de volta para onde estavam as outras mulheres. Todas sorriram e se apresentaram, criando um clima gostoso de boas-vindas. A Sarah forçou um sorriso, mas eu percebi que ainda estava desconfortável com a presença da Larissa.
Eu não imaginava ainda que aquela decisão teria tantas consequências. Naquela época, eu não fazia ideia de que Larissa já tinha dado pro Enéias algumas vezes. E menos ainda que, ao trazê-las para perto de nós, eu estava colocando as duas na mira de alguns dos maiores tarados do condomínio.
Enquanto combinávamos o próximo treino, eu não podia sequer imaginar o caos que estava prestes a se desenrolar nos próximos meses.
Chegou o grande dia do cinema, sábado depois do almoço. Eu estava sentada no sofá, mexendo no celular, enquanto esperava o Rogério e a Lisandra terminarem de se arrumar. Dava pra ouvir o barulho distante do secador de cabelo no quarto de hóspedes. Eu estava curiosa, ansiosa e, de certa forma, divertida com a situação. Estava imaginando como eles ficariam com as fantasias. Talvez fossem bons animadores de festa.
Quando a porta do nosso quarto se abriu, ergui os olhos e precisei me segurar para não suspirar alto.
O Rogério saiu de lá, todo compenetrado, vestindo a roupa clássica do Anakin do início do Episódio III. As botas marrons iam até o joelho, a calça escura moldava suas pernas fortes, e a sobreposição de tecido do manto Jedi caía perfeitamente nos ombros largos dele. Ele estava usando uma peruca escura que imitava o cabelo comprido do personagem, e uma maquiagem leve que criava a cicatriz atravessando o lado direito do rosto. O resultado era inacreditável. E ele estava incrivelmente gostoso.
— Então? — disse, com um sorrisinho presunçoso, girando no meio da sala para que eu pudesse ver melhor.
Eu dei uma risadinha, pegando o celular para tirar fotos.
— Meu Deus, Rogério... — murmurei, registrando cada detalhe. — Você ficou perfeito! A Lorena vai surtar quando vir isso.
Ele posou como um Jedi, segurando a cintura, depois apontando a mão para frente como se estivesse usando a Força. Eu tirei várias fotos, uma atrás da outra, enquanto ríamos juntos. Quando achei que tinha terminado, a porta do quarto de hóspedes se abriu, e a Lisandra saiu.
Eu quase deixei o celular cair.
Ela estava vestida como Ahsoka Tano, com a roupa da 7ª temporada de Clone Wars. O traje era justo, azul bem escuro e cinza, destacando a silhueta curvilínea dela. Diferente do Rogério, a Lisandra não tinha se preocupado em usar peruca ou pintar a pele de vermelho como a personagem. Em vez disso, deixara os cabelos loiros soltos, caindo em ondas suaves sobre os ombros, e usava a maquiagem que ela já usava normalmente, simples mas bem feita. O contraste entre o cosplay e a beleza natural dela era hipnotizante. Ela estava absolutamente deslumbrante.
Por um segundo, pensei que deixar o Rogério sair com essa loira top model, tão nerd quanto ele e mais rabuda que eu, era excesso de confiança da minha parte. Logo tirei esse ciúme da cabeça. Ele era meu amigo e ela minha amiga-que-também-era-diarista.
— E então, o que acha? — perguntou Lisandra, com aquele sorriso sapeca, dando uma volta para que eu pudesse ver tudo. — A Lorena pediu fotos minhas.
Eu cliquei várias fotos, tentando manter a expressão neutra.
— Caramba, Lisandra... Você ficou maravilhosa! — falei, sincera. — Sério, parece que esse cosplay foi feito sob medida pra você.
O Rogério assobiou.
— Olha, se a Ahsoka fosse uma humana em vez de uma togruta, aposto que seria assim! Você ficou incrível!
Ela riu, corando levemente, claramente feliz com o elogio.
— Ah, para, Rogério. Você que está um verdadeiro Anakin! Tá muito melhor do que eu esperava!
Eu esperava que eles estivessem um pouco envergonhados, talvez achando que estavam pagando mico, mas não. Era o contrário. Eles estavam se divertindo. Eu fiquei observando, surpresa, e não pude evitar um sorriso. Talvez o Rogério curtisse esse tipo de coisa mais do que eu imaginava.
Assisti os dois conversarem animadamente e simular um duelo com suas espadas de laser (como que chamam essas coisas mesmo?) e debatendo sobre quem iria sair vitorioso do debate que eles tiveram uma semana e meia antes.
Então, eles se despediram de mim. O Rogério se aproximou, segurando meu rosto com carinho antes de me dar um beijo doce.
— Se diverte, amor. Te amo.
Eu sorri contra os lábios dele.
— Te amo também. Vai, Jedi, antes que se atrase. — Depois acrescentei, rindo: — E você se comporta, Padawan!
— A Ahsoka nunca se comporta, Jéssica! — gritou Lisandra, saindo pela porta.
Quando eles saíram, respirei fundo e fui para o banheiro, começando a tirar a minha roupa.
Enquanto me despia, não consegui evitar de me lembrar do nosso próprio momento de cosplay no cinema. Em 2023, eu e Rogério fomos assistir ao Barbieheimer vestidos a caráter: eu toda de rosa, como uma Barbie exagerada, e ele de terno com chapéu fedora, como o Oppenheimer. Vendo a empolgação dele com o cosplay de Anakin, comecei a suspeitar que ele talvez gostasse desse tipo de fantasia muito mais do que deixava transparecer.
Sorri sozinha, sacudindo a cabeça. Talvez eu devesse explorar isso depois...
Meia-hora depois, eu também tinha chegado ao shopping. Andava sem pressa pelos corredores. O Rogério e Lisandra já deviam estar na fila do cinema, mas eu não queria esbarrar com eles e ainda faltava mais de uma hora para começar o filme “F1” que eu ia assistir, então estava matando tempo.
Tinha escolhido um jeans justinho, que abraçava minhas coxas e minha bunda de um jeito que me fazia sentir sexy. A regata moderna que eu vestia tinha um pequeno decote, nada exagerado, mas o suficiente para atrair olhares curiosos e provocar um certo poder silencioso dentro de mim. Gostava de me sentir desejada, mesmo que não estivesse buscando nada.
Foi então que o vi, parado em frente a uma loja de artigos esportivos. Vinícius. Sozinho, com aquele jeito meio largado e charmoso, olhando a vitrine com as mãos nos bolsos. Um flash me atingiu na hora: a confusão do elevador. Eu, ele, e a pélvis dele roçando involuntariamente na minha bunda apertada entre as pessoas. Constrangedor para nós dois, especialmente quando senti o pau dele endurecendo na minha bunda. Eu queria soltar um tapa nele, cavar um buraco e me enfiar dentro na hora.
Depois, me lembrei da expressão de puro pânico dele quando me viu no arraial, como se eu fosse denunciá-lo por assédio. Ele devia estar imaginando que seria preso ou, pior, demitido por justa causa. Mas o Vinícius era um bom moço, eu sabia disso. Aquilo tinha sido um acidente infeliz. E ele estava “em conversas” com a Lisandra. E pelo que ela tinha contado, estavam há duas semanas conversando no zap, tiveram um date e ainda nenhum beijo. Ele era mais lento que o Rogério quando me conquistou. Francamente, ele precisava de orientação.
Resolvi que era hora de testar aquele rapaz e talvez dar umas dicas. Na pior das hipóteses, eu verificava se ele realmente combinava com a Lisandra. Sorrindo sozinha, me aproximei em silêncio e, como uma fantasma, apareci atrás dele.
— Bú!
Vinícius deu um pulo, literalmente.
— Dona Jéssica! — gritou, quase derrubando sua mochila e me envelhecendo 30 anos.
Eu ri, divertindo-me com a reação dele.
— Fazia tempo que a gente não se encontrava. Você anda evitando o elevador, é isso? Subindo mais de escada agora?
O sorriso dele morreu, dando lugar a um olhar desesperado. Ele ficou branco, como se tivesse visto um fantasma. Ai, meu Deus, o garoto realmente estava traumatizado com a ideia de ser denunciado por assédio. Resolvi pegar leve antes que ele entrasse em colapso.
Olhei ao redor para ter certeza de que ninguém estava por perto. Então, abaixei um pouco a voz e falei:
— Olha, Vinícius, sobre o... “incidente no elevador”... você não precisa se preocupar. Tava muito apertado, não dava pra gente se mexer. Não foi uma encoxada de verdade. Foi ruim pros dois. Quando saí, eu vi no seu olhar que você tinha ficado tão constrangido quanto eu. Resolvi deixar aquilo pra lá.
Ele demorou um bocado antes de suspirar fundo, visivelmente aliviado.
— Nossa, dona Jéssica... obrigado.
— Apenas “Jéssica”, sem “dona”, pelamordeDeus.
— Eu fiquei com medo da senhora achar que eu... sabe.
— “Você”, pelamordeDeus. Eu tenho 27, não 57.
Ele passou a mão na nuca, nervoso.
— Eu juro que não foi minha intenção, é que... é, tava apertado mesmo.
Eu sorri de forma tranquilizadora.
— Eu sei, Vinícius. Vamos deixar isso pra lá e seguir em frente, ok? Mas, se você realmente quer se redimir de alguma coisa, pode me acompanhar no cinema. Eu ia assistir o “F1” sozinha, mas cinema com companhia é sempre melhor.
Ele arregalou os olhos.
— Eu? No cinema? Com a senhor... você? — hesitou, coçando o queixo. — Poxa, do... Jéssica, eu... não sei se seria uma boa ideia.
— Que besteira, Vinícius! — falei, batendo de leve no braço dele. — Não há problema nenhum. O Rogério e a Lisandra estão no cinema também, aqui no mesmo shopping. Quando a sessão deles acabar, a gente pode até se encontrar na saída.
Ele pareceu concatenar as ideias por um momento, depois sorriu de forma um pouco mais relaxada.
— Bom, então, eu topo.
— Combinado! — falei, animada. — Vamos pra praça de alimentação antes? Eu quero comer alguma coisa antes.
Enquanto caminhávamos lado a lado, perguntei casualmente:
— Ah, tem problema ser IMAX? Eu comprei o meu ingresso já.
O Vinícius riu, meio envergonhado. No final de semana, o IMAX era bem caro e ele pagava inteira.
— Problema nenhum...
Depois de uns 20 minutos, estávamos os dois na praça de alimentação, dividindo um combo de dois sanduíches e uma batata grande do Burger King. Eu tinha sugerido isso porque não estava com tanta fome, e ele pareceu até aliviado por economizar um pouco.
Enquanto comíamos, ele falava animadamente sobre filmes e séries, e eu fui percebendo que ele era tão nerd quanto o Rogério. A diferença é que, em vez de ser fissurado por futebol, ele parecia curtir muito mais basquete. Era daqueles que assistiam aos jogos da NBA por IPTV, acompanhando as temporadas como se fosse a Libertadores pro Rogério.
Quando chegou a minha vez de falar, confessei, rindo:
— Olha, eu não sou muito dessas coisas nerds não, tipo Star Wars, Star Trek, filmes de heróis. O meu negócio são filmes de ação e comédias românticas.
Ele reagiu surpreso e divertido, enquanto eu continuava:
— Eu AMAVA aquelas comédias românticas que passavam na TV aberta quando eu era bem jovem. Tudo bem que, reassistindo algumas delas agora que eu tô com meus “20 e tantos” anos, tenho que admitir que muitas não envelheceram bem. Algumas não passam nem de longe no teste do feminismo — ri, pegando uma batatinha. — Mas ainda passo um pano pra algumas, dizendo que é só um retrato da época.
Vinícius sorriu, meio tímido.
— Acho justo. Tem coisa que, se a gente começar a analisar demais, perde a graça.
Concordei com a cabeça.
— Mas sabe o que nunca mudou? O meu filme favorito: “Um Lugar Chamado Notting Hill”. O personagem do Hugh Grant continua perfeito! Amável, gentil, simpático, bondoso com todo mundo... Ele é quase um Rogério londrino.
— Nunca vi esse filme, acredita?
Eu arregalei os olhos, fingindo indignação.
— Como assim nunca viu?! Um dia eu vou amarrar você e a Lisandra no sofá lá de casa pra assistir esse filme comigo. É inadmissível que essa nova geração não conheça os clássicos!
— Nova geração? Jéssica, a diferença de idade entre a gente é de um ano e oito meses.
A batatinha escapou da minha mão e caiu na bandeja. Eu o encarei, chocada.
— Sério?! — E eu tratando ele desde o arraial como se fosse uns oito anos mais novo que eu. Cobri o rosto com as mãos, rindo junto, um pouco constrangida. — Ai, que vergonha...
A gente estava rindo dessa minha confusão quando meus olhos se desviaram e eu congelei. Ao longe, andando entre as mesas, estava uma mulher. Cabelos pretos, lisos, um corpo incrível, morena, coxuda. Belíssima. O pesadelo que só vi em fotos e eu nunca queria ver pessoalmente. Meu sangue gelou.
Eu sussurrei, quase sem ar:
— Milena...
— Jéssica? — Vinícius me olhou, assustado. — Ei, calma. Tá tudo bem. Respira.
Ele segurou minha mão, firme, me trazendo de volta. Pisquei várias vezes, tentando focar nele. Quando olhei de novo, a mulher tinha desaparecido como se nunca tivesse estado ali. Meu coração ainda disparava.
— Eu... acho que vi alguém — murmurei, tentando me recompor.
— Você ficou pálida de repente. Quer sair daqui um pouco? — sugeriu, preocupado.
Balancei a cabeça.
— Não, não, eu tô bem. Deve ter sido só... impressão minha. — Tentei me convencer, repetindo mentalmente que não era a Milena. Não podia ser ela. A Milena tinha se mudado pros Estados Unidos. Era só paranoia minha.
Respirei fundo, agradecendo ao Vinícius pela calma dele.
Meia hora depois, nós dois caminhávamos juntos em direção ao cinema, já mais tranquilos. Durante o caminho, descobrimos outra paixão em comum: a franquia Velozes e Furiosos.
— Outro que também amei foi Top Gun: Maverick. Por ser o mesmo diretor, que decidi assistir esse filme da F1.
— Cara, Top Gun foi incrível — respondeu ele, empolgado. — E se for do mesmo diretor, esse deve ser bom mesmo.
Chegamos na fila do cinema, ainda conversando animadamente, e eu consegui, aos poucos, empurrar a imagem da Milena para o fundo da minha mente. Ou, pelo menos, tentei.
Quase três horas depois, saímos da sala de cinema ainda comentando o filme. Amei a forma como o diretor tinha conseguido trazer a emoção das corridas, e ele parecia igualmente impressionado, falando animado.
— Não esperava gostar tanto assim — disse ele. — Na verdade, tinha medo de que fosse como aquele filme antigo do Stallone.
— O plot é exatamente o mesmo!
Enquanto caminhávamos, notei um aglomerado de pessoas perto da bilheteria, todas tirando fotos. Uma fila se formava diante de cinco cosplayers de Star Wars. Curiosa, puxei Vinícius pelo braço.
— Vamos ver o que é — falei.
Chegando mais perto, meu queixo caiu. Entre os cosplayers mais disputados, dois se destacavam: Rogério e Lisandra. A multidão fazendo fila pra tirar fotos com eles, como se tivéssemos numa Jedicon.
Vinícius arregalou os olhos, surpreso.
— Espera... São essas as fantasias que você alugou pra eles? Devem ter custado uma fortuna, são perfeitas!
Eu dei uma risadinha, meio sem graça, pensando no prejuízo.
— Na verdade, eu deixei os dois escolherem onde alugar. Só dei meu cartão e falei que podiam pegar qualquer uma, desde que fossem do Anakin e da Ahsoka.
Assistindo eles se divertirem, não resisti em me abrir com o Vinícius.
— Eu jurava que eles iam pagar o maior mico vindo pra cá vestidos assim.
Vinícius riu, balançando a cabeça.
— Mico? Jéssica, hoje é um evento especial de 20 anos desse filme. Só os mais fãnzaços mesmo viriam. Imagina pagar ingresso, comida, estacionamento, tudo isso só pra reassistir algo que você já tem em DVD, Blu-ray e no streaming.
— É...
— Além disso, vamos combinar: o senhor Rogério e a Lisandra estão entre as pessoas mais bonitas do bairro. Talvez até da cidade inteira. — Ele apontou para os dois, que faziam poses incríveis. — E eles ainda ficaram perfeitos nos trajes, sabem todos os trejeitos dos personagens. Claro que fariam sucesso! Eu mesmo tô querendo uma foto com eles agora que vi de perto.
Eu parei por um momento, pensando nas palavras dele. Em vez de sentir ciúmes, comecei a sorrir. O Rogério parecia tão feliz, se divertindo mesmo. E eu não notava absolutamente nenhum clima entre ele e Lisandra, era apenas amizade. Sem querer eu tinha transformado uma simples ida ao cinema entre dois amigos num evento inesquecível para ele.
— Você tem razão, Vinícius — falei, rindo. — Vamos entrar na fila também. Quero ver a cara deles quando a gente aparecer.
— Vai ser engraçado.
— Depois que terminarmos, vamos jantar nós quatro — acrescentei, já planejando a noite. — Por conta do Rogério, claro. Já que ele e a Lisandra devem ter gastado mais da metade de um plantão meu só nessas fantasias, é o mínimo que ele pode fazer!
O resto da noite foi tranquilo. Eu e Rogério, Vinícius e Lisandra. Foi um double date inesperado. O Vinícius ficava travado com o Rogério por ser o chefe dele e não havia muito que eu pudesse fazer sobre isso. Mas foi interessante.
Quando voltamos pra casa, o Rogério estava em ponto de bala pra me comer. Mal entramos no quarto, já fomos tirando a roupa.
Ele sempre olhava apaixonado pra os meus seios durinhos, que tinham biquinhos rosas que apontavam para cima, além da minha bucetinha apertadinha e de pelinhos ralinhos.
Não vou ser mentirosa de dizer que ele foi o único pau que vi na vida, afinal sou médica. Além disso, acabei assistindo de camarote uma vez o Carlos fodendo a Odete em um sofá. Nem posso dizer que ele é o mais pausudo de todos, porque o traste do Enéias já balançou aquela jiromba de jegue na minha frente e, sem que eu pedisse, mandava nudes e vídeos dele comendo outras. Ainda assim, o pau do Rogério era único pra mim. O único que me penetrou. O único que me excitava. O único que importava. Com a sua cabeçona e tamanho acima da média, mas não gigantesco. Pra mim, era perfeito.
Ele veio até mim e me deu um beijo de língua, passeando suas mãos pelo meu corpo. Logo, fui deitada na cama e o Rogério sobre mim, descendo da boca pro pescoço, demorando nos seios, chupando cada mamilo como se mamasse, passando pela barriguinha e beijando o ventre que um dia carregaria nosso filho.
Quando chegou na minha bucetinha, sua língua mostrou a maestria que tinha em me deixar eletrificada. Enquanto ele me chupava, meu corpo se contorcia todo. Me arrepiava por completo. Ele chupava, mordiscava e sugava meu clitóris, lambia, enfiava a língua no buraco. Ele fazia de tudo. Depois mais um pouco. Então, repetia. E mais uma vez. Eu só gemia e contorcia o corpo, clamando por mais.
Num urro, veio o meu primeiro orgasmo da noite. O corpo todo contorcido até que amoleceu de uma vez. Eu sabia o que ele faria em seguir e estava louca pra fizesse logo.
Mas o Rogério conhecia meus timings. Ficou pincelando seu pau na entradinha. Eu ofegava, olhava pra ele. Ele brincava, pincelada, me fazendo querer mais e mais. Até puxou minhas pernas pros seus ombros e foi empurrando seu cacete dentro da minha bucetinha, cm por cm.
Assim, ele foi me comendo. Com estocadas firmes e fortes. Enfiava até o talo e tirava. Eu só gemia, e tentava abraça-lo com minhas pernas. O vai e vem rápido e contínuo do cacete dele entrando e saindo de mim, da sua pélvis se chocando na minha. Ele urrava e eu também.
Ele alternava a velocidade, hora mais rápido, hora mais lento e mais vigoroso. Eu só gemia e gritava, clamando pra ser fodida mais e mais. Escutar isso foi um sinal pra ele que eu estava próxima de outro clímax. Ele passou a estocar mais e mais forte. O barulho gostoso dos nossos corpos se chocando ecoava no quarto. Então, aconteceu.
Um novo orgasmo. Senti o prazer tomar conta do meu corpo, da cabeça aos pés. E logo amoleci de novo. O Rogério não parou de meter. Sabia que eu logo me recuperaria e ainda queria mais. Ele era vigoroso e tinha aprendido a se controlar ao máximo. Numa noite com sorte, uma gozada dele só acontecia depois da terceira minha.
Assim, ele me comeu de várias posições. Fizemos um 69, ele voltou a meter de ladinho e terminamos com ele metendo comigo de quatro na cama. Enquanto ele me comia de quatro e dava uns belos tapas na minha bunda, notei que eles estava muito de olho na entrada por trás.
Enfiava o dedo, brincava com o meu cuzinho. Cuspia dentro, tentava lubrificar. Então, do nada, foi lá e começou dar lambidas no meu cuzinho. Eu sabia o que estava por vir. Respirei fundo. Eu tinha prometido que deixaria num dia especial. Aquele sábado tinha sido especial.
Senti quando o Rogério segurou o seu pau, levou a cabeçona até a entradinha do meu cuzinho e começou a forçar. Ele estava falando várias coisas antes durante e depois. Devia estar pedindo a minha autorização, perguntando se eu tava ok com isso, etc. Mas eu tava tão nervosa que não ouvia nada.
Aos poucos, senti as minhas pregas reagirem à cabeçona forçando a entrada. Na hora, eu simplesmente entrei em pânico com medo que doesse, que me arrombasse toda, que eu cagasse sangue por semanas e pedi pra ele parar. Antes que eu terminasse a frase, o Rogério já estava do outro lado da cama, longe do meu cu.
Eu o abracei e os dois pediram desculpas pelos motivos opostos. Não tinha clima pra ele continuar me comendo naquele hora, mas eu fiz questão de chupar ele até gozar.
Duas horas depois, a gente teve outra transa gostosa que foi até o final e ele gozou nos meus peitos. Eu ainda sentia minhas pernas tremendo levemente, o corpo mole e a pele sensível ao menor toque. Estava com a cabeça repousando no peito do Rogério, ele com aquele cheirinho dele que eu amava tanto, um misto de suor e virilidade.
— Eu me sinto tão viva depois de uma noite assim — murmurei.
Ele riu baixo, aquele riso grave que sempre me fazia arrepiar. Ele me beijou devagar, e por um momento, eu quis que o tempo parasse ali. Quando nos afastamos, ele ajeitou a cabeceira e falou com um meio sorriso:
— Tá, agora falando de coisas sérias. A gente precisa decidir qual fetiche a gente vai realizar primeiro. O seu, de transar na companhia de outro casal, ou o meu, de a gente tentar o anal mais uma vez.
Eu ri, nervosa e excitada ao mesmo tempo.
— Eu quero os dois... mas o meu podia vir primeiro. Vai que o outro casal faz anal na nossa frente pra eu ver como é.
Ele riu, passando a mão pelo meu quadril.
— Jéssica, achar outro casal é complicado. Tem que ser um casal de confiança, que entenda que a gente quer uma coisa mais de voyeurismo e exibicionismo, sem troca no meio da transa. E, convenhamos, todo mundo que a gente conhece ia querer meter o louco e se meter no meio da gente.
Mordi o lábio, pensativa.
— É... eu sei. Teve aquela vez com a Lorena e a Lisandra
— Eu amei quando transamos com a Lorena e a Lisandra assistindo... Mas elas não são bi. Aquilo nunca vai se repetir. Foi algo único de uma noite muito louca.
— Eu sei... Mas, Rogério, quando a gente tenta anal... Eu fico com medo. Eu não consigo pensar em anal sem lembrar dos casos tensos que eu vi no pronto-socorro e na UTI. Pro pessoal na internet, são notícias curiosas, quase memes. Mas sou eu quem cuido dos pobres coitados que aparecem com coisas no reto. Às vezes, parece que minha mente ainda está presa naquilo. Eu confio em você, só preciso de um tempinho pra limpar essas imagens da minha cabeça, sabe?
Ele me abraçou forte, me puxando contra o peito dele, e me olhou com aquela expressão séria e carinhosa que só ele tinha.
— Amor, olha pra mim. É com a gente. Só a gente. Quando acontecer, vai ser com calma, sem pressa, sem dor, sem trauma. Você vai estar no controle. E eu vou estar aqui, cuidando de você em cada segundo. Já deu pra perceber que tudo que envolve você, eu quero que seja perfeito.
Meus olhos se encheram de lágrimas boas. Eu me senti tão segura que meu medo diminuiu um pouco.
— Eu te amo tanto, Rogério... — sussurrei, beijando ele. Quando me afastei, dei um sorrisinho travesso. — Acho que só tem um jeito justo de decidir qual vai ser o primeiro.
— Ah, é? Qual?
Peguei uma moeda da gaveta da cabeceira e mostrei a ele, segurando entre os dedos.
— Cara ou coroa. Cara é outro casal, coroa é anal. O resultado decide qual fetiche vem primeiro.
Ele riu e joguei a moeda para o alto.
Pois bem, leitor. No próximo capítulo, o Rogério vai voltar a narrar as nossas aventuras. Ele vai participar da reunião do condomínio e nós encontraremos um casal “seguro” com quem transarmos em companhia. Nós também vamos descobrir o grande segredo do Miguel.
Perguntas e Hipóteses:
1) Esse lance das novas câmeras de vigilância deve render algum conflito na trama geral? Se sim, no que vocês apostariam, especulariam?
2) Existiria uma traidora na turma da academia? Quem e por quê?
3) O que vocês acham da amizade Rogério e Lisandra? É algo legal ou é a maior idiotice que o Rogério já fez na vida?
Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Daqui a uma semana, teremos a continuação.
NOTA DO AUTOR 01: A aparência do Carlos não é um retcon. Como a Jéssica sempre teve esse lado “personalidade sobre aparência”, além do filtro da amizade, ela claramente teria uma visão mais bondosa da aparência do Carlos. Principalmente, em comparação a como o próprio Carlos, que começou sua série com a pior das autoestimas, se enxergaria.
NOTA DO AUTOR 02: Essa é a primeira vez que escrevo na primeira pessoa em PoV feminino e foi logo com a Jéssica em vez de treinar antes com a Sarah ou Tatiana. Assim, aceito quaisquer críticas construtivas que tiverem pra melhorar. O capítulo ficou muito maior do que esperava pela necessidade de apresentar ou avançar outros subplots da novela geral.
NOTA DO AUTOR 03: Por causa das reescritas e reformulações que precisei fazer, a ordem dos próximos capítulos mudou:
* Eu, a esposa gostosa do meu chefe e os vizinhos deles - Parte 02
* Quem Vai Comer a Advogada Evangélica? - Capítulo 09
* Queria Ser Síndica, mas Porteiros e Zeladores Me Viram Pelada (One-shot da Tatiana)
* Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 16
* Eu, minha amiga gostosa e os vizinhos dela - Parte 02
* Quem Vai Comer a Advogada Evangélica? - Capítulo 10 (começo do arco do divórcio da Rebecca)
* Apostei que Faria Aquela Médica Certinha Virar Minha Putinha - Parte 04
* Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 16.5
* Eu e Minha Esposa Pulamos a Cerca... E o Caos Explodiu - Parte 08