Capítulo XIV - Juntos novamente!
Caio narrando...
Os dias pareciam não ter fim. Cada segundo era como uma gota pesada caindo no relógio da vida. A febre de Rafael foi cedendo aos poucos, e os exames começaram a mostrar sinais claros de melhora. O olhar dos médicos, antes carregado de cautela e incerteza, passou a trazer um lampejo de esperança.
E então, numa manhã fria e silenciosa, recebemos a notícia: ele seria transferido para um quarto. Não era apenas uma mudança de ambiente; era como se estivessem dizendo que ele já havia vencido metade da guerra.
Mamãe se aproximou, com aquela presença forte que sempre soube me acalmar nos piores momentos. Segurou meu ombro com firmeza, me obrigando a encará-la.
— Filho… vai pra casa um pouco. Toma um banho, troca de roupa. Você precisa se cuidar. Eu balancei a cabeça, sentindo a resistência no peito. — Mãe… eu não consigo. E se alguma coisa acontecer? E se ele…
— Caio! — ela me cortou, com um tom que misturava carinho e ordem.
— Ele vai acordar, e quando acordar, vai precisar ver você forte. Do jeito que tá agora, parece que você é o paciente.
Eu suspirei fundo.
— Tá… mas eu volto rápido.
— Eu sei que volta. — Ela sorriu de leve, mas os olhos denunciavam a preocupação.
Peguei um táxi e fui para casa. Ao abrir a porta, fui recebido pelo silêncio ensurdecedor do nosso apartamento. Meus olhos passearam pelo sofá onde tantas vezes nos deitamos para ver filmes; pela caneca dele esquecida sobre o balcão da cozinha; pela camisa que ainda carregava seu cheiro. Era como caminhar dentro de um álbum de memórias.
Me sentei e fechei os olhos, deixando as lembranças me invadirem: o dia em que ele chegou com flores sem motivo algum; as manhãs preguiçosas em que ele me puxava de volta pra cama; as mensagens de voz engraçadas que ele deixava quando estava com saudade.
No banho, deixei a água quente escorrer pelo rosto, misturando-se às lágrimas que eu não tentei conter. Lavei não só o corpo, mas um pouco da dor que vinha me consumindo. Quando saí, escolhi a camisa azul que ele adorava, ajeitei o cabelo e respirei fundo.
De volta ao hospital, caminhei pelo corredor até o quarto dele. A porta estava entreaberta, e lá estava ele… dormindo profundamente. A respiração ritmada, o rosto sereno, mas ainda pálido. Puxei a cadeira e me sentei ao lado da cama. Segurei sua mão, fria, mas viva.
— Rafa… — minha voz tremeu.
— Foram dias tão longos sem você. Eu fiquei aqui, todos os dias, falando com você. Eu contei sobre nós, sobre as coisas que ainda quero viver com você… sobre como eu te amo.
As lágrimas começaram a rolar. Eu abaixei a cabeça, tentando conter o soluço, quando ouvi, quase como um sopro:
— Eu te amo, Caio… eu te amo como jamais amei alguém nessa vida…
Meu coração parou por um segundo. Olhei para ele, e vi suas pálpebras se movendo. Lentamente, ele abriu os olhos, piscando como quem luta para voltar de um lugar distante. E então… nossos olhares se encontraram.
— Rafa… — minha voz falhou. — Meu Deus, é você…
Ele tentou sorrir, mas a emoção foi mais forte. Uma lágrima escorreu pelo canto do olho dele.
— Eu… achei que nunca mais ia te ver…
— Eu também — sussurrei, apertando ainda mais sua mão.
— Você não tem ideia do que foi cada minuto sem você.
Ele respirou fundo, com dificuldade.
— Eu ouvia você… sabia? Lá no fundo. Sua voz me puxava… como se fosse a única coisa que me prendia aqui.
— Então foi você que me prometeu voltar… e cumpri —
Sorri entre as lágrimas.
— Não tinha direito de me deixar. Ele fechou os olhos por um segundo, como se guardasse forças.
— Eu pensei… que não fosse aguentar. Mas aí eu lembrei da gente, lembrei… daquele dia na praia, você segurando minha mão, me dizendo que nunca mais ia soltar… Eu me agarrei nisso.
Minha voz falhou.
— Eu teria dado minha vida pra te trazer de volta.
Ele sorriu fraco.
— Eu sei… mas eu não queria que você desse a sua. Eu queria viver a minha com você.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, apenas nos olhando.
— Rafa… — falei baixinho. — Você é o amor da minha vida. Não existe nada que eu queira mais do que envelhecer ao seu lado.
— E você é… meu porto seguro, Caio. — Ele engoliu em seco, e lágrimas rolaram. — Eu tive tanto medo… não da morte… mas de não te ver mais, de não sentir seu toque, de não ouvir você me chamar de “meu amor” de novo.
Eu encostei minha testa na dele.
— Então escuta agora… Meu amor. Meu amor. Meu amor. — Repassei as palavras como se quisesse tatuá-las na alma dele.
Ele riu baixinho, mesmo fraco.
— Você é insuportável… e perfeito.
— E você é teimoso… mas meu.
Nos beijamos, e dessa vez não foi urgente, foi lento. Um beijo que dizia “sobrevivemos”. Quando nos afastamos, ainda com as mãos entrelaçadas, ele murmurou:
— Não me deixa sozinho hoje.
— Nunca mais.
Assim que o beijo terminou e eu ainda mantinha minha testa colada à dele, ouvi passos apressados no corredor. Uma batida leve na porta precedeu a entrada de Miguel, que parou no umbral com os olhos arregalados. Por um segundo, parecia não acreditar no que estava vendo.
— Não… não é possível… — ele disse, quase sem voz, e depois abriu um sorriso largo que foi se desfazendo em lágrimas.
— Cara… você tá acordado…
Rafael virou a cabeça lentamente, um sorriso pequeno mas cheio de emoção se formando.
— Miguel… — falou baixo, como se o nome pesasse anos de amizade.
— Eu senti sua falta.
Miguel entrou, sem esperar convite, e parou do lado oposto da cama, colocando a mão sobre a dele.
— Você me faz um favor? Nunca mais faça isso de me deixar sem notícias suas por quase morrer, entendeu? — a voz dele tremeu, mas havia aquele tom típico de amigo que tenta disfarçar emoção com humor.
Eu olhei para Miguel e brinquei:
— Eu tentei segurar ele aqui, mas você sabe como ele é teimoso.
Miguel respirou fundo e apertou a mão de Rafa.
— Cara… eu passei noites rezando, conversando com você mesmo sem resposta, imaginando tudo que ainda não vivemos. E agora que você tá aqui, eu só quero dizer… obrigado por não desistir.
— Eu não ia desistir… — Rafa respondeu, olhando para mim de relance — …porque tinha gente demais me puxando de volta.
Miguel se endireitou, enxugando as lágrimas.
— Vocês dois… vocês são a prova de que o amor existe.
Nesse momento, a porta abriu novamente e mamãe entrou, seguida de Dona Eloísa. Elas pararam, congeladas por um instante ao ver Rafa acordado.
— Rafael… meu filho… — Dona Eloísa foi a primeira a se mover, indo até a cabeceira e acariciando seu rosto com as mãos trêmulas. — Eu esperei tanto por esse momento…
Rafa fechou os olhos, sentindo o toque dela.
— Mãe… eu tô aqui…
Eu me afastei só um pouco para que elas tivessem aquele instante. Ela inclinou-se e o abraçou de leve, como se tivesse medo de machucá-lo.
— Você me deu um susto que eu nunca mais quero sentir. Mas agora… agora eu só quero te ver viver. E estarei mais perto, meu amor, eu prometo!
Mamãe se aproximou em seguida, com aquele olhar firme, mas a voz doce.
— Rafael, meu querido… — ela sorriu com os olhos marejados. — Bem-vindo de volta!
Ele sorriu fraco. — Obrigado… e obrigado por cuidar de Caio enquanto eu não podia.
— Não precisa agradecer, meu filho. Fiz e continuarei cuidando, não apenas dele, mas de você também, querido! — ela respondeu, lançando um olhar para mim. — E agora que você voltou, não pense que vai escapar do meu carinho.
Rafa riu baixinho.
— Tá prometido.
Dona Eloísa então olhou para mim, e vi um brilho diferente no olhar dela, como se estivéssemos nos entendendo sem palavras. Ela colocou a mão no meu ombro.
— Obrigada… por não soltar a mão dele, nem quando tudo parecia perdido.
Eu engoli em seco.
— Eu só… fiz o que qualquer um faria por quem ama.
Miguel, que estava mais afastado, resolveu quebrar o momento:
— Ok, ok… mas eu exijo um churrasco de comemoração quando ele sair daqui.
Rafa riu, e foi a primeira risada dele desde que abriu os olhos.
— Só se for na sua casa.
— Fechado — Miguel respondeu, piscando para ele.
Mamãe olhou para mim e falou com um sorriso de canto:
— Viu? Ele ainda tem humor. É um bom sinal.
O quarto ficou cheio de vozes baixas, risadas tímidas e olhares que diziam mais do que palavras poderiam. Eu não desgrudei da mão de Rafa, e ele não parava de me olhar, como se quisesse decorar meu rosto de novo.
E ali, naquele quarto branco e frio, havia calor. Não o calor físico, mas o calor que só se sente quando o medo dá lugar à esperança.
Engraçado como eu já tinha me acostumado com o barulho dos monitores, o cheiro forte de álcool e aquele silêncio meio frio que só hospital tem. Mas naquela noite, quando a porta se fechou e todo mundo foi embora, o quarto ganhou outro peso. Era só eu e ele. Só eu e o Rafa.
Ele me olhava com aquele sorrisinho safado, mesmo ainda cansado, meio abatido, mas vivo… tão vivo que eu sentia o coração bater mais rápido só de estar perto. Me aproximei da cama e sentei na beirada, passando a mão de leve no braço dele, como quem queria ter certeza de que não era um sonho.
— Vem cá… — ele murmurou, a voz rouca, mas carregada de desejo. — Deita comigo.
Sorri de canto, balançando a cabeça.
— Rafa, você ainda tá em recuperação. Vai querer me dar trabalho extra?
Ele riu baixinho, mas depois mordeu o lábio, me puxando com a mão fraca, mas insistente.
— Só quero sentir você, Caio. Toca em mim… por favor.
Aquilo me desmontou. Era impossível negar. Me deitei devagar ao lado dele, tomando cuidado com os curativos, mas ao mesmo tempo deixando meu corpo se encaixar ao dele. Meu braço deslizou pelo peito firme, mas agora mais sensível. Minha mão passeava, explorando devagar.
— Você não presta, sabia? — falei no ouvido dele, rindo baixinho.
— Tá todo remendado e ainda assim pensando besteira.
Ele soltou uma gargalhada curta, que logo virou um gemido abafado de prazer quando minha mão parou na cintura dele.
— É… e a culpa é sua. Só de sentir você aqui já fico de pau duro.
Meu corpo arrepiou inteiro. Levei a mão mais pra baixo, apertando de leve a coxa dele, sentindo a tensão, a respiração acelerar. Ele se remexeu, mordendo o lábio como quem tentava se controlar.
— Caralho, Caio… não faz isso comigo. — ele riu, mas a voz carregava uma súplica.
— Você sabe que eu não vou aguentar.
Beijei o pescoço dele devagar, provocando.
— Não vai aguentar o quê, hein? Fala pra mim.
Ele apertou meus dedos contra a pele quente dele.
— Você sabe. Tô morrendo de tesão.
Sorri contra a pele dele, sentindo o arrepio correr pelo corpo do Rafa. Minha mão subiu de novo, parando no peito, acariciando com calma.
— Eu também tô, amor. — confessei, colando minha boca na dele num beijo lento, molhado. — Mas a gente não pode. Aqui não… não desse jeito.
Ele gemeu contra a minha boca, frustrado, mas ainda assim com um brilho divertido nos olhos.
— Você é cruel.
— Cruel nada. — respondi, rindo. — Eu só tô cuidando de você. E, olha, se eu pudesse, já teria te comido aqui mesmo nessa cama.
Ele arregalou os olhos e riu alto, me empurrando de leve.
— Você é malvado, Caio. Fala isso e acha que eu vou ficar de boa?
Beijei a ponta do nariz dele, passando o polegar pelo lábio inferior dele, que tremia de desejo.
— Relaxa. — sussurrei. — Logo, logo eu vou acabar com essa saudade do teu corpo. Mas por enquanto… eu quero só te sentir assim, debaixo da minha mão, vivo, quente… meu.
Ele fechou os olhos, mordendo o lábio com força, tentando disfarçar o quanto tava excitado só com meus toques e palavras. Eu ria baixinho, porque era delicioso ver o Rafa, sempre tão forte, tão no controle, agora entregue daquele jeito, preso entre o tesão e a necessidade de se cuidar.
— Você me provoca de propósito, né? — ele disse, abrindo os olhos devagar.
— Claro. — respondi, com um sorriso safado. — É divertido te deixar louco, ainda mais sabendo que você não pode fazer nada além de gemer baixinho e me xingar.
Ele riu, puxando meu rosto pra perto do dele.
— Você vai pagar por isso quando eu melhorar, Caio.
— Eu tô contando com isso. — respondi antes de beijá-lo de novo, profundo, deixando que nossas respirações se misturassem e o quarto inteiro se enchesse daquele calor que só nós dois sabíamos criar.
Ficamos assim por longos minutos, minha mão explorando cada parte do corpo dele, mas sem ultrapassar o limite, só alimentando o fogo. Até que o cansaço venceu, e ele acabou adormecendo encostado no meu peito, ainda com um sorriso satisfeito no rosto.
E ali, no silêncio da madrugada, eu entendi que o maior prazer daquela noite não era sexo. Era só tê-lo comigo, vivo, respirando, meu.
Eu nunca tinha passado tanto tempo em claro, sentado em uma poltrona dura de hospital, apenas observando alguém dormir. Mas naquela noite… naquela noite parecia que o mundo tinha parado só pra que eu pudesse ficar ali, olhando o Rafael. Cada suspiro dele me lembrava de tudo o que já tínhamos vivido. A forma como o peito dele subia e descia devagar, a mão dele às vezes se mexendo inconsciente, era como uma promessa silenciosa de que ele ia voltar pra mim por inteiro.
Enquanto ele dormia, eu me peguei fazendo planos. Planos bobos até… de acordar ao lado dele numa casa nossa, de preparar café da manhã, de caminhar com ele na praia no fim da tarde. Eu queria a vida simples com ele. Queria ser a primeira pessoa que ele visse ao abrir os olhos e a última antes de dormir. E, no fundo, sabia que era isso que nos mantinha firmes: a certeza de que tudo o que passamos até aqui não foi em vão.
A madrugada foi longa, mas quando percebi, já havia uma fresta de luz entrando pela janela do quarto. O barulho discreto do corredor denunciava que o hospital começava a acordar também. O Rafael abriu os olhos devagar, ainda meio perdido entre o sono e a realidade. Sorri sem pensar.
— Bom dia, amor — falei baixinho, como quem tem medo de quebrar alguma coisa frágil.
— Bom dia… — ele respondeu, a voz rouca, os olhos tentando focar em mim. — Você não dormiu?
— Não consegui. Fiquei te olhando.
Ele riu fraco, balançando a cabeça. Queria brincar, mas ainda estava cansado. Logo depois, precisei ajudar ele a se levantar. Só de tentar apoiar os pés no chão, percebi a dificuldade. O corpo dele parecia pesado, os músculos duros de tanto tempo parado. Passei o braço em volta da cintura dele, segurei firme e, juntos, fomos até o banheiro.
O Rafael estava envergonhado, eu percebi no olhar dele. Mas eu não me importava. Apoiei ele devagar, tirei a camiseta do hospital, e ficamos ali, debaixo da água morna. Eu passei a mão pelos ombros dele, massageei de leve, sentindo os músculos tensos relaxarem. Ele fechava os olhos, respirava fundo, como se aquele banho fosse o primeiro depois de anos.
— Você é teimoso até pra se apoiar — brinquei, rindo baixo, tentando aliviar o clima.
— Eu não quero que você me veja assim… tão fraco.
— Ei, para com isso. Pra mim, você sempre foi forte. Até agora.
Ele me olhou, sério, e eu percebi que aquelas palavras pesaram de verdade. Segurei o rosto dele com cuidado e beijei sua testa, deixando a água escorrer entre nós dois.
Depois que terminamos, ajudei ele a se vestir de novo e voltamos pro quarto. Eu estava cansado, mas não queria largar dele por um segundo. Foi então que a porta se abriu.
Dona Eloísa entrou. Parou por um instante, olhando a cena — eu ajeitando Rafael na cama, com todo cuidado — e suspirou fundo. Eu entendi aquele olhar. Havia culpa, mas também havia decisão.
— Caio… — ela chamou meu nome com doçura, algo que eu não esperava. — Posso falar com você um instante?
Olhei pro Rafael, ele assentiu com a cabeça. Me levantei e segui ela até o corredor.
— Eu… — ela começou, mas a voz embargou. — Eu preciso te agradecer.
— Dona Eloísa, não precisa…
— Preciso, sim. — Ela me interrompeu. — Eu vejo o que você faz pelo meu filho. Eu vejo o amor que você tem por ele. E… eu não tive coragem de lutar por ele como deveria.
Fiquei em silêncio. O peso daquelas palavras caiu sobre mim.
— Eu me separei do pai dele — ela disse, mais firme agora. — Era a única forma. Eu não podia mais ser cúmplice daquela dureza, daquela… crueldade.
Senti meu peito apertar. Eu sempre quis ouvir isso, não por mim, mas pelo Rafael.
— Dona Eloísa… ele te ama. Mesmo quando o senhor… — parei, me corrigindo — …quando o pai dele tentava afastar vocês dois, eu sei que ele ainda tinha a senhora no coração.
— Eu sei — ela sussurrou, emocionada. — Mas agora eu quero provar. Quero estar presente. E quero que você saiba que não está sozinho nessa.
Não consegui segurar. Abracei ela. Foi um abraço sincero, desses que aliviam um peso enorme.
— Obrigado — falei, sentindo minha voz embargar também. — Eu só quero ver ele feliz.
Quando voltei pro quarto, Rafael estava sentado na cama, um pouco mais desperto, e sorriu quando me viu.
— E aí? — ele perguntou, curioso.
— A gente vai ter alta em breve, amor — falei, sentando ao lado dele. — Logo vamos sair daqui e começar uma nova fase.
Ele segurou minha mão, apertou forte e me olhou nos olhos com aquela intensidade que só ele tinha.
— Eu só quero isso, Caio. Você, eu, e mais nada.
Sorri, sentindo que aquele momento era o começo de algo muito maior do que qualquer hospital poderia prender.