Glória Profana

Da série Entre Homens
Um conto erótico de alfadominador
Categoria: Gay
Contém 9726 palavras
Data: 11/08/2025 02:03:24

Quando me disseram que ia chegar um rapaz de Natal, 26 anos, precisando recomeçar a vida, aceitei sem pensar muito. Era recomendação de um amigo pastor de lá, homem sério e isso bastava. Preparei o galpão no fundo do terreno, um casebre antigo onde guardávamos ferramentas e restos de material da igreja. Dei uma limpada geral, comprei uma cama nova, uma cômoda simples e junto com minha esposa e meu filho organizamos tudo para receber o rapaz.

Quis fazer a coisa certa. Dar um quarto decente, um espaço só dele. O que não me disseram e, talvez ninguém pudesse explicar, era o impacto que teria antes mesmo de ouvir a voz dele.

A primeira vez que vi foi por foto. Ele mandou pelo celular, coisa simples, só pra confirmar que já estava a caminho. E foi ali que senti o ar mudar. Pele negra, uniforme de trabalho surrado, camiseta velha agarrando nos ombros largos, os músculos do braço marcando até por baixo do tecido. O rosto… quadrado, barba cheia, sorriso largo, dentes brancos contrastando com a pele, olhar firme, sem abaixar pra câmera. Tinha alguma coisa no jeito que ele ocupava o enquadramento, como se mesmo parado fosse maior do que a foto conseguia segurar.

Olhei rápido, como quem cumpre protocolo, mas fiquei com a imagem na cabeça o resto do dia. Tinha cheiro, mesmo na distância da tela. Tinha peso. E o pior era a calma: não era pose de modelo, não era esforço pra impressionar, era só ele. Braço grosso segurando uma mochila pequena, pescoço marcado de veias, peito largo sob a malha fina. Um homem que já carregou coisa pesada na vida e não precisou contar.

Meu filho comentou que ele parecia gente boa, minha esposa disse que tinha “cara de responsável”. Assenti, sem discordar, mas por dentro estava repetindo a imagem como se fosse estudar o sujeito antes dele chegar. Não era desconfiança, mas um incômodo difícil de nomear. Alguma coisa que não cabia na justificativa de “ajudar o próximo”.

Ele chegou numa tarde quente, dessas que o ar fica parado e a poeira gruda na pele. Eu estava no quintal, terminando de varrer a entrada do galpão, quando ouvi o portão bater. Olhei e vi o rapaz vindo pela rua de terra, mochila no ombro, camiseta colada de suor, calça jeans desbotada no ponto exato entre larga e justa. Andava como quem não precisava provar nada pra ninguém: passos firmes, tronco reto, olhar direto no destino.

Quando entrou, estendeu a mão com força. Pele quente, palma larga, calo de quem já trabalhou com o corpo, aperto firme que não larga antes da hora. O cheiro veio junto, uma mistura de desodorante barato, suor fresco e poeira de estrada. Não era perfume, era presença.

A camiseta, de um azul gasto, moldava o trapézio e deixava adivinhar a espessura do peitoral. O tecido estava escuro nas axilas e grudado na linha da clavícula, denunciando o calor que ele trazia no corpo. O jeans marcava o peso do quadril, firme, largo, sustentando o jeito de andar que parecia empurrar o chão pra trás. E quando passou por mim pra entrar no galpão, vi as costas largas preencherem a porta inteira, ombros abrindo caminho como se o espaço precisasse se adaptar ao tamanho dele.

Fiquei na entrada observando enquanto ele olhava o quarto. Não falou muito. Largou a mochila no canto, passou a mão no lençol novo da cama, abriu e fechou a gaveta da cômoda como quem mede o que vai caber ali. Cada movimento tinha calma e domínio, como se aquele espaço já fosse dele desde sempre.

Quando se virou pra agradecer, o sorriso apareceu de novo. Lento, aberto, com um brilho nos olhos que não combinava com a história de ex-presidiário que me contaram. Ou talvez combinasse demais. Sorriso de quem já passou pelo inferno e não se assusta mais com calor nenhum.

Os primeiros dias foram de silêncio. Ele acordava cedo, antes mesmo do sol bater na janela, saía pra trabalhar nas tarefas da igreja ou no que aparecesse pelo bairro e só voltava no fim da tarde; o corpo carregado de poeira e sol. No começo, trocávamos poucas palavras: um “bom dia” grave, um “precisa de ajuda?” enquanto eu mexia nas coisas do quintal. Mas com o tempo, esses intervalos foram se alongando.

Teve uma vez, logo cedo, que ele apareceu no galpão de bermuda larga e camiseta sem manga, segurando duas tábuas no ombro. O braço estava coberto de serragem, o bíceps contraído pelo peso e o suor descia da nuca até desaparecer por baixo do pano. Passou por mim e disse só “com licença, pastor”, mas a proximidade deixou no ar aquele cheiro de homem que já trabalhou desde cedo, sal, madeira, desodorante fraco.

À noite, depois do culto, às vezes ele passava pela cozinha pra pegar água. Ficava de pé, encostado na pia, bebendo direto de sua garrafa, a camiseta esticada sobre o peito. Uma vez, minha esposa estava no quarto e meu filho já tinha subido. Ficamos só nós dois ali, e ele começou a contar rindo um caso da adolescência, mexendo com as mãos, os ombros balançando, a voz grave preenchendo o espaço. Eu ria também, mas sentia o corpo todo consciente da distância curta demais, das costas dele roçando levemente quando se virava pra pegar o copo.

No quintal, ajudava a descarregar caixas, e às vezes vinha por trás pra segurar o peso junto, a palma aberta sobre a minha, o calor da pele atravessando o tecido da luva. Não era toque de quem quer provocar, mas também não era de quem evita contato. E cada vez que isso acontecia, eu passava o resto do dia com a lembrança daquele aperto espalhada pelos dedos.

Comecei a notar que ele me olhava mais tempo do que precisava quando eu falava. Não com desafio, mas como quem mede. Como se estivesse tentando entender até onde eu iria — ou se iria. E quanto mais percebia, mais difícil ficava desviar.

Foi no fim de uma reunião da igreja que anunciei o próximo retiro dos jovens. Seria numa fazenda afastada, três dias de acampamento, programação cheia, barracas, gincanas e, como sempre, precisava de gente pra montar tudo antes da chegada do grupo. Lá em casa, isso significava envolver todo mundo: eu, minha esposa, meu filho e, agora, o rapaz no galpão.

Na semana seguinte, a casa ganhou outro ritmo. Minha esposa costurando bandeiras, organizando kits. Meu filho anotando listas, conferindo material. E ele, o novo morador, sempre à disposição, pronto pra carregar, buscar, ajeitar. Só que, conforme os dias passavam, percebi uma coisa que antes não tinha me chamado atenção: meu filho e ele andavam juntos o tempo todo.

Quase da mesma idade, riam das mesmas piadas, se entendiam no olhar. Iam ao mercado comprar coisas e voltavam dividindo uma garrafa d’água, passavam horas no quintal cortando madeira e acertando medidas, um passando o martelo pro outro sem pedir. No começo, achei normal — convivência, amizade. Mas aos poucos comecei a reparar demais. O jeito que se encostavam quando olhavam a mesma folha de papel. As palmas batendo no ombro do outro no meio da conversa. A facilidade com que dividiam tarefas pesadas, o corpo colado por um segundo a mais do que precisava.

Ficava calado, só observando. Não havia nada explícito ali, nada que eu pudesse apontar como “errado”, mas alguma coisa dentro de mim se mexia. Um desconforto que não tinha nome, um peso que se instalava no estômago toda vez que via meu filho rindo alto com ele, como se aquele sorriso fosse só deles.

E, no fundo, eu sabia que não era apenas ciúme de pai. Era outra coisa.

Na véspera, a casa parecia depósito de evento. Caixas de garrafas d’água empilhadas na sala, colchonetes no corredor, sacos de lona encostados na parede. Eu estava no quintal, separando as ferramentas para levar, quando eles apareceram juntos, rindo de alguma piada que não peguei. Meu filho carregava uma caixa menor, e ele, a maior, como se fosse leve. Os dois largaram no canto e ficaram conferindo a lista no mesmo pedaço de papel, ombro encostando em ombro, cabeça quase colada.

— Mais duas dessas e a gente fecha — ele disse, olhando pro meu filho.

A voz grave dele atravessou o ar e por um instante os dois ficaram se olhando como quem confirma um plano só deles. Senti uma fisgada no fundo, mas me limitei a mandar pegarem rápido antes de anoitecer.

Fomos todos para o galpão. Meu filho subiu na bancada pra alcançar umas cordas e ele ficou embaixo, segurando-o pela cintura para dar apoio. Não era nada demais, mas havia firmeza demais naquela mão, como se fosse natural segurar outro homem daquele jeito. Eles se olhavam com naturalidade e eu… eu me peguei olhando também. Só que não era para o meu filho.

A cada tarefa, a proximidade entre eles parecia crescer. Não havia espaço para mim naquela sintonia e isso me incomodava mais do que deveria. Eu queria estar ali. Ou talvez quisesse tirar um deles dali.

Quando a noite caiu, já tínhamos quase tudo pronto. Minha esposa serviu café na cozinha e os três se sentaram na mesa. Fiquei em pé, encostado no batente, observando. Ele ria com facilidade, mostrando os dentes brancos, mexendo as mãos grandes enquanto falava. Meu filho acompanhava cada palavra, cada gesto. Eu, calado, sentia o peso daquela presença ocupando espaço demais no meu terreno e no meu pensamento.

Era tarde já, quando lembrei de algo no depósito e fui até lá. Fui conferir uma caixa de lanternas, quando ele entrou sozinho. Disse que vinha buscar mais cordas para amarrar as lonas antes de dormir. Eu estava agachado para contar as lanternas.

O espaço era estreito. Para passar, ele apoiou uma das mãos no meu ombro. Pele quente, palma larga, calo raspando no tecido da minha camisa. Me levantei para dar passagem, mas no mesmo instante ele girou o corpo para alcançar as cordas. Foi ali que nos encontramos de frente, sem distância, o quadril dele quase tocando o meu, ombro prendendo o meu movimento. A respiração quente subiu pelo meu queixo. O cheiro dele veio antes de qualquer outra coisa. Quando ele se inclinou para alcançar mais alto, o rosto passou rente ao meu e a boca dele roçou na minha. Um toque rápido, quente, mas cheio o bastante para me deixar parado.

Ele pegou as cordas e recuou com um meio sorriso, balançando a cabeça.

— Foi mal, pastor.

Ele saiu e fechou a porta, mas o ar não se renovou. Fiquei no mesmo lugar, lanternas esquecidas, a mão ainda no ar como se segurasse alguma coisa invisível. O gosto salgado no lábio, o calor no ponto exato onde ele encostou, aquele cheiro de homem, de rua, de sol, colado na minha pele como marca.

Não tentei apagar. Nem poderia. Passei o resto da noite com a sensação ainda viva, como se o toque tivesse ficado ali, esperando ser lembrado.

Quando o dia do acampamento chegou, acordei mais cedo que o necessário. A casa já estava num vai e vem de caixas e mochilas, minha esposa conferindo listas, meu filho falando alto com ele no quintal. O som das vozes, a risada fácil dos dois, atravessava as paredes. Peguei minhas coisas e fui para fora. O vento da manhã não levou o que estava preso desde aquela noite no galpão e eu sabia que não ia levar tão cedo.

A estrada até a fazenda era de terra batida, longa e estreita. O ônibus dos jovens vinha atrás, carregado de vozes e risadas, mas eu segui na caminhonete da igreja, na frente, com ele no banco do passageiro. Somente ele. O braço encostava de leve no meu cada vez que o carro balançava nos buracos. O vidro aberto deixava o vento entrar, mas o cheiro dele não saía.

Quando chegamos, o casarão principal já estava aberto para a equipe e o campo verde descia até um córrego. O trailer onde eu ficaria durante o dia como apoio e armazenamento estava estacionado numa colina mais afastada, cercado de mato e vento. Seria meu posto para guardar material, organizar horários e ter um lugar para descansar longe do barulho.

Passamos a manhã montando as estruturas: ele subindo em escadas para prender faixas, o braço esticado mostrando cada linha de músculo, a camiseta puxando no peito. No chão, me entregava cordas e estacas, os dedos tocando os meus rapidamente, mas firmes o suficiente para não ser acidente. Meu filho circulava pelo terreno, às vezes ajudando, às vezes sumindo na correria e nesses intervalos éramos só nós dois.

No almoço, nos sentamos na varanda do casarão. Ele bebeu a água de uma garrafa em longos goles, o pomo de adão subindo e descendo, o suor descendo da têmpora até a barba. Conversava pouco, mas sorria sempre que alguém passava e chamava pelo nome.

À tarde, voltamos ao trailer para guardar o material de som. O espaço pequeno obrigava a passar perto demais, o ombro roçando no meu braço, a perna roçando na minha quando se abaixava para empurrar uma caixa. Não houve nada além disso, mas o corpo entendia como se houvesse.

Quando o sol começou a cair, o vento ficou mais frio lá em cima. Os jovens ainda se preparavam para a fogueira e eu fiquei no trailer conferindo se o gerador funcionava. Ele apareceu na porta, segurando duas lanternas e uma caixa de mantimentos.

— Vou deixar aqui, pastor — disse, entrando sem pedir licença.

Ele colocou as lanternas sobre a bancada, encostou a caixa de mantimentos no canto e limpou o suor da testa com o antebraço.

— Tá ficando pronto, hein? — falou, olhando em volta. — Amanhã a gente só termina as barracas lá embaixo e tá feito.

Assenti, conferindo a lista na prancheta.

— Amanhã é dia cheio. Depois da montagem, todo mundo vai pro rio.

Ele sorriu.

— Vai pescar também, pastor?

— Não. Tenho que voltar para o acampamento. Mas se sobrar tempo, volto para lá.

Ficamos mais alguns minutos ali, guardando o que faltava. Do lado de fora, o vento soprava forte na encosta e trazia o cheiro do mato misturado ao de lona e madeira. Antes de sair, ele pegou as lanternas de volta.

— Melhor eu levar, senão os meninos esquecem — disse, saindo pela porta estreita e descendo a colina.

Na manhã seguinte, a movimentação começou cedo. Jovens correndo de um lado para o outro, gente carregando varas de pesca, caixas de isca, mochilas. O plano era atravessar a ponte estreita no outro lado da fazenda e passar o dia todo à beira do rio. Eu ajudava a conferir os mantimentos quando percebi que faltava uma caixa, uma das mais pesadas. Não era algo que podia ficar pra depois.

— Vou buscar no trailer — falei para o coordenador.

Antes que eu pudesse sair sozinho, ele surgiu atrás de mim, boné na mão, camiseta clara grudando no corpo pelo calor da manhã.

— Eu vou junto. É pesada para trazer sozinho — disse, como se não houvesse outra opção.

E foi assim que, com todo mundo descendo para o rio, nós dois subimos sozinhos para o alto da colina. O barulho da turma foi ficando distante, engolido pelo som do vento e do mato.

O sol estava implacável na subida e o ar parecia preso na colina. Quando empurrei a porta do trailer, o bafo quente veio na cara, pesado, cheirando a lona, madeira velha e poeira aquecida. Entrei primeiro, procurando a tal caixa. O espaço era pequeno, abafado, a luz filtrada pela janela lateral cortando o ar saturado.

Ele entrou logo atrás, fechando a porta com o pé. O trinco bateu com um estalo seco que pareceu desligar o resto da fazenda. Ficou de parado, de pé. Não dava pra ouvir mais nada lá de fora, só o vento lá longe e a respiração dele. A respiração vinha pesada da subida, o peito largo subindo e descendo sob a camiseta clara, manchada de suor nas axilas e colada nos ombros. Olhei rápido, mas não desviei. E, quando percebi, já estava demorando demais para procurar o que tinha vindo buscar.

— Tá tudo bem, pastor? — perguntou, com a voz grave, mas tranquila, como se não notasse a forma como eu o observava.

Assenti sem responder de imediato, puxando a caixa do armário, mas sem tirá-lo da prateleira por completo. Quando me virei para dividir com ele a retirada, ele se aproximou para pegá-la e colocou as mãos sobre as minhas. Primeiro, só o contato breve, pele quente contra pele. Depois, um instante a mais do que o necessário antes de ele fechar os dedos.

Olhei para as mãos. Ele também olhou. E no silêncio que ficou, nossos olhos subiram juntos, encontrando-se no meio. Não havia sorriso, nem pressa. Só o peso de um segundo que durou mais do que devia.

— É… calor demais aqui dentro — falei, sem saber se estava justificando a respiração ou o que veio antes.

Ele inclinou a cabeça de leve, ainda segurando a caixa, como se esperasse mais alguma coisa.

— Lá fora também não tá muito diferente — respondeu, mas não ousou recuar nem quebrar o olhar. Pelo contrário, empurrou a caixa de volta para a prateleira e deu mais um passo e o trailer pareceu encolher. Dava para sentir o calor que vinha do peito dele, o leve roçar em mim. Permaneci imóvel, dividido entre me afastar ou não.

A mão dele soltou a caixa, mas não se afastou. Subiu devagar, roçando pelo meu braço até parar na base do pescoço. O polegar encostou na minha pele e a pressão era firme, mas não agressiva. Era posse sem pedir licença.

O rosto dele se aproximou, lento, como se me desse tempo para impedir. Não o fiz. A respiração dele bateu na minha boca, quente e por um segundo fiquei preso entre a vontade de virar o rosto e a de avançar.

— Acho que não é só o calor que tá te incomodando, pastor… — disse baixo, quase roçando os lábios nos meus.

E então ele fechou a distância.

Quando a boca dele encostou na minha, não foi como eu imaginava que seria beijar um homem. Na verdade, nunca tinha permitido imaginar. Não havia aquela maciez previsível, aquela leveza controlada… havia calor, peso, firmeza. O contato foi seco por um instante e nesse instante senti a barba dele raspando na minha pele, uma textura nova que arranhava de leve, mas também aquecia, como se acendesse cada ponto do meu rosto.

Meu primeiro impulso foi travar, mas o corpo ficou preso no meio do caminho, sem coragem para recuar e sem força para avançar. A respiração dele batia na minha, quente, trazendo um cheiro denso de suor, mato e algo amargo, talvez café ou cigarro antigo. O gosto veio rápido, salgado, vivo, sem frescura e com ele, um choque interno: eu estava provando outro homem.

O que começou como teste virou alívio quando percebi que não tinha como esconder mais. Cedi. Abri a boca e ele entrou como se já soubesse que esse momento era inevitável.

As mãos grandes subiram para minha nuca, firmes, me puxando até não sobrar espaço entre nós. A língua dele invadiu minha boca sem hesitar, explorando cada canto, empurrando a minha para trás, misturando saliva quente. Sentia o queixo dele pressionado contra o meu, o som úmido dos movimentos, o leve estalar quando nos afastávamos meio segundo para respirar e voltávamos com mais força.

A presença dele me dominava por inteiro. O corpo sólido, o peito roçando no meu, as mãos segurando minha cabeça como se pudesse me manter ali para sempre. A língua dele tinha um ritmo que não dava chance de eu controlar nada: ela guiava, tomava, moldava o beijo ao compasso dele. E a cada segundo eu sentia mais claro que não era eu quem estava beijando. Era ele que me beijava, me tomava, me usava naquele espaço pequeno e quente.

Quando ele se afastou, foi devagar. Os olhos ficaram presos nos meus, próximos o suficiente para que eu sentisse a respiração dele no meu lábio. O silêncio pesava, mas não precisava de palavras. O corpo dele falava: o volume na calça, duro e evidente, tocando de leve no meu quadril. Olhei sem querer e o constrangimento me atingiu quando percebi que o meu corpo respondia igual, preso e pulsando dentro da calça social.

Ele não tentou esconder. Pelo contrário, deixou o quadril avançar meio passo, a rocha quente pressionando por um instante antes de recuar, o sorriso lento nos cantos da boca ainda marcada pelo nosso beijo.

Ele percebeu meu olhar baixar, percebeu a rigidez no meu corpo e a respiração mais curta. O sorriso dele não era largo, mas carregava a certeza de quem sabe exatamente o que está acontecendo. Sem tirar os olhos dos meus, baixou a mão e pegou a minha, fechando meus dedos na palma quente dele.

Não tive tempo de reagir. Me guiou até seu volume duro, pressionando de leve até sentir minha pele encontrar a tensão firme por baixo do tecido. O calor atravessou minha mão como se fosse vivo, pulsando e cada batida parecia marcar um compasso que eu não queria admitir que estava seguindo.

— Olha como você me deixa, pastor… — disse baixo, quase num sussurro grave que parecia roçar dentro do meu ouvido mais do que na minha pele.

Segurou minha mão ali, sem força bruta, mas sem chance de recuar, como se quisesse que eu memorizasse o peso, o formato, a realidade do que estava acontecendo. E, naquele aperto, não havia dúvida: ele sabia que estava me marcando de um jeito que eu não conseguiria esquecer nem esconder.

O rapaz manteve minha mão presa no volume dele por mais alguns segundos, olhando nos meus olhos como se estivesse avaliando cada reação. Então, com um sorriso lento, baixou a outra mão e passou pela frente da minha calça, encontrando o que eu tentava ignorar.

A pressão dos dedos foi firme, calculada, explorando a rigidez que eu não podia disfarçar.

— E olha só você… — murmurou, a voz carregada de malícia controlada. — Todo armado pra mim.

O toque era direto, sem pressa, e cada movimento parecia dizer que agora ele sabia mais sobre mim do que eu jamais quis admitir. Senti o corpo inteiro responder, como se meu próprio controle tivesse sido tirado das minhas mãos junto com a dignidade.

Foi aí que caiu a ficha. O ar voltou aos meus pulmões como se viesse de fora e dei um passo para trás, soltando a mão dele e afastando a dele da minha calça.

— Isso… isso tá errado — falei rápido, a voz mais alta do que pretendia. — A gente precisa ir embora daqui agora. Os outros estão nos esperando.

Ele ficou parado, sem apagar o sorriso, como se soubesse que o estrago já estava feito. O silêncio dele dizia mais do que qualquer provocação: ele não precisava insistir, porque tudo que tinha feito já ia me acompanhar quando saíssemos dali.

Peguei a caixa pesada, abri a porta do trailer e deixei o vento entrar, tentando limpar o cheiro e o calor que tinham ficado presos lá dentro. Mas sabia que não era o ar que precisava mudar. Era eu.

Desci a colina com a caixa nos braços, o sol estourando no rosto e o vento quente cortando pela lateral. A cada passo, sentia o peso do que tinha ficado para trás no trailer. O cheiro dele ainda preso no meu nariz, o gosto dele preso na boca, o calor da mão dele na minha pele como se não tivesse soltado.

O som do rio veio antes da imagem. Risadas, gritos, o barulho da água batendo nas pedras. Cheguei e entreguei a caixa no barranco, enquanto os meninos puxavam rede e conversavam alto. Procurei com os olhos e não vi. Ele não estava lá.

Esperei que surgisse de repente, vindo do mato com alguma desculpa, mas nada. Me forcei a conversar com dois líderes sobre a pescaria, mas metade da minha atenção estava no vazio onde ele deveria estar. A ausência dele parecia me cutucar, como um dedo pressionando uma ferida que não sabia se queria proteger ou abrir mais.

Pensei que poderia estar em diversos lugares, em outros grupos de pessoas, pois havia diversos ali na beira do rio, mas cada hipótese aumentava a inquietação. Não era preocupação inocente, era ansiedade crua, aquela que aperta o estômago e sobe para o peito, misturada com algo que queimava mais embaixo, mais íntimo.

Dei uma desculpa qualquer e subi o barranco devagar, como se fosse dar uma volta. O barulho do rio foi ficando distante, engolido pelo som do vento no capim. A cada passo, a lembrança de estar preso entre o corpo dele e a parede do trailer voltava inteira: o olhar, o toque, a voz baixa dizendo o que não deveria.

Pensei em voltar para o casarão. Pensei em ir até o galpão ver se precisavam de algo. Pensei em tudo, menos no que eu realmente queria fazer. E mesmo assim, meus pés seguiram o caminho da colina.

O trailer apareceu no alto, imóvel, cercado pelo mato que balançava devagar. Subi sentindo o coração acelerar de um jeito que não era só medo era antecipação. Queria estar sozinho lá dentro, refletir, esfriar a cabeça, mas já sabia que, se entrasse, o ar abafado e o silêncio iam trazer tudo de volta. E o pior: uma parte de mim queria exatamente isso.

Quando alcancei a porta, parei com a mão na maçaneta. Respirei fundo, tentando organizar um raciocínio. Mas não havia argumento que abafasse a pulsação que eu sentia no baixo-ventre, nem o peso entre as pernas que crescia só de imaginar o espaço vazio lá dentro, ainda impregnado dele. Estava pronto para entrar, quando a porta se abriu de dentro para fora com um estalo seco. Ele estava lá. Em pé, no vão, a sombra dele cobrindo metade da luz que entrava, o corpo inteiro preenchendo a entrada como se o espaço fosse pequeno demais para ele.

Antes que eu dissesse qualquer coisa, a mão dele agarrou o colarinho da minha camisa. Não foi um puxão bruto. Foi firme, calculado, um comando silencioso que não me deu tempo para pensar em recusar. O pano se esticou contra o meu pescoço e o calor da palma dele atravessou direto para a minha pele.

— Entra — disse baixo, com a voz grave, o tom sem dúvida ou hesitação.

Me vi avançando um passo sem decidir. O pé encontrou o chão de metal do trailer e o ar abafado me envolveu junto com o cheiro dele.

A mão dele não soltou meu colarinho. Me guiou para dentro, lenta, mas firme, como se estivesse conduzindo algo que já lhe pertencia. O corpo dele vinha junto, perto o suficiente para que o ombro roçasse no meu e para que eu sentisse o calor irradiando pela lateral.

Eu podia ter dito não. Podia ter recuado, posto um limite. Mas não disse, não recuei. A firmeza com que me conduzia tinha algo que eu não queria quebrar, como se, no fundo, já soubesse que estava seguindo para onde queria estar desde o momento em que saí do rio.

Quando a porta fechou atrás de nós, o som do mundo lá fora sumiu novamente. Ficou só ele, a mão ainda no meu colarinho e a certeza de que não haveria volta.

Ele não soltou meu colarinho de imediato. Ficou ali, me segurando, a mão quente no pano esticado, o polegar roçando de leve na pele do meu pescoço como se testasse minha pulsação. O olhar dele estava fixo no meu, e por um segundo parecia que nem respirava. Eu também não.

— Fecha mais a boca, pastor… — disse num tom quase provocador, como quem percebe que estou travado e quer ver até onde vai.

A mão que me segurava subiu lentamente, desfazendo o aperto do colarinho só para pousar na base da minha nuca. O calor dos dedos espalhou-se ali como uma ordem silenciosa. Ele me guiou dois passos para trás até eu encostar na lateral do armário. O espaço pequeno não deixava margem. Eu estava preso, mas não pelo peso do corpo dele, e sim pela certeza de que não ia passar por ele se quisesse sair.

O silêncio era tão denso quanto o ar abafado. O cheiro dele estava mais forte. O som do vento do lado de fora era distante, abafado pela madeira e pelo metal.

Ele inclinou o rosto devagar, os olhos descendo dos meus para minha boca e voltando. O movimento era lento o suficiente para me dar tempo de recuar, mas meus pés não obedeceram. A mão na minha nuca apertou um pouco, me puxando para frente e senti o calor do peito dele encostar no meu.

— Tá vendo? — falou baixo, a respiração batendo no canto da minha boca. — É só deixar acontecer.

Eu ainda tentava convencer a mente de que isso era errado, mas o corpo já tinha entendido outra coisa. O estômago travado, o ar mais curto, o peso dentro das calças que pulsava como um segundo coração. A mão livre dele subiu pelo meu braço, lenta, até o ombro, e dali desceu pelo meu peito, sentindo o contorno por cima da camisa.

Quando a ponta dos dedos passou pela minha cintura, não tive mais dúvida do que ele queria nem do que eu queria também.

A mão dele na minha nuca apertou de leve, puxando-me só o suficiente para sentir o rosto dele se aproximar. Não foi na boca que ele me beijou, foi no pescoço. Um toque quente, úmido, firme, que arrepiou a pele desde a base da cabeça até o meio das costas. A barba raspou, arranhando de leve e o calor da boca me fez soltar um ar que não percebi estar prendendo. A cada segundo, ele subia e descia pelo meu pescoço, alternando beijos e pequenas mordidas que acordavam músculos que eu nem sabia que tinham nervo para sentir prazer.

De repente, ele se afastou meio passo, mas não para soltar, foi para agarrar a barra da camiseta. Puxou por cima da cabeça e o tecido encharcado de suor se soltou do corpo. O que apareceu fez meu estômago apertar e minha garganta secar: peito largo, músculos lisos, pele negra brilhando sob a luz fraca do trailer, cada gota de suor escorrendo como se tivesse sido colocada ali de propósito. O abdômen firme, marcado não só de treino, mas de trabalho e um tronco que parecia desenhado para ocupar espaço e impor respeito.

Engoli em seco. Não tinha como esconder que estava olhando. Não tinha como não olhar. A mistura de vergonha e tesão me queimava por dentro. Era muita coisa para processar: a realidade física dele diante de mim, a presença esmagadora, a consciência de que eu queria tocar e o medo do que significava querer.

Ele se aproximou de novo, o peito quase encostando no meu, e sussurrou no meu ouvido:

— Tira também.

Não foi pedido. Foi convite que soou como ordem. Minhas mãos tremeram quando puxei a camisa para cima. Ele ajudou, levantando o tecido de trás e antes que eu percebesse estávamos colados, pele com pele, trocando um beijo úmido, profundo, que tinha gosto de sal e respiração pesada. As mãos dele percorriam minhas costas, descendo até a barra da calça. O calor aumentava junto com a pressão das línguas, como se quisesse me devorar por dentro da boca.

As roupas caíram como se não fossem nada. Calça, cueca, tudo largado no chão enquanto nossas bocas se encontravam e se perdiam, e eu já não sabia se o ar que respirava era meu ou dele. Em segundos, estava nu diante dele, sentindo o ar mais frio no corpo, mas o rosto queimando de calor. A inferioridade me bateu forte. Eu, despido, exposto, com cada detalhe à mostra, enquanto ele me olhava como se já me tivesse.

A pressa dele não era bruta, mas urgente. Me abraçou, me beijou com vontade, roubando o fôlego até eu ter que apoiar as mãos no peito dele para respirar. Foi aí que me virou de costas, sem aviso, me encaixando no espaço exato entre o corpo dele e o armário. O abraço veio por trás, pesado, quente, e algo sólido, grosso e latejante roçou nas minhas costas. Subiu pela lombar, firme, como aviso do que estava por vir. Ele era mais alto e isso só aumentava a sensação de que eu estava sendo coberto, cercado.

A consciência bateu dura: naquela posição, eu não era o que sempre fui. Na dinâmica dele, eu era o lado receptivo, a parte que sempre achei que só os outros ocupavam. A palavra que me veio foi a que sempre evitei: fêmea. E, ao mesmo tempo que queimava de vergonha, a confissão silenciosa me incendiava de tesão. A mente gritou que aquilo era tabu, o pior pecado, que me levaria ao inferno, mas uma voz mais baixo respondia a tudo isso, dizia que eu queimaria feliz.

Ele encostou os lábios na minha nuca, beijando devagar, depois lambeu, a língua quente subindo até a raiz do cabelo. A pele se arrepiou inteira e com o arrepio veio o desaparecimento do resto do mundo. Não havia mais rio, nem jovens, nem igreja. Só ele, atrás de mim e o som baixo da respiração dele misturado ao bater do meu coração.

A boca dele não largava minha nuca, subindo e descendo, alternando beijos molhados e mordidas leves que me arrancavam o ar. A barba raspava e cada arranhão era um lembrete físico de que havia um homem atrás de mim, inteiro, quente, colado.

Levou uma das mãos até minha barriga, a palma espalhada e quente, puxando-me ainda mais para trás. A outra desceu, abrindo espaço entre minhas pernas, tocando com calma, mas com segurança, como se soubesse que já tinha passado do ponto de retorno. O toque não era só físico, era autorização, era domínio.

— Relaxa… — sussurrou, a voz grave vibrando no meu ouvido, seguida de um beijo demorado logo abaixo da orelha.

Senti ele se abaixar levemente atrás de mim, uma mão guiando o próprio membro até encontrar a entrada. O primeiro roçar da glande contra minha pele foi como choque: quente, úmido, pesado. Meu corpo reagiu com um espasmo involuntário, como se quisesse fechar e abrir ao mesmo tempo.

Quando ele começou a pressionar, devagar, senti o ar me faltar. Não era só a carne se abrindo, era a última barreira dentro de mim sendo derrubada. Ele parou. Não recuou, só me manteve ali, preso entre o braço dele e o armário.

— Espera… — disse, soltando minha cintura por um instante.

Ouvi o som de uma gaveta sendo aberta, metal raspando na madeira. O estalo da tampa se seguiu e então um cheiro sutil, quase adocicado, se misturou ao ar abafado do trailer. Tinha um frasco pequeno na mão, como se sempre tivesse estado ali, esperando o momento certo.

A primeira sensação foi a temperatura: fria, quase gelada, espalhando-se pela pele quando ele passou a palma entre minhas nádegas. O contraste com o calor do corpo dele fez meu quadril contrair. O som úmido do lubrificante sendo espalhado com a mão grande, dedos deslizando com facilidade, espalhando sem pressa, cobriu qualquer barulho lá de fora.

Ele voltou a me segurar pela barriga, colando o peito nas minhas costas. A outra mão continuava atrás, agora com movimentos mais lentos, circulares, preparando cada centímetro. O produto deixava tudo escorregadio e o toque dos dedos era como um aviso de que logo viria algo maior, mais grosso, mais quente.

— Agora sim… — murmurou, posicionando-se de novo.

Senti a glande retornar, agora deslizando mais fácil pela entrada, o frio inicial do lubrificante sendo engolido pelo calor da pele. Meu corpo inteiro entendeu a mensagem: ele estava pronto. E, no fundo, eu também.

A ponta roçou na entrada e mesmo com o lubrificante o corpo respondeu primeiro com contração. O esfíncter fechou por reflexo, como se tentasse negar passagem ao que já estava decidido. Ele não forçou, manteve a pressão constante, o suficiente para eu sentir a glande se moldando à minha resistência.

O primeiro centímetro entrou como faca quente atravessando manteiga gelada: frio do lubrificante se chocando com o calor da carne viva. O ar me escapou pela boca e eu me apoiei no armário para não ceder o peso das pernas. Ele esperou ali, dentro, como se me desse tempo para entender que aquilo era real.

A cada nova pressão, mais um pouco entrava e o que antes era frio foi sendo engolido pelo calor interno. Sentia a pele se esticar, músculos trabalhando sem que eu mandasse, um misto de ardência e preenchimento que me fez fechar os olhos. O som era úmido, íntimo, cada avanço produzindo um ruído baixo que parecia ecoar dentro de mim. Ouvia o próprio coração bater nos ouvidos, acompanhado pelo compasso lento da respiração dele.

Quando boa parte já estava dentro, a sensação mudou: o desconforto cedeu lugar a uma pressão profunda, um peso interno que parecia empurrar contra todos os pontos que nunca tinham sido tocados.

Ele avançou mais e o quadril dele finalmente encostou na minha bunda. Eu estava cheio, inteiro, sentindo cada pulsação do pau dele latejando por dentro como se fosse mais um batimento do meu corpo. A mão na minha barriga me segurava no lugar e a outra apertava minha cintura como se me mantivesse ancorado para não fugir ou para não desmoronar.

Fiquei ali, imóvel, tentando entender como ainda conseguia respirar. A sensação era avassaladora: peso, calor, um estiramento que não doía mais, mas obrigava cada músculo a se render. Eu sabia, com uma certeza que queimava mais que o medo, que nunca mais voltaria a ser o mesmo depois disso.

Ele não disse nada. Só ficou ali, enterrado até o fim, o corpo inteiro colado ao meu, a respiração quente na minha nuca, como se tivesse fincado a bandeira dele no centro da minha carne e agora esperasse que eu reconhecesse o território.

E eu reconheci.

Ele ficou ali por alguns segundos, enterrado até a base, deixando meu corpo se acostumar ao peso e à presença. O calor do pau dele parecia se espalhar pelas minhas entranhas e o simples fato de estar parado já era suficiente para me manter em transe.

— Assim… — murmurou, a voz grave e baixa. — Sente. Respira comigo.

O quadril dele recuou alguns centímetros, lento e o atrito fez minha pele interna despertar inteira. Quando avançou de novo, o movimento foi tão controlado que parecia calculado para me fazer sentir cada milímetro entrando de novo. A pressão era exata: não bruta, mas inevitável.

— Isso… — sussurrou. — Vai soltando pra mim.

As palavras dele não eram apenas instrução. E cada vez que ele falava, meu corpo respondia antes que eu pensasse. O esfíncter relaxava mais, os músculos das pernas cediam, o quadril aceitava o encaixe.

Ele manteve esse ritmo lento, preciso, como se estivesse saboreando o momento, explorando o interior do meu corpo com calma, conhecendo cada reação. A cada investida, a mão no meu peito apertava levemente e a outra na minha cintura me puxava para trás, garantindo que eu recebesse tudo.

— Você sente o quanto é meu agora? — perguntou, não como dúvida, mas como provocação.

Queria negar, queria dizer qualquer coisa que me tirasse daquela submissão, mas só consegui soltar um ar pesado, meio gemido, meio rendição. Ele riu baixo, colado ao meu ouvido e a língua dele passou pela minha nuca, subindo até a orelha. O arrepio foi instantâneo, percorrendo minha coluna inteira.

O vai e vem dele era constante, mas calmo. Entrava fundo, parava por um segundo, depois recuava devagar, como se quisesse prolongar ao máximo o que estava fazendo comigo. E no meio disso, o calor da pele, o peso do corpo e a voz grave me guiavam para um lugar onde eu não sabia mais onde acabava a resistência e começava a vontade.

— É isso, pastor… — disse num sussurro que parecia sorrir. — Deixa comigo.

E eu estava deixando.

Ele mantinha o ritmo, como se não tivesse pressa nenhuma de terminar, só de me sentir ceder. Cada recuo era calculado para me deixar vazio o bastante para querer mais e cada avanço vinha com a pressão certa, profunda, ocupando tudo de novo. O calor do corpo dele atrás do meu era tão constante quanto o ar que eu respirava e aos poucos comecei a perceber que estava me ajustando sozinho, instintivamente, para receber melhor.

— Assim… — murmurou perto da minha orelha. — Não prende o pau… solta.

A mão no meu peito desceu para a barriga, os dedos pressionando levemente, guiando meu quadril para trás no exato momento em que ele avançava. A outra mão subia e descia pela lateral da minha coxa, firme, como se estivesse me moldando para caber nele.

O som úmido dos nossos corpos se encontrando enchia o trailer, abafado pelo pouco espaço, misturado ao som grave da respiração dele e ao meu ar saindo mais pesado. Foi então que escapou de mim o primeiro gemido rouco, baixo, quase um resmungo. Ele parou por um segundo, como se quisesse registrar o momento.

— Isso… deixa sair — disse com um sorriso na voz, e retomou o movimento.

A cada investida, ele aumentava só um pouco a força, como quem testa o quanto pode empurrar sem quebrar o ritmo. Eu sentia meu corpo abrir mais, se acostumar mais rápido e junto vinha a estranha liberdade de não tentar segurar o som. Outro gemido saiu, mais longo dessa vez, acompanhado por um suspiro que senti ele ouvir, porque a respiração dele ficou mais pesada no meu pescoço.

— Tá sentindo, né? — perguntou, sem parar o movimento. — Tá sentindo que é bom.

Não respondi, mas não precisava. Meu corpo já estava respondendo no lugar da minha boca. As pernas relaxavam, o quadril obedecia ao comando das mãos dele e a tensão que antes era de resistência começava a ser de outra coisa. De expectativa.

Ele percebeu. Segurou minha cintura com mais firmeza e encaixou uma sequência mais profunda, mantendo o controle, mas deixando claro que sabia exatamente onde queria me levar. E eu estava indo, um gemido rouco atrás do outro, cada vez menos envergonhado de deixá-lo ouvir.

O trailer parecia encolher a cada estocada. O som úmido da entrada e saída dele se misturava ao ruído das nossas peles se encontrando, e meus gemidos já não eram mais acidentais. Vinham sozinhos, roucos, graves, arrancados no fundo da garganta. No começo, tentei abafar, mordendo o lábio, mas ele percebeu e aproximou a boca do meu ouvido.

— Deixa sair… — disse, numa voz firme, quase carinhosa. — Quero ouvir você.

Foi como uma ordem que o corpo entendeu antes da mente. A próxima investida arrancou um gemido mais longo, quase um suspiro pesado e eu senti o sorriso dele contra a minha nuca antes que ele lambesse devagar, subindo até o lóbulo da minha orelha.

As mãos dele estavam cravadas em mim, coordenando meu corpo com o dele. A cada recuo, me puxava para trás e a cada avanço, empurrava fundo, acertando um ponto que me fazia respirar em rajadas. Sentia a glande dele roçar e pressionar, como se estivesse mapeando cada canto dentro de mim.

A cadência mudou levemente, mais firme agora, mas sem pressa. Ele sabia exatamente quanto aumentar para me deixar perto demais de perder o fôlego. Eu não pensava mais em nada. Só existia o peso dele atrás de mim, o calor do corpo, o pau ocupando tudo e me moldando por dentro.

— Isso… assim… — ele murmurava, o tom grave marcando o ritmo. — Tá vendo como é seu lugar?

A cada frase, um arrepio subia pela minha coluna. A vergonha ainda estava lá, mas vinha misturada a algo mais perigoso: orgulho de estar dando, de estar deixando-o me ter desse jeito. Eu estava aberto, suado, arfando e o som dos meus gemidos preenchia o espaço tanto quanto o dele me preenchia por dentro.

Quando ele segurou minha cintura com as duas mãos e deu três estocadas mais profundas, rápidas e precisas, senti minhas pernas ameaçarem ceder. Segurei no armário para não tombar e ele percebeu. Encostou o corpo inteiro nas minhas costas, prendendo-me no lugar, o pau enterrado até o fim, e ficou ali, respirando pesado no meu ouvido, como se estivesse me lembrando que ainda tinha mais para me dar.

O ritmo dele ficou mais curto e pesado, cada estocada mais funda, mais cravada, como se estivesse entalhando meu corpo por dentro. Eu sentia o pau dele inchar, o calor aumentar, e a respiração no meu ouvido ficar descompassada, arfando com força, como quem carrega peso demais e está prestes a soltá-lo.

As mãos dele apertavam minha cintura como torno de ferro, puxando-me contra ele a cada avanço, o corpo inteiro dele se enrijecendo atrás do meu. Um som grave escapou da garganta dele. Não era gemido, era quase um rosnado, um som primitivo, de macho prestes a marcar território.

E então veio.

O primeiro jato me atingiu como soco por dentro. Quente, espesso, pulsando com tanta força que senti o impacto bater contra as paredes do meu corpo. Arfei alto, o corpo se curvando para frente, mas ele me manteve preso, colado, enterrado até o fim.

O segundo jato veio ainda mais forte, mais volumoso, forçando-me a abrir internamente, como se o calor se expandisse em todas as direções. Senti um fio escorrer de volta, quente, grosso, deslizando para fora, só para ser empurrado de novo por outra estocada.

Ele não parava. Cada pulsação do pau dele liberava mais e eu sentia cada gota. O peso, o calor, a viscosidade se espalhando lá dentro. O som era úmido, abafado, como se o gozo estivesse sendo socado contra mim e o cheiro mudou no mesmo instante: ar denso, carregado de sexo, de homem, de sêmen fresco misturado ao suor que escorria de nós dois.

Minhas pernas tremiam e percebi que estava me contraindo em volta dele, sugando mais, como se meu próprio corpo quisesse prender aquele calor dentro. Ele deu mais duas estocadas fundas, longas, cada uma enterrando mais do que jorrava, até ficar imóvel, respirando pesado na minha nuca, o pau ainda pulsando, latejando, vazando as últimas gotas quentes.

Eu estava tomado. Física e mentalmente. Sentia o calor interno como se fosse uma nova parte de mim e a simples consciência de estar carregando isso me incendiava e me queimava ao mesmo tempo.

Foi então que ele soltou minha cintura, passou o braço pelo meu peito e, com a mão grande, segurou firme meu queixo, erguendo meu rosto para frente. Meu corpo ainda arfava quando meus olhos bateram na janela lateral do trailer.

Alguém estava lá.

Um rosto fixo. Olhando.

O choque gelou meu sangue e apertou minha garganta. Ele também viu e, em vez de recuar, manteve-se colado, ainda dentro de mim, um sorriso lento surgindo no canto da boca.

— Parece que temos plateia… — murmurou, a voz grave, quase divertida.

O peso da situação caiu sobre mim como outra descarga, mas dessa vez, não havia calor. Só a confusão de não saber se queria que aquilo acabasse… ou continuasse.

Ele manteve a mão no meu queixo, firme, me obrigando a olhar para frente. A respiração ainda estava presa no meu peito quando meus olhos encontraram o que havia do outro lado do vidro.

Era um jovem.

Parado ali, imóvel, mas com um brilho nos olhos que me atravessou. Não era só curiosidade, havia lascívia crua naquele olhar, como se estivesse assistindo a algo que entendia muito bem. Os lábios dele estavam curvados num sorriso lento, malicioso, o tipo de sorriso de quem não desvia o olhar nem quando é pego.

A luz do sol batia de lado no rosto dele, realçando a pele jovem, a mandíbula marcada, e aquele olhar direto, sem pudor, alternando entre meu rosto e o corpo do homem que me dominava por trás. Era como se estivesse medindo a cena inteira, absorvendo cada detalhe, e aprovando.

Senti meu estômago afundar, a mente tentando processar se aquilo era real. Mas antes que eu pudesse reagir, o homem atrás de mim, de voz grave veio junto ao meu ouvido:

— Parece que ele gosta de ver você assim… — fez uma pausa curta, calculada. — Ou será que é porque já esteve no lugar onde você tá agora?

Meu corpo inteiro gelou, mas ele ainda estava dentro de mim, quente, pulsando, como se o contraste fosse parte da tortura.

O mundo fechou em três pontos: o calor do corpo dele ainda colado ao meu, o olhar do jovem lá fora, e a frase que ficou pendurada no ar como sentença.

“Já esteve no lugar onde você tá agora?”

O impacto me atravessou por dentro, mais fundo que qualquer investida. Meu estômago se revirou, a boca secou, e a cabeça girou como se buscasse uma resposta que não vinha. O peito queimava de vergonha. Não só pelo que eu estava fazendo, mas porque ele estava vendo. O meu filho.

Senti o sangue pulsar no rosto. Não sabia se era raiva, humilhação ou o resto da excitação que ainda não tinha ido embora. A ereção dele ainda latejava dentro de mim. E mesmo tentando, não conseguia ignorar que meu corpo ainda reagia. Cada pequena pulsação interna trazia de volta a sensação do gozo dele me marcando e isso me queimava duplamente: pelo prazer e pelo tabu.

Lá fora, meu filho não se mexia. O sorriso continuava, lento, seguro, como se estivesse no controle de tudo. Os olhos iam de mim para ele e voltavam, sem pudor, sem pressa. Era como se nos estudasse, como se entendesse que, ali, naquele instante, eu era a parte mais frágil.

O homem atrás de mim soltou um riso baixo, curto, como se se alimentasse do meu silêncio. A mão dele apertou minha barriga, mantendo-me no lugar, obrigando-me a encarar o que estava diante da janela.

Meu instinto gritava para me soltar, fechar a porta, acabar com aquilo. Mas o corpo não se movia. Estava preso não só pelas mãos dele, mas pela certeza de que, mesmo se conseguisse me afastar, o que foi visto nunca mais poderia ser desfeito. Nem o que eu tinha sentido.

E no fundo, onde eu não queria admitir, havia algo ainda mais perigoso: a pergunta que ecoava junto com o sangue no ouvido.

E se ele já tivesse estado aqui?

O riso dele ainda estava no ar quando senti o quadril recuar, devagar, tirando parte de si de dentro de mim. O vazio súbito me fez soltar o ar num suspiro trêmulo. Ele não deixou tempo para pensar. Avançou de novo, lento, fundo, como quem quer saborear cada centímetro da entrada, sabendo que não era só eu quem sentia.

— Olha bem pra ele… — murmurou no meu ouvido, a voz grave roçando minha pele. — Quero que ele veja cada vez que eu entrar e sair de você.

O ritmo seguiu assim por alguns instantes, cada estocada um movimento estudado, a pressão aumentando milímetro a milímetro. O silêncio de meu filho do lado de fora tornava tudo mais sufocante; eu sentia o olhar dele queimando minha pele e isso fazia cada avanço do homem atrás de mim carregar o peso de uma exposição total.

Aos poucos, o controle frio foi cedendo a algo mais voraz. As mãos dele apertaram minha cintura, os dedos afundando e o compasso se acelerou. Não havia mais pausas longas, só o som molhado e grave de dois corpos se encontrando com força, e o baque das coxas dele batendo contra as minhas.

— Isso… — ele dizia entre respirações pesadas. — Olha como você tá me dando.

Cada palavra era um golpe duplo: na carne e na mente. Eu sentia minhas pernas ameaçarem falhar, os gemidos escapando sem controle, roucos, misturados à respiração dele. A pressão interna aumentava e junto vinha a vergonha de saber que eu estava respondendo ao ritmo dele na frente de quem nunca deveria estar ali.

Ele metia como se não houvesse limite, como se nada importasse além de se fartar. E, de alguma forma, parte de mim já não resistia. Estava entregando, sentindo, queimando por dentro e por fora.

O pau dele escorregava agora com uma facilidade quase indecente, o calor misturado ao lubrificante e à porra fresca transformando cada estocada num movimento cheio, molhado, profundo. Eu sentia o líquido quente escorrer e se espalhar a cada avanço, lubrificando por dentro, facilitando para ele ir mais fundo, mais rápido, sem pedir nada.

O atrito era diferente. Menos resistência, mais entrega involuntária e isso parecia deixá-lo ainda mais faminto. Ele aumentou o ritmo como se quisesse testar até onde meu corpo aguentaria, cada investida batendo fundo e me deixando sem ar. As mãos dele me seguravam com força, guiando meu quadril para trás no mesmo compasso das investidas, como se estivesse me usando para se servir mais e mais.

A pressão, a exposição, o peso da situação… tudo se acumulou. Senti meus olhos arderem antes de perceber que estava chorando. Lágrimas quentes descendo pelo rosto enquanto a respiração falhava. Não era só dor ou vergonha; era o impacto de saber que eu estava completamente possuído, aberto, sem controle nenhum.

Ele percebeu. Não diminuiu. O som úmido das estocadas, o cheiro forte de sexo e o calor dentro de mim eram avassaladores. Meu cu latejava, inchado, cada músculo interno trabalhando sem coordenação, apertando e soltando a cada investida, tentando lidar com a invasão contínua.

— Chora pra mim… — ele murmurou no meu ouvido, a voz grave e satisfeita. — Chora que eu gosto.

E eu chorava. Na pica dele. Chorava enquanto sentia o cu pulsar e inchar, lubrificado pela mistura quente que ele tinha deixado ali dentro e que agora se espalhava com cada nova metida. O mundo fora do trailer já não existia. Só o barulho, o calor, a pressão e a certeza de que eu estava marcado de um jeito que nunca mais sairia.

O ritmo mudou de novo. Depois de me usar como queria, ele começou a meter mais devagar, mas com cada investida enterrando até o fim, como se estivesse preparando o corpo para receber tudo de novo. A respiração dele ficou mais pesada, o peito colado às minhas costas subindo e descendo rápido. Eu sentia o pau dele inchar dentro de mim, cada pulsação mais intensa que a anterior.

As mãos dele me apertaram e me puxaram contra ele na investida seguinte, segurando-me no lugar. Um gemido grave escapou da garganta dele, abafado na minha nuca, e então veio: um jato quente, espesso, profundo, seguido por outro, e mais outro, cada um empurrado lá dentro com a base do pau colada ao meu cu latejante.

O calor se espalhava rápido, enchendo, escorrendo, misturando-se ao que já estava ali. Eu arfava, gemendo baixo a cada pulsação dele, sentindo cada contração interna prender e soltar o que ele derramava. O cheiro forte de porra fresca tomou o ar, misturado ao suor que pingava da testa dele na minha pele.

Quando ele parou de pulsar, ainda ficou enterrado por alguns segundos, respirando pesado, como se estivesse saboreando o momento. Então, sem aviso, recuou devagar. A cabeça deslizou para fora, e senti tudo mudar: o calor preenchido foi substituído por um vazio súbito e a porra começou a escorrer de imediato, quente e grossa, descendo pela minha coxa, marcando a pele como um rastro que não dava pra esconder.

O som que saiu de mim não parecia meu. Um gemido alto, rouco, desesperado, mais próximo do uivo de uma cadela do que da voz de um homem. Era um lamento e, ao mesmo tempo, um pedido por mais, mesmo que eu não dissesse com palavras.

Me apoiei com as mãos no armário, tentando controlar a respiração, mas senti o olhar dele sobre mim. Virei um pouco o rosto e vi que ele já tinha se afastado um passo, me observando nu, exposto, as pernas abertas, o gozo dele escorrendo pelas minhas pernas. O olhar não era de pressa; era de fome. Não só do que tinha acabado de fazer, mas do que ainda poderia fazer comigo.

E a expressão dele deixava claro: quanto mais me via assim, mais interessado ficava.

Ele ainda me olhava como quem analisa uma obra-prima que acabou de criar, os olhos escuros fixos no meu corpo aberto, o gozo dele ainda escorrendo. Então, sem pressa, desviou o olhar para a janela lateral.

Eu segui o movimento, o coração disparando antes mesmo de ver.

Do outro lado do vidro, com o rosto iluminado pelo sol, estava meu filho.

Parado.

Sorrindo.

O mesmo sorriso malicioso que eu tinha acabado de ver no homem atrás de mim. Um sorriso de quem não estava chocado, nem confuso, mas interessado. Os olhos dele iam de mim para o corpo do meu dominador, como se comparasse, como se imaginasse. De repente, virou-se e desapareceu.

O ar me faltou. A vergonha, o choque e um calor estranho subiram juntos pela minha espinha. Eu quis falar, mas nada saiu.

Fiquei alguns segundos parado, de costas pra ele, respirando fundo como quem tenta puxar de volta um ar que não entra mais do mesmo jeito. Cada músculo do meu corpo parecia mais pesado, mas nenhum mais que o cu, ainda pulsando, quente, carregado do que ele tinha deixado.

Me virei devagar, o quadril instável, a perna ameaçando falhar. Peguei a cueca amarrotada no chão, tentei vestir rápido, mas o tecido grudou na pele suada e a mancha quente se espalhou de imediato. A calça social subiu com dificuldade, marcando no cós o volume molhado que ainda escorria.

Olhei para ele.

Encostado na parede do trailer, nu, o pau pesado ainda brilhando, os olhos fixos em mim como se gravassem cada detalhe. Não disse nada, só sorriu de canto.

Abri a porta e o vento de fora me acertou o rosto. O barulho distante do rio chegava fraco, junto com risadas e vozes de homens. Era o som do mundo voltando, mas eu ainda não estava nele.

Desci a colina, tentando ajeitar a postura, respirando fundo para disfarçar. A cada passo, sentia a umidade quente entre as pernas, um fio grosso de porra escorrendo mais e mais, colando na coxa. Olhava para frente, mas a imagem da janela continuava na minha mente: meu filho ali, sorrindo.

Quando cheguei perto do casarão, alguém me chamou, e eu respondi rápido, seco, como se nada tivesse acontecido.

Mas por dentro, eu sabia: nada do que eu fosse fazer dali pra frente ia apagar o cheiro, o gosto e o peso daquele trailer.

E, pior, eu queria voltar.

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Comentários

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Caraca, sensacional. Que texto fabuloso. Parabéns. Até pensei que o filho fosse entrar e participar também. Cara, foi tão bom que merecia mais. E olha que temos até o gancho. Pense nisso.

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