Meu nome é Miguel. Tenho 31 anos, 1,84m, corpo atlético (nada exagerado, mas me garanto), moreno claro, olhos cor de mel e barba bem cuidada, sempre no limite entre o alinhado e o desleixado. Meu sorriso é meio torto, daquele tipo que parece esconder uma piada. E gosto disso.
Nunca me levei tão a sério quanto talvez devesse. Gosto de bancar o malandro, chegar com uma piadinha, uma risada fora de hora, me meter onde não fui chamado. Faz parte. Sempre preferi ganhar as pessoas no papo e, confesso, adoro a companhia feminina. Conversar, ouvir, provocar. Nada forçado, só gosto de estar por perto. Amizade é amizade, sexo é sexo. Sabia diferenciar quem tava atrás do quê. Aliás, se eu tenho um talento, é o de sentir o ambiente... e fazer a pior coisa sem querer.
Objetivos? Quero viver leve, cercado de gente boa. Trabalhar bem, viver bem, amar bem, a ordem nem importa. Se eu puder ser lembrado como um cara do bem, que sabia rir e fazer rir, já valeu. O resto? A gente improvisa.
Eu trabalha em um hospital grande da capital. Trabalhar nele era uma mistura de plantão, novela e roda de samba. Eu sempre no meio. Não por ser o mais fofoqueiro (não que eu não fosse, só não era o principal), mas porque eu gostava de levantar o ânimo da galera. Sabe aquele cara que puxa assunto na copa, dá uma força pra quem precisa e solta uma piada na hora certa? Pois é. O tipo de cara que ou se torna o mais querido do ambiente ou o Michael Scott do lugar. Espero sinceramente ser o primeiro...
Alguns dos meus colegas mais próximos eram uma turma das mais animadas.
Começando pelo Enéias. Ele tinha uns 27 ou 28 anos, mais de 1,90m, sarado, moreno e sempre bronzeado. Carismático até demais, sorriso pronto e um jeito que faz as mulheres se jogarem. Era a alegria da galera, o amigão dos homens e o deus grego que derretia o coração e esquentava a buceta das mulheres. Sair com ele era certeza de diversão e sair com ele pra balada era certeza de não voltar sem mulher.
Sempre que íamos pra balada ou pra um barzinho, ele arrumava, no papo e no peitoral, uma mulher pra si e outra para mim (e para quem mais tivesse na mesa). Já pegamos muita mulherada nessa parceria e até já fizemos algumas surubas a quatro, com duplas de amigas que queriam experimentar nós dois tanto quanto queríamos comer as duas.
Mas não era segredo pra ninguém que ele vivia na cola da Jéssica. Todo mundo percebia. Tava só esperando a brecha. Quem é Jéssica? Conto mais na frente.
O Gustavo, 43 anos, era clínico geral. Calvo, uma barriguinha de cerveja bem discreta e aquele jeitão de quem fala baixo pra parecer mais culto. Casado há 200 anos, sempre falava da mulher dele que nunca víamos. Era meio na dele, mas sempre de olho. Era do tipo que fica na borda da piscina vendo se a água tá boa. Tranquilo, gente boa, não fazia meu tipo de amizade próxima, mas dava pra trocar ideia.
Das mulheres, a Fernanda era uma das mais gatas. 31 anos, endócrino, alta (devia ter uns 1,78 m) e um corpão de dar inveja: cintura fina, bundinha arredondada, pernas longas, sem um sinal de celulite. Seios cheios, tudo no lugar. E engraçada. Aquela que não deixa o ambiente pesar, cheia das tiradas. Minha parceira de zoeira e uma amiga leal.
Tinha mais gente boa lá (Clara, Wagner, Rafael, Luciana), mas eles não importam na história ainda e talvez nem mais pra frente. Eram todos meus amigos, no entanto. Eu sempre fui esse cara. O que tá na roda, dá risada, que anda com todos.
E, por fim, deixei a Jéssica, a amiga gostosa do título.
A Jéssica tinha 27 anos, minha amiga de verdade. Daquelas pra confiar, pra conversar. A gente tem uma amizade forte. Mas, vou ser honesto: ela é gostosa pra caralho. Pele amendoada, olhos castanho-claros que pareciam rir antes dela abrir a boca, voz firme, mas suave, cabelos castanho-claros daqueles que parecem loiro escuro nas pontas. Magra, cintura marcada, seios pequenos (do tipo que eu sempre achei sexy), e aquela bundinha discreta, redondinha, bem desenhada, que fazia qualquer calça social parecer feita sob medida. As coxas torneadas. Era uma mistura de genética com academia e muita disciplina.
Mas nem sempre fomos amigões próximos quanto hoje.
Quando eu entrei no hospital, uns dois anos atrás, fui conhecendo a galera aos poucos. Mas poucas entre a mulherada tinha me chamado tanto atenção quanto a Jéssica. Não era só pela beleza, mas pelo jeito dela. Ela tinha aquele tipo de simpatia natural que fazia qualquer ambiente parecer mais leve.
Desde que a conheci, fui me aproximando sem forçar. Com meu jeito meio malandro, meio popular, puxava papo, jogava umas piadinhas. Ela sempre correspondia na mesma medida. Brincava, ria, era atenciosa. Fomos ficando mais próximos, daqueles colegas que se esbarram no corredor e já trocam farpas amistosas.
Logo, trocamos contatos do WhatsApp. A partir, daí começamos a nos tornar mais íntimos, trocar mensagens de bom dia, palavras de carinho, piadas. Eu sabia que ela era jogo duro, detonando vários caras que tentaram na lata, e fui comendo pelas beiradas.
Depois de um plantão puxado, consegui convencer a gostosa a tomar um chope comigo. Sem segundas intenções, claro. Era aquele convite de colega, papo leve pra aliviar a cabeça. Sentamos num barzinho perto do hospital e ali, entre um gole e outro, a conversa fluiu fácil: confidências de plantão, zoeiras, aquelas besteiras que só quem vive aquilo entende.
Não levou dez minutos para eu descobrir a terrível verdade: a Jéssica era casada. E, para soterrar tudo de vez, completamente fiel e apaixonada no marido. Admito que não tinha prestado atenção na aliança até ela me mostrar. Mesmo assim, ela não ia jogar a cerveja em mim e sair de lá. Ela tinha simpatizado comigo de um jeito natural e continuamos lá, papeando sobre nossas vidas. Eu falando das outras mulheres com quem me relacionei e ela falando do marido. Em alguns goles, a possibilidade de comer aquela gostosa acabou esquecida. Eu não era do tipo que cruzava a linha e respeitava casamentos felizes.
Com o passar do tempo, e dos goles, nossa conversa foi ficando cada vez mais íntima, e acabamos falando sobre a nossa filosofia de vida em relação ao sexo.
— Eu gosto de sentimento, de conexão emocional — resumiu Jéssica. — Pra mim, sexo não é só carne, como se a outra pessoa não fosse importante pra mim. Tem que ter significado. É isso que tenho com o Rogério.
— No meu caso, eu deixo as coisas bem separadas — resumi a minha filosofia. — Sexo é prazer, amor é sentimento. Sexo, eu faço por prazer e diversão. Amor, eu faço quando tô apaixonado de verdade, só entre nós. É parecido contigo e o Rogério nesse caso.
— Mesmo se transar com alguma das nossas colegas? Tipo a Luciana? Você não tem medo de estragar a amizade? Como vai ficar ter que ver ela todos os dias depois disso?
— Não vai estragar, porque os dois estariam nessa abertamente. Ela saberia o que eu iria querer antes. Sexo é sexo. Amizade é amizade. Para ficar nesse teu exemplo. e a Luciana quiser curtir, é só me mandar um zap que a gente marca e no dia seguinte vai estar tudo normal. Se ela quer um namorado, então iríamos ter uma conversa séria porque eu só a vejo como a minha amiga e colega e não vou para cama com ela se ela tiver iludida que teria algo a mais.
Só para deixar claro, nunca comi a Luciana.
— Então, quer dizer que você me comeria? — perguntou Jéssica, armando uma defensiva já.
— Na amizade? Sempre que tivéssemos um plantão entediante.
— Pois saiba que não vai rolar — enfatizou Jéssica, séria. — Eu amo muito o Rogério. Se você tem alguma intenção de sexo comigo é bom esquecer ou não seremos amigos.
— Eu não quero perder sua amizade. Então, prometo que não vou dar em cima de você. Mas se você me mandar um nude, prometo bater uma em sua homenagem.
Não resisti à piada final que poderia por tudo a perder, mas a Jéssica deu risada e só disse:
— Babaca.
Depois desse dia, eu e a Jéssica nos tornamos bons amigos, abertos e francos um com o outro. E eu nunca dei em cima e sempre respeitei seu casamento e sua fidelidade ao Rogério.
Naquela noite, o plantão até que tava tranquilo. Eu tava sentado na copa médica, de olho nos papéis do turno anterior, quando vi a cena se desenrolar ali do lado. A Jéssica tava encostada no balcão, ficha na mão, falando com o Gustavo.
Eu tava tentando ler uns prontuários, mas os dois falavam alto o suficiente pra eu escutar:
— Casamento... — disse Gustavo, ajeitando os óculos — Depois de uns anos vira mais parceria do que paixão.
— É... — respondeu Jéssica, sem muita emoção ou sequer estar prestando atenção.
O Gustavo riu baixo, naquele tom de cumplicidade que eu conhecia bem:
— Lá em casa, eu e a Márcia estamos assim. Casados há o quê? Quase vinte anos. Tem dia que parece que somos só sócios no aluguel.
— Vinte anos? — Jéssica arregalou um pouco os olhos — Nossa... É tempo.
— Sim. E olha que ela é uma boa mulher. Mas, sei lá, às vezes sinto que a gente virou colega de quarto.
A Jéssica fez um gesto com a cabeça:
— Acho que isso acontece... O Rogério e eu...
O Gustavo inclinou o corpo, interessado:
— Ah, sim... o Rogério. E vocês? Como é?
— A gente se dá bem — respondeu ela, simples. — Conversamos muito.
— Conversar... — o Gustavo repetiu, balançando a cabeça — Isso é importante. Mas e o lado mais íntimo? Continua igual?
A Jéssica riu leve:
— Não, é que... — ele tentou parecer casual — Eu fico pensando se com o tempo isso vai mudando. Tipo, vira mais compromisso do que vontade.
— Sei lá — respondeu ela, dando de ombros.
A Jéssica era um caso sui generis quando o assunto era sexo ou sexualidade. Ela tava no grupo secreto de putaria do WhatsApp dos médicos/médicas do hospital. Mas nunca postava nada, nunca comentava nada. Às vezes, parecia que ela só estava no grupo para saber as fofocas sobre quem tava comendo quem ou quem tava namorando que saíam lá antes de migrarem pro grupo “sem putaria”. Ou, vai ver, só queria se certificar que o Enéias não tinha achado (e vazado) algum nude que ela tenha mandado pro marido e esquecido o celular desbloqueado ou aberto em público e ele tirado uma foto da tela do celular dela.
Falando em Enéias, ela ignorava completamente e desviava de todas as tentativas de paquera, charme, flerte ou assédio que o Enéias fazia nela. Era impressionante. Todos os dias. O cara nunca desistia e a mulher nunca cedia um centímetro e sempre o tratava como “amigo”, “amiguinho” ou termos que deixavam claro que nem se ele fosse o último homem da Terra. O Enéias parecia um deus grego e já tinha passado o rodo em metade das funcionárias do hospital no melhor Super-Homem: basta tirar a camisa que resolve. Mas com a Jéssica? Ele dava o seu melhor, se superava e nada. Isso não devia ser só fidelidade. Para ela nem piscar, o marido da Jéssica deveria ser o deus do sexo!
Mas em defesa da Jéssica, o fato do Enéias ser safado e dar em cima de qualquer mulher entre 21 a 61 anos que visse, independente se eram solteiras, casadas ou mesmo heteros, deixava claro que esse papinho de “apaixonado pela melhor amiga desde sempre” era coisa de ego que queria colocar aquela que ainda pegou na lista. E todos os nudes e vídeos comendo outras mulheres que ele manda e ela apaga sem baixar não ajudavam na causa dele.
Voltando à Jéssica, se no grupo de WhatsApp ela era muda, em conversas privadas, ela era mais abertas. Ou não. Comigo, ela falava sobre sexo de boas quando estava sozinha. Às vezes, fingia que era a primeira e única vez. Talvez se abrisse comigo porque eu tratava isso na piada e não ultrapassava nenhuma linha. Com algumas das médicas, ela também conversava. Mas com o Enéias e a maioria dos caras? Era como se ela ainda fosse virgem. Não que eles não insistissem em querer saber algo mais.
O Gustavo, por exemplo, naquela noite continuou tentando.
— Porque, vou te contar... Com a Márcia, tem dia que parece que estamos cumprindo tabela.
A Jéssica mordeu o lábio, pensativa:
— Talvez vocês precisem se redescobrir.
— Já tentei... — ele disse, com um sorriso enviesado — Viagem, jantar, essas coisas... mas não adianta muito se o desejo não vem.
— Continua tentando que ele volta — disse Jéssica.
O Gustavo olhou pra ela, fixo:
— E com você? Já passou por isso com o Rogério?
— Sei lá — respondeu ela, com a cara mais honesta e lisa do mundo.
Ele soltou uma risada, aceitando que desse mato não ia sair cachorro.
Quando percebi que a conversa tinha baixado o tom e o assunto tinha virado sobre um paciente idoso, resolvi entrar.
— Vocês viram o laudo do Leandro da 403? — soltei, fingindo que só agora percebi os dois.
— O do trombo? — a Jéssica virou pra mim.
— Esse mesmo. Achei um negócio estranho na imagem. Tava pensando em pedir uma ressonância.
— Boa — ela disse, já focada — Vi ontem o Doppler, mas fiquei na dúvida.
O Gustavo pigarreou:
— É... eu também tinha achado meio duvidoso.
Eu dei um sorriso meio torto:
— Então fechou. Vamos ver se a gente pega isso antes de virar problema. E, assim, XA-BLAU!
A Jéssica riu.
— Suas frases de efeito são horríveis, Miguel.
— As minhas? — botei a mão no peito, fingindo ofensa — Logo as minhas? Nunca.
O Gustavo deu um risinho e comentou antes de sair.
— Melhor treinar elas em frente a um espelho antes...
O resto do plantão foi bem tranquilo. Na semana seguinte que a coisa ficou engraçada.
Era uma sexta. O dia estava tranquilo quando cruzei com a Fernanda no corredor. Ela vinha de jaleco aberto, camiseta branca marcando os peitos, jeanspreta e um tênis branco. A bunda dela ficava perfeita naquela calça. Não era daquelas bundas enormes, mas bem redondinha, alta e firme. As coxas torneadas completavam o conjunto. A pele bronzeada dela parecia ainda mais viva ali sob a luz fria do hospital.
— E aí, Miguel, firme? — soltou ela com aquele sorriso meio debochado.
— Melhor agora — respondi, encostando na parede, cruzando os braços. — Tá difícil segurar sem uma cervejinha.
Ela me olhou de lado, o sorriso crescendo.
— Isso foi um convite?
Dei uma risadinha.
— Só se você quiser. Não sou homem de insistir.
— Então eu quero. — Ela piscou. — Mas só se for cerveja gelada e papo fiado.
— Fechado. — Bati de leve na mão dela.
Depois do expediente, a gente caiu num boteco pé-sujo ali perto. Mesa na calçada, cerveja trincando. Ela tinha trocado o jeans por uma legging e uma blusa regata justa, branca. As pernas dela pareciam ainda mais longas naquele short, e o decote dava um show sem esforço. Cabelo bagunçado, a cara de quem não tá nem aí e ao mesmo tempo provoca sem abrir a boca.
— E aí, Miguel, vai ficar me encarando ou vai brindar? — disse ela, erguendo o copo.
— Tô só admirando a colega. — Pisquei. — Sou um homem de sorte.
A conversa foi naquela linha: zoação, uns papos sobre os perrengues do hospital, piadas sobre os pacientes, e um flerte solto. Nada pesado, mas direto. Uma cerveja virou duas, três. Ela ria das minhas histórias, eu ria das dela.
— Sabe o que eu acho? — disse ela, depois de mais um gole. — Você não passa de um malandro.
— Não nego. — Dei de ombros. — Malandro, mas do bem. Gosto de ver mulher sorrindo, não chorando.
— Hum. — Ela me olhou daquele jeito de quem mede. — E eu? Já te fiz pensar besteira?
Dei um sorriso torto.
— Mais do que devia.
— Então para de pensar e faz. — Ela encostou o joelho no meu, mantendo o olhar.
A puxei pela gola da camisa e a dei um beijo na boca. Quente, sem pressa, daquele jeito que avisa “bora ver até onde vai”.
— E aí? Pra onde a gente vai? — perguntei, deixando a mão escorregar pela cintura dela.
— Motel ou casa?
— Minha casa é aqui perto... e eu bebi bem menos pra poder dirigir.
Ela riu porque eu tive tudo planejado.
— Fechado. Vamos pra sua casa, então.
Chegamos na minha casa em silêncio, para não acordarmos os vizinhos. Devia ser perto da meia-noite.
Logo que a porta fechou, já fui a segurando pela cintura e dando um beijão na boca. A Fernanda correspondeu me abraçando. A gente se beijava com desejo e eu já estava querendo tirar a blusa dela para chupar aqueles peitões. Mas a Fernanda tinha outros planos e pediu para tomarmos um banho antes da trepada.
Tiramos a roupa e fomos tomar um banho relaxante. Eu entrei no banheiro primeiro e ela me seguiu logo depois. Era a primeira vez que via a Fernanda nua. Ela tinha seios enormes e bicudos. A barriga enxuta, a bundinha redonda, e a coxa torneada. A bucetona de lábios volumosos tinha uma risca de pentelhos.
A gente pensou que tomar a ducha juntos seria só uma preliminar, mas ensaboar aqueles peitões e aquela xoxota fez o meu pau crescer e apontar pro céu na mesma hora. Tenho um pau acima da média. Não sou um jegue e nem tenho pinto pequeno. Nenhuma mulher nunca reclamou. E a Fernanda não seria a primeira.
Enquanto me beijava com tesão, a Fernanda pegou a minha rola dura e começou a punheta-la com vontade. Eu retribuía os beijos com mamadas nos peitões e tapas na bundas. Aos poucos, fui baixando ela para que ela beijasse meu corpo. Passou pelo peito, deu uma lambida no umbigo e chegou ao cacete. Começou com beijinhos e carícias, mas foi aos poucos, chupando.
E ela fazia isso com maestria. A Fernanda enfiava até a garganta e olhava para mim. Era uma cena linda ver aquela morena engolindo o meu caralho e meu olhando com aquele olhar pidão. Começou a mamar mais rapidamente. Quanto mais rápido ela chupava, mais ofegante eu ficava.
Mais um pouco e não consegui segurar mais, jorrando a minha porra na garganta dela. A Fernanda se deliciou com aquilo. Tirei o pau da boca dela, segurei a sua cabeça e ordenei que ela engolisse tudo. Ela me obedeceu como a boa putinha que era.
Depois disso, terminamos de tomar banho, vestimos roupões que peguei no armário e fomos merendar. Pois a noite estava apenas começando e aquilo eram só as preliminares.
Não levou muito tempo para o meu cacete dar sinal de vida. Não com uma gostosa daquelas dando sopa. Fomos para o meu quarto e foi a minha vez de retribuir o boquete dela com uma chupada.
Eu a deitei na cama, me posicionei entre as suas pernas e comecei a chupar aquela bucetona. A Fernanda delirava de prazer com a minha língua. Eu chupava, sugava, mostrava para ela toda a minha expertise. Chega ela tremia de prazer e passou a apertar a minha cabeça contra aquela sua bucetona linda. Não demorou muito e senti quando ela gozou, se contorcendo toda.
Depois daquela gozada, era hora do prato principal: rola. Eu a puxei para a beira da cama e as levantei suas pernas, apoiando-as nos meus ombros. Encostei a cabeçona na entrada e fiquei assim por um tempo. Enfiei um pouquinho e fui forçando. Ela gemia, comendo como o meu caralho era grosso. Aos poucos, ele foi deslizando para dentro daquela buceta quentinha.
Com o meu pau todo atolado naquela buceta, comecei a socar com vontade. A medida que íamos bombando gostoso, fomos variando a posição. De ladinho. De quatro. Frango assado. Cavalgando. Cavalgando de costas para mim. Os dois iam competindo para ver quem impunha o ritmo e ficava por cima.
Em uma de suas cavalgadas, a Fernanda começou a acelerar e gozou no meu pau. Ela caiu sobre o meu peito e descansamos um pouco. Esperamos ela se recompor para continuarmos. Mais uma vez, alterando as posições a medida que eu bombava mais. A Fernanda urrava de prazer e seus seios balançavam ao ritmo do delicioso vai e vem.
Eu a segurei pela cintura e a deixei de quatro. Comecei a dar as estocadas cada vez mais forte. Cada vez mais rápido e mais forte, mais forte, mais forte. Meu pau já dava sinal que iria gozar. Acelerei o movimento ainda mais.
Quando percebi que não tinha mais como conter, tirei rapidamente o caralho da buceta dela e o apontei para o seu tórax. O gozo veio em jatadas que acertaram os seus peitões, tal como eu tinha mirado.
— Filho da puta! — reclamou Fernanda, porque não tínhamos falado sobre isso antes.
Eu apenas ri e nos beijamos. Mas não acabou aí. Depois de mais uma hora de descanso, tivemos mais uma trepada. E depois outra chupada dupla no banheiro quando fomos tomar banho.
A madrugada já tinha avançado, mas a gente ainda continuava acordado, os corpos ainda meio grudados. Fernanda tava deitada de lado, cabeça no meu peito. Eu, de olhos semiabertos, só curtindo.
— Tô te relembrando logo pra não ter mal-entendido — disse ela, a voz rouca. — Não tô afim de namoro nem de rolo sério.
— Nem eu — respondi, rindo baixo. — Já basta o hospital pra complicar a vida da gente.
— Mas... — Ela ergueu a cabeça, me olhando de soslaio. — Não veria problema se a gente repetisse isso aqui de vez em quando.
— Ô, maravilha. — Dei um beijo na sua boca. — Combinado.
Ela riu e voltou a se aninhar.
— Posso perguntar uma coisa? — soltei.
— Manda.
— Já transou com alguém do hospital?
Ela nem hesitou.
— O Enéias.
Fiz um som com a boca, meio um "ahhh" arrastado.
— Esperado.
— E você? — rebateu ela. — Com quem já transou de lá?
— Duas enfermeiras — respondi. — Júlia e Liana.
— Sabia! — Ela deu um sorrisinho. — E a Jéssica? Nunca tentou nadica?
Me virei um pouco pra olhar pra ela.
— Nunca nem tentei — falei sincero. — Além de casada, a Jéssica é fiel ao extremo. Nunca vi vacilar a nada que o Enéias tenha tentado.
Ela soltou um suspiro curto.
— Sabia que tem uns médicos da galera que teorizam que o Enéias ainda vai acabar derrubando as resistências dela, né? É aquele esquema “água mole, pedra dura”. Pode demorar anos, mas ele vai.
— Jura? — Ri baixo. — O Enéias é o maior comedor que conheço, mas acho que ele tá gastando cartucho demais nessa história.
— Pois é. — Ela girou de barriga pra cima. — Se eu fosse apostar, eu diria que, do jeito que ele tá forçando, vai é se queimar. E quando finalmente destruir as resistências dela, só vai abrir brecha pra outro cara vir e comer ela antes.
— Se fosse pra apostar em alguém com a Jéssica, eu apostaria no Rogério.
— O marido? — Ela virou a cabeça na minha direção.
— Qualquer coisa que o Enéias fizer, o Rogério vai consertar em seguida. Eles se amam mesmo.
Fernanda soltou uma risada abafada.
— Isso não teria graça...
— Para gente não. Para eles dois, talvez seja essa a graça.
A gente ficou ali, conversando sem pressa, só curtindo a madrugada e aquele clima bom. Eu pensava como era raro achar alguém como a Fernanda. Gostava daquele estilo, jogo limpo. Só duas pessoas adultas, curtindo a vibe, com honestidade.
O plantão finalmente tinha dado um respiro. Saí da última consulta direto para a sala de descanso, já sonhando com meu jantar que estava há quase uma hora esperando na geladeira. Abri o micro-ondas e taquei lá dentro o potinho do iFood. Nem ia fingir que ia comer devagar.
Foi quando a Jéssica entrou vinda direto da academia.
A camiseta preta colada no corpo. As coxas dentro daquela legging preta eram grossas, firmes, desenhadas. A bundinha redonda, alta, daquele tipo que você imagina como deve balançar quando ela caminha. Ombros firmes, cintura marcada, cabelo jogado de lado e aquele sorriso confiante de mulher que sabe que é gostosa dela.
— Olha quem resolveu dar o ar da graça — falei, abrindo um sorriso torto.
Ela me abraçou. Corpo quente da academia. Perfume suave. Uma delícia.
— Cheguei adiantada... e faminta — disse, já sentando na poltrona e tirando a marmita da bolsa.
O micro-ondas apitou. Tirei minha comida e ela já colocou a dela.
— Como é que você consegue trazer comida feita todo dia, hein? — perguntei.
— Ah, não sou eu, não. Quem faz é o Rogério. O homem mais atencioso, gentil, amoroso...
Dei uma risada.
— Daqui a três minutos, vai começar a falar que o cara soca forte, tem um pau que é de aço na buceta e de mel na boca, que te deixa arrombada...
Ela balançou a cabeça, rindo.
— Eu não fico falando de sexo assim tão livremente...
— Tirando aquela vez que ele viajou por duas semanas e você tava subindo pelas paredes.
— Eu não...
— Você perguntou o preço de um vibrador até para mim.
— Talvez eu tenha passado dos limites um pouco... — A Jéssica vermelha era muito engraçada. — Depois da primeira vez, ele me deixou mal-acostumada com a frequência...
— Coelha — zoei. — E depois o Enéias é tarado, eu sou um malandrão, a Luciana é a CEO do Tinder...
A Jéssica tampou o rosto para esconder que tava rindo. Aproveitei para me sentar de frente para ela.
— A noite hoje tá com cara de que vai ser daquelas.
— Tomara que não — respondeu, mexendo na comida.
Ficamos um tempo ali, comendo. Eu reclamando da quantidade de paciente que peguei que só queria atestado ou inventava dor pra fugir do serviço. Ela contou que, na última noite, tinham jogado em cima dela um caso daqueles de emergência, sem protocolo definido, pra resolver em cinco minutos.
— E resolveu? — perguntei.
— Claro — respondeu. — Mas amanhã vai ter um chefe enchendo o saco querendo saber por fiz isso e isso em vez daquilo.
— Normal — balancei a cabeça.
— Pelo menos tem essa janta aqui — disse ela, olhando pra marmita. — E esse amigo que me faz companhia.
Dei um sorriso.
— É... e o plantão mal começou.
Ela deu um gole na água.
— Ah! Queria te apresentar uma amiga.
— Opa. Quem?
— O nome dela é Lorena. É minha vizinha.
Eu virei a cabeça devagar, encarando ela. Permaneci em silêncio por alguns segundos.
— Você já me falou dela — relembrei o óbvio.
— Suponho que falei maravilhas sobre a mulher mais incrível e gostosa do mundo, depois de mim e da Eliana — respondeu ela na maior cara de pau. E eu nem sabia quem era Eliana.
— Lorena... Não é aquela falsa que invadiu teu apartamento e tava louca pra roubar teu marido?
Ela desviou o olhar.
— Lorena... — continuei — não é aquela interesseira que fazia questão de te agradar pra depois te esfaquear pelas costas? Aquela que fez um café de manhã horrível para tu passar por vilã de novela ao reclamar? Aquela que você nos disse que iria mandar a “bomba Enéias” pra cima dela?
Ela continuou desviando o olhar.
— Lorena... não é aquela doida...
— Tá! — Ela ergueu a mão. — Eu sei. Eu estava errada. Eu julguei a Lorena por ciúme. Mas ela é uma das mulheres mais lindas, incríveis, inteligentes, engraçadas e simpáticas que eu conheço. E tá solteira. E tá disponível pra um cara legal.
Dei uma garfada e continuei, de boca cheia:
— Lorena... não é aquela que transou com um velho que tá vivo desde a época dos antigos incas na tua cama só pra sacanear você e o teu marido?
— Ninguém é perfeito — rebateu ela, daquele jeito de quem já perdeu a paciência.
— Humm... — mastiguei, olhando pra frente.
Ela me encarou de lado, esperando.
— Tá bom... — falei, soltando o garfo. — E o que que cê quer? Marcar um double date? Eu e a doida, você e o Rogério?
— É exatamente isso — respondeu ela, cruzando os braços. — Você topa?
— Jéssica... Você sabe que eu não sou desses que se amarra em uma mulher só. Faz uns nove anos que eu não namoro firme. E a última? Não durou. E nem acabou bem.
— Todo mundo tem que sossegar um dia — disse ela, firme. — Além do mais, eu não tô te pedindo pra casar com a Lorena. Tô pedindo pra você conhecer a mulher.
Suspirei.
— Lembra que eu tive um rolo recente com a Fernanda, né?
— Isso foi semana passada — minimizou ela. — Ela já esqueceu.
Pequeno Spoiler: A Fernanda não tinha esquecido, só dito que sim.
— Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor!
— Acho que você realmente passou a gostar dessa Lorena — conclui, após analisar o rosto pidão dela por uns segundos. — Mas quer amarrar o burro dela em alguém só por garantia.
— Tipo isso. Por favor, se você topar um encontro para conhecer ela, eu topo qualquer coisa que você pedir de mim?
— Qualquer coisa?
— Qualquer coisa!
— Qualquer coisa mesmo?
— Menos coisas sexuais, safadão!
— Tem que aprender a prometer as coisas direito, Jéssica — brinquei enquanto ela dava um tapinha na minha testa. — Tá bem, eu topo.
Ela sorriu, satisfeita, e continuamos a comer e jogar conversa fora. Falamos do hospital, dos casos malucos, das tretas de plantão, até que ela terminou a comida e se levantou.
— Vou me trocar pra minha persona médica — disse, piscando pra mim.
Assenti, vendo ela sair.
E claro, não perdi a chance de olhar aquela bundinha rebolando na legging. O balanço natural, a calça colada desenhando cada curva, o cós alto abraçando aquela cintura era o tipo de visão que fazia qualquer pensamento decente dar lugar pra uma imaginação sacana.
Me peguei pensando se essa tal de Lorena era tão gostosa quanto a Jéssica.
Dois dias depois, passei pelo maior plot twist do ano. Era final de tarde quando saí do hospital com o corpo pedindo arrego. Aquele dia tinha sido puxado, a cabeça latejando, e ainda tinha esquecido de almoçar. O trânsito já estava começando a engarrafar, e eu só pensava em chegar em casa, tomar um banho e jogar as pernas pra cima. Mas aí, na esquina da avenida, bem na parada de ônibus, eu vi uma loirinha parada, mochila encostada na perna, mexendo no celular. “Loirinha” era força de expressão, com aqueles 1,75m. Alta, magrinha, branquinha, um rosto bem familiar.
Pisei no freio quase sem pensar. Dei aquela olhada rápida, sem acreditar. Era impossível, mas... era ela.
Abri o vidro e encostei com um sorriso já engatilhado.
— Ô, Gasparzinha... não acredito — falei como se ainda estivéssemos na cozinha do antigo apartamento dos meus pais.
Era ela mesmo. A filha da diarista que trabalhava no apartamento dos meus pais, vivia por lá e a gente acabou virando parceiro de bagunça. Um fugia das brincadeiras e outro ficava zoando. Ela era uns 8 ou 9 anos mais nova que eu e crescemos como se ela fosse a irmã mais nova que eu nunca tive. Até que eu fui embora pra outro estado, cursar a faculdade que eu queria, e nunca mais nos falamos desde então. A pirralha cresceu mesmo, devia ter uns 22 ou 23 anos.
Ela demorou um segundo. Levantou a cabeça devagar e olhou pra mim. O olhar dela arregalou na hora.
— Migué? — Ela disse meio sem voz, como quem achou que nunca mais ia ouvir esse apelido.
— Em carne, osso e olheira — respondi, rindo.
Ela deu dois passos até a janela do carro.
— Eu achei que tu tinha virado gringo, sei lá, sumiu — disse ela, com aquele sorriso dela, que nunca mudou.
— Mudança de estado conta como virar gringo? — brinquei. — Tá indo pra onde?
— Faculdade. — Ela apontou pra parada de ônibus. — Odonto. Mas não te preocupa, vou de busão mesmo.
— Ah, larga disso. Entra aí, eu te deixo.
Ela me olhou de cima a baixo, com aquele olhar desconfiado que qualquer mulher sensata teria.
— Não costumo entrar no carro de homem que não conheço direito — respondeu, cruzando os braços.
— Eu já te vi comendo meleca de nariz, Gasparzinha. Não interessa o quanto tu tenha crescido, sempre vai ser a guria que levava bronca da minha mãe junto comigo — disse, forçando cara de sério.
Ela caiu na risada.
— E você vai ser sempre o garoto cheio de Migué — disse ela, puxando a porta e entrando.
Assim que fechou, estendi a mão pra ela e a gente deu aquele toque de parceiro. Não era abraço, não era aperto de mão. Era o nosso cumprimento, que não esquecemos mesmo depois de dez anos.
— Parabéns, doutor — disse, enquanto botava o cinto. — Pelo visto, tu se formou, hein?
— Pois é, o milagre aconteceu e me deixaram ser médico — falei, arrancando com o carro. Afinal, não gostava de atrapalhar os outros e tava ali há quase um minuto trancando uma parada de busão. — E tu, odonto? Nunca imaginei.
— Já tô no penúltimo ano — respondeu, ajeitando o cabelo. — Tem sido puxado, mas tô levando.
— E morando pra esses lados? — perguntei, estranhando. — É mais perto do campus, mas meio longe do nosso antigo bairro.
— Ainda moro lá no nosso bairro. Mas arrumei emprego de diarista num condomínio aqui perto. Daí encaixei os horários com a faculdade. — Ela deu de ombros, simples.
— Ah, então tá explicada essa coincidência absurda — falei. — Tu sempre foi ligeira, né? Fazendo a vida acontecer.
Ela riu.
— A gente tem que se virar.
— E como tá tua mãe? Dona Neide ainda vive pegando no teu pé? — perguntei, genuinamente curioso.
— Sempre. Agora ela reclama que eu não fico em casa. — Ela sorriu.
O papo foi leve. Falamos das nossas famílias, de como a vida tinha dado voltas. Eu contei dos plantões, das noites sem dormir. Ela falou dos professores da faculdade, das amigas. Ela mencionou uns nomes estranhos (seu Geraldo) e uns parecidos com o que eu conhecia (Jéssica, Lorena). Tudo normal, natural.
Quando cheguei perto da faculdade, encostei o carro.
— Bom, tá entregue — falei.
— Valeu, Migué — Ela tirou o cinto. — Me passa teu número, vamos combinar um café qualquer dia desses. Tem muita história pra contar.
— Demorou.
Trocamos contato e nos chamamos de “Migué desaparecido” e “Gasparzinha sumida”.
— Agora, não tenho mais desculpa para sumir.
Antes de sair, ela virou e falou:
— Foi bom te ver. Sério. — E saiu com aquele jeitinho dela, mochila nas costas, pisando leve.
Fiquei ali vendo ela entrar na faculdade. Sei lá, bateu um negócio bom no peito. Nem tudo se perde com o tempo. Algumas amizades sobrevivem a tudo.
Liguei o som e fui pra casa com um sorriso bobo no rosto. Porque reencontrar um pedaço do que a gente foi, às vezes, fazia um bem danado.
Duas noites depois, lá estava eu, sentado numa cafeteria indicada pela minha amiga Jéssica, esperando a Gasparzinha. E, olha, ela chegou pontual. Admiti que jurava que ela iria ser das que atrasam.
Ela entrou com aquele jeitinho leve, os cabelos loiros soltos, sem maquiagem, calça jeans escura, camiseta branca e um tênis surrado que parecia ser o mesmo de anos atrás. E a mochila. Não era dessas que queria chamar atenção. Mas era ela. Parecia mais uma supermodelo de fazer as loiras odonto padrão chorarem. O tempo tinha dado um upgrade nela sem tirar nada do jeito simples.
— Por essa eu não esperava, hein? — disse ela, largando a mochila na cadeira ao lado e se sentando. — Migué, logo tu, combinando de vir num café.
O sorriso dela era aquele de quem não leva tudo tão a sério.
— A gente amadurece ou finge bem — respondi, esticando o braço pro nosso comprimento de mano-mana. — Tu não mudou nada.
— E tu cresceu pros lados. Não era fortinho assim antigamente não, ô ex-varapau.
Pedimos café e um bolo. E a conversa começou a fluir. Das peripécias lá no bairro, das brigas por besteira, das tardes que ela passava em casa enquanto a mãe dela trabalhava pra minha mãe.
— Sabe que eu nunca soube direito por que tu sumiu, né? — Ela disse, depois de um tempo. — Só que vocês brigaram feio.
— Por causa da faculdade de medicina — falei, mexendo o café devagar. — Não passei aqui, só tinha nota em outro estado. Meus velhos nunca engoliram essa ideia de eu me mudar. Queriam que eu fizesse outro curso. Biológicas, enfermagem, qualquer coisa que fosse aqui na cidade mesmo. Diziam que medicina era complicado, que era um curso pra filho de rico, que eu não ia conseguir me sustentar sozinho, morar sozinho e ainda me dedicar ao curso morando longe.
— Sério?
— Sério. — Baixei a cabeça. — Meu pai falava que ia ser tempo perdido, que eu já tinha perdido muitos anos de cursinho tentando medicina e fracassando. Que eu devia aceitar os meus limites e que não iria passar. A minha mãe ficava naquela, dizendo que era melhor eu não sair de perto. Aí começou aquela pressão em casa. Discussão todo dia. Cada hora um dizendo que ela loucura eu me mudar de estado, que se eu fosse nem pensasse em voltar.
— E tu? — Ela me olhou, curiosa.
Ela não lembrava direito dessas partes porque os velhos escondiam bem de todos de fora.
— Juro que tentei. Mas uma hora, eu cansei. — Dei um sorriso amargo. — Meti as roupas numa mala e fui.
— Sem avisar?
— Avisei que tava indo — respondi, encarando o fundo da xícara. — E eles também não falaram nada e nem impediram. Acho que, no fundo, era o que eles queriam: que eu sumisse pra não dar trabalho.
— Tu acha mesmo isso? — Ela perguntou, baixando um pouco a voz.
— Sei lá. — Respirei fundo. — Na época, eu tinha certeza. Hoje, já não sei mais. Mas aí a Inês já morreu e tá decomposta, né?
Ela me olhou com um daqueles olhares que pareciam enxergar por dentro.
— E nunca mais procurou eles?
— Pois é. Fui cabeça dura.
— Migué... — Ela disse num tom meio sério. — Já faz dez anos.
— Eu sei. Mas... sei lá. — Dei um sorriso sem graça. — Ficou aquele ranço, sabe?
— Só que ranço não dura pra sempre se a gente não alimentar.
Dei um gole no café, pensando. Mudando de assunto, perguntei da faculdade, dos perrengues, das aulas.
— Eu tô no hospital X agora — comentei, tentando evitar que ela voltasse àquele assunto.
— Sério? — Ela me olhou, surpresa. — Tu não vai acreditar...
— O quê?
— Eu trabalho pra uma médica que é de lá. — Ela disse, apoiando o braço na mesa. — Conhece uma tal de Jéssica?
Eu quase ri. A imagem da Jéssica veio na cabeça na hora. Sempre falando meio rápido e querendo resolver tudo.
— Conheço. Gente fina. Trabalha pra caramba, e ainda acha tempo pra ajudar meio mundo. É um pouco doida, mas é das boas.
— Pois é. — Ela riu. — Eu limpo a casa dela. E sabia que o Enéias também mora lá no mesmo condomínio?
— Sério? — Arregalei os olhos. — A vida é um ovo mesmo. Dois médicos do hospital no mesmo prédio onde tu trabalha... Parece piada. Tipo aquelas coincidências que ninguém acredita.
A gente ficou um tempo trocando ideia sobre isso. A vida, as voltas, as pessoas que cruzam o caminho da gente. Mas era inevitável que ela voltasse àquele assunto.
— E quanto aos teus pais...
Larguei a colher no pires.
— Migué... — Ela balançou a cabeça. — Dez anos. Tu vai fazer o quê? Esperar mais dez?
— Eu nem sei onde moram.
Ela sacou na hora que tinha omitido um detalhe na versão anterior.
— Passei no prédio umas semanas depois que voltei para cá — confessei. — Queria pôr tudo a limpo. Mas quando cheguei lá, soube que ele tinham se mudado há uns oito anos. Por isso, é tarde demais.
— Não é tarde demais pra tentar. — Ela me encarou.
— Eu não sei onde eles moram.
— Eu sei.
Ela soltou um riso.
— Mais uma dessas coincidências inacreditáveis — continuou. — A dona Ângela e o seu Arnaldo agora moram no condomínio onde eu trabalho.
Eu caí na risada.
— Tu tá de sacanagem.
— Juro. — Ela disse, tomando um gole do café. — Juro pela boneca Emília que tu me deu de aniversário em 2011.
Dei um abraço na Gasparzinha. Ela tinha me dado a melhor notícia do ano. Talvez não fosse mesmo tarde demais pra algumas coisas.
Pois bem, leitor. No próximo capítulo, eu vou conhecer a Lorena e o Rogério, marido da Jéssica. E teremos uma revelação bombástica envolvendo o passado da Jéssica e os meus pais (!).
No final da minha saga, vou acabar sossegando dos tempos de malandro que não se amarra e casando com uma mulher. Com quem vocês torcem que eu fique no final da minha saga: com a Lorena ou com a Fernanda? Diga nos comentários qual delas você torce que seja.
Eu não quero e não vou atrapalhar o casamento da Jéssica e nem tentar roubar ela do marido. Mas vocês acham que, ainda assim, eu e ela podemos ter uma(s) transa(s) casuais, de amigos coloridos. Sabe como é, só para eu ajudar o maridão a saciar o fogo dessa ninfomaníaca sedenta por sexo diário, para que ela não precise busca-lo em caras genuinamente sacanas como o Enéias (ou um velho maluco que pensa que é vilão de filme que ela comenta vez por outra. É “Lucrécio”, acho).
Se vocês torcem para que eu dê umas rapidinhas “na amizade” com a Jéssica ou são contra, coloquem nos comentários.
Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Daqui a três semanas, teremos a continuação.
AVISO AOS LEITORES: Na semana que vem, eu provavelmente só publicarei a tradicional seção de respostas de comentários aos leitores. Vou precisar desse tempo extra para escrever os próximos capítulos com a qualidade necessária. Mas na semana do dia 27, devo publicar mais uma remessa de capítulos.