Fazendo direito

Um conto erótico de A. S.
Categoria: Heterossexual
Contém 1078 palavras
Data: 10/07/2025 18:06:02

Desde o primeiro semestre da faculdade de Direito na UFBA, campus da Graça, Clara e Diego se tornaram inseparáveis. Se conheceram durante uma aula de Teoria do Estado, dividindo um livro emprestado da biblioteca.

Ela, aluna aplicada, filha de médico e professora da UFBA, morava num apartamento com vista pro Farol da Barra e falava baixo, com vocabulário polido.

Ele, mais na dele, era filho de uma costureira e de um porteiro aposentado, nascido e criado numa pequena favela escondida atrás dos prédios altos e antigos do Canela — lugar onde a rua de paralelepípedo terminava e começava um emaranhado de becos, lajes improvisadas, gatos de luz e vida pulsando apertada entre muros altos.

Clara cresceu entre escolas particulares, viagens para Europa, aulas de balé e inglês fluente. Diego estudou em colégio estadual, sempre no turno da tarde, trabalhando de manhã em padaria ou fazendo entrega de lanche. Mas havia algo entre eles que a cidade não conseguia separar. Talvez o olhar curioso de Clara diante das ideias afiadas de Diego, talvez o jeito dele de rir devagar, ou a firmeza que tinha ao dizer o que pensava, sem rodeios.

Clara gostava da forma como Diego falava do direito com paixão — sem arrogância, com quem sentia que estudar era uma vitória. Diego, por sua vez, era hipnotizado pelo jeito com que Clara cruzava as pernas, mordia a tampa da caneta ou enrugava o nariz quando se irritava. Havia desejo entre eles, mas era silencioso, disfarçado em risadas, toques rápidos no braço, caronas até o ponto, olhares demorados entre os livros e os corredores do campus.

Por dois anos aquilo se arrastou: uma amizade íntima, cheia de não-ditos, pequenos testes, ensaios de algo que nunca se concretizava. Mas bastou uma noite comum para tudo mudar.

Era um dia abafado de abril, quase começo do outono. As aulas tinham terminado cedo, e Clara sugeriu que fossem estudar juntos no apê dela, já que os pais estavam viajando. Diego hesitou por um segundo — conhecia bem o abismo que havia entre a Barra e os becos do Canela — mas ela sorriu daquele jeito que sempre o desmontava, e ele aceitou.

Na Barra, o ar era outro. O apartamento dela era amplo, iluminado, com janelas abertas para o mar. Enquanto ela preparava um café, ele ficou olhando a paisagem da varanda — a orla, o movimento, os ônibus descendo a Centenário. Quando ela voltou, de short curto e regata solta, o cabelo preso num coque alto e os pés descalços, algo se acendeu no ar.

Estudaram por meia hora, talvez menos. Depois, os livros ficaram de lado, e começaram a falar da vida, das diferenças entre o que viviam em casa, das pontes e distâncias entre os bairros que moravam. Em algum momento, Clara se calou e ficou olhando nos olhos dele. O silêncio era espesso, denso.

— Você já quis me beijar? — ela perguntou, direta, a voz baixa.

Diego não respondeu. Apenas se inclinou, segurou o queixo dela e encostou a boca na dela, com calma, com fome antiga. O beijo cresceu rápido, ganhou corpo, língua, respiração pesada. Ele a segurou pela cintura, sentindo a pele macia sob a blusa leve. Ela gemeu baixinho, puxando a camisa dele pra cima, as mãos descobrindo o peito forte e quente.

— Desde o primeiro dia... — ele sussurrou, entre beijos.

Ela sorriu, já sem blusa, os seios pequenos e firmes expostos sob a luz do fim de tarde. Diego os olhou como quem vê uma arte rara. Os mamilos rosados, enrijecidos, chamavam sua boca com urgência. Ele os chupou devagar, com a língua circulando em torno, e ela se arqueou nos braços dele, gemendo mais alto.

Foram para o quarto de Clara, tropeçando pelos tapetes, rindo no meio da pressa. Ele a deitou na cama com cuidado e tirou seu short devagar, beijando cada parte que se revelava. Clara estava molhada, quente, pulsando de desejo. Ela puxou o short dele, depois a cueca, e o encarou por um instante.

— Eu te queria há tanto tempo — ela disse, com a voz embargada de tesão.

Ele não respondeu. Deitou-se entre as coxas dela, abriu-a com as mãos e passou a língua pela entrada úmida. Clara jogou a cabeça pra trás, arfando, sentindo os arrepios correrem por todo o corpo. Diego chupava com técnica e vontade, revezando entre língua e dedo, ouvindo o som da respiração dela ficar descompassada.

— Diego, me fode... agora.

Ele a penetrou devagar, sentindo cada centímetro ser engolido pela carne quente e úmida dela. Os dois gemeram juntos. Os corpos se encontraram com naturalidade, como se já soubessem o caminho um do outro. Clara se agarrava nos ombros dele, o quadril batendo de encontro ao dele com ritmo, fome, entrega.

— Vai mais fundo — ela pediu, com os olhos fechados.

Ele obedecia. Cada estocada era firme, cheia, profunda. O som da pele batendo, os gemidos dela abafados nos beijos, o cheiro do sexo preenchendo o quarto. Diego sussurrava no ouvido dela, dizia o quanto ela era gostosa, o quanto imaginou aquela cena nos banheiros da faculdade, nos intervalos, nas tardes em que ela ria perto demais.

— Tava me provocando, né? Com aquelas sainhas curtas, rebolando na minha frente…

— Sempre quis que você me pegasse assim — ela respondeu, de olhos vidrados.

Mudaram de posição. Ela por cima agora, cavalgando com força, os seios balançando, os cabelos soltos. Diego cravava as mãos nas coxas dela, o olhar fixo naquele corpo branco e entregue. Clara sentia o prazer crescer como maré cheia — ondas subindo no ventre, o calor dominando o corpo inteiro.

Quando ele a virou de novo e voltou a metê-la por trás, segurando firme sua cintura, ela já implorava pelo fim. Sentiu quando o pau dele começou a pulsar, o ritmo acelerando, o gozo vindo.

— Dentro, Diego... dentro, por favor...

Ele gozou fundo, com um gemido surdo, quente, espesso. Clara sentiu o jorro preenchendo seu interior e gozou junto, sentindo a pulsação dele se espalhar dentro dela, como se seu corpo reconhecesse aquele gozo como algo que era dela. Ficaram assim, colados, ofegantes, suados, sem palavras por alguns segundos eternos.

Depois, ela se deitou de lado, o rosto contra o peito dele.

— E agora? — ela perguntou.

— Agora a gente vê onde essa ponte vai dar — ele respondeu, beijando sua testa.

O mar seguia calmo do lado de fora. A Barra dormia rica, o Canela acordava cedo. Mas ali, entre os dois, o tempo tinha parado. E alguma coisa — entre os livros, os corpos e os silêncios antigos — finalmente se cumpria.

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