Desde a adolescência, Janaína e Vinícius se cruzavam pelas ladeiras de São Tomé de Paripe como quem se conhece há muito, mas nunca se toca. Moradores do mesmo bairro, vizinhos quase porta com porta, cresceram se esbarrando entre os banhos de mar no fim de tarde, os pagodes de domingo no Largo do Tanque, as quentinhas pegadas na mão da mãe de Vinícius, que cozinhava pra fora.
Jana, desde cedo, era vista como “ousada demais” pelas senhoras da igreja e “desejo demais” pelos moleques da rua. Tinha uma beleza afiada, daquelas que cortam. Pele escura reluzente, quadris largos, e seios grandes, perfeitos, redondos como frutos maduros — naturais, sem artifício algum, pesando lindamente no biquíni e balançando no ritmo do corpo dela. Quando andava, era impossível não reparar. Mas o olhar dela, esse sim era mais perigoso: firme, direto, um convite disfarçado de desafio.
Vinícius era mais calado, mas intenso. Trabalhava no barco do tio fazendo passeio até as ilhas. Braços fortes, fala baixa, sempre de boné e sorriso curto. Quando olhava pra Jana, olhava fundo. Nunca foi de correr atrás de qualquer uma — mas por ela, ele esperava. E ela sabia. Sempre soube.
Durante anos, o desejo entre eles foi feito brasa escondida em pano seco. Se viam, trocavam piadas, elogios disfarçados, às vezes até umas provocações de leve — mas nenhum dos dois dava o passo seguinte. Talvez por medo de estragar a amizade, talvez por orgulho, talvez porque sabiam que, quando acontecesse, não teria volta.
Até aquela tarde.
Era uma sexta de fim de mês, e o bairro respirava um calor preguiçoso de verão. Jana teve um dia cheio no salão. As mãos doíam de tanto trançar cabelo, e a cabeça, de tanto ouvir problema dos outros. Foi quando viu nos stories de Vinícius um vídeo dele sozinho na prainha do fundo, perto da pedra onde o povo raramente ia. Estava de short molhado, sem camisa, tomando uma cerveja gelada. “Lugar de paz”, ele escreveu.
Ela não respondeu. Só amarrou o biquíni, jogou um pano na cintura, passou óleo no corpo e desceu.
A maré já começava a subir quando ela chegou. O sol tocava o fim da tarde, espalhando laranjas e vermelhos sobre a água calma da Baía de Todos-os-Santos. Vinícius estava ali, debaixo de uma amendoeira. A camisa aberta, o peito coberto de areia fina, o short grudado nas coxas. Quando a viu, o olhar dele demorou nos seios dela, que saltavam sob o tecido fino do biquíni vermelho.
— Achei que você não vinha... — disse ele, com voz rouca.
— Eu precisava vir. Hoje o corpo tava pedindo.
Ele se aproximou. Sem pressa. O cheiro de bronzeador na pele dela se misturava ao sal do mar e ao suor doce que subia do pescoço. A tensão era densa, morna, antiga. Já não tinha mais como fingir.
— Tá quente aqui — ele murmurou, os olhos deslizando pelos seios dela, cheios, naturais, perfeitamente desenhados. — Sempre pensei como seria ter tua pele na minha boca.
— E tá esperando o quê?
Ela o puxou pela nuca e o beijo explodiu. Boca cheia, língua molhada, desejo de anos inteiro saindo por ali. Ele a pressionou contra a árvore, as mãos firmes nas coxas dela, que logo se enroscaram na cintura dele. Os dois arfavam, as peles colando, os suores se misturando, o mundo girando.
Vinícius desamarrou o biquíni dela com os dentes, e os seios saltaram livres, balançando pesados e firmes. Ele os tomou com as duas mãos como quem segura um tesouro. Apertou, beijou, chupou com fome e reverência. Os mamilos enrijecidos na língua dele fizeram Jana estremecer. Ela puxou os cabelos dele, arfando, sentindo cada lambida como uma onda que batia fundo no ventre.
— Fica de costas pra mim — sussurrou no ouvido dela.
Ela se debruçou sobre uma pedra baixa, com o quadril empinado e o pano já largado na areia. Ele se ajoelhou atrás dela, passou a língua pelas coxas e pela bunda, até alcançar onde ela mais queria. A boca dele ali foi como eletricidade. Jana arqueou as costas, gemeu alto, mordeu os lábios. Ele sabia o que fazia — e fazia devagar, até deixá-la trêmula, escorrendo.
Vinícius a penetrou aos poucos, sentindo a umidade quente abraçar seu membro inteiro. Os dois soltaram um gemido em uníssono, como quem alivia um vício antigo. Os movimentos começaram suaves, profundos. Ele segurava firme sua cintura, ela jogava o quadril pra trás, encontrando-o com precisão.
— Porra, Jana... — ele rosnava, a voz rouca.
— Mete... mais fundo... — ela pediu, entre ofegos.
E ele deu. Estocadas fortes, seguras, mãos na cintura, depois nos seios, que balançavam lindamente a cada investida. Jana olhava por cima do ombro, os olhos vidrados de prazer, sentindo cada centímetro dele se afundar em sua carne como se pertencesse ali.
A cada estocada, o prazer crescia. O som da pele batendo ecoava com o das ondas. O suor escorria pelas costas, pelos peitos, pelas coxas. Quando ela sentiu os músculos dele tensos, o ritmo mais urgente, soube o que vinha.
Ele cravou os dedos nos quadris dela, gemeu forte e então gozou dentro dela, quente, profundo, pulsante. E naquele instante, o corpo de Janaina estremeceu de cima a baixo, não só pelo orgasmo que também veio, intenso, mas pelo jorro quente que ela sentiu preencher seu ventre. A sensação era de completude, como se ele marcasse nela um território há muito prometido.
Ela caiu sobre a pedra, os joelhos moles. Ele se deitou ao lado, ambos ainda ofegantes, sorrindo. A maré molhava as pontas dos pés deles, o céu agora era um azul escuro, salpicado de estrelas.
— Acha que o mar vai levar isso embora?
— Não, Jana. O mar só trouxe o que já era nosso.
Ela sorriu, o corpo ainda vibrando, os seios subindo e descendo devagar com a respiração. E ele passou a mão por eles mais uma vez, beijando um, depois o outro, como quem agradece.
E ali, no calor da praia de São Tomé, os corpos sabiam o que a boca ainda não disse: aquilo não era um fim. Era só o começo.