Educação Sexual - Dia 26: Ciúme

Um conto erótico de Zur
Categoria: Crossdresser
Contém 5179 palavras
Data: 30/07/2025 19:14:18
Última revisão: 30/07/2025 19:17:34

Sexta-feira / Vigésimo Sexto Dia

A maçaneta gira em minha mão sem resistência, e finalmente consigo entrar no quarto. Lá está Lívia, sentada sobre a cama, só de calcinha e sutiã. Seu corpo está relaxado, mas seu olhar... é puro desprezo.

“Você é muito rude...” diz ela com frieza, o desdém escorrendo de cada palavra. “Eu quero terminar com você.”

Fico completamente desolado. Tento dizer algo, qualquer coisa, mas minha voz não sai. Abro a boca, mas nenhum som me obedece.

Lívia então se inclina suavemente, pega algo escondido em seu sutiã, e com o mesmo tom gelado diz: “Sua chave da castidade? Não, 'minha' chave da castidade... Pode dizer adeus...”

Ela chacoalha a pequena chave no ar diante de mim, como se fosse um prêmio que eu nunca mais mereceria. Meu corpo começa a se afastar contra a minha vontade, sendo puxado para trás como se o chão tivesse virado uma esteira em marcha ré. Tento lutar, tento gritar.

“Não!!! Não!!!” A voz finalmente sai, mas agora é inútil. A imagem de Lívia vai ficando cada vez mais distante, borrada pela luz branca que me engole.

Acordo assustado, o coração disparado.

A luz do sol nascente atravessa a janela da sala e bate direto no meu rosto. Esfrego os olhos com força, tentando reorganizar os pensamentos, quando ouço passos no andar de cima.

Me endireito no sofá rapidamente, o coração acelerado. Olho ansioso para a escada. Lívia aparece no topo, descendo os degraus com calma. Está vestida com um vestidinho azul curtinho, pronta para sair.

Seus olhos encontram os meus por um segundo, com o mesmo desdém que estavam no sonho, só um pouco mais avermelhados.

“Ei...” diz ela, sem emoção. “Dormiu de camisola, é?”

“Bem, sim... Hum...” respondo, tentando parecer calmo.

Lívia continua me encarando com um olhar frio. A cumprimento, tentando aliviar a tensão:

“Bom dia...” E então complemento, um segundo depois: “Amor...”

Ela não retribui. Apenas informa: “Hoje à noite vou à casa da Gabi, não sei quando volto.”

Engulo seco. “Hum... Você vai ficar até muito tarde?”

Ela suspira e responde sem qualquer paciência: “Não, Samy, não sei que dia eu volto. Eu não sei nem 'se' eu volto.”

“Amor, não...” Tento me levantar, mas ela estende a mão para que eu não me aproxime.

“Ah, claro. Você deve estar preocupado com isso.” Ela revira os olhos e enfia a mão na bolsa.

De lá, puxa uma pequena chave prateada. Sem nenhum cuidado, joga-a em cima da mesinha da sala. A chave da minha gaiola bate na madeira com um som metálico seco. E sem dizer mais nada, ela vira as costas e sai de casa sem olhar para trás.

A porta se fecha.

O silêncio que fica é ensurdecedor.

Olho para a mesinha, para a chave que por tanto tempo eu desejei. Eu era capaz de fazer qualquer coisa por essa chave. Mas agora... agora eu simplesmente não a quero.

Me levanto, com os movimentos pesados. Me troco em silêncio e saio de casa.

Na sala de aula, o som do professor explicando algo sobre macroeconomia vai ficando cada vez mais distante, como se ele estivesse falando debaixo d’água. Meus olhos encaram o quadro lotado à frente, mas minha mente está em outro lugar.

Hoje não fantasio com nada, mas também não consigo prestar atenção. Só consigo pensar nela.

Lembro de como ela estava linda no nosso primeiro encontro, toda tímida. Da tarde na piscina da casa dos meus pais, naquele fim de semana em que ela os conheceu. Das nossas últimas férias na praia — ela hesitando diante do mar gelado, rindo enquanto eu insistia para ela entrar. Em todas essas lembranças, há algo em comum: o sorriso dela. Aquele sorriso lindo que faz meu coração apertar só de pensar em perdê-lo.

Ah, Lívia... O que foi que eu fiz...

O tempo se arrasta como uma tarde chuvosa. Cada nova lembrança vem doce e cruel, e ao mesmo tempo que me aquece, também me destrói. Quando o sinal finalmente toca, é quase um alívio. Saio da sala cabisbaixo, indo direto para a aula de educação sexual.

Ao chegar na sala de aula, encontro Caio e Bruno já vestidos com suas roupas femininas, concentrados em frente aos espelhos enquanto finalizam a maquiagem. Eles até trocam algumas risadinhas entre si, mas param ao notar minha expressão abatida.

Com toda essa confusão que vivi nas últimas vinte e quatro horas, acabei não praticando nada. E, se ontem minha habilidade com maquiagem já deixava a desejar, hoje, sem a ajuda de Luna, a situação parece desesperadora.

Me troco às pressas, e sento em frente ao espelho. Pego o batom, o rímel, o delineador... mas minha cabeça não está ali. A imagem de Lívia jogando a chave em cima da mesa volta repetidas vezes. Minhas mãos tremem tanto que fica difícil até segurar os pincéis.

Começo com o delineador, erro. Tento corrigir com o cotonete, mas só piora. O rímel vai parar quase nas sobrancelhas. Passo o batom e ele escorre para fora do contorno, tiro e refaço, mas cada nova tentativa parece agravar o desastre anterior.

É quando Bruno, já com a maquiagem bem feita, se aproxima de mim com uma expressão hesitante. Sua voz soa suave e delicada: “Hum... Samy...”

Olho para ele meio aéreo, tentando forçar um sorriso. Também afino um pouco a voz. “Hum... Oi, Sasha...”

Ele inclina a cabeça levemente, avaliando meu rosto com cuidado. “Sua maquiagem... está toda borrada...”

Eu já sabia, claro. Mas não tem como melhorar. Minhas mãos não param de tremer.

Caio se aproxima, hesitante, e comenta também usando uma voz afeminada: “Você aplicou o pó compacto?”

Fecho os olhos por um momento, tentando lembrar. Não. Eu esqueci completamente.

Bruno inclina um pouco a cabeça, o olhar preocupado. “Está tudo bem?”

Desvio o olhar para o espelho e murmuro: “Não... na verdade não. Eu e a Lívia brigamos feio ontem...”

Caio arregala os olhos. “Você e a Lívia? Mas vocês são perfeitos juntos...”

“Éramos...” Abro um sorriso triste, mal disfarçado.

Bruno leva a mão à boca. “Vocês terminaram???”

Respiro fundo, o peso da incerteza me esmagando. “Não sei... Talvez...”

Só de pensar nisso, meus olhos marejam. Tento disfarçar, pego o pó compacto às pressas e aplico no rosto com batidas rápidas.

Bruno estende a mão como se quisesse me impedir. “O que você está fazendo? Isso vai tirar todo o seu delineador...”

“Talvez seja melhor tirar...” Caio comenta em voz baixa, observando o estrago.

Finalmente, deixo o pincel cair no colo. Respiro fundo e admito, abatido: “Eu não consigo... Eu não vou conseguir fazer essa maquiagem...”

Caio me olha com doçura e pergunta com a voz suave: “Quer ajuda?”

Bruno se adianta logo em seguida, animado. “Sim! Deixa a gente ajudar você!”

Balanço a cabeça devagar, inseguro. “Não... A Luna não iria deixar...”

“Ela não tá aqui, a gente faz rapidinho!”, rebate Caio, animado.

Antes que eu consiga negar de novo, eles já estão me cercando. Bruno levanta os fios da minha peruca e cuidadosamente os prende com uma tiara fofa. Ao mesmo tempo, Caio se abaixa, vasculhando meu kit de maquiagem com pressa, buscando os produtos certos para consertar o desastre.

“Obrigada...” murmuro, baixinho.

Caio e Bruno começam de imediato; a solução mais prática que encontram é remover tudo o que fiz até agora e recomeçar do zero. Mesmo apressados, eles fazem um bom trabalho, escondendo um pouco da minha tristeza com bastante de base e corretivo.

Até que uma voz irritada ecoa da porta da sala: “O que está acontecendo aqui?! Você deveria fazer sua maquiagem sozinha, Samy!”

Congelo na cadeira. Apesar de todos os esforços de Caio e Bruno, eles não conseguiram terminar a maquiagem antes de Luna chegar. Faltou pouco — eles ainda davam os últimos retoques no batom quando ela abriu a porta.

Luna entra com os braços cruzados e expressão dura, os saltos ecoando pela sala.

“Desculpe...”, murmuro, sem nem conseguir olhá-la nos olhos. “Não foi culpa deles... Eu não consegui me maquiar, então pedi pra me ajudarem...”

“Ah, Samy... Vem cá... O que foi que aconteceu?” Luna se abaixa e seus braços me envolvem num abraço inesperado.

Demoro um pouco para corresponder, mas quando o faço, é difícil soltar. É como se o peso nas minhas costas ficasse um pouco mais leve.

“Me conta, o que foi que aconteceu?” Ela pergunta novamente, se afastando, mas ainda me segurando pelas mãos.

“Eu vou contar...” Digo em voz baixa.

Ela se senta numa cadeira ao lado de Caio e Bruno, todos voltados para mim. Eu inspiro fundo, tentando organizar a bagunça na minha mente.

“Eu e a Lívia... Tivemos uma briga feia...”

As palavras saem aos tropeços, mas vão se alinhando. Conto tudo: o beijo no rapaz no refeitório, a briga feia depois disso, e finalizo com a conversa fria que tivemos hoje de manhã.

"... Ela deixou a chave da minha gaiola castidade na mesinha de casa, e saiu sem olhar para trás, como se isso nem importasse mais..." Finalizo com a voz fraca.

Luna franze o cenho, pensativa. “Mas uma coisa eu não entendo... Você não tinha dado permissão pra ela ter relação com outro cara?”

“Eu dei...” murmuro. “Mas isso foi antes... Ela não me contou nada sobre esse cara... Ela fez isso pelas minhas costas...”

“Isso não importa, Samy. Você deu permissão.”Luna fala com firmeza. “Se mudou de ideia, deveria ter contado pra ela. Por que não disse que não queria que ela fizesse de novo? Tenho certeza de que ela respeitaria.”

“Eu... eu não sei...” Minha voz sai num sussurro embargado.

Luna cruza as pernas, encostando-se melhor na cadeira. “Samy... Você tem que entender que quando você deu permissão para ela transar com outro cara, você se tornou a corninho dela. Então isso não é mais traição...”

Lívia me disse que não seria traição... Mas isso foi só naquela vez... E nós estávamos atuando...

“Claro que você poderia ter se arrependido.” Luna prossegue. “Mas aí você teria que ter dito pra ela que esse não era o tipo de relacionamento que queria. Vocês conversaram sobre isso depois daquele dia?”

Penso rapidamente e respondo: “Bem... Nós conversamos um pouquinho na noite daquele dia... E um pouquinho no dia seguinte...”

Luna me observa com atenção, e pergunta em voz calma: “Você disse que estava incomodada?”

Esfrego nervosamente as mãos sobre o colo. “Bem... não...”

“Deveria ter dito.” Luna comenta com paciência. “Sobre o que vocês conversaram então?”

“Hm... Sobre o dia diferente que vivemos...” murmuro, ainda tentando juntar as ideias.

Luna ergue uma sobrancelha. “Você já disse o que sentiu?”

“Sim...” Respiro fundo. “Eu disse que isso me deixou excitada...”

“Mas...” Ela instiga, me encorajando a continuar.

“Mas o quê?” pergunto, confuso.

“Você disse que estava excitada, mas...?” Ela faz um gesto circular com a mão, querendo que eu complete.

Olho para ela, perdido. “Não teve ‘mas’...”

O olhar de Luna se acende de indignação. “O que você quer dizer com ‘não teve mas’?!”

Me encolho um pouco na cadeira. “Eu só disse que me deixou excitada...”

“Samy!!!” Luna exclama, batendo de leve as mãos nas minhas coxas, me fazendo estremecer. “Você está me dizendo que, nas únicas vezes em que vocês conversaram sobre isso, você disse que adorou o fato de ela foder com outro cara?!”

Sinto meu rosto queimar. Gaguejando, admito: “S-Sim...”

Luna leva os dedos à testa, como se não pudesse acreditar. “Por Deus! Como você pode considerar que ela fez algo errado se ela fez especificamente o que você disse que te dá prazer?!”

Abro e fecho a boca, tentando encontrar alguma explicação. “E-eu... eu...”

Ela me interrompe, a voz agora bem mais séria. “Samy... me diga honestamente.” Seus olhos cravam nos meus, implacáveis. “Você gosta que sua namorada faça sexo com outros caras?”

Meu peito aperta. Tento buscar palavras, qualquer coisa que soe sensata. “Ah... eu... eu...”

O peso da realidade desaba sobre mim. A garganta aperta, os olhos marejam, e antes que eu consiga me conter, solto num grito engasgado:

“Eu arruinei meu relacionamento!!!”

As lágrimas começam a cair descontroladamente. Sinto o rosto quente e a garganta apertada, incapaz de conter o choro. Agora percebo o quão patético eu fui.

Caio segura minhas mãos com carinho, tentando me dar alguma estabilidade enquanto choro sem controle. Luna, rápida, pega alguns lenços de papel do kit de maquiagem e começa a secar meu rosto com leves batidinhas na bochecha.

“Não chore...” ela pede em voz baixa, quase maternal. “Você vai estragar sua maquiagem...”

Bruno abre sua mochila, tirando uma garrafinha de água, que me entrega com um sorriso tímido.

Luna me manda respirar fundo, tentando me acalmar, embora a tristeza ainda pesasse no meu peito.

Assim que percebe que voltei a ter algum controle sobre mim mesmo, Luna segura meus ombros, firme mas gentil. “Não, nada está arruinado ainda. Não até ela olhar nos seus olhos e dizer que não é mais sua namorada.”

A simples ideia me aperta o estômago. Só de imaginar, uma nova onda de lágrimas ameaça surgir.

"Não, não, não..." Luna segura meu rosto entre as mãos, me obrigando a focar nela. "Isso não vai acontecer. Mais cedo ou mais tarde, vocês vão ter que conversar. Não a pressione, mas peça desculpas assim que puder."

“Dê um presente pra ela!” Bruno sugere, empolgado. “A Isa adora ganhar presentes!”

Luna sorri, assentindo. “Essa é uma boa dica! Receber algo que ela goste vai te ajudar muito... Desde que venha junto de um pedido de desculpas sincero.”

Respiro fundo, me forçando a parecer um pouco mais otimista, digo com voz trêmula: “Com certeza!”

A aula então segue em um ritmo mais leve. Luna aproveita para nos dar algumas dicas rápidas de como corrigir uma maquiagem borrada, enquanto Caio e Bruno treinam diretamente no meu rosto, atentos e cuidadosos. Entre uma aplicação de base e um toque de corretivo, nós seguimos conversando, trocando ideias sobre qual presente seria o ideal para dar para Lívia.

Começo a me sentir um pouco melhor, rodeado por tanto carinho dos meus amigos, quando ouço Luna murmurar, com um tom meio nostálgico:

“Nossa última aula juntas está acabando, meninas...”

Caio solta um suspiro de desânimo. “Já? Mas nós nem começamos...”

Era verdade. Com toda a confusão envolvendo meu relacionamento, nem vimos o tempo passar.

Luna ajeita uma mecha de cabelo atrás da orelha e abre um sorriso compreensivo. “Nossa aula de hoje seria sobre mais algumas dicas de maquiagem, mas tudo bem. Isso era mais importante.”

Ela olha para nós três, com um carinho especial no olhar, e prossegue: “Laila e Sasha, vocês já estão indo super bem nisso. Mas Samy... preciso que você pratique. Resolva seu problema com a Lívia e treine. A Srta. Marília não vai gostar de receber sissies com maquiagem mal feita.”

Com um leve aperto no coração, levanto a mão timidamente. “Você pode me dar algumas dicas de qual maquiagem comprar? Enquanto eu não resolvo...”

Luna passa a mão no queixo. “Ah, é... Sem a Lívia, você deve estar sem um kit de maquiagens...” Ela cruza os braços, pensando por um instante. “Bem, pega o meu emprestado por enquanto. Não adianta comprar um para você agora, sem ter uma habilidade mínima aceitável. Só vai gastar dinheiro à toa.”

Bruno brinca com um sorriso malicioso: “Ela acabaria comprando uma base pra pele negra...”

Franzo a testa, totalmente perdido. “Hum?”

Luna apenas aponta para mim, divertida. “Viu?”

Todos caem na risada — até eu, mesmo ainda meio para baixo, deixo escapar uma risadinha discreta. Pego o kit emprestado com um sorriso tímido e agradeço a Luna.

Ela então ergue a mão, fazendo um gesto de despedida teatral. “Tchau, meninas... Vou sentir saudades...”

Meu peito aperta. Respondo em voz baixa, sincera: “Eu também vou sentir saudades...”

“Vou sentir falta das suas dicas de moda...” Bruno também comenta, com um biquinho.

E Caio, com o rosto corado, também agradece: “Muito obrigada, Luna... Suas aulas foram ótimas...”

Até Caio, que está usando uma gaiola de castidade super apertada por causa da própria Luna, parece genuinamente triste com o fim das aulas.

Luna dá uma risadinha, tocada. “Vocês são tão fofas... Chega de luto, vai! Tenho certeza de que ainda vamos nos encontrar muito pelos corredores da faculdade!”

Rimos mais uma vez, e nós três vamos dar um último abraço apertado de despedida na professora, antes de nos trocarmos para ir embora.

Enquanto dobrava cuidadosamente a saia para guardá-la na bolsa, ouço uma voz animada me chamando pelas costas.

"Ei, Samy!"

Viro-me e dou de cara com Isa, se aproximando com passos leves. Ela me encara com olhos doces e faz uma expressão de pena. “Aww, tadinho... Estava chorando...” Ela toca de leve meu ombro. “Vai ficar tudo bem, Samy...”

Forço um sorriso. “Obrigado, Isa. Espero que sim...”

Ela então muda o tom, mais animada: “Preciso da sua ajuda! Você poderia me dar umas aulinhas sobre andar salto?”

Franzo a testa. “Você não sabe? Eu já vi você andando de salto...”

Isa dá uma risadinha divertida. “Claro que sei! Mas eu vejo vocês andando na aula com esses saltos altíssimos que parecem de strippers!” Ela faz um gesto exagerado, equilibrando-se na ponta dos pés. “A Lívia e a Gabi também andam super bem com eles! Eu não quero ficar para trás!”

Ainda meio hesitante, pergunto: “O Bruno não pode te ajudar?”

Sinceramente, eu não estou no meu melhor momento para ajudar ninguém.

Isa revira os olhos, como se minha sugestão fosse absurda. “Bruno??? E você acha que eu vou pedir ajuda pra minha sissy?”

Inclino a cabeça. “Por que não?”

Ela faz uma pose dramática, colocando a mão na cintura. “Eu sou mulher há muito mais tempo! Sou eu quem deveria ensiná-lo!”

Me escapa um sorrisinho, mas olho para o lado para disfarçar. “Eu não sei, Isa... Ainda preciso me acertar com a Lívia...”

“Lívia te ama! Ela vai te perdoar.” Isa afirma com convicção. “Vai ser ainda mais fácil se eu contar que você foi super legal comigo...” Ela me dá uma piscadela travessa.

Acabo sorrindo, contagiado pelo bom humor dela. “Passo na sua casa mais tarde, ok?”

“Oba! Valeu, Samy! Nos vemos mais tarde!” Isa exclama, me dando um beijo leve no rosto antes de sair saltitante pelo corredor.

Mais tarde eu ajudo a Isa. Luna disse que preciso me desculpar logo — Preciso mandar uma mensagem para a Lívia agora mesmo...

Pego o celular da mochila, meu coração batendo mais forte, e começo a digitar uma mensagem para ela.

*

Para ver como foi a aula de Lívia é só entrar na seguinte URL sem os _ entre os números:

*

****https://www.casadoscontos.com.br/texto/20_25_07_16_98****

*

Leia primeiro por lá... depois volte aqui para continuar.

*

Eu: Oi, amor... Quero me desculpar com você, eu nunca deveria ter feito o que fiz. Estou pronto quando você quiser conversar.

Aperto "enviar" e fico olhando para a tela, sem muita expectativa — mas, para minha surpresa, segundos depois ela começa a digitar. E envia:

Lívia: Oi, Samy. Sim, precisamos conversar. Hoje vou dormir na casa da Gabi, mas podemos conversar amanhã de manhã, pode ser?

Meu coração dá um pulo. Respondo na hora.

Eu: Sim, quando você quiser. Sinto sua falta...

Ela responde logo em seguida:

Lívia: Te vejo amanhã, Samy. Tchau, também sinto sua falta.

Leio aquela última frase mais de uma vez: "Também sinto sua falta."

Sinto meu peito aquecer. Isso é um bom sinal!

Não mando mais mensagens. Ela disse que quer conversar amanhã, e eu não quero pressioná-la.

Preciso comprar um presente... Caio sugeriu um perfume... Mas ela acabou de comprar um novo...

Fico matutando por alguns minutos, tentando pensar em algo que ela realmente iria gostar.

Até que a idéia perfeita me vem à mente, como um estalo. Eu já sei! Uma lingerie! Ela adora lingeries! Bárbara pode me ajudar!

Sem perder tempo, pego minhas coisas, arrumo a mochila com pressa e sigo animado rumo à loja de lingeries da Bárbara.

Chego à loja e Bárbara me recebe com o mesmo entusiasmo de sempre.

“E aí, Samy! Quanto tempo!” Ela abre um sorriso largo e já vem na minha direção. “Achei que tinha esquecido das amigas!”

Sorrio, meio sem jeito. “Pois é, Bárbara... esses dias eu não tenho tido muito tempo...” Falo em voz baixa, tentando acalmar um pouco a empolgação dela.

“Sei, sei...” Ela dá uma risadinha e inclina a cabeça. “E aí, veio comprar mais calcinhas?”

“Na verdade... Preciso comprar um presente pra minha namorada.” murmuro, desviando o olhar.

Bárbara franze a testa e repete: “Presente pra sua namorada?” Uma risadinha escapa dos lábios dela. “Achei que já tínhamos passado dessa fase.”

“Não, Bárbara... dessa vez é verdade. A gente brigou feio...” Suspiro, tentando passar seriedade.

Ela estreita os olhos, seu sorriso começa a desaparecer. “Ai, Samy... O que foi que você fez?”

“Como você sabe que fui eu?” Olho para o lado, tentando disfarçar.

Ela cruza os braços, olhando firme nos meus olhos. “Não é ela quem veio comprar um presente de desculpas, é?”

Solto um suspiro resignado. “Ok, fui eu... Ciúmes...”

Bárbara me encara séria por alguns segundos. Ela deve ter percebido que não se trata só de um ciúme bobo.

“Venha...” Ela se vira e começa a caminhar para o fundo da loja. “Eu sei do que você precisa.”

Curioso e um pouco apreensivo, sigo atrás dela pelos corredores da loja.

Bárbara me leva até uma prateleira repleta de conjuntos de lingerie cuidadosamente dispostos. Eu realmente gosto das peças que comprei até agora, mas pela estética do tecido e o acabamento refinado em renda dessas novas opções, percebo de imediato que a qualidade é bem superior.

Ela aponta com orgulho para a coleção. “Estas são as minhas melhores peças, Samy. São um pouco mais caras, mas são coisa chique. Você ganha o seu perdão ou devolvo seu dinheiro.”

“Sério?” pergunto, esperançoso.

Bárbara hesita. “Hum... Na verdade, não... Foi modo de falar. Só posso devolver o dinheiro se a peça estiver com defeito. Mas poço trocar por qualquer outra coisa caso...”

“Não...” A interrompo, balançando as mãos e tento explicar melhor. “Quero dizer... Você acha mesmo que Lívia vai me perdoar?”

“Tenho certeza que sim!” Bárbara responde de imediato, confiante. “Claro, ciúme pode ser um problema, mas você se arrependeu, não é?”

“Com certeza!” respondo firme, sem hesitar.

“Então sim!” Ela abre um sorriso largo. “Além disso, não é fácil encontrar um namorado com um lado tão feminino como você, ela não vai querer perder isso!”

Dou um leve sorriso, sentindo minhas bochechas esquentarem. “Ok, vou comprar um conjunto...”

Bárbara começa a me mostrar as peças uma a uma, comentando com entusiasmo o caimento, a qualidade da renda, e os detalhes especiais de cada peça. Pelos rótulos, percebo que tudo ali é bem caro — mas, dessa vez, eu não quero economizar em nada.

Depois de analisar todas as opções, escolho um conjunto de lingerie vermelho profundo com detalhes em preto. O sutiã, com taças estruturadas, exibe um tecido rendado com adoráveis desenhos florais sobre o fundo escarlate, com um detalhe de fitas de cetim negro entrelaçadas bem no meio de suas taças — o mesmo tecido que adorna o centro do busto com um lacinho delicado. A calcinha, do tipo fio dental, repete o mesmo padrão luxuoso de renda e cetim, com tiras finas nas laterais que vão valorizar o quadril avantajado de Lívia. Cada detalhe do conjunto parece ter sido feito sob medida para exalar elegância e sofisticação. Para completar, levo também um par de meias pretas 7/8, com acabamento em renda larga no topo, que aderem às coxas, garantindo um visual provocante e refinado.

Bárbara então sorri animada, amarrando uma fita na caixinha do presente. “Ela vai adorar, Samy!”

“Acho que sim...” murmuro, ainda um pouco nervoso, mas esperançoso. “Obrigado pela ajuda, Bárbara!”

“Boa sorte com suas desculpas…” Ela me entrega a caixinha, e completa, me olhando com um olhar mais sério: “e chega de ciúmes!”

“Tá bom...” murmuro, envergonhado, num tom quase infantil.

Com o presente da Lívia comprado e o coração um pouco mais leve, deixo a loja da Bárbara e sigo direto para a casa da Isa.

Ainda preciso praticar maquiagem, mas prometi ajudá-la com seus problemas com os saltos altos.

Chego na casa da Isa e bato na porta. Do outro lado, ouço sua voz vindo de longe: “Ei, Samy! A porta está aberta! Estou aqui na piscina.”

Empurro a porta devagar e entro. Sigo em direção ao fundo, guiado pela luz intensa que vem do quintal. Pelo visto, Bruno não está aqui.

Ao chegar à área da piscina, dou de cara com Isa com os seios à mostra, colocando a parte de cima do biquíni como se fosse a coisa mais natural do mundo.

“Ah! Desculpe, eu estava fazendo topless.” Ela diz enquanto ajeita com naturalidade a cortininha do biquíni.

“Eh... Tudo bem...” murmuro, desviando o olhar por instinto. Nesse ponto, isso já não chega nem perto de parecer estranho.

Com o biquíni colocado, Isa se aproxima com um sorriso radiante.

“Oi, Samy! Resolvi aproveitar esse dia bonito para tomar um sol.” Ela solta uma risadinha leve.

“Oi, Isa, boa ideia...”

Ela inclina a cabeça, curiosa. “E aí? Você já se acertou com a Lívia?”

“Ainda não, mas já combinamos de conversar...”

Isa bate palmas de leve. “Que bom, Samy! São ótimas notícias!”

“Espero que tudo corra bem...” digo, sem esconder a ansiedade.

“Tenho certeza que sim!” Isa afirma com convicção, depois me olha com um brilho animado nos olhos. “Pronto pra me dar algumas dicas?”

“Sim, estou.”

“Legal, espera aí que vou pegar meus saltos.” Isa se vira e sai em passos decididos.

“Você quer praticar aqui?” pergunto, confuso com a ideia.

“Claro! É onde tem mais espaço, já volto!” Ela some em direção ao corredor de onde vim.

Poucos minutos depois, Isa volta com um par de saltos altos nas mãos — mais ou menos do mesmo tamanho que costumo usar nas minhas aulas com Luna. Ela se senta na espreguiçadeira, calça os sapatos com cuidado, depois se levanta com um leve desequilíbrio.

“Ok, Samy, estou pronta. É difícil me equilibrar com saltos tão altos... Como você faz?”

“Vamos lá,” respondo, assumindo um tom mais técnico. “Primeiro, mantenha uma boa postura — isso é bem importante. Tente inclinar seus ombros ligeiramente para trás.”

“Certo!” Isa responde animada, e faz exatamente como eu pedi. O movimento, no entanto, empurra imediatamente seus seios para frente, chamando atenção de um jeito impossível de ignorar.

“Assim?” pergunta com um sorriso inocente.

“Isso...” digo, desviando o olhar com esforço. “Agora tente andar um pouco. Olhe para o horizonte e pise primeiro com o salto no chão, depois com a ponta. Como se fosse um sapato comum.”

Isa acena com a cabeça e começa a andar com cuidado, seguindo minhas instruções. Cada passo balança seu corpo com sensualidade natural. A cada movimento de quadril, sinto meu pênis se apertar ainda mais dentro da gaiola.

“Acho que está funcionando, Samy...” comenta, satisfeita.

“Muito bom, Isa...” digo, tentando manter o foco. “Só anda um pouco mais como se estivesse em cima de uma linha, com um pé na frente do outro...”

Isa sorri empolgada. “Tá bom!”

Ela continua caminhando, balançando os quadris de maneira provocante, concentrada nas novas instruções. Quando Isa começa a ganhar mais confiança, começa a brincar — fazendo poses e passando a mão nos seios, como se estivesse em uma apresentação.

“Entrando no palco, a nossa melhor stripper: Isaaaaaa Pimentinhaaa!!! Aeee!!!”

Ela dá uma risada gostosa, faz uma voltinha exagerada e continua a caminhar. “Acho que peguei o jeito, Samy!”

Aceno com a cabeça, sorrindo. “Acho que sim, Isa. Você está andando muito bem.”

“Legal! Muito obrigada! Vou avisar a Lívia que você me deu uma ajudinha...” Ela me lança uma piscadela divertida.

“Obrigado...” digo, soltando um suspiro. “Espero que isso ainda sirva para alguma coisa...”

“Para de drama!” Ela dá uma risadinha e balança a cabeça. “Daqui a pouco vocês vão estar de bem de novo!”

Balanço a cabeça, esperançoso. Eu realmente quero acreditar nas palavras da minha amiga.

Olho para o relógio. Já está ficando tarde, e ainda tenho que treinar maquiagem. “Tchau, Isa. Acho que preciso ir agora.”

“Tchau, Samy! Vê se aparece para pegar uma piscininha comigo dá próxima vez!” Isa diz, empolgada.

Essa não é uma má idéia.

“Quero sim, Isa...”

“Legal! Vou chamar você e a Lívia também. Até lá, vocês já vão ter voltado a ser aquele casal de filme que eu tanto adoro.” Isa lança uma piscadela, me arrancando um sorriso.

“Tchau, Samy. Vou treinar mais um pouco, agora.” Ela gira novamente sobre os saltos e continua a desfilar ao redor da piscina, passando as mão nos cabelos, ainda se divertindo com a própria encenação.

Enquanto me afasto, não resisto e lanço um último olhar por cima do ombro. Isa está com as mãos na traseira, rebolando devagar, como se fosse uma stripper de verdade.

Ela está extremamente gostosa de biquíni e salto alto...

Excitado, volto para casa.

Chego em casa animado para começar a praticar maquiagem. Antes de tudo, vou até meu guarda-roupa guardar o presente da Lívia com cuidado. Já aproveito para colocar um vestidinho e a minha peruca para ajudar a visualizar a minha imagem feminina.

Sento-me diante da penteadeira, ligo o notebook e começo uma verdadeira maratona de tutoriais de maquiagem no YouTube. São dezenas de vídeos: truques para contorno, como esconder bem a sobrancelha, aplicação de base, esfumar sombra... é muita informação, mas aos poucos tudo começa a fazer sentido. Nesse momento, dou uma risadinha sozinho.

Agora entendi a piada do Bruno...

Fico grato por Luna ter me emprestado seu kit de maquiagem. Se eu tivesse comprado tudo sem saber o que estava fazendo, certamente teria jogando muito dinheiro fora.

Conforme o tempo passa, vou me maquiando com cada vez mais confiança, repetindo cada passo que as garotas demonstram nos seu tutoriais. Incluo também algumas das técnicas que a Luna ensinou em sala de aula, e os resultados são ainda melhores.

Olho para o espelho, surpreso com o que vejo. Aproximo o rosto, estudo cada detalhe e, com um sorriso. “Uau... você está sexy...”

Depois de muito treino, fico muito feliz com o resultado final. Não está no mesmo nível da maquiagem que Lívia fez em mim na semana passada, mas sem dúvida está melhor do que a que apresentei em aula. Sei que não vou conseguir me maquiar nesse nível no intervalo entre as aulas, mas agora tenho certeza de que não vou mostrar para a Srta. Marília o desastre que quase mostrei para a Luna hoje.

Queria que Lívia visse o que eu fiz... penso, acariciando suavemente minha bochecha maquiada com a ponta dos dedos.

Espero que amanhã eu consiga me acertar com a Lívia. Se tudo der certo, haverá muitas oportunidades para eu mostrar minhas habilidades de maquiagem para ela.

Olho para o relógio e percebo que já está bem tarde. Nem vi o tempo passar. Com um suspiro satisfeito, começo a tirar a maquiagem, guardo tudo com cuidado e vou me preparar para dormir.

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Comentários

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Gente pelo amor de deus, a comparação de íntimo e ambiente de vivência comum, o no conto da livia onde todos apontam que o erro está no Sammy? Problemas de comunicado no bdsm onde a dominadora não busca comunicar e entender limited de sub, e todo mundo diminuindo ela quebrando uma regra, pq eu também entendi que era no pessoal, não no meio da facul, não no público invés do íntimo deles, enquanto a "professora" dá aula dizendo sobre como isso é normal ao invés de ensinar sobre buscar esses limites? Explorar eles? Manter uma conversa séria, e não olhando se o pinto de alguém fica duro? Isso é tirar o aspecto de after care, de cuidados, de reduzir uma relação a sexo, e fico triste tendo que apontar isso, mas foi justamente isso que incomodou tanta gente, que fez tanta gente concordar que livia é uma fdp no cap anterior, pq ela foi, pq não houve conversa dessa vez, ela decidiu que podia, e todo mundo ali concordou ignorando qualquer pedido ou vontade do Samuel, pq se quer derem o espaço pra ele se pronunciar, isso é traição, ele foi traído, e agora tá todo mundo falando que ele foi traído por culpa dele?

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Concordo 100% com o que fala, que a Lívia é uma fdp mau caráter e que se tem alguém que tinha que pedir desculpas de joelhos, era ela.

Mas é só um conto... o autor tem liberdade poética para escrever sua trama, da forma que sente-se confortável.

No final das contas, é ficção e a história no geral está muito boa! Cada um tem suas fantasias e que seja todo mundo feliz.

Só estou sentindo falta de Samy e suas amiguinhas Sasha e Laila, se "divertirem" entre elas em off, e sairem montadas em algum ambiente. hehehe

Espero que dê uma esquentada nos próximos capítulos!

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Vc tem razão, quando escrevi nao tinha a idéia de colocar Lívia como uma fdp, mas acho que acabou acontecendo. Minha idéia era ela ter feito isso justamente porque ele acabou gostando tanto da ultima vez, fazer como uma surpresa para agradá-lo. Mas acabei nao transmitindo essa idéia, devia ter feito diferente, talvez com um consenso um pouco mais claro da parte dele, mas mesmo assim ocorrendo o ciúme que levaria à briga. Bom agora já foi, espero que estejam gostando no geral.

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Claro que ela vai perdoar ele, e ele vai aceitar cada vez mais a vagabunda que ela se tornou

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