O sol nem havia subido por completo. O quarto ainda guardava o cheiro da noite passada — sexo, suor e algo que lembrava pecado. Angélica despertou com um sorriso lento nos lábios. Carlos dormia ao lado, virado de costas, vulnerável, bonito. Ela passou a perna por cima dele, o corpo nu se acomodando sobre o dele com a naturalidade de quem domina e conhece.
— Acorda, meu voyeur particular — ela sussurrou em seu ouvido, a voz rouca. — Ou você vai perder o replay da sua noite favorita.
Carlos abriu os olhos devagar, surpreso com o calor que sentia. Ela já esfregava o quadril contra ele, lentamente, como se moldasse a ereção matinal ao próprio ritmo.
— Tá pensando nela? — ela perguntou, mordendo o lóbulo da orelha dele. — Porque eu tô. E tô molhada de novo só de lembrar.
Carlos gemeu baixo. Tentou tocá-la, mas ela prendeu seus pulsos contra o colchão, olhos nos dele.
— Não. Ainda não. Primeiro você vai me ouvir.
Ela se moveu mais uma vez, a buceta escorrendo sobre o pau dele sem deixá-lo entrar. Um jogo. Uma tortura deliciosa.
— Lembra quando eu enfiei a língua na boca dela e você ficou ali parado, só olhando? — Ela mordeu o lábio, provocadora. — Eu sentia você tremendo do outro lado da sala.
Carlos tentava falar algo, mas ela o calava com um dedo nos lábios.
— Você queria me ver gozar. Queria ver ela me devorando. E eu dei isso pra você. Dei um show. Acompanhante de luxo? Ela era minha vadia naquela noite.
A palavra saiu crua, suja, e o pau dele pulsou.
Angélica soltou os pulsos dele, mas continuou por cima, mandando no ritmo, no jogo, na memória.
— Eu gozei no rosto dela. E você gozou com os olhos grudados em mim. Eu vi. Quase não se aguentou.
Ela se inclinou, o cabelo caindo entre eles, os mamilos tocando levemente o peito dele.
— E o melhor? Ela te queria. Mas eu não deixei. Porque naquela cama, naquela noite, quem te mandava era eu.
Carlos arfava. Ela segurou o membro dele, posicionando na entrada e rebolando só a cabeça do pau, sem deixar entrar por completo.
— Agora você vai entrar. Mas devagar. Porque eu vou foder você com a lembrança dela na minha língua.
Ela desceu, o corpo engolindo-o inteiro de uma vez, fazendo os dois soltarem um gemido rouco e abafado. Começou a cavalgar com firmeza, o olhar cravado no dele, as mãos no peito dele, mandando em cada estocada.
— Você gosta quando eu falo sujo, né? — ela provocou, sem parar de se mover. — Gosta quando eu te conto que ela gemeu meu nome enquanto montava em você?
Carlos agarrou sua cintura, desesperado, mas ela segurou os pulsos de novo e cravou os quadris com mais força.
— Não. Eu ainda não deixei você gozar.
Ela continuava em cima dele, implacável, rebolando fundo, o som molhado do sexo deles preenchendo o quarto.
— Eu vou gozar de novo — ela avisou. — E só então você vai poder se sujar todo dentro de mim.
E gozou. Com intensidade, gritando, arranhando o peito dele. Só então o deixou se entregar.
Carlos se arqueou, gozando fundo, o corpo tremendo sob o dela.
Os dois ficaram ali por um tempo, ofegantes, molhados, marcados.
Angélica caiu ao lado dele, ainda sorrindo. Pegou no queixo dele e virou seu rosto.
— A gente vai chamar ela de novo, sim. Mas da próxima vez… — ela lambeu os próprios lábios — eu vou te deixar tocar. Um pouco. Se eu quiser.
E riu.
Como quem já sabia que ele era só dela.
E ela, de ninguém.