Inimigo intimo - Ecos no Salão Dourado (Pt 12)

Da série Inimigo Íntimo
Um conto erótico de Regard
Categoria: Gay
Contém 1169 palavras
Data: 30/06/2025 19:30:53
Assuntos: Gay, Homosexual, Macho, homem, Sexo.

Capítulo 12 — Ecos no Salão Dourado

A Gala Anual da Indústria de Tecnologia era um mar de sorrisos de tubarão, taças de champanhe e conversas calculadas. Um salão dourado e abarrotado no Hotel Unique, onde fortunas eram feitas e reputações destruídas entre o canapé de salmão e a esfera de chocolate da sobremesa. Para Rafael, agora no papel de Co-CEO, era uma obrigação estratégica, um exercício de diplomacia e vigilância. Para Bruno, ao seu lado, era um campo de caça, um palco para exibir poder.

Juntos, naquela noite, eles eram uma força da natureza. A presença de Rafael, contida, elegante e mortalmente inteligente, era perfeitamente complementada pela energia predatória e carismática de Bruno. Eles se moviam pelo salão como um único organismo, antecipando os movimentos um do outro, terminando as frases um do outro em reuniões improvisadas com investidores e concorrentes. Eram uma demonstração de poder e sinergia que deixava todos nervosos e secretamente admirados. O "casamento" forçado dos dois leões estava, para o mundo exterior, funcionando com uma perfeição assustadora. Por um momento, no meio daquele teatro social, a paz que haviam encontrado em sua bolha particular parecia real, funcional, até mesmo... profissional.

Foi então que o eco do passado de Bruno chegou, na forma de um homem alto, bronzeado e com um sorriso tão largo quanto sua autoconfiança.

— Brunão! Pensei que te encontraria perto do bar, não colecionando prêmios! — O homem deu um tapa forte nas costas de Bruno, um gesto de uma familiaridade ruidosa e invasiva.

Bruno se virou, e por um instante, uma máscara diferente se apossou de seu rosto. Era o Bruno de antes da Omnia Corp, o predador descomplicado, o atleta. — Marcos. Que porra você tá fazendo num lugar com tantos talheres?

— Negócios, meu amigo, negócios. — Marcos riu, um som alto que parecia fora de lugar no ambiente polido. Ele olhou de relance para Rafael, um aceno de cabeça displicente, como se nota a mobília. — E aí. Cuidando bem do nosso campeão?

A frase, dita em tom de brincadeira, atingiu Rafael como um soco no estômago. Nosso campeão. Como se Bruno fosse uma propriedade pública, um troféu a ser compartilhado, e ele, Rafael, um mero guardião temporário. Marcos começou a contar uma história sobre uma viagem a Ibiza, cheia de barcos, mulheres e álcool, e Rafael ficou ali, ao lado, tornado invisível em sua própria órbita de poder. Ele observava Marcos tocar o braço de Bruno com intimidade, rir de uma piada interna, e sentiu algo frio, cortante e absolutamente inédito se alojar em seu peito.

Era um sentimento vulgar. Primitivo. Uma emoção que ele sempre associara a mentes menos disciplinadas. Era ciúme.

Ele, Rafael Salles, Co-CEO, o homem que movia milhões com uma análise, estava sentindo a necessidade primata de cravar os dentes na mão daquele estranho e arrastar Bruno para longe. Percebeu, com um pânico gelado, que o colar invisível que Bruno havia colocado em seu pescoço tinha uma contrapartida: um colar que ele, sem saber, havia forjado e colocado no de Bruno. E a ideia de outra pessoa sequer tocar naquela corrente era insuportável. Seu território mais valioso estava sendo invadido, e sua reação não foi estratégica. Foi visceral.

Bruno, inicialmente, entrou no jogo, rindo das piadas de Marcos por puro reflexo de uma vida passada. Mas então ele sentiu. A mudança na temperatura ao seu lado. A queda abrupta na pressão atmosférica que era Rafael. Ele olhou de lado e viu. Viu o brilho gélido nos olhos escuros, a forma como a mandíbula de Rafael se contraiu sutilmente, a rigidez em sua postura que era invisível para qualquer outro. Ele leu o ciúme de Rafael como se fosse um relatório de mercado confidencial e achou a descoberta absolutamente fascinante. Era uma nova camada de submissão, uma que Rafael lhe entregava sem nem perceber. Era a prova definitiva de que a fusão entre eles era completa e irrevogável.

O predador, então, tomou uma decisão.

— Foi bom te ver, Marcos — disse Bruno, o tom de sua voz mudando, tornando-se frio, finalizando a conversa com a precisão de um bisturi. Ele se virou para Rafael, ignorando completamente o homem ao seu lado, e pousou a mão na parte inferior das costas de Rafael, um gesto possessivo e definitivo, um ato de reivindicação pública. — Nós temos que ir. Temos assuntos pendentes.

O recado foi claro para quem quisesse ver. Bruno escolheu seu presente complexo e perigoso em vez de seu passado simples e barulhento.

O silêncio no carro de volta era tão denso que podia ser cortado. Nenhum dos dois falou até as portas da cobertura se fecharem atrás deles, o som do trinco ecoando como um tiro.

Foi Rafael quem quebrou o silêncio, a voz rouca, despida de qualquer artifício corporativo.

— Eu não gostei de ver ele te tocando.

Bruno se virou lentamente, um sorriso perigoso e triunfante se espalhando por seu rosto. Ele se aproximou, encurralando Rafael contra a porta de entrada, o corpo dele uma barreira intransponível.

— Ciúmes, CEO? — Ele sussurrou, deliciando-se com a palavra, sentindo o gosto da vulnerabilidade de Rafael. — O grande Rafael Salles, que desmonta conselhos de administração com lógica, se rebaixando a um sentimento tão... comum?

Rafael ergueu o queixo, os olhos queimando. — Não tem nada de comum. É sobre território. — Sua mão subiu e agarrou a frente da camisa de linho de Bruno, um gesto tão possessivo quanto o de Bruno no salão. — E você, Bruno... você é o meu mais valioso e perigoso território.

A confissão foi o estopim. Bruno o beijou com uma ferocidade que não era de raiga, mas de pura celebração. Era o beijo de um rei que acaba de receber o juramento de lealdade mais importante de sua vida. Ele o arrastou pela suíte, os corpos se chocando, as mãos explorando e reivindicando cada centímetro de pele.

O sexo que se seguiu foi uma tempestade de possessividade. Era Bruno fodendo o ciúme para fora de Rafael, marcando-o de novo e de novo, cada estocada um lembrete de a quem ele pertencia. E era Rafael se agarrando a ele, mordendo seu ombro, arranhando suas costas, uma tentativa desesperada de deixar sua própria marca, de clamar sua posse de volta.

Quando finalmente caíram na cama, emaranhados e exaustos, a verdade pairava entre eles, nua e crua. Bruno o observava na penumbra, o peito subindo e descendo, traçando os arranhões que Rafael havia deixado em seu braço.

— Você me disse que não sabia se queria me vencer ou se fundir a mim — ele disse, a voz grave. — Acho que agora você sabe a resposta.

Rafael o encarou, a compreensão o atingindo com a força de um soco. Ele não queria nenhuma das duas coisas. A vitória era irrelevante. A fusão era um fato consumado. O que ele queria era mais simples e mais absoluto.

— A fusão já aconteceu, Bruno — sussurrou Rafael, a voz rouca de exaustão e desejo. — Agora só nos resta lidar com os termos da aquisição total.

Continua...

Apoie um autor independente e veja mais em: https://privacy.com.br/@Inimigointimo

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Regard a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários