A manhã de sábado surgiu silenciosa, banhando o apartamento com uma luz morna que invadia pelas janelas. Amanda havia acordado antes de Matheus, e estava sentada no sofá, enrolada em uma manta leve, com uma xícara de chá esfriando nas mãos. Ela não conseguia parar de pensar no dia anterior. No café. No olhar de Cadu. No modo como ele falou com ela — com uma mistura de nostalgia e desejo que a desarmava por dentro.
Matheus despertou pouco depois e, ao vê-la ali, imóvel, entendeu que aquela manhã carregaria algo mais do que silêncio.
Sentou-se ao lado dela sem dizer nada. Apenas a olhou, esperando que as palavras viessem.
— Eu não quero te ferir, Matheus — ela começou, com a voz baixa, quase um sussurro.
Ele engoliu seco. Já esperava por isso, mas ainda assim, ouvir machucava.
— Mas eu preciso te contar tudo. Tudo o que eu senti ontem, tudo o que ainda tá em mim. E... o que eu quero.
Ela respirou fundo, os olhos marejados. Ainda não era tristeza. Era peso.
— Eu vi o Cadu como se nada tivesse passado. Ele... ele me olhou com os mesmos olhos de antes, Matheus. Como se soubesse exatamente o que me tirava o chão. E eu, idiota, senti aquilo de novo. Como se um buraco tivesse sido aberto dentro de mim e ele fosse a única coisa capaz de preenchê-lo.
Matheus desviou o olhar por um segundo. Seu peito apertou.
— Você ama ele? — a pergunta veio cortante, mas sem agressividade. Quase como um pedido de socorro.
— Não. Não é amor. Eu te amo, Matheus. Com tudo o que sou. Mas tem algo ali... uma história inacabada. Uma ferida aberta. E pior — ela hesitou — tem desejo. Muito. Como se aquele erro do passado ainda me queimasse por dentro.
Ele passou a mão no rosto, tentando processar. Seu coração batia forte, uma mistura de medo, ciúme e... excitação?
— E o que você quer de verdade?
Ela o olhou nos olhos, firme:
— Eu quero viver isso. Quero ir até o fim com Cadu. Não por amor, mas porque eu preciso entender o que isso é. Preciso fechar essa ferida. Preciso viver esse desejo — de peito aberto, com você sabendo. Com você comigo, mesmo que não esteja lá.
O silêncio que se seguiu foi longo. Matheus lutava internamente. Tudo nele gritava para dizer “não”. Mas, ao mesmo tempo, tudo nele pedia para não perder Amanda. Para amá-la até o fim, mesmo que isso significasse deixá-la ir — por uma noite, por um capítulo, por um abismo.
— E se eu disser que não? — ele sussurrou.
Amanda fechou os olhos.
— Eu vou respeitar. Mas... não sei se vou conseguir seguir sem isso me corroendo.
Ele respirou fundo. Se sentia entre a cruz e o abismo. Entre o homem que queria ser livre e o homem que temia ser esquecido.
— Então que seja... com verdade. Com coragem. Mas... Amanda — ele a encarou com intensidade — se você for, volta inteira. Volta pra mim. Não me deixa em pedaços.
Ela assentiu, emocionada.
— Nunca. Nunca te deixaria em pedaços.
E naquele instante, sem beijos, sem promessas, o acordo foi selado. Velado, doído e íntimo. Um pacto de amor que ousava flertar com os limites da liberdade.
O resto do dia passou como se o tempo tivesse se esgarçado. Amanda andava pela casa em silêncio, recolhendo roupas no varal, lavando uma xícara, passando os dedos distraidamente pelas folhas de um livro aberto. A decisão dita em voz alta havia tirado um peso dos ombros, mas depositado outro — mais denso, mais carregado de desejo e medo.
Matheus, por outro lado, sentia-se como se estivesse sendo esculpido por dentro. Cada palavra dita por Amanda ecoava, repetindo-se em espirais. O amor que ele sentia por ela não diminuíra. O medo também não. Mas uma parte obscura — ou talvez apenas primitiva — estava desperta. E essa parte, em vez de fugir, queria ver.
No início da noite, Amanda saiu do banho com uma toalha enrolada ao corpo e se deparou com a mesa posta. Um jantar simples. Um vinho aberto. Velas acesas. Ela sentiu um nó na garganta, tomada por um carinho feroz por aquele homem que, mesmo dilacerado, ainda queria acolhê-la.
— Você fez tudo isso... pra mim? — ela perguntou, emocionada.
Matheus se aproximou e apenas assentiu.
— Porque ainda somos um. Mesmo que tudo pareça confuso.
Durante o jantar, pouco foi dito. Os olhos falavam mais do que as palavras. Amanda, tocada pela delicadeza, começou a se perder nos gestos dele. O modo como ele enchia sua taça, como segurava seu olhar sem desviar, como tocava sua mão de leve.
O silêncio se rompeu apenas quando ele se levantou, veio por trás dela e sussurrou:
— Me deixa lembrar quem você é pra mim. Me deixa te fazer sentir que, mesmo que o mundo te atraia pra longe, teu corpo ainda responde ao meu.
Ela se levantou com os olhos marejados. Os dois se abraçaram no meio da sala como se estivessem à beira de um precipício — mas, por um momento, decidiram não pular. Apenas queimar juntos.
Os beijos vieram carregados de urgência e cuidado. Ele a levou até o quarto, tirando peça por peça da toalha que ainda envolvia Amanda, e a deitou com a reverência de quem toca uma lembrança viva. Seus dedos percorreram o corpo dela como se reescrevessem sua história, e ela, ofegante, entregava-se por inteiro.
O sexo foi lento, mas não tímido. Foi um rito de passagem. Matheus sussurrava palavras de afeto enquanto sua boca explorava os contornos dela com precisão e desejo. Amanda, entre gemidos e respirações entrecortadas, repetia o nome dele como se quisesse se lembrar de onde realmente era o lar.
Quando ele a penetrou, os olhos não se desviaram. Havia algo mais do que prazer ali — era entrega. Um pedido mudo para que ela ficasse, mesmo que seu corpo desejasse outro por um instante. Os movimentos foram firmes, profundos, conectados. Amanda gozou com um grito abafado no peito dele, o corpo tremendo como se estivesse sendo libertada de algo.
Depois, deitada em seus braços, ela sussurrou:
— Você é meu chão. Mesmo que por um segundo eu precise voar.
Matheus a beijou no topo da cabeça, e respondeu apenas:
— Então voe. Mas volte.
Quando ele a tocou pela primeira vez, seus dedos queimaram sua pele. Um arrepio percorreu a espinha de Amanda, e ela se entregou ao toque dele. Matheus a beijou com suavidade, mas havia um fogo por trás daquele beijo, algo mais intenso. Amanda retribuiu, seus lábios se encontrando com os dele com urgência, como se o beijo fosse uma válvula de escape para a pressão que ambos sentiam.
Matheus a guiou de volta para a cama, e, enquanto ela se deitava, ele a explorava com a boca e as mãos. Cada movimento seu era uma promessa silenciosa, uma promessa de prazer e de entrega. Os beijos dele percorriam seu pescoço, descendo até os ombros, e depois mais abaixo, fazendo Amanda se arrepiar. Ela estava totalmente entregue ao toque dele, seus olhos fechados enquanto se concentrava no prazer que ele proporcionava.
Matheus, então, fez uma pausa e a observou com intensidade. Ela estava ofegante, os seios subindo e descendo com a respiração apressada. Ele beijou o interior de suas coxas, lentamente, provocando-a com a calma de quem sabia exatamente o que fazia. Amanda se contorceu, suas mãos se fechando nos lençóis enquanto o desejo se espalhava pelo seu corpo.
— Matheus... — ela murmurou, quase sem voz. — Você me... você me enlouquece.
Ele não disse nada. Apenas continuou, seu corpo deslizando para perto de onde ela mais precisava. O toque da língua dele fez Amanda se arquear para frente, seu corpo pedindo por mais. Ela gemia baixinho, se entregando ao prazer que ele a proporcionava. Cada toque, cada movimento, parecia levá-la mais fundo, mais longe.
Quando finalmente Matheus fez o que ela tanto desejava, Amanda não conseguiu conter o grito de prazer que escapou de seus lábios. Ele não parou, ao contrário, intensificou os movimentos, e Amanda se entregou completamente. Ele a fazia esquecer do mundo, de tudo, até de si mesma.
Quando ele finalmente a beijou novamente, ela estava quase sem fôlego, os olhos marejados pela intensidade da experiência. Matheus subiu por seu corpo, alinhando-se com ela, e quando os corpos se uniram, foi como se o tempo parasse. A sensação de estarem tão próximos, tão conectados, era indescritível. Cada movimento era uma dança de desejo, uma entrega mútua.
Amanda sentia-se viva, e o sexo com Matheus estava além de um simples ato carnal. Era uma fusão de corpos e sentimentos, onde cada toque dele a fazia sentir-se mais amada, mais desejada. Eles se moviam juntos, em sintonia, como se não houvesse mais nada no mundo, apenas o prazer de estarem juntos.
Quando chegaram ao auge, foi algo quase avassalador. Amanda soltou um gemido profundo, sentindo o corpo se contorcer em prazer, enquanto Matheus a envolvia com mais força, levando-a ainda mais fundo. Eles se perderam no êxtase, e por alguns segundos, o mundo parecia ter desaparecido ao redor deles.
Quando tudo terminou, ambos estavam exaustos, mas com os corações ainda batendo forte. Matheus a abraçou com força, beijando sua testa e a mantendo perto de si, como se não quisesse deixá-la ir. Amanda, ainda tremendo, sussurrou:
— Isso... foi mais do que eu imaginava.
A tensão entre os dois continuava a crescer, até que ele a posicionou suavemente, se aproximando dela por trás. O toque de suas mãos em sua pele era quente, firme, enquanto ele se ajustava ao seu corpo, sem pressa, apenas absorvendo a presença dela. Amanda fechou os olhos, sentindo o seu corpo se moldar ao dele, uma sensação de pertencimento, mas também de liberdade.
Ele a envolveu por trás, sua respiração quente acariciando sua pele. Cada movimento dele era meticuloso, como se ele estivesse saboreando cada segundo de proximidade. O ritmo começou devagar, sem pressa, mas o desejo crescente entre eles transformou a calma em urgência. O toque suave se tornou mais intenso, mais profundo, e Amanda sentiu cada centímetro dele se unir a ela de forma única. Cada respiração deles, cada gesto, parecia mais uma dança silenciosa entre corpos e almas.
As sensações começaram a se misturar, o prazer se tornando quase insuportável, e Amanda sentiu uma onda de excitação percorrer seu corpo. Ela não sabia se estava mais absorvida pelo momento ou pelo significado por trás dele, mas sentiu-se viva como nunca antes.
Matheus, por sua vez, estava perdido na experiência, no prazer de tê-la tão perto. Ele a beijava, de forma suave, e as palavras que trocavam pareciam se perder no silêncio do quarto. O mundo lá fora não existia mais, e tudo o que restava era a entrega, o desejo, o amor.
O momento foi intenso, com Amanda se entregando completamente, sem medos, sem limitações, apenas a necessidade de estar completamente conectada a Matheus. Quando finalmente a onda de prazer a envolveu, ela não sabia onde começava o corpo dele e onde terminava o dela. Eles eram um só, unidos pelo desejo e pelo amor incondicional.
A cama estava silenciosa agora, exceto pelas respirações entrecortadas. Matheus a segurou contra seu peito, e ela fechou os olhos, sentindo-se segura, amada e desejada como nunca.
"Eu sou sua", pensou ela. E naquele momento, soubera que, não importa o que o futuro reservasse, esse amor era o que realmente importava.