UM FANTASMA DO PASSADO IV - O Acordo Velado

Categoria: Heterossexual
Contém 3490 palavras
Data: 13/05/2025 21:23:29

O sol entrava em feixes quentes pela varanda, dando à manhã de domingo um ar sereno e domesticado. A chaleira apitava, e Amanda desligava o fogo com um movimento mecânico. Vestia apenas a camisa larga de Matheus, que deixava suas pernas à mostra, e sentia o frio da cerâmica nos pés descalços — um contraste incômodo com o calor que subia do seu peito desde a noite anterior, quando Clara mencionou aquele nome.

Matheus entrou na cozinha com passos lentos, coçando a barba e bocejando. O cabelo ainda desorganizado do sono, a presença dele lhe dava um conforto antigo — mas não acalmava a turbulência que crescia dentro dela.

— Bom dia, minha mulher linda — disse, puxando-a para um beijo leve na nuca, antes de se sentar à mesa.

la sorriu, mas de canto. Estava diferente. Calada demais.

— Dormiu bem? — ele perguntou, já desconfiando da resposta.

Amanda sentou-se em frente, o rosto sério. Enrolava os dedos em torno da xícara quente como se buscasse firmeza no calor.

— Tenho que te contar uma coisa. E não é fácil.

Matheus franziu o cenho. Endireitou-se. Silêncio.

— Ontem, Clara me convidou pra participar de uma palestra, na antiga faculdade. Um painel sobre direito, essas coisas… — começou ela, com voz cautelosa. — Um dos palestrantes vai ser o Cadu. Carlos Eduardo.

Matheus não reagiu de imediato. Mas o nome não era estranho.

— O professor? — ele disse, olhando para ela com mais atenção.

Ela assentiu, os olhos presos na xícara.

— Aquele… com quem você teve uma ficada?

— Sim. Foi antes de você. Muito antes. Mas… — Amanda hesitou, então soltou num sopro: — Só de ouvir o nome dele, eu senti alguma coisa. Uma agitação. Um calor no corpo. Não sei explicar. E isso me incomodou. Me deixou… assustada.

Matheus mordeu o lábio inferior e desviou o olhar. Era como se algo tivesse trincado por dentro. O silêncio entre eles se espessou, denso.

— Você tá me dizendo que um cara com quem você ficou anos atrás — um professor — ainda tem esse efeito em você? — Ele não levantou a voz, mas havia algo duro no tom. — Que só o nome dele te deixa... quente?

— Não foi isso que eu quis dizer.

— Foi exatamente o que você disse, Amanda. — Ele riu sem humor. — E agora você quer o quê? Que eu entenda?

— Não, eu… eu só queria ser honesta. Te contar antes que isso virasse outra coisa dentro de mim. Não é sobre querer ele, Matheus. É sobre encarar o que essa parte de mim ainda sente, pra entender por que diabos isso mexe comigo.

— Isso não soa como “só curiosidade”. Soa como alguém que não superou algo. — Ele se inclinou na cadeira, os olhos cravados nela. — Eu sou teu marido, Amanda. Eu sou quem vive com você. Quem te conhece, quem te ama. E você tá aqui me dizendo que esse cara — um fantasma, como você mesma chamou — ainda tem espaço aí dentro?

— É isso que me assusta, Matheus! Por que tem espaço? Por que isso me afeta? Eu te amo. Nunca duvidei disso. Mas… algo despertou. E me deixou vulnerável.

— E o que eu faço com isso agora? — ele se recostou na cadeira, bufando. — Fico tranquilo? Deixo você ir à palestra pra ver se ele ainda te molha entre as pernas? Me diz.

Amanda ficou em silêncio. A respiração pesada.

— Não é sobre isso. Eu não quero te perder, Matheus. Eu não quero me perder. Por isso tô falando. Por isso tô te envolvendo. Mesmo com medo.

Matheus passou as mãos no rosto. O silêncio voltou, só que agora era quase sufocante.

— Sabe o que mais me fere? — ele disse por fim, com a voz mais baixa. — É que parte de mim entende. Parte de mim quer te apoiar, quer dizer “vá”. Mas outra parte… quer quebrar alguma coisa. Porque eu não sei se sou forte o suficiente pra ver você enfrentar esse “fantasma” sem me despedaçar junto.

Amanda se levantou devagar, se aproximando dele. Tocou seu ombro com cuidado.

— Então não vamos apressar nada. Eu não decidi se vou. Mas precisava te dizer o que tá aqui dentro. Porque se eu esconder isso… eu já começo a me afastar.

Matheus ficou ali, imóvel. Aceitando o toque. Mas com os olhos fixos na parede à frente.

O resto do dia seguiu como uma calmaria tensa. Palavras medidas. Olhares que buscavam se entender, mas esbarravam em dúvidas que ainda não tinham nome.

O dia seguia seu curso, mas Matheus já não estava inteiro nele. Desde a conversa pela manhã, carregava o peso de algo que ainda não compreendia totalmente. Não era só ciúme. Era a sensação incômoda e angustiante de que uma parte da mulher que ele amava estava sendo tocada por algo — ou alguém — que ele não podia alcançar.

Ele tentava se convencer de que era só um susto. Um turbilhão passageiro.

"Ela me ama. Ela me escolheu. Todos os dias."

Mas a outra voz persistia, sussurrando:

"E se o desejo for mais forte? E se ela precisar reviver algo que você nunca poderá dar?"

No trabalho, tudo o irritava. As cobranças do coordenador, os colegas rindo alto demais, o cliente insuportável que insistia em respostas óbvias. Ele perdeu a paciência, falou mais alto do que devia e saiu da sala sob olhares atravessados.

— Tá tudo bem contigo? Tá parecendo outra pessoa hoje... — disse um dos colegas, ao esbarrar com ele no corredor.

Ele não respondeu. Como explicar que estava sendo engolido por dentro?

Que estava se perguntando se era o tipo de homem que permitia que sua mulher se reencontrasse com um desejo antigo?

Ou se era apenas um covarde tentando evitar que ela percebesse o quanto ainda era vulnerável àquele passado?

"E se eu disser não?"

"E se eu pedir que ela fique só comigo, que enterre isso, que finja que não existe?"

Por um instante, Matheus pensou que isso seria o mais fácil. Bloquear tudo.

Mas a ideia não o acalmou. Pelo contrário.

"E se ela não conseguir seguir em frente?"

"E se o que ela sente não for só saudade do toque, mas a dor de uma história sem final?"

"E se o 'não' que eu der hoje se tornar um abismo entre nós dois amanhã?"

"E se o que nos une começar a se desfazer pelo que eu neguei?"

No carrp, observava o céu encoberto, a cidade abafada de calor e nuvens pesadas. Nada ao redor parecia real. O mundo lá fora seguia impassível, enquanto dentro dele tudo ruía.

Chegou em casa antes dela. Sentou no sofá, mas não ligou a TV. Nem olhou o celular.

Apenas ficou ali. Pensando.

Sofrendo calado por uma história que não era dele — mas que agora se enraizava no centro do seu peito.

No mesmo instante, enquanto Matheus se afundava em conflitos silenciosos, Amanda vivia um dia em suspensão. Desde a conversa daquela manhã, seu corpo carregava uma tensão estranha, como se algo a pressionasse por dentro. No trabalho, ela tentava manter a compostura, revisando documentos, orientando estagiários, assinando petições, mas a concentração se dissolvia em pensamentos soltos. Cadu. O nome ecoava como uma nota presa no fundo da garganta.

Ela não havia contado tudo a Matheus. Como poderia? Nem ela mesma sabia o que, exatamente, aquilo significava. Por que a simples notícia da presença de Carlos Eduardo havia balançado suas estruturas daquela forma? Era só uma lembrança, uma antiga ficada, um passado sem forma definida. Mas, dentro dela, aquilo ainda pulsava. Não como amor — disso ela tinha certeza —, mas como uma ausência incômoda, como algo inacabado que insistia em pedir fechamento.

Ao final da tarde, Amanda decidiu voltar mais cedo para casa. Estava quente, abafado, e ela queria o silêncio do apartamento, o conforto do ar-condicionado, e quem sabe, organizar as ideias antes de Matheus chegar. Desceu do carro no estacionamento do prédio com passos lentos e a cabeça girando. Estava perdida em si mesma.

Apertei o botão do elevador, e enquanto esperava, olhava o próprio reflexo nas portas espelhadas. Os olhos estavam mais escuros, cansados. A respiração curta. E então o “ding” soou.

As portas se abriram.

E ali, parado com uma sacola de livros e uma camisa social aberta no colarinho, estava ele. Carlos Eduardo.

Amanda congelou por um segundo, um golpe seco no estômago. Ele estava mais velho, mas a presença ainda era inconfundível. E, mesmo depois de tantos anos, ela sentiu aquela mesma sensação desconcertante de ter sido vista — de ser reconhecida. Uma memória distante, mas intensa, retornava.

Cadu, com um sorriso discreto, olhou para ela. Um sorriso que era ao mesmo tempo um cumprimento e uma marca registrada. Ele falou, a voz rouca e suave:

— Amanda. Nunca imaginei te encontrar assim... depois de tanto tempo.

Amanda forçou um sorriso, nervosa. Ela queria sair daquele elevador, fugir daquilo, mas não podia. Não sabia o que dizer. As palavras estavam presas.

— Eu... não esperava. Mas é bom te ver — disse, a voz quase saindo como um sussurro.

Ele a olhou atentamente, com aqueles olhos profundos que pareciam ler suas emoções. Ela desviou o olhar, sem saber como lidar com aquela tensão súbita. Mas Cadu não parecia se importar. Ele estava ali, tranquilo, como se o tempo tivesse passado suavemente para ele.

— E aí, como está o escritório? Ouvi dizer que você se especializou em Direito Civil. Está lidando com casos interessantes?

A pergunta parecia simples, mas Amanda sentiu o peso dela. Ele não falava sobre ela, sobre sua vida pessoal — apenas sobre o trabalho. Como se o fato de ela estar ali, ali naquele momento, fosse algo irrelevante, mas ao mesmo tempo, muito presente.

Amanda demorou um segundo para responder, como se as palavras estivessem pesadas demais para sair.

— Sim, está indo bem. Cada vez mais casos interessantes, mais trabalho, sabe como é... — ela forçou um sorriso, sentindo-se desconfortável pela direção que a conversa estava tomando.

Cadu assentiu, observando-a com interesse, como sempre fizera durante suas aulas. Ele parecia querer ir mais fundo, mas se manteve comedido. Era quase como se ele estivesse testando os limites dela, sem tocar em nada pessoal.

— Isso é ótimo. Fico feliz por você. Sempre soube que ia se sair bem. Você foi, sem dúvida, a melhor aluna que já tive. — Cadu disse com um sorriso meio enigmático, um elogio sincero, mas carregado de uma certa nostalgia.

Amanda engoliu em seco, sentindo algo agudo no peito. As palavras de Cadu, a lembrança de como ele a havia desafiado e também a forma como ele ainda a observava, tudo parecia tão distante e tão próximo ao mesmo tempo.

— Obrigada, Cadu. Isso significa muito para mim.

Ele deu um leve sorriso e então, como se estivesse testando uma última fronteira, comentou, com um tom mais casual:

— Estou morando aqui temporariamente. Preciso me mudar para outro estado em breve. Então, pensei que seria bom aproveitar o tempo enquanto estou por aqui... — ele olhou para ela, como se a informação fosse um simples detalhe, mas ainda assim, algo que poderia abrir uma porta entre eles.

Amanda deu um leve aceno com a cabeça, sem saber exatamente o que dizer. Então ele continuou, de maneira sutil, com a voz mais suave, mas ainda descontraída:

— Quem sabe, se você estiver disponível algum dia, poderíamos tomar um café. Seria bom bater um papo, relembrar os velhos tempos e falar sobre o que tem acontecido.

Amanda sentiu o convite flutuar no ar entre eles. Não sabia o que responder. Ela queria sair logo daquele elevador, mas ao mesmo tempo, uma parte dela queria entender o que estava acontecendo ali, com ele, com ela.

O elevador chegou ao andar dela, e as portas se abriram. Amanda se virou rapidamente, sem dizer mais nada. Antes de sair, ela olhou de relance para ele, que ainda a observava. O ar parecia tenso, mas ela não soubera como dissipá-lo. Ela sentiu uma onda de calor subir por seu corpo enquanto se afastava, sem olhar para trás. Aquela conversa, aquele simples encontro, deixaria um eco dentro dela por muito tempo.

Antes que a porta se fechasse, Cadu a chamou novamente, com um tom mais suave:

— Então, qualquer coisa... só me avisar. Estou por aqui por um tempo. — Ele sorriu, como se estivesse dando um pequeno aviso, uma justificativa para a presença dele naquele prédio, algo que suavizava o desconforto do encontro.

Amanda acenou, sem dizer mais nada, e as portas do elevador se fecharam.

A noite estava silenciosa. O apartamento estava imerso em uma calmaria quase surreal, o contraste com o turbilhão interno de Amanda. O cheiro de comida invadia o ambiente, e a luz suave das velas lançava sombras delicadas nas paredes. Matheus havia planejado tudo com tanto cuidado, com a intenção de mostrar a Amanda que ele a amava mais do que nunca, e que ele estaria ali para ela, para o que fosse necessário.

O jantar estava sobre a mesa, uma refeição simples, mas feita com carinho. Não era sobre o prato ou sobre o vinho — era sobre a intenção. Ele queria que ela se sentisse acolhida, que sentisse o quão importante ela era para ele. Queria que a inquietude que ela sentia por Cadu, pela presença do passado, se desvanecesse naquele momento, que ela visse nele a força e o apoio que nunca a deixaria. Queria que ela sentisse o quanto ele a desejava, mas de um modo profundo, com um amor que transbordava de seu peito.

Amanda entrou na sala, sua expressão levemente tensa, como se ainda estivesse em conflito. Ela olhou para ele, seus olhos incertos, mas ao mesmo tempo gratos pela dedicação dele. Matheus se levantou da cadeira e, sem palavras, foi até ela. O olhar deles se encontrou, e sem precisar de mais nada, ele a abraçou. O abraço foi apertado, cheio de uma necessidade silenciosa de sentir o outro, de se lembrar de que eles ainda estavam ali, juntos, apesar de todas as dúvidas e inseguranças que tinham surgido.

Eu te amo — sussurrou Matheus em seu ouvido, seu tom suave, mas firme.

Ele a segurou com força, como se estivesse tentando transmitir toda a sinceridade daquele sentimento através do toque.

Amanda sentiu a segurança dele, a forma como ele a envolvia, e por um momento, todas as suas dúvidas sobre Cadu pareceram desaparecer, como se a presença dele fosse pequena perto do que ela sentia agora. Ela queria tanto acreditar nisso, queria tanto acreditar que Matheus era tudo o que ela precisava. Sentiu uma onda de gratidão e desejo por ele crescer dentro de si, quase como uma chama.

Eles se afastaram um pouco, mas Matheus manteve suas mãos em seus ombros. O silêncio entre eles era reconfortante, mas também carregado de uma tensão palpável. Amanda viu o jantar na mesa, os dois copos de vinho, e se sentou. Ela sabia que ele estava tentando algo, tentando recriar o que tinham de mais profundo, tentando resgatar o que havia sido abalado.

Matheus sentou-se ao seu lado, mas não disse uma palavra. Ele queria que ela visse o quanto ele se importava, e isso se refletia nos gestos, no cuidado. Eles começaram a comer em silêncio, mas o clima havia mudado. Amanda percebeu que ele a olhava de uma maneira diferente, uma maneira que a fazia sentir-se desejada, mas também respeitada. Era como se ele estivesse tentando reconquistar cada pedaço dela, sem pressa, sem forçar nada.

O silêncio pairou novamente, até que foi quebrado por um beijo suave, uma pressão de lábios que falava mais do que qualquer palavra. Era um beijo carregado de amor, de entendimento e de uma necessidade silenciosa de mostrar que ainda existia algo forte entre eles. Quando se afastaram, o ar parecia mais denso, a tensão mais palpável.

Matheus, com a mão ainda sobre o rosto de Amanda, a puxou para mais perto.

— Amanda — disse ele, sua voz mais baixa agora, carregada de uma sinceridade única —, eu sei o que está acontecendo. Eu sei que você sente algo por ele, mas você precisa entender que é comigo que você está, comigo que você pertence.

Suas palavras, embora fortes, eram ditas com um toque de vulnerabilidade. Ele precisava que ela acreditasse nisso, precisava que ela visse o quanto ele a desejava e o quanto ele a amava.

Amanda engoliu em seco.

— Eu não sei o que estou sentindo, Matheus. Eu só sei que você me faz sentir viva. Ele... Cadu... Ele só me faz lembrar de algo inacabado, algo que eu deixei para trás. Mas você... você é o meu presente, você é meu agora.

Sua voz vacilou, mas havia uma verdade nela, uma clareza no fundo de seu coração.

Matheus a observou em silêncio, e então, de repente, se inclinou para beijá-la novamente, mas dessa vez, de forma mais urgente, como se precisasse provar algo. O beijo foi mais profundo, mais intenso, e logo, ele a segurou pelos quadris, puxando-a para mais perto dele.

Amanda, surpresa pela intensidade do gesto, sentiu seu corpo reagir instantaneamente. O calor entre eles cresceu, e ela não sabia se estava mais surpresa pela força do desejo ou pela sinceridade de Matheus. A paixão entre eles estava se reacendendo, como uma fogueira que não se apaga facilmente.

Aquele jantar, aquele momento, parecia o início de uma nova jornada para os dois. Matheus a levou com suavidade para o sofá, e, sem palavras, começou a despir suas roupas com um cuidado cuidadoso, como se cada peça fosse uma camada de sentimentos não expressos. Amanda sentiu a pele arrepiar enquanto a roupa caía no chão, e ele a beijava com mais urgência, com mais necessidade.

A entrega entre eles foi suave, mas cheia de intensidade. Cada toque, cada beijo, era uma tentativa de reconquistar o outro, de reconectar algo que parecia ter se perdido. O sexo foi uma mistura de paixão e amor, de desejo e de um certo medo do desconhecido, mas com uma certeza de que, naquele momento, eles estavam juntos, inteiros.

Quando os corpos se entrelaçaram no sofá, a atmosfera se transformou. Amanda estava entregue — não só ao desejo, mas ao amor que via refletido nos olhos de Matheus. Ele a beijava com uma mistura de urgência e devoção, as mãos deslizando pela sua pele como se buscassem memorizar cada centímetro. Ela arfava entre os beijos, sentindo cada toque como uma confissão silenciosa do quanto ele a queria.

Matheus a deitou sobre o estofado, os joelhos pressionando as almofadas enquanto seu tronco se curvava sobre o dela. Seus dedos exploravam as curvas que conhecia tão bem, mas que agora pareciam novas — como se cada toque redescobrisse a mulher que amava. Amanda sentiu os lábios dele descerem pelo seu pescoço, um calor que se espalhava em ondas, até alcançar os seios, que ele tomou com a boca, sugando lentamente, firme, arrancando-lhe um gemido baixo e contínuo.

Ela passou as pernas ao redor da cintura dele, puxando-o para si, desejando sentir seu peso, seu corpo, seu querer. Matheus esfregou seu sexo contra o dela, ainda com a roupa parcialmente vestida, provocando-a, aumentando o desejo, o atrito, o calor que pulsava em seus ventres.

Quando ele finalmente a penetrou, foi lento, fundo, como se quisesse que cada investida fosse sentida até a alma. Amanda soltou um suspiro trêmulo, agarrando-se aos ombros dele, as unhas marcando a pele como se quisesse ancorar-se naquela sensação. O ritmo foi ganhando corpo — ora firme, ora suave — acompanhando a respiração entrecortada dos dois, o rangido discreto do sofá, e o som molhado do encaixe entre seus corpos suados.

Os olhos de Amanda encontraram os dele, e por um momento tudo pareceu suspenso — o tempo, os pensamentos, até as dúvidas. Só existia o calor que ele a fazia sentir, a forma como a preenchia com o corpo e com o amor. Matheus inclinou-se e a beijou novamente, um beijo profundo, úmido, terno e feroz ao mesmo tempo. Era mais do que tesão — era a tentativa desesperada de selar o que os unia, de provar com o corpo o que as palavras não conseguiam mais alcançar.

Amanda arqueou o quadril, buscando mais, o prazer crescendo em espirais dentro dela. Matheus apertou sua cintura, acelerando, gemendo contra sua boca, até que ela explodiu. O orgasmo veio como uma maré que a engoliu inteira, de olhos fechados, corpo tremendo, um som abafado de prazer escapando de seus lábios. Ela nunca havia sentido daquela forma — tão fundo, tão íntimo, tão despido de tudo, menos da certeza de que estava onde precisava estar.

Pouco depois, Matheus a acompanhou, cravando-se dentro dela uma última vez, gemendo seu nome em um sussurro. Ficaram ali, unidos, colados, suados e ofegantes, como se o mundo tivesse parado. Ele a envolveu num abraço apertado, e Amanda, ainda trêmula, sussurrou:

— Obrigada por me fazer lembrar quem eu sou...

Matheus não respondeu. Apenas a segurou mais forte, sentindo que talvez, mesmo com o fantasma rondando, o amor que tinham era, sim, mais poderoso. Depois, deitados juntos, Matheus a abraçou com força, e Amanda, ainda ofegante, fechou os olhos, sentindo que, por mais que algo ainda estivesse pendente em seu coração, naquele momento, ela estava onde precisava estar.

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Comentários

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Parabéns. Muito legal a abordagem de ser transparente e o reflexo que isso dá. Legal seria ela ir e voltar ilesa. O amor venceria!!! Seria um conto diferente.

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