Quando o Desejo Acontece

Um conto erótico de Faminta
Categoria: Heterossexual
Contém 597 palavras
Data: 11/05/2025 18:56:13

Eu o conheci na padaria. Foi por acaso, despretensioso — como costumam ser os encontros que nos desorganizam. Ele não era bonito, ao menos não de um jeito óbvio. Mas havia algo ali. Um modo de olhar, de ocupar o espaço, que me prendeu.

No dia seguinte — que calhou ser um domingo — combinamos de nos ver. Uma tarde luminosa, sem planos maiores além de uma bebida e palavras leves. O bar era pequeno, convidativo. Conversamos como se já houvesse um fio entre nós. E havia.

Enquanto ele falava, meus olhos se perdiam no contraste entre nós. Minha pele branca, quase pálida, ao lado da dele — escura, densa, quente só de olhar. Aquilo me acendia de um jeito difícil de conter. Uma excitação que não vinha só do toque, mas da imagem. Da diferença. Do desejo que aquilo instaurava sem pedir licença.

Naquele primeiro encontro não fizemos sexo. Mas bastou um toque mais longo, um gesto no limite do acaso, e meu corpo reagiu. Tive um orgasmo. Jorrei. Ele ficou atônito. Fascinado. Nunca tinha visto, ele disse.

Nos despedimos com promessas suspensas no ar.

Quinze dias depois, ele voltou.

Tinha uma reunião marcada na cidade, e o voo sairia no final da tarde. Mas chegou na véspera, às sete da noite. Estava ali — carinhoso, atencioso, mas agora com aquela fome inconfundível que o tempo só tinha aumentado.

Me levou para jantar. A comida era mero cenário. Nossos olhares mastigavam o desejo que já nos pertencia. Depois, seguimos para um motel. Um quarto bonito. Mas nada ali chamava mais atenção que ele.

Assim que a porta se fechou, ele veio com pressa. Me beijou como quem não aguentava mais esperar. As roupas caíram rápido, e ele percorreu meu corpo como se estivesse mapeando um território conhecido e ainda assim misterioso. Me tocava, me beijava, me arrepiava inteira.

Tive um orgasmo intenso ainda nas preliminares. Meus líquidos jorraram, e os olhos dele brilharam. Ele tentou me penetrar de uma vez, tomado de desejo, mas meu corpo precisou de tempo. Ele era grande. Respirei fundo. Ele esperou. Me beijou devagar, segurou meus quadris, entrou aos poucos. Quando tudo em mim disse sim, fomos.

Naquela noite, transamos quatro vezes.

A primeira, urgente. Bruta, cheia de entrega. O corpo reagiu com pressa, e o prazer veio rápido.

A segunda foi mais lenta, mais íntima. Os olhos dele cravados nos meus, e eu me sentindo inteira sob aquele olhar.

A terceira trouxe riso. Estávamos exaustos, mas ainda famintos. Me puxou, me virou, me penetrou de lado, me penetrou em todas posições que conhecia — e meu corpo veio de novo, com força.

A quarta foi silêncio. Luzes apagadas, respiração calma, suor entre as peles. O gozo veio lento, profundo, como se selasse algo que não precisava ser nomeado.

Dormimos pouco. Era como se a noite não nos coubesse.

Despertei com ele me penetrando de novo. Ainda com fome.

Meus olhos mal abriam, mas o corpo já sabia. Estava dentro de mim, devagar, firme. Como se o desejo tivesse atravessado o sono sem perder o rumo. Gozei mais uma vez — aquele prazer lento, absoluto, que só vem quando a gente já não tem mais defesas.

Depois ele me abraçou por trás. E o mundo, por um instante, pareceu suspenso.

Nos despedimos sem promessas. A noite havia falado por si.

Ele foi para a reunião dele, e eu segui meu dia com o corpo ainda vibrando. Não havia cobranças. Nem certezas. Apenas dois adultos que haviam vivido uma excelente noite.

Não se pensava em futuro.

Quinze dias depois, nos reencontramos.

Mas isso… é assunto para um outro momento.

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Comentários

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Ótimo conto. Já estou ansioso pelos próximos. Adorei como vc conduz sua narrativa!!!

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