Dor, prazer e revolta de um corno- 7ª parte

Um conto erótico de Cafajeste
Categoria: Heterossexual
Contém 4150 palavras
Data: 30/05/2025 18:29:33

Os dias seguiam sob o peso do acordo com Cristine – esperar Sofia completar 1 ano, dividir a casa.

Logo após o acordo, Cristine apareceu em casa com uma Bíblia nova, falando de cultos e irmãs da igreja. “Encontrei um lugar que me faz bem, Teo,” disse, com uma convicção que me soava estranha. Era uma igreja dessas que surgem querendo ser diferentonas, com pastores com uma linguagem mais descolada, moderninhos, até mesmo os mais velhos, eram metidos a gente boa, contadores de causos engraçados. Eu não gostei. Para mim, era tudo picaretagem, ainda que com embalagem nova – no fundo era a mesma coisa: pegar trouxas, pedindo dízimo, vendendo milagres. “Isso é golpe, Cristine. Não acredito que caiu nessa palhaçada, você é bem instruída” retruquei, irritado. Ela não discutiu, apenas baixou os olhos e continuou indo aos cultos, duas, três vezes por semana. Às vezes, voltava cantando hinos baixinho, outras, trazia folhetos com frases sobre redenção. Eu revirava os olhos, mantendo distância, achando que era só uma fase.

Mas uma noite, tudo mudou. Era um sábado, e eu estava na sala, mexendo no celular, quando Cristine se sentou à minha frente, a barriga de seis meses destacada sob uma blusa leve. Seus olhos estavam vermelhos, como se tivesse chorado. “Teo, preciso falar com você,” começou, a voz trêmula, mas firme. “Quero pedir perdão. Por tudo que te fiz – os homens, as traições, a humilhação. Eu era cega, achava que era liberdade, mas a igreja me mostrou que era o diabo me tentando. Cada caso, cada mentira, era ele me puxando pra baixo.” Ela fez uma pausa, enxugando uma lágrima. “Você não merecia isso. Fui egoísta, te machuquei, te arrastei pra esse acordo. Agora, só quero ser uma mãe melhor, uma pessoa melhor. Vou orar todo dia pra que você consiga me perdoar, mesmo que demore.”

Fiquei em silêncio, atordoado. Parte de mim queria acreditar, mas a desconfiança gritava mais alto. Era verdade ou mais um jogo? “Tá, Cristine,” murmurei, sem saber o que dizer, e voltei ao celular. Ela se levantou, tocando minha mão de leve, e foi para o quarto. O discurso mexeu comigo, mas não apaguei a raiva, a mágoa, nem a sensação de que a igreja era só uma máscara.

Depois disso, porém, outra faceta de Cristine emergiu, uma que complicava tudo: seu desejo. Com seis meses de gravidez, ela parecia carregar uma sensualidade magnética. Algumas mulheres engordam muito durante a gravidez, o rosto muda, incham aqui ou ali, mas outras ficam sensuais, uma coisa difícil de explicar, quem olha, sente algo diferente.

A barriga arredondada realçava suas curvas, e ela movia-se pela casa com roupas leves que convidavam o olhar: camisolas de cetim translúcido, que revelavam a silhueta dos seios e o contorno da barriga sob a luz suave; túnicas finas de algodão que acariciavam as coxas, deixando a pele à mostra; tops delicados que abraçavam o busto, a barriga exposta como um chamado silencioso. Seus gestos eram sutis, mas carregados de intenção. Na cozinha, ela se apoiava na bancada, ajustando a camisola com um toque lento, os dedos roçando a barriga. Ao passar por mim no corredor, seu ombro roçava o meu, o perfume dela ficando no ar. No sofá, ela se sentava com um suspiro baixo, as mãos deslizando pela barriga, os olhos fixos em mim por um instante, como se dividisse um segredo.

Cristine não precisava falar – o desejo estava nos detalhes. Uma noite, enquanto eu pegava um copo d’água, ela se aproximou, a camisola de renda branca revelando os mamilos sob a luz fraca. Seus dedos roçaram os meus ao me passar o copo, e ela segurou o olhar, um brilho faminto nos olhos. Em outra ocasião, no quarto, ela ajustava a camisola com a porta entreaberta, o tecido deslizando para revelar a curva da cintura, como se quisesse que eu visse. Não havia mais a empáfia, apenas uma provocação silenciosa que pesava no ar.

Eu queria distância, mas depois que Melissa terminou nossos encontros, dizendo que era arriscado, eu me vi sem válvula de escape, nunca fui de ter casos, ela foi a única. Cristine era uma tentação que eu rejeitava por princípio – os casos dela, o acordo, a criança que não era minha, até o discurso da igreja, que me soava falso ou xarope. Mas meu corpo não seguia a razão. Cada roçar de pele, cada olhar, era uma faísca que eu tentava apagar. “Tô com calor,” ela disse uma tarde, sentando-se à mesa com uma túnica fina, a barriga destacada, as pernas entreabertas. Respondi com um murmúrio, desviando o olhar, mas o coração disparou. Outra noite, ela se deitou no sofá, a camisola subindo ao cruzar as pernas, e perguntou, com a voz suave: “Tá tudo bem, Teo?” Levantei-me rápido, indo para o quarto, mas a imagem dela ficou.

A resistência caiu numa sexta-feira à noite, úmida e abafada. Eu estava na sala, quando Cristine entrou, usando uma camisola de cetim preto, tão fina que a luz do corredor traçava cada curva – os seios mais cheios, os mamilos duros, a barriga arredondada, as coxas entreabertas ao se sentar na poltrona. Ela não falou, mas o jeito que ajeitou o cabelo, deixando o pescoço exposto, e o gemido baixo que soltou, como se estivesse se segurando, foram o estopim. “Cristine,” comecei, a voz falhando, querendo mandá-la parar, mas ela se levantou, aproximando-se, o cetim roçando a pele, os olhos fixos nos meus, cheios de desejo cru.

“Teo,” sussurrou, quase um gemido, a mão tocando meu peito com uma leveza que incendiava, ele, alisou meu pau e rapidamente o colocou para fora tocando uma punheta suave. Agarrei-a pela cintura, com urgência, e a levei para o quarto, os passos pesados, sem pensar. Ela me seguiu, a camisola caindo no chão, revelando o corpo nu, a barriga como uma presença viva. Joguei-a na cama com cuidado, mas com fome, rasgando a calcinha com um puxão.

O cheiro dela me envolveu. A boceta dela, maior, inchada, com lábios mais cheios e rosados, brilhava de umidade, os pelos destacando a carne exposta. Sem palavras, sem carinho, só necessidade, abri suas pernas e lambi, a língua explorando os lábios, o gosto salgado e quente me consumindo. Cristine gemeu alto, as mãos puxando meu cabelo, o quadril subindo contra minha boca. “Caralho,” rosnou, a voz rouca, exigindo mais.

Levantei-me, o pau duro latejando, e a penetrei, a boceta apertada apesar de mais larga, quente e escorregadia, me engolindo. As estocadas eram rápidas, profundas e furiosas, o som molhado misturando-se aos gemidos dela, o quarto cheirando a suor e sexo. A barriga dela pressionava contra meu abdômen, uma sensação estranha, mas excitante, o peso dela me puxando mais fundo. Coloquei-a de quatro, os joelhos dela afundando no colchão, a bunda empinada, a boceta exposta, brilhando. Agarrei seus quadris, as unhas cravando na pele, e meti com força, cada estocada fazendo a cama ranger, os gemidos dela virando gritos abafados contra o travesseiro. O cheiro da bocetona dela, mais intenso agora, enchia o ar, misturado ao suor que escorria pelas costas dela.

Virei-a de lado, uma perna erguida, a barriga descansando no colchão, e continuei, o ritmo implacável. “Mais, mais, mais,” exigiu, a voz quebrada, e eu obedeci, empurrando até sentir os músculos dela se contraírem. Ela gozou com um espasmo violento, a boceta apertando meu pau, um grito gutural escapando. O prazer me atingiu como um raio, o gozo explodindo, me fazendo soltar jatos e mais jatos de porra. Desabei ao lado dela, ofegante, sem tocar, sem olhar. Não havia amor, só uma luxúria que aliviava e pesava ao mesmo tempo.

Na manhã seguinte, o silêncio era total. Cristine agia como se nada tivesse mudado, mas uma suavidade nova nos gestos dela sugeria que ela sabia que havia cruzado uma linha.

Depois daquela sexta-feira, prometi a mim mesmo que foi um escorregão – um momento de fraqueza, nada mais. Cristine, com sua boceta inchada e seus gemidos, era uma armadilha, mas eu não cairia de novo. Mas duas noites depois, a promessa ruiu. Era tarde, a casa silenciosa, e o tesão me consumia. Levantei-me, os pés pesados, e fui até o quarto de Cristine, a porta entreaberta. Ela estava lá, deitada, uma camisola de renda branca subindo pelas coxas, sem calcinha, a barriga de sete meses destacada à luz do abajur. Quando me viu, abriu as pernas, mostrou sua boceta. sorriu, um brilho safado nos olhos e murmurou: “Vem, Teo.” Não hesitei. Fechei a porta, tirei a roupa, e mergulhei nela, chupando e fodendo sua boceta.

A partir daí, não paramos. Do 6º ao 8º mês de gravidez, transávamos quase todas as noites, um vício que eu justificava como alívio. Cristine era insaciável. Uma noite, no sétimo mês, ela me puxou para a cama, a camisola caindo, o cheiro doce do perfume misturado ao calor almiscarado da boceta dela, maior, inchada, os lábios rosados brilhando. Chupei-a devagar, a língua traçando os contornos, o gosto salgado me embriagando. Ela gozou rápido, as coxas tremendo, um grito abafado no travesseiro. “Fode meu cu,” pediu, de quatro, a bunda empinada. Lubrifiquei com saliva, o pau duro entrando apertado, o calor do cu dela me deixando louco. Meti devagar, depois mais forte, os gemidos dela enchendo o quarto, o suor escorrendo pelas costas. Ela gozou de novo e eu urrei.

As posições variavam – ela de lado, a barriga apoiada, eu metendo na boceta; ela cavalgando, lenta, os seios pulando, o cheiro de sexo tomando o ar; contra a parede, eu segurando as coxas, a boceta molhada escorregando no pau. Cristine gozava várias vezes, às vezes três numa noite, o corpo convulsionando, a voz rouca pedindo mais. Eu me dizia que nada mudava. “Quando Sofia fizer 1 ano, separação e adeus,” repetia, como um mantra, ignorando o quanto ela me prendia.

Enquanto isso, a vida seguia. Cristine continuava na igreja evangélica, voltando dos cultos com hinos e folhetos. O quarto de Sofia ficou pronto, pintado de rosa, com um berço branco e bichinhos de pelúcia. As famílias, radiantes, ajudavam com os preparativos, sem saber da mentira que eu carregava.

Perto do nono mês, Cristine entrou em trabalho de parto. Foi uma noite caótica – ela gritando de dor, eu correndo para o hospital, o medo nos olhos dela. O parto foi difícil, uma cesárea de emergência. Cristine quase morreu, o sangramento assustando os médicos. Sofia nasceu saudável, mas Cristine ficou debilitada, pálida, mal conseguindo se mexer. As avós da menina, vieram ajudar, revezando-se para cuidar do bebê. Eu também entrei na dança, cuidando da recuperação de Cristine e ajudando com a criança.

As semanas passaram, e Cristine se recuperava lentamente. As famílias celebravam, meu avô segurando a menina com lágrimas nos olhos, sem saber que eu não era o pai. O acordo ainda pairava, mas a rotina com Sofia, a fragilidade de Cristine, e as transas intensas dos últimos meses bagunçavam minha cabeça. Dizia a mim mesmo que nada mudava, mas tinha que jogar o jogo.

Cristine se recuperou aos poucos, a força voltando ao corpo após o parto quase fatal. Sofia crescia, um bebê de olhos grandes e riso fácil. Eu, porém, me afastava. Também dei um tempo no sexo com Cristine.

Mas Sofia tinha outros planos. Aos 5 meses, ela começou a me notar de um jeito que me desconcertava. Quando eu chegava do trabalho, ela sorria, os bracinhos pequenos esticados, se jogando, querendo sair do colo de Cristine para o meu. “Olha, ela te adora,” dizia Cristine, com um sorriso que eu ignorava. Sem graça, eu a pegava, e Sofia me encarava, os olhos fixos, como se me conhecesse de verdade. Eu devolvia rápido, murmurando algo sobre estar cansado, mas aquele olhar ficava comigo.

Seis meses após o parto, um baque atingiu a casa. Cristine, que mal tinha voltado ao trabalho, foi demitida. A empresa alegou cortes, mas o golpe nas contas foi imediato. “Como vamos pagar as coisas?” ela perguntou uma noite, a voz tensa, os olhos marejados. Eu não tinha resposta. O salário dela fazia diferença, e agora estávamos apertados.

Foi nessa época que Cristine voltou a me provocar. Uma noite, apareceu na sala com uma camisola branca de renda. a barriga lisa outra vez, os seios ainda cheios. Sentou-se perto, o perfume doce invadindo o ar, e tocou meu braço. “Tô com saudade, Teo,” murmurou, os olhos brilhando. Resisti por um momento, mas o tesão falou mais alto. “Tá bom,” disse, firme, “mas só até o acordo acabar. Não vamos ficar juntos.” Cristine assentiu. “Eu sei.”

A partir daí, transávamos com frequência de novo, nos últimos seis meses do acordo. Era como antes, mas mais mecânico. Era só tesão, nada mais.

Enquanto isso, eu tentava ignorar Sofia. Não queria ser o “pai”. Uma manhã, com uns 8 meses, eu estava sozinho em casa, Cristine no mercado. Passei pelo quarto de Sofia e a vi no berço, acordada, os olhos grandes me seguindo. De repente, ela balbuciou: “Papá, papá,” estendendo os bracinhos, o rostinho iluminado. Fiquei parado, o coração disparado, sem acreditar e ela repetiu “papá”. Cristine a ensinava, mesmo sem eu gostar, e agora ela dizia me olhando. “Que isso, pequena?” disse, rindo, e a peguei no colo. Ela se aninhou em mim, rindo, as mãozinhas no meu rosto. Foi um momento feliz, puro, mas também um soco. Ela não era minha, mas me chamava de papá. Guardei isso em silêncio, sem contar a Cristine.

Um mês depois, meu avô, que já vinha fraco há meses, passou mal e foi internado. Eu sabia que ele não duraria muito. Dias depois, ele faleceu, tranquilo, no hospital. O vazio que ficou foi imenso. Meu avô era um homem muito bom.

Eu me tranquei em mim mesmo, triste, com a cabeça pesada. Cristine, que ainda lidava com a demissão e as contas apertadas, percebeu. Ela não forçou nada, mas começou a tentar me puxar do buraco. Uma noite, cheguei do trabalho e senti o cheiro de lasanha, minha comida favorita, que ela preparou com cuidado. “Tá precisando comer direito, Teo,” disse, com um sorriso suave, servindo um prato. Comi em silêncio, agradecendo com um murmúrio.

Nos dias seguintes, ela insistiu em me distrair. Escolhia filmes que eu gostava – comédias antigas, filmes de ação –, e se sentava comigo no sofá, às vezes com Sofia dormindo no quarto. Outras vezes, ela puxava papo sobre coisas simples – o trabalho, a igreja, até as manias de Sofia.

O luto pelo meu avô misturava-se ao conflito interno. A dedicação de Cristine – os pratos, os filmes, as conversas – era inesperada, mas não apagava as crueldades dela. Ainda assim, naquela fase, aceitei o consolo, sem baixar a guarda.

Após a morte de meu avô, veio a minha parte herança: uma casa avaliada em R$ 400 mil, numa rua calma, e R$120 mil em dinheiro, não era muito mas melhor do que nada. Decidi alugar a casa, fechando com um casal por R$3.800 mensais, o contrato garantindo uma boa renda extra. O 120 mil, apliquei num CDB seguro, rendendo R$1.100 por mês, e não pretendia mexer nele – era uma segurança para o futuro.

Cristine, desde a morte dele, tentava me animar, mas também insistia para eu ir à igreja evangélica dela. “Você vai sentir Deus, Teo,” dizia. Sempre achei aquilo um golpe, uma picaretagem para enganar fiéis, mas, após tanta insistência, cedi, mais por curiosidade do que por crença. “Vou uma vez, e acabou,” avisei, já me arrependendo.

O culto era na sede principal, um prédio gigantesco com capacidade para 4.000 pessoas, lotado até os corredores, o ar quente e abafado. Muitos carros de luxo abarrotavam o estacionamento, mas também tinha gente mais humilde chegando de ônibus, e dentro, a multidão suava, cantava hinos e vibrava. No palco, o pastor Salviano, viúvo, 71 anos, barba branca bem aparada, cabelos ralos e brancos com manchas escuras na testa, comandava com voz grave, gesticulando como um pregador de TV, só que de maneira mais dócil que alguns que parecem brigar com os fieis. Seu filho, Adriano, 35 anos, parecia saído de um clipe pop – terno caro, um tênis bizarro e brilhante que refletia as luzes, e uma calça tão apertada que marcava tudo, pelo menos uns R$20 mil no visual. Corria um boato na internet de que ela, apesar de casado, era uma bichona que adorava barbados sarados, mas no culto, atacava os gays e as mulheres. A filha, Paula, uns 30 anos, dava um show à parte: pulava, gritava, “falava em línguas”, chorava, ria, caindo no chão em transe, enquanto a plateia ia à loucura. Era um espetáculo ensaiado, uma máquina de emocionar.

Já tinha ouvido falar sobre esse 3 e seu esquema: a igreja era um negócio de família, com Salviano no comando, Adriano e Paula como estrelas, e filiais espalhadas onde pastores eram treinados para arrancar dízimo e ofertas. Quem tinha lábia ficava nas sedes grandes, como aquela; quem não tinha o “dom” de tirar dinheiro era rebaixado para igrejas menores, de lucro magro. As doações eram incessantes – “Semeie R$50, receba R$500!” –, com cestas passando para notas (quem dava só 10,00 recebia uma cara feia das obreiras, acho que se dessem 2,00, apanhavam) , enquanto outros faziam Pix, os valores exibidos num telão com efeitos sonoros, como um placar de jogo. Era descarado. O cinismo, o calor, a falsidade – saí antes do fim, o estômago revirado.

Cristine me alcançou no carro, o rosto tenso. “Por que saiu, Teo? Não sentiu a presença?” Antes que eu respondesse, ela soltou: “Se doar parte da herança pra igreja, Deus vai triplicar esse dinheiro, eu juro!” Perdi a cabeça. “Você tá louca? Esse Salviano, Adriano, e a doidinha que fala tudo enrolado – são ladrões, Cristine! Vivem de enganar trouxa com esse teatro! Quer ir pra essa palhaçada, vá, mas se der um centavo do nosso dinheiro pra eles, saio de casa amanhã, e foda-se o acordo!” Ela ficou quieta, os olhos marejados, e não retrucou. Dirigi para casa, furioso, mais com raiva de mim por ter sido burro de perder tempo indo àquele local.

Em casa, a rotina seguia tensa. Sofia, agora com 10 meses, estava mais apegada do que nunca. Toda vez que eu entrava, ela gritava “papá, papá”, estendendo os bracinhos, o rostinho iluminado. Eu a pegava, sem graça, tentando não me envolver, mas o olhar dela, fixo e confiante, tombava a cabeça em meu peito e dormia, isso mexia comigo. Cristine, ainda sem emprego, buscava vagas, mas nada surgia.

Agora, faltava um mês para o fim do acordo. Mas, conforme o prazo se aproximava, uma agonia crescia dentro de mim, como uma febre que não explica. Eu me via preso – não só a Cristine, com suas mudanças e tentando me agradar em tudo, mas a Sofia, a menina que não era minha, mas que me chamava de “papá” toda vez que eu entrava em casa. Sentia raiva de mim mesmo, por sentir isso. Raiva de Cristine, por me arrastar a esse jogo. Raiva de Sofia, por me fazer amá-la.

A ansiedade me devorava. Durante o dia, no trabalho, eu me pegava olhando para o nada, imaginando Sofia aos 2 anos, aos 5, aos 10, e eu não estando lá. Não vendo seus primeiros passos, não ouvindo sua voz chamar “papá” com aquele sorriso que desmontava qualquer defesa. À noite, em casa, eu evitava o quarto dela, mas seus brinquedos espalhados, o cheiro de talco no ar, me puxavam.

Uma noite, a pressão venceu. Era madrugada, a casa silenciosa, e eu não conseguia dormir. Meu peito apertava, como se o ar faltasse. Levantei, os pés descalços no chão frio, e fui até o quarto de Sofia. Ela estava no berço, dormindo, a respiração leve, os cachinhos castanhos caindo na testa.

Aos 11 meses, ela parecia maior, mais viva. Peguei-a com cuidado, temendo acordá-la, e a aninhei no peito. Ela se mexeu, mas não abriu os olhos, o calor do corpinho dela contra o meu. Comecei a andar pela casa, devagar, os passos ecoando no escuro.

“Filha,” sussurrei, a palavra escapando como um segredo. Andei pela sala, passei pela cozinha, pelo corredor, a palavra se repetindo. “Minha filha.” As lágrimas vieram sem aviso, quentes, escorrendo pelo rosto. Eu a apertava contra mim, sentindo o peso leve dela, o cheiro de bebê misturado ao sabonete. Sentei no sofá, Sofia ainda dormindo, e chorei baixo, o corpo tremendo. Era amor, puro, cru, mas também traição ao plano, à verdade, a mim mesmo. “Você não é minha,” resmunguei e a levei de volta para o quarto.

Quando eu chegava do trabalho, ela agora apontava com o dedo, sorrindo como que querendo mostrar os dentinhos que estavam nascendo. Se jogava do colo de Cristine, reclamava se estivesse no berço e eu não a pegasse. No café da manhã, ela batia na cadeirinha, rindo, dizendo “papá, papá”, enquanto eu tentava ignorar. Uma tarde, ela engatinhou até mim, agarrou minha perna, e olhou com aqueles olhos que pareciam me conhecer. Como abandonar isso? Como viver sabendo que ela cresceria sem mim, talvez com outro homem no meu lugar, chamando-o de pai?

Uma noite, ela caiu enquanto engatinhava, e corri para pegá-la, o choro dela me cortando. “Machucou, filha?,” disse, sem pensar, e a palavra “filha” ficou no ar, fazendo Cristine arregalar os olhos e depois disfarçar numa alegria imensurável.

Faltavam 15 dias para o aniversário de 1 ano de Sofia. Numa noite, chamei Cristine para a sala. Sentei no sofá, as mãos suadas, e fui direto. “Cristine, não esqueço o que você fez. As traições, a chantagem, tudo. Mas… me apeguei à Sofia. Não consigo imaginar não vê-la mais. Quero tentar algo diferente. A gente continua vivendo juntos, por enquanto, uns meses no máximo, mas vou me afastando aos poucos. Com o tempo, passo a só visitar ela. Não é pra sempre, é só… um jeito de não cortar de uma vez.” Minha voz saiu firme, mas por dentro eu tremia.

Cristine me olhou demoradamente, fiquei sem jeito, já estava prestes a reclamar, até que ela caiu de joelhos na minha frente, as mãos cobrindo o rosto, soluços altos ecoando na sala. “Teo,” disse, entre lágrimas, “você conseguir amar a Sofia, mesmo sabendo que ela é filha de outro, mostra o homem maravilhoso que você é. E eu… eu era uma endemoniada antes de conhecer a igreja. Traí você, te machuquei, deixei o diabo me usar. Mas agora estou liberta, Teo, estou!” Ela ergueu as mãos, como se orasse, e começou um discurso religioso. “Deus viu seu coração, ele tá te abençoando, e se a gente orar junto, ele vai…” Cortei-a, seco, levantando do sofá. “Para de presepada, Cristine. Não quero isso.” Fui pro quarto, batendo a porta, o coração disparado.

Tranquei-me, sentei na cama, e o silêncio me envolveu. No fundo, senti alívio. Alívio por não cortar Sofia da minha vida agora, por poder ouvir mais “papá”, por adiar a dor de perdê-la. Mas também havia medo. Medo de estar caindo numa armadilha, de Cristine ver isso como uma chance de me prender, de eu nunca conseguir me afastar.

Sofia, com 11 meses e meio, era o centro de tudo. No dia seguinte, ela engatinhou até mim, rindo, gritando “papá, papá”. Peguei-a no colo, o cheiro de talco me acalmando, e a segurei por mais tempo que o normal. Pela primeira vez, brinquei com ela na frente da mãe, arranco risos e gritos da pequena. Cristine parecia viver um sonho.

A festa de 1 ano de Sofia foi muito bonita para todos. Com o novo acordo, segui transando com Cristine, mas não conseguia mais sair de mão dadas, namorar no sofá, era só sexo, muitas vezes bruto e que esgotava a ambos.

Duas semanas depois, Cristine trouxe uma novidade. “Teo, vou trabalhar pra igreja,” anunciou, o rosto iluminado. “Tá maluca? Vai ser uma dessas obreiras que ficam o dia todo lá?” “Não é como obreira, é serviço administrativo – organizar eventos, gerenciar finanças. O salário é bom, e a carga horária é flexível, consigo cuidar da Sofia.” Após meses sem emprego, com as contas apertadas, a notícia parecia um alívio. “Se traz dinheiro, tá bom, mas se tiver xaropada de você entregar quase tudo a eles, nem pensar”,

No início, tudo correu bem. Cristine trabalhava três vezes por semana, voltando com algum material para fazer em casa. O dinheiro entrou e estava até sobrando agora.

Durante 4 meses, nada de relevante ocorreu, porém uma tarde, voltei por volta das 15h30 para casa, estava mal do estômago e pedi para sair mais cedo. Sabia que Sofia devia estar em sua sonequinha e por isso não fiz nenhum barulho, passei por seu quarto e a vi dormindo de bruços, eis que ouço um som estranho vindo de nosso quarto, não, não eram gemidos de prazer, mas um “Ai, ai” seco, meio que de dor, imaginei que Cristine estivesse passando mal ou levantando algo muito pesado, fui olhar e nesse momento, vi uma cena dantesca, não, não podia ser verdade...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 76 estrelas.
Incentive Cafajeste a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil de OsorioHorse

O que me chamou atenção foi ela falar sobre a parte dele da herança e em dar essa parte para igreja.

Acho que Cristine tem segundas intenções com essa herança, e parece que o pessoal da Igreja também...

Vamos ver as cenas do próximo capítulo.

0 0
Foto de perfil genérica

Osório, ai já seria muita crueldade da Cris, depois de tanta humilhação, agora querer a herança.

0 0
Foto de perfil genérica

O site sempre tem ótimoa contos, mas já fazia um tempo que nenhum me fazia ficar dando F5 no site pra ver se tinha saído a continuação. Ansioso pelos próximos

1 0
Foto de perfil genérica

Também tô e muito, quem ta com a Cris no quarto, e será q agora o Léo vai embora?

0 0
Foto de perfil genérica

Eu acho que agora pode ser a gota d'água da relação. Ele não perdoou completamente a Cris, não gosta da igreja, não tem mais o avô dele. Em algum momento eles vão terminar, temos essa informação no primeiro parágrafo da história. Só que se ele explodir e mandar ela se danar, não vai sair ileso também, ainda tem a criança no meio. Enfim, ansioso!

0 0
Foto de perfil genérica

E não é que todo castigo para corno é pouco?

Parece que acertaram: vai piorar muito antes de piorar mais...

0 0
Foto de perfil genérica

Marcelo, ela não vai mudar, ela pode amar o Léo, mas o sexo muitas vezes vence o amor, no caso da Cris vence fácil.

0 0
Foto de perfil genérica

Umbelina acho que a situação agora é diferente. Eu não gosto quando misturam religião com sacanagem mas neste caso A esposa está com o pastor e com o filhos e eles estão fazendo um exorcismo para tirar o diabo do corpo dela. Ou seja é uma cena com dois chifrudos ao mesmo tempo

0 0
Foto de perfil genérica

Se acha q ela tá com o pastor e seu filho? Um senhor de 71 anos, e o rapaz não é gay? Eu acho q ela tá enrabando o rapaz. Como assim 2 chifrudo?Quem seria o outro?

0 0
Foto de perfil genérica

Eu acho que são os dois (Pastor e o filho que não é gay). Os dois chifrudos são o Marido e o Diabo que está sendo exorcizado pelo rabo da esposa. Kkkkkk

0 0
Foto de perfil genérica

Ele não tem só 2 filhos? Um homem e uma mulher?

0 0
Foto de perfil genérica

Parece que a “igreja” está fazendo BEM a ela

0 0
Foto de perfil genérica

Léo já era pra ter saído fora.

0 0
Foto de perfil de foxxy

❤Qual­­quer mulher aqui pode ser despida e vista sem rou­­­pas) Por favor, ava­­­lie ➤ Ilink.im/nudos

0 0