Parte 1 - O começo de tudo

Da série Quase sem querer
Um conto erótico de Davi
Categoria: Heterossexual
Contém 2493 palavras
Data: 24/04/2025 22:44:05

Capítulo 1: A Escolha da Viagem

Olá, leitor(a). Apesar de acompanhar o site há um tempo, somente agora tomei coragem para criar uma conta e publicar. Preciso dizer desde já: essa história é real — com adaptações, claro. Comecei a escrevê-la a um tempo, dividi em capítulos focando apenas em acontecimentos importantes. Para que não fiquem capítulos curtos, optei por publicar "Partes", compostas geralmente por 2 ou 3 capítulos.

Os nomes foram trocados pra preservar quem merece (e quem não merece também, por que não?). Ah, e se você tá aqui esperando uma história só de sexo direto ao ponto… talvez esse não seja o que procura. Vai ter, sim, cenas quentes — muito quentes — mas antes disso, tem história. Tem contexto. Tem verdade. Como dito anteriormente, trata-se de uma experiência real, e, por isso, é necessário contextualizar toda a situação.

Vou começar me descrevendo. Sou moreno, de cabelos lisos pretos, tenho por volta de 1,75m de altura, olhos castanhos, barba sempre bem-feita e corpo normal — apesar de praticar, nunca fui muito fã de academia. Sou engenheiro civil e trabalho em uma empresa privada como gestor de obras.

A história começa com uma ligação do meu chefe. Era fim de tarde, eu ainda na obra, suado, com capacete na mão e a paciência no limite. Ele me chamou pra uma conversa urgente sobre uma feira de engenharia que ia acontecer em Gramado - RS, com foco em patologias construtivas. Algo que, normalmente, seria tarefa dos coordenadores, mas dessa vez não deu.

— Meu pai tá internado, estado grave. Não vou poder ir. Preciso que você me represente lá, Davi.

Não tive muita escolha. E, pra ser sincero, nem queria ter. Gramado sempre esteve na minha lista de lugares a conhecer. A oportunidade era boa, tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Além de mim, também foi indicada para a viagem uma amiga engenheira, Daniela. Já nos conhecíamos há bastante tempo, pois havíamos iniciado nossa carreira na empresa em períodos bem parecidos e, desde então, fomos colegas, parceiros de batalha nas obras, confidentes de corredor sobre a rotina exaustiva da profissão — mas nunca passou disso. Apesar de ter uma certa admiração por Dani, nunca tive segundas intenções. Relacionamentos entre funcionários não são proibidos, mas também não são incentivados — ainda mais dentro do mesmo setor. E, além disso, eu tinha minha própria bagagem emocional. Estava num relacionamento desgastado, que insistia em não morrer, mesmo já estando em coma.

Farei uma breve descrição de Daniela: morena, olhos castanhos escuros, cabelos castanhos, levemente ondulados nas pontas que vão até o meio das costas. Tem por volta de 1,62m, corpo bem desenhado, por frequentar academia desde mais nova. Apesar do ambiente de obra, gosta de se cuidar e anda sempre bem arrumada. Resumindo, ela é linda. Linda de um jeito que não fazia esforço pra ser. E eu… me segurava.

Chegado o dia da viagem, acordei cedo, ansiedade a mil. Tinha deixado tudo arrumado na noite anterior. Tomei um banho, engoli qualquer coisa no café e fui direto pro escritório, de onde sairíamos pro aeroporto.

Quando cheguei, Daniela já estava lá. Linda como sempre, com um sorriso debochado que me desmontava:

— Bom dia, dorminhoco. Achei que tinha desistido de me aturar essa semana.

— Desistir seria um favor pra você… mas aí ia morrer de saudade.

Ela riu e me deu um tapa de leve no braço. Aquele jeito dela me deixava leve, mesmo nos dias mais tensos.

Fiquei observando seu rosto por um instante. Tinha algo delicado na forma como ela se expressava. Começamos a conversar sobre coisas banais: clima, previsões da obra, o cansaço do dia a dia. Aquilo que começava como uma viagem a trabalho já estava ganhando uma energia diferente. Não era flerte. Era leveza. Cumplicidade. Algo que eu não sentia havia tempos.

Seguimos para o aeroporto com um funcionário da empresa. O trânsito estava infernal, e acabamos chegando em cima da hora. Correria pra fazer check-in e embarcar. As poltronas eram lado a lado. Daniela ficou na janela. Nosso voo tinha escala em São Paulo, e de lá seguiríamos para Porto Alegre, de onde pegaríamos um carro até Gramado. O voo de Salvador até São Paulo foi tranquilo — eu acabei dormindo e só acordei no pouso.

No aeroporto de São Paulo, fomos até uma lanchonete, fizemos um lanche rápido e ficamos conversando sobre amenidades, trabalho, situações do dia a dia e etc.

Embarcamos rumo a Porto Alegre, mas esse voo não foi tão tranquilo: pegamos algumas turbulências devido ao mau tempo. Em uma dessas turbulências, tomamos um susto com os estrondos. Daniela segurou minha mão com força. Eu apertei de volta e percebi que ela estava o tempo todo de olhos fechados. Mais tarde, descobri que ela tinha medo de avião

Capítulo 2: Entre Escalas e Sinais

Quando pousamos, o tempo seguia ruim. A chuva caía grossa, parecia que o céu tinha resolvido lavar a alma da cidade inteira. Pegamos o carro alugado e seguimos estrada rumo a Gramado. Mesmo com o tempo fechado, o caminho era bonito. Daniela ligou o Bluetooth no carro e deixou uma playlist rodando no aleatório. Começou a tocar uma playlist sertaneja. Eu sorri sem pensar, e ela percebeu.

— Gosta? — ela perguntou, com aquele jeitinho debochado.

— Confesso que sim. — ri. — Não sou do tipo que compartilha isso por aí, mas esse som é vibe demais.

— Eu adoro também — disse ela, olhando pela janela, mas com um sorriso escondido. — Tem umas letras que dizem mais do que a gente quer admitir.

Esse comentário ficou no ar por uns segundos. Eu senti. Ela também sentiu, tenho certeza. Mas ninguém disse mais nada.

Mais tarde, já bem perto de Gramado, o trânsito parou por causa de um acidente. Ficamos presos ali por um bom tempo, e a conversa acabou fluindo de um jeito inesperado. Daniela perguntou se eu tava bem, disse que eu andava mais calado do que o normal nas últimas semanas. Hesitei um pouco, mas respondi.

— Tô, sim. Só... fase meio cansativa, sabe? Coisa de vida pessoal mesmo. A cabeça às vezes vai longe.

Ela assentiu. Não insistiu. Respeitou meu tempo. E isso, de algum modo, me fez admirá-la ainda mais.

Chegamos à cidade já à tarde. Chuva ainda caindo, tudo meio cinza, e mesmo assim Gramado conseguia parecer acolhedora. Fomos a uma reunião com um fornecedor de materiais elétricos com foco em automação que estava buscando viabilidade para entrar como parceiro da empresa que trabalhamos. A reunião perdurou até o início da noite. Foi interessante, mas confesso que meu foco estava dividido — parte em absorver o conteúdo técnico, parte em entender o que, exatamente, estava acontecendo entre mim e Daniela. Era como se a viagem estivesse mexendo com peças que há muito tempo estavam imóveis.

Estávamos exaustos. Já era noite. Saímos de lá e fomos em busca de uma pousada. A cidade estava um caos com toda aquela chuva. Fomos a alguns hotéis, mas todos estavam sem vagas. Até que um funcionário de um hotel nos indicou uma pousada, pelo que entendi pertencente a alguma parente dele. Quando chegamos, o lugar era aconchegante, com cara de refúgio de casal.

— Meus jovens, o único quarto disponível é de casal. Tinha sido reservado, mas houve desistência de última hora — explicou a dona da pousada.

Daniela me olhou. A troca de olhares um pouco sem graça disse mais do que palavras.

— Por mim tudo bem. Só quero um banho quente e comer alguma coisa.

Aceitamos. Subimos uma escada e seguimos por um corredor até o quarto. De fato, era um quarto de casal. Um pouco grande, com uma cama de casal enorme, uma escrivaninha com gavetas, banheiro e uma sacada de frente para a cama.

Nos olhamos e, sem dizer nada, concordamos que ficaríamos ali mesmo. Nos acomodamos. Ela foi tomar banho primeiro. Quando saiu, fui eu.

Depois, decidimos ir até o centro buscar algum lugar para jantar. Encontramos um restaurante legal. O jantar foi agradável, com muitas risadas e, pela primeira vez em muito tempo, conversamos sobre coisas além do trabalho. Algumas taças de vinho talvez tenham ajudado. Dani estava mais leve, sorridente. E confesso que eu também.

Voltamos para a pousada. Fui tomar banho para dormir. Quando saí, Daniela já estava deitada, coberta, o ar-condicionado ligado em temperatura ambiente e a luz suave do abajur acesa.

Comecei a procurar algo para forrar o chão.

— Ué, tá procurando o quê? — ela perguntou.

— Alguma coisa pra forrar o chão. Já viu o quanto ele é frio?

— Nada disso. A cama é bem grande, a gente consegue dividir numa boa. É só não tentar me agarrar que tá tudo certo — falou rindo.

— Garanto que o risco é teu. Chega pra lá. — Ri também.

Me ajeitei na outra metade da cama. Ficamos conversando até o sono chegar. Muitas coisas passavam pela minha cabeça naquele momento, mas a principal era: o quanto Daniela era uma mulher atraente.

Ela avisou que iria dormir. Dei um beijo de boa noite na testa dela.

— Olha lá... Mal deitou e já não se aguentou. — disse, rindo.

— Tu é besta, viu? — Respondi rindo do jeito espontâneo dela

Deitei e peguei no sono. Tenho um sono pesado. Acordei no outro dia por volta das 8h, estava frio, me surpreendi com Daniela embrulhada no cobertor e com a cabeça sobre meu peito, ainda dormindo.

Pensei comigo: Puta que pariu... assim tu não colabora.

Acordei com muita vontade de urinar, e a ereção matinal denunciava isso. Fiquei preocupado dela acordar e me ver naquele estado. Tentei me levantar sem fazer barulho.

Fui ao banheiro e fiz minhas necessidades com muito custo (quem já tentou urinar de pau duro, sabe como é, rs). Aproveitei e tomei outro banho para tentar “acalmar” a situação, mas sem muito sucesso.

Quando abri a porta do banheiro, Dani já estava acordada, mexendo no celular, deitada na cama. Nos olhamos, meio sem graça.

— Bom dia! — falei.

— Bom dia!

— Dormiu bem? Meu sono é pesado, nem sei se você tirou uma casquinha de mim. — brinquei, rindo.

— Tirando a parte de tu tentando me agarrar de madrugada... dormi muito bem, sim. — respondeu, rindo.

— Eu? Se eu não lembro, eu não fiz. — ri.

— É assim que funciona, né? — riu de volta.

Me vesti e falei que devíamos descer pra tomar café e aproveitar o dia. Ela me olhou com aquela expressão marota de quem ia responder com uma provocação, e respondeu:

— Olha ele, todo animadinho... o que uma noite comigo não faz, hein?

Tentei fingir que não tinha mexido comigo. Mas já era tarde. Mexeu sim. Mexeu demais.

Capítulo 3: Conexões Paralelas

Daniela desceu primeiro, e eu a encontrei já no salão do café da manhã, mexendo no celular com uma xícara de cappuccino pela metade na frente. Usava um sobretudo claro e os cabelos ainda úmidos do banho, cheirando a shampoo. Por um momento, fiquei ali parado só observando, com aquele sentimento estranho de que tudo estava começando a sair do controle — não de um jeito ruim, mas de um jeito... inevitável.

— Achei que tinha voltado a dormir. — ela disse ao me notar.

— Tava só curtindo o clima. — respondi, tentando disfarçar o fato de que tinha parado ali só pra admirar.

Tomamos café sem pressa. Comentamos sobre os planos do dia: o primeiro dia da feira de engenharia começaria dali a pouco, e teríamos uma programação extensa. Palestras sobre sustentabilidade em grandes obras, stands de soluções automatizadas pra canteiro e até uma mesa-redonda com engenheiros-chefes de obras emblemáticas pelo país.

Chegando ao centro de eventos, a estrutura impressionava. Expositores de todo canto do Brasil ocupavam os corredores longos e bem iluminados. O burburinho de conversas técnicas, o cheiro de material novo e o tilintar dos brindes sendo distribuídos criavam um ambiente quase hipnótico pra quem, como eu, respirava engenharia civil.

Caminhamos juntos pelos primeiros estandes. Dani se mostrava interessada, fazia perguntas inteligentes, mantinha diálogos técnicos com naturalidade. E eu... eu observava. Não só ela, mas o efeito que ela causava em quem passava. Era centrada, segura, envolvente. Um colega de outra filial chegou a brincar que ela devia estar ali só pra chamar atenção — e eu quase perdi a paciência.

— Cuidado com o que fala. Ela entende mais do que muito gestor por aí. — soltei, num tom firme.

Dani ouviu. Fingiu que não. Mas quando nos afastamos, ela me cutucou com o ombro.

— Que bonitinho... me defendendo. — disse, com um sorriso sutil.

— Só falei a verdade. — respondi, sério. Mas por dentro, eu sorria também.

Almoçamos num restaurante anexo à feira. A conversa ali mudou de foco. Falamos sobre a carreira, o que a gente esperava pro futuro, sobre como o setor da construção estava evoluindo. E no meio disso tudo, ela deixou escapar:

— Às vezes acho que essa vida de obra é tão intensa que a gente esquece de viver o resto.

Olhei pra ela.

— Você tá falando da gente... ou de você?

— Dos dois, talvez. — respondeu, com um tom mais baixo, olhando pro prato por alguns segundos.

A tarde seguiu com mais programação. Nos separamos por um tempo — ela foi pra uma palestra sobre tecnologia BIM, e eu fui acompanhar um debate sobre produtividade em campo. Mas mesmo à distância, a presença dela pairava. Volta e meia eu olhava ao redor, esperando vê-la surgir.

Nos reencontramos no final do dia, num dos corredores do centro de eventos, ambos com sacolas nas mãos, cheias de folders e brindes que provavelmente nem leríamos.

— E aí? — perguntei.

— Meu cérebro derreteu. Mas foi ótimo. — disse, exausta e empolgada ao mesmo tempo.

— Topa dar uma volta no centro da cidade antes de voltarmos pra pousada?

— Só se tiver chocolate quente envolvido.

— Fechado.

Andamos pelas ruas principais de Gramado. O céu começava a escurecer, as luzes dos postes se acendiam devagar. As vitrines das lojas decoradas com temática invernal, o cheiro doce vindo das confeitarias, e os casais andando de mãos dadas — tudo ajudava a compor aquele clima que dava vontade de parar o tempo.

Entramos numa cafeteria charmosa e pedimos chocolate quente. Sentamos lado a lado, no canto de um sofá perto da janela. A conversa foi leve. Rimos de algumas situações da feira, falamos de música, e eu descobri que ela curtia uns modões quase tanto quanto eu. Quando comentei que em algumas noites gostava de tomar uma cerveja num boteco qualquer e ouvir um cantor regional cantando essas modas, ela animou:

— Jura? Eu também adoro isso. Sertanejo na voz e violão, sem frescura... é ali que mora o sentimento.

— A gente podia fazer isso qualquer dia. — soltei, sem pensar demais.

Ela me olhou por um segundo mais longo do que o normal. Depois desviou os olhos, meio sem graça.

—Podia, sim...

Saímos de lá em silêncio, mas não era um silêncio desconfortável. Era um daqueles que carregam coisa demais pra virar palavras. Voltamos à pousada sem dizer muito, ouvindo música no carro. E tudo nela, naquela noite, gritava que a linha entre o certo e o errado estava ficando cada vez mais tênue.

A tensão entre nós... era quase física.

Mas ainda estávamos nos segurando.

Por enquanto.

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