Mais uma vez tenho que agradecer aos milhares de leitores que acompanharam essa saga. Capítulos com 8, 7, 5 ou mesmo, vários batendo mais de 4 mil visualizações é gratificante, ainda mais quando vemos que hoje, qualquer tipo de leitura está sendo relegado a 10º plano por muitas pessoas que se tornaram zumbis e passam o dia vendo vídeos curtos e aleatórios nos Tik Toks da vida. Aproveito para cumprimentar também os autores sérios que seguem remando contra a maré e criando suas histórias para postar aqui.
Como citei no 1º capítulo, em breve, lançarei uma coleção de contos com a temática de esposas se tornando liberais com a cumplicidade do marido, porém algo focado no prazer dos envolvidos, sem dramas, mas também sem humilhações extremas.
Voltando à história:
Monica e eu resolvemos deixar a decisão sobre nos casarmos ou não para dali algumas semanas, no máximo um mês.
Sobre o caso Leo Xonado, quando finalmente botei as ideias em ordem, vi que mesmo tendo motivos, já que espancar uma criança é um crime e que raramente é punido, não poderia achar que todo problema grave poderia ser resolvido assim, já que estava ligado meio que ao submundo da política e da bandidagem empresarial.
Decidi que jamais voltaria a apelar a esse tipo de recurso ou mesmo ao que levou o meu irmão à cadeia. Entretanto, mentiria se dissesse que me sentia mal por qualquer um dos dois. Só queria mesmo era seguir minha vida e em breve, me afastar da lavagem de dinheiro e de outras trapaças.
Algum tempo depois, meu filho passaria a frequentar uma psicóloga e revelou que além de apanhar de Leo Xonado quase todo dia, era ameaçado de ser queimado com um cigarro acesso. Entretanto, ele disse que a mãe não via essas sessões de tortura.
Pouco mais de uma semana após a conversa com Monica, levei Thiago para brincar com Luna já que morávamos perto e eles eram muito unidos.
Soube por alto que Michele estaria saindo com outro cara, um advogado. Estava mais do que certa, afinal de contas, era uma mulher linda e já fazia quase seis meses de nossa última transa. Ficamos conversando num banco do parque e resolvi lhe perguntar:
-Você e o advogado estão firmes?
Notei uma tentativa dela de esconder um sorriso de canto de boca, talvez estivesse apaixonada pelo cara ou poderia ter gostado por eu ter demonstrado interesse. Ela respirou fundo, ergueu um pouco a cabeça e disse demonstrando confiança:
-Não digo que é firme, até porque já te falei, não quero isso para a minha vida, mas o Edson tem sido uma companhia agradável.
-Que bom, Michele! Quando a gente teve que parar de...Você sabe, por causa da Monica, fiquei com receio de que houvesse algum ressentimento, mágoa...
-Imagine! Nós somos amigos, grandes amigos e minha dívida com você será eterna. Mas por falar em Monica, como andam as coisas entre vocês? -Respondeu Michele dando a entender que não tinha dado a importância que achei ao nosso caso.
Relaxei ao ouvir isso, soltei meu corpo e disse:
-Tá tudo bem, ela anda meio na dúvida sobre continuar no Brasil e agora está com um papo de nos casarmos rapidamente...
Michele mudou drasticamente de feição, passando de um semblante de felicidade para o de aflição:
-Casar?! Mas já?!
-É, ela está pensando e pediu que eu pensasse também...
-Mas vocês vão embora do Brasil?! Perguntou num tom de quase desespero que foi impossível não notar, estranhei, mas prossegui.
-Não, se decidirmos nos casar, continuaremos aqui, a Monica está pensando em irmos morar em um condomínio com segurança próximo a São Paulo.
Michele cerrou as sobrancelhas e fez até um leve bico de emburrada, ficou em silêncio por uns instantes, olhando para baixo. De repente, me veio a certeza de algo que só cogitara vagamente: “Meu Deus! A Michele me ama! Conseguiu disfarçar bem esse tempo todo, mas essa pancada de surpresa, a fez se entregar, olha cara dela, parece que vai se desmanchar em lágrimas aqui”.
Após um tempo calada, Michele voltou a falar, ainda de cara emburrada e olhando para baixo, como que não querendo que visse algo que estava nítido:
-Olha, Renato, você deveria pensar bem. Uma coisa é ter um relacionamento, um namoro, outra, bem diferente, é se casar, apesar de terem sido namorados na adolescência, as coisas mudam, precisam de um tempo maior para ver se realmente estão prontos, não tenho nada a ver com isso, não, mas deveriam deixar isso mais para a frente.
Não quis questionar Michele sobre o que eu agora tinha certeza, até porque seria tocar em uma fratura já exposta.
-Na verdade, nem Monica nem eu estamos certos disso, por isso, tiramos um tempo para pensar, creio que se um dos dois achar que não é uma boa, é capaz dela ir embora.
No restante do passeio, Michele bem que tentou disfarçar, mas estava bem chateada e eu fiquei triste por ela, não pretendia magoar uma pessoa que se revelou tão legal desde que nos envolvemos e mesmo depois de terminarmos.
Mais tarde e nos dias seguintes, passei a me sentir muito mal por causa de Michele. Quem diria que a garota que antes eu enxergava como uma patricinha arrogante, mas depois vi que não era nada disso e que agora me faria sentir uma imensa sensação de remorso com tristeza?
Lembrei-me de vários momentos que passamos juntos, coisas simples como ficarmos vendo um filme até de madrugada, após termos feito muito sexo; os passeios com as crianças; até de uma lasanha que ela ficou toda orgulhosa por ter feito e eu me acabado de comer. É claro que havia mais ali do que uma aventurazinha, de um sexo casual, porém para mim, por ter Monica no horizonte, tudo isso passou batido.
Só posso dizer que toda vez que me lembrava da expressão que ela fez no parque quando soube que Monica e eu pretendíamos nos causar, sentia uma agonia que me rasgava. Foram dias péssimos.
No trabalho, os “serviços” continuavam a mil e uma grana cada vez maior entrava. Além disso, graças a seleção de Michele; Rubens e eu viramos investidores de mais dois projetos de aplicativos que renderam algum lucro.
Até que uma tarde, Michele chamou Rubens e eu para contar sobre um projeto de um nerd que, segundo ele, revolucionaria o sistema de chatbots de inteligência artificial das empresas de todos os segmentos, tornando-os capazes de responder a demandas específicas, bem diferente dos limitados e por vezes irritantes que existiam até então. O problema é que seria preciso investir um capital razoável.
Apesar da empolgação de Michele, Rubens e eu decidimos chamar um especialista desses bem fodidos mesmo para estudar o projeto minuciosamente e ouvir o que diria. O encontro foi em minha sala e após o super nerd se debruçar sobre os arquivos, seu veredito foi:
-Olha, se eu tivesse a grana que ele está pedindo, fecharia agora e me prepararia, pois seriam grandes as chances de logo me aposentar e viver de frente para o mar, comendo lagosta, mas como não tenho, só posso dizer uma coisa: liguem para o cara agora e rezem para o mesmo não ter fechado com outro. Isso aqui tem tudo para dar certo e vocês poderão vender por milhões depois para uma grande companhia da área tecnológica, que por sua vez, ganhará mais ainda logo em seguida.
Rubens e eu nos olhamos e após o especialista ir embora, decidimos chamar o nerd. Combinamos de não demonstramos muita empolgação ou ele poderia querer subir o preço ou buscar outro investidor anjo com muito mais grana.
Já na presença do nerd, fiz um teatro todo, dizendo que investiríamos praticamente tudo o que tínhamos e que o certo era dividirmos o lucro por 3, ele, Rubens e eu. Apesar de ser um gênio em tecnologia e IA, o cara não era um bom negociador e aceitou sem relutar.
Demos-lhe todo o suporte e grana para fazer seu projeto se tornar realidade, mas teríamos que esperar ficar pronto para ver se daria certo mesmo.
Enquanto isso, o aniversário de Michele estava chegando e Rubens, me propôs de fazermos uma grande festa:
-Se esse projeto vingar, estaremos ricos, meu amigo! E aí adeus, trambiques, lavagem de dinheiro e o caralho a quatro. É por isso, que temos que reconhecer o faro da Michele, vamos fazer essa festa e quanto tivermos com a grana na mão, daremos um bom bônus para ela.
Resolvemos alugar um salão não muito grande, já que não teria uma imensidão de convidados, mas bem elegante e com um buffet impecável. Convidamos, os pais, familiares, amigas dela e mais algumas pessoas do nosso círculo, e Rubens se encarregou de chamar o tal advogado Edson.
Na véspera da festa, Rubens me trouxe uma informação que me deixou intrigado:
-Falei com o carinha lá que a Michele estaria saindo, e, meu irmão, deu ruim, o malandro falou que só teve um encontro com ela e tomou um baita fora depois. Ele ainda se animou achando que a Michele que tinha me mandado convidá-lo, mas quando disse que era festa surpresa, o advogadozinho murchou.
-Bom, nesse caso é melhor não ir mesmo ou vai rolar uma saia-justa.
Rubens com seu jeito bonachão, resolveu tirar onda:
-É, mas acho que você deve ter gostado da notícia. Aniversário surpresa, ela emocionada, uma musiquinha, uns drinques, quem sabe não rola um remember?
-Não brinca com uma coisa dessas! A Monica estará lá e não pode nem sonhar que já tive algo com a Michele, ainda mais agora que estamos decidindo sobre o casamento, e faz favor, sem gracinhas amanhã, a Monica é esperta para caralho.
-Relaxa, aqui é boca de siri, malandro.
-E outra coisa, leva a Michele para o salão junto com as nossas secretárias, diz que vão tomar um drinque para comemorar e aí faz a surpresa entrando no salão. Eu vou com a Monica e com o Thiago.
Na noite seguinte, fizemos a festa surpresa, Michele se emocionou, pois realmente não esperava. Foram algumas horas bem divertidas, Rubens dançou com várias mulheres, incluindo a aniversariante e até com a Monica.
Fiquei um pouco preocupado ao ver Michele tomando uma taça de vinho cheia. Eu sabia que a mesma era fraca para bebidas, aliás, quase nunca a vi beber nada alcoólico e quando bebia, dois dedos já a deixavam meio alegre. Temi que se soltasse demais e dissesse algo que pudesse me prejudicar, mas também não queria que ela estragasse seu próprio aniversário, justamente agora que seus pais estavam tão orgulhosos dela.
Num dado momento, depois de já ter dançado muito, Michele veio até a minha mesa e perguntou a Monica:
-Posso roubar seu noivo para uma dança?
Com um sorriso sem graça, Monica apenas balançou a cabeça afirmativamente.
Fomos para o meio da pista e estava começando a tocar uma música triste, chamada A Love So Beautiful. Michele me abraçou e disse:
-Deixa eu aproveitar esses minutos para poder te abraçar bem forte.
Fiz de conta que não entendi e apenas sorri, mas por dentro, estava sentindo que iria dar uma merda das grandes. Após alguns segundos em silêncio, Michele disparou:
-Eu te amo, Renato!
-Michele...
-Não! Deixa eu falar, não se preocupe, não vou tentar te beijar nem dar um espetáculo para a Monica ver, mas preciso falar. Não queria que fosse assim, só que a verdade é que desde a nossa primeira vez, me apeguei demais. Deveria ter cortado ou pelo menos ter dito, mas fui deixando passar...Nunca amei um homem como amo você, o que senti pelo Fabio e pelo pai da Luna foram paixonites... Sei que teu coração é da Monica e não vou atrapalhar a sua felicidade com ela, mas precisava dizer isso.
-Michele...Nem sei o que dizer...Sinto muito mesmo, fui imprudente, um canalha...
-Nunca diga isso! Fizemos o que fizemos porque os dois queriam, quem não cumpriu com a parte do trato fui eu que passei a te amar.
-Vamos deixar essa conversa para outro dia, hoje é seu aniversário, seus pais estão numa imensa alegria depois dos elogios merecidos que o Rubens e eu fizemos sobre o trabalho que está fazendo para a gente. Até a Luna, mesmo tão pequena, está que não se cabe de tão feliz.
--E vamos deixar isso para lá. – Disse Michele segurando o choro.
O final da música repetia os versos:
A love so beautiful in every way
(Um amor tão lindo em todos os sentidos)
A love so beautiful we let it slip away
(Um amor tão lindo que deixamos escapar para longe)
Michele me apertou bem forte e me senti profundamente triste pelos danos colaterais que causei com a minha vingança imbecil.
Ao contrário do que temia, a festa terminou sem nenhum incidente, mas na volta, Monica comentou:
-Que dança mais agarrada a sua com a Michele, hein?
-Ah! Nem vem, Monica! Primeiro que ciúme não combina com o teu jeito elegante e seguro de ser, segundo que você também dançou com o Rubens e levei numa boa.
-É, mas vocês dois estavam bem colados e o que tanto conversavam?
-Eu a elogiei, disse que os pais dela estavam orgulhos e outras coisas que nem lembro mais.
-Sei... – Disse Monica num tom seco. Felizmente, não brigamos, pois minha noite já estava deveras arrasada.
No dia seguinte, sabia que teria um climão no trabalho, pois encontraria com Michele. Ela estava bem mais séria do que de costume, me entregou alguns documentos e explicou o que eram. Quando já estava quase saindo da sala, minha ex-cunhada disse:
-Sobre ontem, espero que desconsidere tudo o que falei. Você mesmo brincava que se eu tomasse meio copo de cerveja era capaz de ficar bêbada por dois dias, e foi o que ocorreu, estava feliz, bebi um pouquinho e viajei, peço desculpas.
Eu me levantei da mesa e coloquei as mãos sobre os braços de Michele, já perto dos ombros, respirei fundo e disse:
-Aconteça o que acontecer, continuaremos próximos, nossos filhos adoram estar juntos, temos muito trabalho aqui para fazer e se esse projeto da startup der certo, pode ter certeza, que Rubens e eu saberemos recompensá-la, mas mesmo que seja uma furada, sempre que precisar, conte comigo, assim como espero poder contar com você.
Michele agradeceu e saiu séria.
Cerca de 3 semanas se passaram e após mais uma noite de luxúria com Monica, a mesma me surpreendeu:
-Encontrei uma boa casa em um condomínio de alto padrão, em São Roque, pertinho de São Paulo. Acho que está na hora de decidirmos, que tal darmos uma olhada no sábado com o corretor? Talvez, você negociando, consiga até um desconto.
Aceitei e achei que seria uma boa morar em um lugar maior, especialmente agora com Thiago vivendo comigo. Entretanto, tinha dúvidas se deveríamos casar tão cedo, pensei em dizer para esperarmos pelos menos completarmos 1 ano, mas seria cortar a alegria de Monica.
No dia combinado, fui com Monica ver a casa. Era realmente linda, uma arquitetura moderna, 4 quartos, cozinha e sala enormes, além de um amplo quintal. O condomínio, além de portaria e segurança 24h, contava com quadras, campos de futebol, piscinas, praças, uma vista linda etc. Conversamos sobre o preço e decidimos dar uma resposta na semana seguinte, já que teríamos que ver quanto cada um dos dois poderia dar.
Na volta para São Paulo, Monica disse que à noite deveríamos conversar sobre o nosso casamento. Não sei se foi impressão minha, mas, de repente, ela pareceu ter ficado séria e calada.
No começo da noite, me aprontei e fui busca-la, apesar de já estar há 7 meses no Brasil, Monica seguia morando na casa dos pais. No caminho, fui sentindo uma tristeza colossal e não conseguia entender, estava feliz por ter reconquistado a minha grande paixão da adolescência, tínhamos um bom entrosamento, o sexo era espetacular e se tratava de uma mulheraça, mas ao mesmo tempo, a ideia de me casar com ela não me deixava animado e para piorar, a ideia de perde-la também não. Era algo paradoxal, queria, mas não queria.
Após pegá-la na porta, falei que tinha escolhido um bom restaurante para jantarmos, mas Monica me disse:
-A gente não poderia ir direto ao seu apartamento e conversarmos sobre o casamento?
Estranhei, mas disse:
-Claro! Qualquer coisa, depois pedimos algo para comer.
Nos sentamos no sofá, Monica estava com um semblante triste e antes mesmo de falar, deduzi o que seria:
-Renato...(longa pausa) Sei que essa ideia de casamento foi minha, mas estou convencida de que será um erro.
-Erro? Por quê? – Fingi surpresa, sendo que, na verdade, também pensava a mesma coisa.
-A gente tem vivido meses fantásticos, você é maravilhoso em tudo, na cama então, nossa! E olha que meu finado marido era um expert em sexo, mas você é espetacular. Também nos damos bem no dia a dia, veja que nesses meses todos, não tivemos nenhuma briga, mas a sensação que tenho é de que estamos tentando trazer o passado de volta, o amor que sentíamos antes e apesar de todo o entrosamento que temos, não somos mais os mesmos. O que tivemos na nossa adolescência foi lindo e ter a oportunidade de reatarmos, foi uma tentativa de trazer o passado, mas a verdade é nem você me ama mais nem eu te amo mais, apenas temos um forte laço emocional e que nunca acabará, porque para sempre, eu serei o teu primeiro amor e você o meu. Um lado meu está devastado por dizer isso, mesmo sabendo que terminaremos, mas outro sente a necessidade de dizer antes que nos casemos.
Fiquei calado com o dedo indicador entre o meu lábio superior e o nariz, olhando para Monica e refletindo. Ela me olhou com um semblante ainda mais arrasado e estranhou:
-O que foi? Te magoei?
-Não, não, Monica, estou apenas impressionado com a sintonia de pensamentos que temos. Desde que você falou em casamento, tenho refletido muito e cheguei à mesma conclusão do que você acabou de dizer. Tentei me enganar, achando que estava tudo bem, afinal de contas, quantas e quantas noites maravilhosas tivemos aqui nesse sofá, na cama, no chão, enfim, mas a verdade é que aquele amor da adolescência não existe mais. Até poderíamos seguir juntos se fosse uma questão de sexo casual, mas acredito que você mereça mais, sei dos seus planos de ter filho ou filhos.
-Sim, mas não é só isso, acho que um acordo para sexo causal seria rebaixar a história que tivemos, nos amamos quando jovens, mesmo sem termos transado, depois, já adultos, tivemos um bom namoro e um ótimo sexo por 7 meses, terminarmos agora, com a certeza de que tentamos, mas infelizmente não deu, deixa tudo mais bonito para quando vierem as lembranças no futuro.
-Concordo com tudo isso, mas só não entendo uma coisa, como posso estar satisfeito com essa conversa e ao mesmo tempo arrasado?
Vi as lágrimas descendo dos olhos de Monica:
-E você acha que também não estou? Fiquei várias noites nesse dilema, ora achando que não nos amávamos, ora achando que me arrependeria amargamente se te deixasse e acho que por isso embarquei nessa de falar em casamento, correr atrás de uma casa, mas a verdade é que as coisas não são oito ou oitenta, se continuássemos juntos não estaríamos plenamente realizados, mas se terminarmos não sairemos totalmente felizes, pelo menos não a curto prazo, porém a 2ª opção é a menos ruim.
Concordei com Monica, nos abraçamos e choramos. Para muitos, aquilo não tinha sentido, como duas pessoas podiam concordar que não existia mais amor, mas ao mesmo tempo sofrerem, mas era exatamente essa situação paradoxal que nos obrigava a termos tal atitude.
A verdade é que todos os sentimentos românticos que tive por Monica e ela por mim, foram na adolescência, deve ser por isso, que vivíamos recordando de histórias sobre o passado, íamos visitar nossa antiga escola, os locais em que namorávamos, em busca de reencontrar a magia do passado, sem nos dar conta que o passado sempre fica no passado.
Lembrei-me dos versos de um poeta angolano, chamado José Eduardo Agualusa: “Regressamos sempre aos velhos lugares aonde amamos a vida. E só então compreendemos que não voltarão jamais todas as coisas que nos foram queridas. O amor é simples, e o tempo devora as coisas simples”.
Nos despedimos tristes. Monica ainda não tinha certeza se ficaria no Brasil, a mãe já havia concordado em ir para Portugal, mas o pai seguia reticente.
Passei aquele resto de sábado e o domingo todo num bode danado, dormi muito pouco, sem saber o que faria dali em diante. Na segunda cedo, ao me ver chegando com uma cara que não era das melhores, Rubens brincou já no corredor:
-Caramba, Malandro! A carraspana foi das boas! Não vai me dizer que decidiu fazer a festinha de despedida de solteiro ontem mesmo e não me chamou?
Com uma baita dor de cabeça e sem clima para brincadeiras, respondi baixo:
-Dá um tempo, Rubens...
Ele olhou sério para Michele e ambos perceberam que eu não estava bem. Um tempo depois, ela veio me perguntar se estava tudo bem. Respondi que sim, mas não contei nada sobre o meu término, aliás, ninguém ficou sabendo.
Com o passar dos dias, as coisas foram ficando mais claras para mim, passei um pente fino em tudo o que tinha ocorrido em minha vida nos últimos meses e comecei a pensar em Michele e na tristeza que a fiz passar. De repente, tive um estalo e pensei: “Será que nessa confusão toda de sentimentos, em que me forcei a achar que amava Monica, não acabei confundindo a “pena’ que sentia por minha ex-cunhada? Será que talvez, lá no fundo, eu gostava dela, mas fui traído por minha nostalgia de adolescência que embaralhou tudo em minha mente? Não, não é possível? Ou é?”. Aquela dúvida passou a rondar minha cabeça por dias”.
Exatamente 13 dias após terminar com Monica, estava de bobeira em casa, já à noite e passei a olhar o Instagram de Michele, fiquei admirando sua beleza em cada foto e pensando em tudo que passamos juntos, até que num dado momento, tive um novo estalo e decidi ir falar com ela.
Quando cheguei, Michele devia estar assistindo uma série, usava um shortinho salmão curto e uma blusa que parecia mais um topzinho azul, pois deixava parte da barriga de fora. Ela ficou surpresa quando o porteiro anunciou minha chegada e me esperou já com a porta aberta e uma expressão de preocupada:
-O que houve, Renato? Em plena sexta à noite para você vir sem avisar só pode ser algo grave, o que é?
-Não! Fique tranquila, o assunto é sério, mas não aconteceu nada com ninguém. Podemos entrar?
Entramos e já me sentei, enquanto Michele parou em pé no centro da sala. Antes dela perguntar novamente, eu que resolvi fazer um questionamento:
-Você vai ao meu casamento?
Michele tombou levemente o pescoço para o lado direito e me olhou magoada como quem diz: “Não faz isso comigo’, mas não disse nada e eu repeti a pergunta:
-Preciso saber...Você vai?
Ela se encaminhou para o outro sofá, se sentou e disse levemente contrariada, mas com um tom de voz triste:
-Não acredito que você deixou de sair com a tua noiva para vir me perguntar isso? Quer tirar sarro da minha cara? Tripudiar?
Eu respirei fundo, me aconcheguei melhor no sofá e disse:
-Eu não sei mais se eu vou casar, mas se você não for aí que não vai dar mesmo.
Michele franziu as sobrancelhas e balançou a cabeça como que não entendendo nada:
-Mas do que você está falando? Se eu não te conhecesse, diria que tomou umas, porque isso parece conversa de bêbado.
Levantei-me e fui até o sofá dela sentando-me ao seu lado.
-O que quero dizer é que não sei se vou me casar mais, mas se for, não será com a Monica, mas sim, com você, daí, a pergunta, você iria?
Michele ficou espantada, mas parecia não acreditar:
-Renato...Você tá doido? Que conversa é essa? Descobri que até casa a Monica e você já escolheram. Se vocês tiveram alguma briguinha e está querendo afogar as mágoas comigo até se acertarem novamente, desista, não nasci para ser filial.
-Não, a Monica e eu não brigamos, mas terminamos e amanhã completará 2 semanas, você deve ter notado que fiquei estranho por alguns dias, depois posso te contar tudo com detalhes, mas só para encurtar, ambos concluímos que não nos amávamos mais, foi difícil, doído, só que foi o correto. Com o passar desses dias, comecei a refletir sobre os meus sentimentos, não sei se estou ou estarei pronto novamente para me casar, mas uma coisa não tenho mais dúvida, é com você que quero ficar e me assusta só ter descoberto isso quando já estava quase casado com Monica.
Michele engoliu seco e seguiu me olhando incrédula.
-Fala alguma coisa! – Disse abrindo os braços e querendo saber o que ela pensava.
Michele seguiu me olhando até que pulou em mim me abraçando e me beijando. Começamos a namorar, trocando muito carinhos e já estava doido para transar, mas a loirinha disse que tinha um monte de perguntas sobre o meu término e também sobre como descobri que queria ficar com ela.
Respondi a tudo detalhadamente, Michele riu e chorou ao mesmo tempo. Depois de tudo explicado, tomamos um pouco de vinho e brinquei:
-Para você, só um pouco, pois a patricinha é fraca para bebida e a quero bem acordada hoje.
-Patricinha é o...
Após 8 meses, voltávamos a nos pegar. Ela se sentou em meu colo e passou a me beijar com muito desejo enquanto eu já alisava sua bundinha por cima do shorts. Tirei sua blusinha e passei a chupar seus seios deliciosos. Em pouco tempo, ambos já estavam nus na sala, coloquei-a na posição de frango assado e vi novamente aquela bocetinha rosada de pelos loiros, chupei com maestria, senti ficando ensopada, bebi seu mel, queria que gozasse em minha boca após tanto tempo, mas Michele levantou e correu nua para o quarto, dizendo que queria que eu a comesse em sua cama.
Passamos a transar gostoso, sem pressa, de vez em quando, eu tirava meu pau e chupava sua boceta e cuzinho, depois voltava a socar. Foi uma noite longa, gozei 3 vezes e ela pelo menos 4. Dormimos completamente exaustos.
No outro dia, durante o café, para dar certeza a Michele de que agora não seria mais sexo casual, disse que que gostaria que todos que nos conheciam soubessem que estávamos juntos, inclusive nossos filhos.
Passamos a sair como namorados, tínhamos programas como nossos filhos, mas também só nossos.
Algum tempo depois, o projeto do nerd que tínhamos investido ficou pronto e após apresentarmos a algumas empresas, acabamos vendendo-o por uma quantia absurda para uma empresa americana, era praticamente um prêmio da mega sena para cada um dos 3. Imediatamente, Rubens e eu nos despedimos dos trambiques, não sem antes agradecermos muito ao deputado Kikinho e mais alguns caciques que faziam parte dos esquemas.
Após mais alguns meses, decidi comprar uma boa casa num condomínio fechado e chamei Michele para ver, mas disse que era para eu e Thiago morarmos. Ela ficou maravilhada, era algo que só víamos em filmes. No meio da conversa, disse:
-Essa casa só tem um problema...
-Qual?
-É grande demais, por isso, vou ter dar uma moralzinha e deixar você e a Luna morarem aqui também.
Michele gargalhou e disse me abraçando.
-Palhaço! Isso é jeito de dizer que vamos morar juntos.
Michele e eu, além de nossos filhos, passamos a viver os 4 na nova casa. Para não ficarmos o tempo todo sem uma ocupação, decidimos que mais a frente, montaríamos um negócio para seguir recebendo novos projetos de novas startups, mas algo que tomasse apenas uma parte do nosso dia. Entretanto, no começo aproveitamos para viajar como se fosse uma longa lua de mel.
Sobre Evelyn, por um bom tempo deixei que a mesma visse nosso filho, na casa dos avós dele. Com o passar dos meses, ela mudou muito e creio que para não pirar depois do que viu, acabou virando religiosa, mas não dessas xaropes fanáticas, porém seu jeito de se vestir mudou muito e demonstrou estar arrependida, principalmente depois de saber que até com cigarro acesso nosso filho foi ameaçado. Nunca trocamos mais do que um “Tudo bem?’, mas também nunca mais brigamos.
Quanto ao meu irmão e minha mãe, esses eu já tinha riscado da minha família. Conversava vez ou outra com minha irmã e meu cunhado que eram de Minas.
Sobre Monica, ela acabou indo para Portugal com os pais, espero que um dia arrume um novo amor. Se existisse uma máquina do tempo, como nos filmes de ficção, não só eu, mas todos gostaríamos de voltar a um ou a diversos momentos de nossa vida para vive-los novamente com mais intensidade, quem sabe corrigindo algumas coisas, ou mesmo se fosse para voltar ao passado só por um minuto, quem não gostaria de poder dar um abraço em alguém que já se foi ou dizer algo que não teve tempo? Mas infelizmente, isso não é possível, assim como não foi possível reproduzir o amor que senti por Monica na adolescência no presente, ficaram só as lembranças e a certeza de que tinha que viver o presente, e o meu presente era com Michele.
FIM