As Irmãs Ferreira #11

Um conto erótico de Ceci
Categoria: Homossexual
Contém 1933 palavras
Data: 17/09/2023 00:22:42
Última revisão: 27/12/2023 18:16:58

Acordei em um quarto de hospital, eu estava meio grogue, olhei do lado e Patrícia estava sentada do meu lado lendo um livro, demorei um pouco para entender o que estava fazendo ali, aí lembrei da minha mãe e tentei me levantar mas não consegui, Patrícia viu eu me mexer e pediu para eu ficar quieta que eles tinham me sedado e ia levar um tempinho até eu conseguir andar normalmente

Eu perguntei da minha mãe, ela me olhou com um olhar triste e só disse que sentia muito e me abraçou, ali eu entendi que minha mãe tinha partido dessa vida, eu chorei no abraço confortante de Patrícia

Me lembrei de Clara e achei estranho ela não estar ali com a mãe e então perguntei Patrícia porque ela não estava ali, Patrícia disse que Clara não fazia ideia que a mãe estava no hospital, até uma semana atrás ninguém sabia do real estado de saúde dela a não ser o seu médico e o advogado

Minha mãe pediu para não avisar Clara porque não queria que ela deixasse os estudos para ficar com ela e ela só ia entrar de férias na segunda semana de dezembro que era exatamente a semana que a gente estava

Patrícia também disse que minha mãe só contou para Ana porque queria me ver antes do seu coração parar de vez e ela sabia que Ana tinha como me localizar, eu ouvi aquilo e me lembrei do que minha mãe me disse, da promessa que fiz, mais uma vez minha vida iria mudar completamente, eu teria que voltar para nossa fazenda, e provavelmente eu me encontraria com Clara em breve

Depois de algum tempo o advogado da minha mãe apareceu no quarto que eu estava, me deu suas condolências e disse que eu podia ficar tranquila que ele iria cuidar de tudo, minha mãe tinha deixado tudo pago para seu funeral e enterro, ele ficou responsável por tudo, ele também me disse que assim que eu pudesse era para eu ir no seu escritório porque minha mãe tinha passado tudo em vida pro meu nome e pro nome de Clara, ele só precisava que a gente assinasse uma papeis mas que não teria pressa

Eu agradeci ele e disse que assim que pudesse iria no escritório dele e a gente conversaria porque no momento eu não estava com cabeça para pensar nesses assuntos, ele disse que não tinha problema, se despediu e saiu

O médico foi no meu quarto e depois de algumas recomendações me liberou, eu fui para casa de Ana junto com ela e Patrícia, lá tomei um banho, peguei uma roupa emprestada com Patrícia e a gente foi pro velório que seria na fazenda, Jorge nos levou de carro, seu Sebastião foi com a gente também

Quando cheguei na fazenda fui recebida por alguns dos peões que eram meus amigos e ainda trabalham ali, recebi alguns abraços deles e os pêsames, tinha muitas pessoas que eu conhecia do meu tempo ali, alguma esposas dos peões e familiares, procurei falar com todos antes de entrar, logo começou chegar alguns parentes da minha mãe e amigos da família, uns veio falar comigo e outros nem me olharam

Um dos peões trabalhava ali a muito tempo disse que precisava conversar comigo em particular depois, eu disse que assim que pudesse eu falaria com ele, logo vi Rodolfo e a esposa chegar, aí chamei Patrícia e segui para dentro de casa, quando entrei deu um aperto no coração, eram muitas as lembranças que aquela casa me trazia, boas e ruins, fui pro meu antigo quarto e estava tudo como deixei, vesti uma roupa minha e disse a Patrícia que depois eu devolvia as dela

O dia já estava escurecendo quando vi o carro da funerária chegar com o corpo da minha mãe dentro de um caixão, naquela hora eu não consegui segurar as lágrimas, chorei nos braços de Patrícia que não tinha saído do meu lado desde que a vi no hospital

O caixão foi colocado na sala, tinha muita gente na fazenda, mas foi ficando tarde e algumas pessoas foram saindo, quando deu 23 horas já tinha pouca gente ali, eu fui até o caixão, não foi fácil ver minha mãe ali sem vida, segurei sua mão e me despedi dela pela última vez em pensamentos, quando fui sentar eu quase cai porque minhas pernas perderam as forças por um momento, Patrícia que estava do meu lado me amparou

Voltei a sentar, dona Ana me deu um copo com água, eu enxuguei minhas lágrimas e bebi a água para tentar me acalmar, era nítido a tristeza no rosto de cada pessoa ali naquela sala, minha mãe era muito querida por todos que estavam ali, na maioria era pessoas que trabalharam com ela por muito tempo como Ana e Sebastião

Eu estava sentada quase de frente para porta então pude ver quando parou um taxi do lado de fora, logo a porta de trás se abriu e um rapaz alto de cabelo loiro muito bem arrumado desceu, não o reconheci, era um estranho para mim, ele deu a volta e abriu a outra porta, se abaixou como se tivesse ajudando a outra pessoa a sair, quando a pessoa saiu meu coração veio parar na boca, mesmo com a claridade meio fraca das luzes do lado de fora eu reconheci aquela pessoa, era Clara com certeza, o rapaz a abraçou e ela veio em direção a casa apoiada nele, eu estava paralisada vendo aquela cena, ela veio em direção a porta de cabeça baixa, provavelmente estava chorando, quando ela levantou a cabeça nossos olhares se cruzaram, eu pode ver aqueles olhos azuis me olhando direto, minha reação foi me levantar e sair em direção ao meu quarto o mais rápido possível, Patrícia veio atrás de mim

Eu entrei e assim que ela entrou eu pedi para ela trancar a porta

Patrícia: você não vai poder fugir dela para sempre Ceci

Ceci: eu sei mas não quero vê-la e muito menos falar com ela agora

Patrícia: e vai ficar trancada aqui até quando?

Ceci: eu não sei, só sei que lá eu não vou e não quero que ninguém entre aqui além de você ou sua mãe

Patrícia: quer que eu fique aqui com você?

Ceci: quero sim, se você puder poderia dormir aqui comigo essa noite, não quero ficar sozinha

Patrícia: claro, só vou ficar lá mais um pouco e avisar minha família que vou ficar aqui

Ceci: fala para sua mãe que se ela quiser pode dormir aqui, ela conhece a casa e pode arrumar um quarto para vocês ficarem, a casa é grande

Patrícia: tudo bem eu vou falar mas provavelmente ela vai pra casa e volta amanhã pro enterro

Pedi para Patrícia trancar a porta quando saísse e levasse a chave com ela, me joguei na cama e fiquei pensando

O rapaz do lado dela provavelmente é o tal namorado, talvez já seja até noivo ou marido vai saber, eu lembrei das promessas que fizemos e comecei a sentir aquela dor no peito que a algum tempo eu não sentia, eu não podia acreditar que eu iria passar por aquilo tudo de novo

Fiquei ali com aqueles pensamentos me atormentando até que ouvi o barulho da chave na porta, era Patrícia, ela disse que a família dela preferiu ir para casa, que Jorge ia levá-los e de manhã estariam de volta

Só tinha uma cama no quarto então perguntei Patrícia se ela não se importava de dormir comigo e ela disse que não seria problema, vestimos uns pijamas meus e nós deitamos, eu não consegui dormir, não tinha como, Patrícia ficou conversando comigo um bom tempo mas depois acabou dormindo

Eu não consegui pregar o olho, quando deu 5 da manhã eu levantei devagar, procurei uma caneta e escrevi um bilhete para Patrícia avisando que eu tinha saído para tomar ar, que não voltaria pro enterro porque eu já tinha me despedido da minha mãe, que não era para ela se preocupar que eu iria ficar bem e provavelmente voltaria a tarde ou iria para casa dela na cidade no inicio da noite

Vesti uma roupa e sai do quarto com cuidado depois de deixar o bilhete para Patrícia, não tinha ninguém no corredor mas ouvi algumas vozes vindo da sala, provavelmente algumas pessoas tinha passado a noite ali, sai em direção a porta dos fundos, abri e dei a volta por trás do celeiro, quando cheguei no curral pensei em um lugar para eu ficar em paz e só veio um em minha cabeça

Para não arriscar ser vista eu prossegui a pé mesmo, atravessei as cercas e fui caminhando em direção ao rio, eu iria pro meu lugar secreto, só Clara sabia dele e com certeza ela não iria fazer questão nenhuma de contar a ninguém

Foi uma caminhada demorada, meus pensamentos estavam a mil, eu estava com um pouco de fome mas eu aguentaria até a tarde, provavelmente quando eu voltasse Clara já teria ido embora e se não tivesse eu iria para casa da Patrícia até ela ir

Cheguei na árvore de óleo, o tempo estava nublado então o dia ainda estava meio escuro, provavelmente já era mais de 6 da manhã mas as nuvens não deixava o sol aparecer, mesmo assim eu desci para o beirada do rio, quando cheguei no local que eu um dia gostei tanto me sentei em um canto e olhei o local, ele me pareceu tão triste como eu naquele momento

Como era época de chuvas o rio estava com um volume de água muito maior e não dava mais para ver a pequena praia, as águas estavam sujas e com a correnteza mais forte, eu rezei para não chover ou talvez eu teria que sair dali ou ficaria ilhada nas pedras

O enterro estava marcado para as quatorze horas então provavelmente lá pelas dezesseis eu poderia voltar, o problema é que com o tempo nublado e eu sem relógio ia ser mais complicado de saber a hora de ir, mas eu daria um jeito

Eu fiquei sentada ali naquelas pedras pensando na vida, como seria dali para frente, não achava um jeito de seguir sem ter que encontrar com Clara em um futuro próximo, isso me deixava agoniada

Eu mudei de lugar algumas vezes, joguei algumas pedras no rio pra distrair a cabeça, o dia já estava claro a um bom tempo, provavelmente já era quase hora do almoço, eu estava com fome mas era algo suportável, resolvi deitar em um canto, fiz uma pedra de travesseiro e fiquei olhando as folhas das árvores que balançavam sobre mim

Foi passando um filme pela minha cabeça, fui lembrando do dia que minha mãe entrou naquela casa de adoção até o nossa última conversa no hospital quando ela morreu nos meus braços, não deu para segurar o choro

Eu não sei o que aconteceu, mas provavelmente o cansaço e o sono me fizeram apagar ali deitada naquelas pedras, eu acordei com alguém me balançado pelo ombro e chamando meu nome, eu nem precisei abrir o olho pra saber quem era

Quando olhei tive a certeza que era ela

Clara: eu sabia que você estava aqui!

Acorda que temos muito o que conversar Ceci

Eu não podia acreditar que ela tinha ido ali me procurar, ainda por cima queria conversar depois de tudo que ela fez!?!

Eu não queria saber de nada dela, não queria nem ver a cara dela, imagina conversar depois dessa tempo todo

Eu estava decidida, eu não tinha nada para falar com ela

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Continua....

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Comentários

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Que coisa maravilhosa, saiu mais um 👏👏👏👏👏👏 tá na hora de Cecília ouvir Clara toda história tem dois lados

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Nossa que bom esse foi liberado rápido, tomara que Ceci esfria os pensamentos é escute o que a a Clara tem a dizer, é tomará que o que a mãe dela falou seja mentira, assim eu espero.

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Quando não vai pra análise é rápido, uns 5 minutos no máximo depois que a pública o site libera pra leitura

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Sai outro hoje?

Estou esperando 😃🐈😃😃😃😃😃

Na hora do melhor momento acaba .kkkkk

Parabéns 👏👏👏

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Foto de perfil de JESSICA ALVES

Concordo com vc Paulo, tá na hora da Cecília baixar a guarda.

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Quem teve o coração ❤️ machucado demora para secuperar .

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Sim exatamente, baixar a guarda e ouvir o que o amor da vida dela tem a dizer.

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