Meu loirinho marrento | 02

Um conto erótico de Pietro G. M. de Lostro
Categoria: Homossexual
Contém 2529 palavras
Data: 26/01/2020 06:44:23

Salve galera, tudo beleza?

Eu peço perdão pela demora em postar o segundo capítulo, mas eu acabei nem lembrando na correria das férias kkkkkkkkkk

Eu agradeço de coração por todo mundo que leu e por cada um que tirou um tempinho pra fazer um comentário, eu curto muito ler a opinião dos outros.

No próximo vou tentar dar mais destaque pros comentários, mas eu li todos com muito carinho.

É isto, tá aí o segundoDepois do nosso rolê pós-formatura, eu fiquei um bom tempo sem ver o Guilherme. Ele estava atravessando uma época difícil por muitos motivos, sobretudo por causa da nossa amiga que ele gostava.

A verdade era que ninguém mais suportava ouvir as deprês dele porque ele e a Gabriela só tinham ficado duas vezes, e aquilo tinha sido em meados do segundo ano. Mais de um ano tinha se passado e ele nunca esqueceu aquela história e continuava agindo como se fosse o fim do mundo ela não querer ele, era uma percepção completamente fantasiosa da parte dele, e isso acabou afastando todo mundo porque ninguém estava disposto a saber.

Eu só fui romper o gelo que se instalara entre nós semanas depois, comentando no privado sobre uma matéria, a respeito de política internacional, que ele havia compartilhado numa rede social. Ficamos dias seguidos nos falando, engatilhando assuntos uns nos outros. Foi um alívio aquela semana, cheguei a comentar com o pessoal que tinha voltado a falar com ele, eu sempre arrumava um jeito de falar sobre ele.

Porém, o que me entristecia era que ninguém chamava ele para sair mais. Ele nunca estava presente, e eu sempre arrumando desculpas para perguntar pela ausência. Sempre desconversavam, davam uma ignorada, então eu não insistia. Eu mesmo não chamava para não dar pala de obsessivo, e também para não gerar nenhum clima estranho com o pessoal. Mas aquilo estava prestes a mudar.

Os meus pais eram separados havia mais de um ano naquela época, foi um período complicado. Tivemos que nos mudar da chácara em que morávamos e fomos morar no centro da cidade, o que eu odiava. Eu era da vibe de ver mato, morar no sossego, viver rodeado de gente o tempo todo, fazendo barulho sempre, quase me matou.

Eu saía muito, bebia muito, cometia excessos em tudo o que fosse negativo para a minha saúde e para os que me cercavam, sempre tentando manter a discrição. Porém a casa (quase) caiu. Minha mãe encontrou garrafas de bebidas, cigarros de palha, pontas de baseados e um dichavador fuçando nas minhas coisas. Surtou, ameaçou me mandar para fora do país para morar com a minha irmã, enfim, um grande rebuliço da qual eu consegui sair com muito custo.

O ponto é que, na entrada daquele ano meus pais voltaram a se relacionar e depois de algum tempo nos mudamos de novo, justamente para o bairro do Guilherme. A cidade era pequena, tinha vários outros amigos naquele mesmo bairro, e mesmo cada um morando em uma parte, não era de fato distante.

Eu já tinha perdido as esperanças de voltar a ter uma relação íntima com ele, em quesito de amizade mesmo, mas só de fantasiar que eu poderia encontrar ele na padaria, por exemplo, minha mente disparava a milhão. Mil hipóteses que nunca saíram da minha cabeça, até eu decidir tomar uma atitude.

Àquela altura, estávamos quase em fevereiro, algumas semanas para o carnaval começar. Lembro que a agitação era generalizada. Todo mundo só falava do carnaval, e faziam planos, etc. Brasileiros. Foi aproveitando a necessidade festiva dos meus amigos e uma viagem de duas semanas dos meus pais para Fortaleza, que eu decidi dar uma festa.

Era a ocasião perfeita, estávamos todos para começar a faculdade e eu tinha de estrear a casa nova oficialmente. Pretextos armados, peito cheio de expectativa, comecei a organizar o evento. Chamei geral que eu conhecia, que não era pouca gente, agitei e marquei para o fim de semana que estava chegando, jogo rápido. Minha ansiedade era mesmo chamar ele. Sabia que era a ocasião perfeita para me reaproximar. Todo mundo alto, clima de festa, o tipo de coisa que desencadeia reações intensas nas pessoas.

Eu já havia colocado ele no grupo, mas na noite de sexta eu decidi mandar mensagem para confirmar e puxar um assunto. Eu lembro de tudo com tanta clareza e detalhes que poderia facilmente dizer que foi ontem o ocorrido. Infelizmente o que eu recebi foi um banho de água fria para ficar esperto.

Lembro de ter perguntado se ele iria no dia seguinte à minha festa, ao que ele respondeu que “talvez, não sabia ainda”. Era óbvio. Ele vinha desmarcando tudo que chamavam ele, quando chamavam, não havia motivos para ele ir justo à minha casa, onde veria todos os amigos dele. A decepção foi tão grande que nem respondi, guardei o celular e fui dormir pensando pela milésima vez que otário quem estava sendo era eu.

No dia seguinte eu acordei tarde, tomei banho, comi, e chamei alguns amigos mais próximos para passarem o dia comigo, acabou dando em resenha. Fizemos churrasco para almoçar, começamos a beber, ouvir música, zoar, e naquelas foi entardecendo na promessa de que a noite prometia. Prometeu e cumpriu.

No começo da noite a galera foi chegando, e cada vez mais gente, e eu cada vez mais louco. Só sei que em dado momento já tinha uma galera que tinha chegado de tabela, por serem amigos dos convidados, e tudo numa boa, nada fora do controle, mas todo mundo a vontade. Eu já estava num estado de só carregar o copo de um lado para o outro porque se bebesse mais ia dar merda, um baseado atrás do outro, e no meio da brisa eu subi para o meu quarto para dar uma respirada.

Acabei tomando banho e parando para ver o celular, foi quando as coisas ficaram interessantes. Eu já tinha a desculpa de estar bêbado e a festa estava estralando, a ideia de chamar o Guilherme era a única coisa que passava na mente. Nem ponderei, só agi.

“Viado, cadê vc? Tá lotada a casa, geral tá tri já, encosta pra ver, qualquer coisa vc vaza. Mas eu quero mt que vc venha. Tô morando aqui pra baixo do hotel, vou mandar a localização.”

Essas foram as mensagens que eu mandei aquele dia, na íntegra, recolhidas da nossa conversa que eu nunca apaguei. Vi ele receber e visualizar, mas nem esperei a resposta por medo da decepção. O convite estava feito, eu ia curtir.

Desci do jeito que estava, descalço, só de bermuda, e fui fazer o meu rolê sem preocupação. Tempos depois eu já nem lembrava das mensagens, não estava na paranoia se ele ia ou não, mas fiquei surpreso quando vieram me avisar que ele tinha realmente aparecido.

—Pietro, bora lá na frente que o Guilherme tá lá e tá te procurando. – Veio me chamar o Enrico, parceiro nosso.

Rapaz, eu voei que nem bala pelo jardim. Do nada eu estava olhando para ele, parado na calçada mexendo no celular. Não sei se naquele momento era pela bebida, ou já o sentimento que eu mais ou menos sabia que tinha por ele, mas eu não cabia em mim de felicidade. Pulei no pescoço dele e dei um abraço fortão, de quem não vê faz tempo, ele deve ter até estranhado, nunca perguntei. Xinguei ele de um monte de palavrão, estava claramente embriagado.

—Otário, achei que cê nem vinha, vai ficar pra fora.

—Quem não responde é você, tô aqui faz cota já, mais de quinze minutos e nada. – Estava felizão de ouvir a voz dele, só conseguia pensar em que moleque daora ele era.

—Eu não tô com o celular aqui, entra aí, era só abrir o portão porra.

—Eu não, primeira vez que eu venho aqui.

E de conversinha levei ele para dentro e fomos encostar no pessoal. Todo mundo agiu normal e ficou até feliz em ver ele saindo de casa. Para mim estava perfeito até ali, não pediria mais nada se me oferecessem.

Acabou que ele começou a beber também, e todo mundo que estava o dia inteiro comigo já estava alto, ficamos muitos loucos. Só assunto bosta, eu gostava muito de passar o tempo com eles. No meio da tiração a gente se ouriçou para tentar se derrubar na piscina e foi aquele negócio.

Estava todo mundo curtindo, mas eu não sou muito chegado em brincadeira na borda de piscina, então saí rápido e fui ficar nas cadeiras, para continuar acompanhando tudo, mas sem me machucar. E aí ele sentou do meu lado.

—Saiu por quê? – Era a primeira vez desde a formatura que eu via ele pessoalmente, tinha até esquecido como socializar de maneira natural.

—Trauma né. – Eu disse apontado para a cicatriz no canto do meu lábio inferior. Tinha ganhado ela batendo a boca na borda da piscina. Ele sabia daquela história, todo mundo sabia, então eu não precisava explicar.

—Ah é. – Momento de silêncio. —Tá daora a festa mesmo, valeu por me chamar. Ninguém me chama pra nada mais, não aguentava mais ficar em casa. – Eu sabia que aquela conversa ia chegar. Só não ali, nem naquele momento.

—Ah mano, quem se afastou um pouco foi você né.

—Como assim?

—Ué, “como assim”. Assim mesmo, quando te chamam você não vai.

—É que eu não curto muito sair de casa, cê sabe, eu tenho preguiça. – E aquilo não era mentira, ele sempre foi caseiro.

—Eu sei, mas ninguém te chama à toa né velho. É pra passar um tempo com a sua galera, tá todo mundo junto ainda depois que a escola acabou e só você de canto. Nem parece que a gente se conhece mais. – Nem vi e estava desabafando já. Na real, ninguém demonstrava sentir tanto a falta dele, era mais eu que estava magoado mesmo.

—Oloco, mas eu ainda falo com os moleque. A gente foi jogar sinuca no Brunão dia desses, cê que não foi nesse dia.

—Tô ligado, esse dia eu não podia ir. Eu também nem sou muito chegado nele. Mas aquele negócio, não é a mesma coisa.

—Você mesmo disse que as coisas mudam. As coisas mudaram, uai. – Eu realmente tinha dito, mas não se aplicava ali. Eu disse aquilo quando todo mundo estava no auge do nervosismo com o fim do ensino médio, era um consolo, não uma despedida.

—Tá, mas quando eu disse isso eu quis dizer que as coisas deveriam mudar pra melhor, não pra pior. Você se afastando não é uma boa mudança, o que eu faço com a falta que eu sinto? – Foi eu terminar a frase para entender que tinha falado demais. Eu tinha acabado de me declarar e, claro, ele não ia deixar passar batido. A risada foi instantânea.

—Eu não sabia que você sentia a minha falta! – Na ideia de que eu já tinha dito muito, e que eu não queria ser zombado, nem respondi, só bufei e fiquei olhando para o povo na piscina. Ninguém fazia ideia do que a gente estava falando. E com a minha omissão, mais um silêncio dantesco se instalou, e só foi quebrado quando ficou constrangedor demais. —Me empresta uma roupa sua aí, tô todo molhado. – Tinham jogado ele de tênis e tudo na piscina.

—Vamo lá, eu vou pegar pra você.

Subindo as escadas eu só pensava no quão burro eu era. Certeza que ele ia contar para geral o que eu tinha dito e se eles já não suspeitavam, iam ter certeza que alguma coisa estava rolando comigo e eu não tinha contado. Eu tinha acabado de assinar a minha carta de morte com aquela declaração bizarra. Eu podia dizer que não lembrava.

—Pega aí no armário. – Sentei na cama para esperar ele terminar de escolher e peguei o meu celular para olhar. Um monte de mensagens dele. Idiota.

—Pega uma toalha lá pra mim, por favor. – Quando eu olhei ele estava nu. Não teria me constrangido em qualquer outra situação porque era normal para nós trocarmos de roupa na frente um do outro, mas depois do que tinha acontecido eu com certeza estava com vergonha.

Levantei para buscar uma toalha e esperei ele se secar e se vestir. Assim que ele terminou peguei as roupas molhadas do chão e coloquei no meu cesto de roupa suja.

—Depois você vem aí buscar e traz as minhas roupas de volta, vamos descer. – Já ia me dirigindo à porta quando ele me puxou.

—Olha, é sério, eu não sabia mesmo que você sentia a minha falta. – De novo aquela porra de assunto! Eu só não sabia o que falar então me calei, de novo. —Cê nunca falou nada, sempre cagou pra mim. Mas cê tá ligado que eu gosto de você, pra caralho, de verdade. – Pelo menos eu estava mais aliviado. Tanto por ele também estar agindo meloso, quanto por me dizer aquilo. —Eu já disse uma vez que você era a pessoa que mais me entendia, e papo reto, é mesmo! Tô feliz que eu faço falta.

Talvez eu não consiga transmitir em palavras, mas naquele momento eu era o cara mais em paz do mundo. Ele nem imaginava que o que eu sentia por ele ultrapassava o limite da amizade, mas só aquilo vindo dele era o suficiente. Abracei ele de novo, e daquela vez, por abraçar mesmo. Apertei ele e sem nem pensar deitei a cabeça no ombro dele. O cheiro dele era incrível, me arrepiava a sensação do corpo dele no meu.

—Só não some mais, beleza? – Falei baixinho para ele ouvir. Já tinha ultrapassado a parte constrangedora, o que viesse era lucro.

—Pode deixar.

Ficamos um tempo curtindo o abraço um do outro. Eu passava a mão nas costas dele de cima a baixo, sentindo a musculatura. Ele era quente, eu me perderia fácil naquele abraço por dias. Ele repetia o mesmo movimento que eu, mas dedilhando as minhas costas, dos meus ombros até quase a minha bunda. O contato foi tão íntimo que eu comecei a me excitar, então me afastei.

—Dorme aqui hoje, vou mandar todo mundo embora cedo, o pessoal vai dormir aí também.

—Pode pá, é até melhor pra eu não chegar assim em casa. – Ele começou a rir.

—Tô louco também irmão.

Acabou que a gente desceu e por volta das quatro da manhã eu desliguei o som e as pessoas foram indo embora. Aquela festa rendeu muitos boatos de muita coisa louca, cheguei a ficar com medo de arrastarem a minha imagem, mas correu tudo bem.

Naquele dia, a gente amanheceu junto, queimando um e relembrando as histórias do ano anterior. Estava para começar uma fase louca das nossas vidas e a gente só imaginava, éramos jovens entrando na vida adulta.

Toda vez que eu olhava para o Guilherme o olhar dele capturava o meu e eu sabia que ele também estava pensando no momento que havíamos tido no quarto. Não era incomodo, tinha ficado bem claro o que aquilo tinha sido para os dois. Naquele momento selamos um contrato, e ali recomeçava a nossa históriaEspero que tenham gostado e prometo que vou tentar postar mais rápido o próximo.

Valeu galera, vcs são demais!!!

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Comentários

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Me fez lembrar de um garoto que conheci em Belém do (Pará), fiquei um mês com esse garoto, o nome dele é Guilherme, loirinho dos olhos Azuis, esse garoto teve sua infância em uma cidade próxima de Goiania, nessa época ele tinha 18 anos, eu tinha 19 anos, só sei que os pais desse garoto ainda mora em Goias, se chama Joelnir Proeza. Nessa época o Guilherme Proeza foi a paixão da minha vida. Voltei para Goiania com meu coração partido.

( https://www.facebook.com/leandro.ferreirabraga )

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Ah poxa... fiquei relutante de ler pq vi que tu nao postava a bastante tempo e dps de tanto procrastinar decidi ler... to encantado, full gostando da história , logo na hr que o lance ia começar tu sumiu? Volte ja aqui, rapazinho. Continue por favor!

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Muito foda seu conto man, espero que continue interessante, só não demore a postar!

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A narrativa dessa história é incrível. Os personagens são interessantíssimos, e ela tem grande potencial. Estou muito ansioso pela continuação...

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MARAVILHA DE REENCONTRO. PENA QUE ESTAVA BÊBADO E CHAPADO.

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