Do jeito que o diabo gosta

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 18764 palavras
Data: 09/03/2018 17:20:42

Do jeito que o diabo gosta

Eu encarava o céu de um azul límpido e um punhado de nuvens estagnadas devido ao calor daquela tarde de inverno, enquanto o pintão do Edivan esfolava meu cuzinho num vaivém que já durava mais de quinze minutos. Eu estava completamente nu, deitado de costas sobre as folhas recém-desbastadas do milharal, que já tinham deixado vergões sobre minha pele sensível e branca. O Edivan segurava minhas pernas abertas pela parte de trás na altura dos joelhos e, como se estivesse fazendo flexões, abaixava-se sobre meu corpo e erguia-se fazendo saltar os músculos dos braços e do torso nu e suado. O cacetão tão duro e rijo quanto uma barra de ferro percorria o trajeto entre os meus esfíncteres anais e as profundezas das minhas entranhas com a determinação lasciva e sedenta de um macho insaciável. Não fossem os sons que emitíamos, o milharal estava imerso no silêncio, nenhuma brisa fazia as folhas farfalharem.

- Ain, ain, ain. – escapava dos meus lábios, como uma espécie de ganido agudo.

- Hun, hun, hun. – saía da boca do Edivan, num soar gutural que vinha do fundo de sua garganta.

O vaivém cadenciado se transformou em movimentos estaqueantes de seus quadris contra meu reguinho espraiado, o sacão dele batia nas minhas nádegas e rola mergulhava toda em mim. Meus dedos estavam cravados em suas costas. Ele estava no quinto destes movimentos e, juntamente com cada um deles, um jato farto de porra escorria nas minhas entranhas, quando o rosto transfigurado do meu pai surgiu do nada.

- Filhos de uma égua! – berrou ele, ao mesmo tempo em que levantava a enxada deixada entre as leiras do milharal com a qual o Edivan estava carpindo o mato.

Eu girei meu corpo tão rápido invertendo nossas posições para proteger o Edivan do golpe que, ao baixar o cabo da enxada sobre nós, ele acertou minhas costas num baque surdo que cortou minha respiração por alguns instantes. Só então o Edivan viu aquele rosto tomado de um ódio mortal. Antes que o cabo da enxada descesse mais uma vez sobre mim, o Edivan o agarrou e o arrancou das mãos do meu pai. Com as mãos livres, nosso pai me puxou pelo pescoço arrancando-me de cima do Edivan. Só então o caralhão dele saiu do meu cuzinho e eu gritei, mais pela dor da passagem da cabeçorra do que pelas mãos que tentavam me estrangular.

- Veado desgraçado! – gritava o velho enfurecido, sem afrouxar as mãos do meu pescoço.

O Edivan deu-lhe uma chave de pescoço obrigando-o a me soltar. Eu caí de joelhos diante dos dois e procurava desesperadamente pelo ar que me faltava. Assim que recuperei as forças, saí correndo a esmo pelo milharal, completamente nu e segurando minhas roupas junto ao peito. Fui parar debaixo de uma mangueira centenas de metros adiante, sem fôlego e chorando de desespero. Uma sentença de morte pairava sobre mim e estava prestes a ser executada, eu só não sabia quando nem como. Logo iria descobrir.

Quando meu pai, viúvo, se casou com minha mãe trouxe consigo o Edivan, com oito anos, filho de seu primeiro casamento. No primeiro ano de casados nasceu o Geraldo e, no terceiro, nascia eu, Luis Paulo, de um parto complicado que pôs fim às chances de minha mãe voltar a engravidar. Por alguma obra do destino eu sempre fui mais apegado ao Edivan do que ao Geraldo, com quem brigava por qualquer besteira, ocasiões nas quais também costumava levar alguns sopapos dele. Era o Edivan que intervinha sempre a meu favor, embora nem sempre eu estivesse com a razão. À medida que ia crescendo, fui me tomando de amores por ele. Se tivesse que repartir alguma coisa era com ele que o fazia. Se fosse para ajudar um dos dois nas tarefas do sítio era o Edivan que eu ajudava. Se fosse para tomar o partido de alguém era o dele que eu tomava. Cresci idolatrando-o e, quando cheguei tardiamente à adolescência, irrequieto com aqueles hormônios que estavam a remodelar meu corpo, comecei a sentir tesão por aquele queixo anguloso já revestido por uma barba hirsuta, por aqueles músculos trabalhados ao sol na lida do campo e, por aquele volume indiscreto que se alojava debaixo da sua cueca. Praticamente ao mesmo tempo, o Edivan redobrava seus cuidados comigo. Eu costumava surpreender seu olhar pousado em mim, notava seu jeito desconcertado quando me via debaixo do chuveiro ou quando nadávamos pelados no açude, flagrava-o ajeitando a rola dentro das calças cada vez que eu brincava com ele tocando seu corpo com minhas mãos sem malícia. Até que numa noite, quando o Geraldo tinha viajado com nosso pai até Montalvania para adquirir umas vacas, ele me encarou quando entrei no nosso quarto vindo de uma ducha no banheiro. Era tarde e minha mãe dormia no quarto ao lado. Ele puxou o lençol debaixo do qual estavam suas mãos assim que entrei no quarto e fechei a porta. Só havia uma luz fraca iluminando o cômodo, vinda de um abajur que ficava sobre uma mesinha entre as três camas. Mas, meus olhos focaram diretamente na ereção que se empinava entre as coxas peludas dele. Ele sorriu para mim, eu devolvi o sorriso. Caminhei até ele e me sentei em sua cama. Ele pegou numa das minhas mãos, levou-a a boca e a beijou, depois a baixou sobre a ereção. Seu membro era quente e consistente, deu uma empinada como um potro selvagem quando minha mão se fechou ao redor dele. Nossos olhares se cruzaram e, ficaram um longo tempo se encarando em silêncio.

- Quero sentir você me chupando. – disse ele, quebrando o silêncio num sussurro que mais parecia uma súplica carregada de desejo.

Inclinei-me na direção do mastro que segurava na mão, um perfume almiscarado emanava de sua virilha pentelhudas, toquei meus lábios com tanta suavidade sobre a cabeçorra arroxeada que ele deixou escapar um gemido. Inseguro, mas curioso, fui abocanhando cada vez mais avidamente aquele cacete que pulsava cheio de tesão. Senti um fluido delicadamente salgado e adstringente inundando minha boca enquanto sugava, ele emitia sons roucos que tentava sufocar antes de chegarem à boca. Minha mão deslizou ao longo da pica até as pontas dos dedos mergulharem nos pentelhos grossos, toquei delicadamente no sacão e o coloquei inteiro na palma da minha mão. Ele era pesado e as duas bolonas enormes se moviam debaixo da pele acompanhando os movimentos dos meus dedos. Fui lambendo a jeba lentamente até chegar ao sacão, afastei os dedos e coloquei uma das bolonas na boca sem me importar com o tufo que pentelhos que também encheu minha boca. Massageei o culhão com a língua preso entre meus lábios cerrados. O Edivan se contorcia de prazer e isso me deixou feliz. Pouco depois de voltar a engolir a cabeçorra, ele gozou na minha boca. Ergui mais uma vez meu olhar na direção do dele. Ele sorriu. Eu engoli um jato após o outro, sorvendo e me deliciando com aquele sumo másculo e quente.

Desenrolei a toalha da cintura e deitei-me ao lado dele. Toquei seu rosto e beijei seu queixo. Ele me apertou em seus braços e mergulhou sua língua da minha boca. Por uns dez minutos elas não se soltaram, saboreávamos um ao outro, enquanto lá fora um coaxar de sapos enchia a noite. Depois de nos encaixarmos em conchinha, ele ficou brincando com um dos meus mamilos, apertava-o entre os dedos para depois acaricia-lo com toda delicadeza. Sua respiração resvalava no meu pescoço, quente e excitada. Eu fleti uma das pernas e ele me encoxou.

- Você é delicioso! – sussurrei. - Nunca provei nada tão gostoso! – emendei. Mesmo sem estar vendo seu rosto, sei que ele sorriu satisfeito.

Eu estava quase adormecendo quando senti a verga dele ganhando vida entre as minhas nádegas. Puxei a mão que acariciava meu mamilo até a boca e a beijei. Ele deitou-se sobre mim e começou a chupar meu pescoço, esfregava a pica ao longo meu rego tentando fazê-la alojar-se entre os glúteos carnudos. Senti tesão no cu. Ele foi descendo pela minha espinha ora beijando ora lambendo minha pele. Quando chegou à bunda, apertou minhas nádegas, mordeu-as até eu soltar um gemido, abriu-as e tocou a língua úmida no meu buraquinho. Meu corpo começou a tremer todo, espasmos involuntários contraíam meus músculos, o tesão no meu cu estava me deixando alucinado. Um dedo entrou no meio das minhas pregas e eu quase gritei de felicidade. Ele o movia em círculos poucos centímetros além da rosca musculosa, era o que de mais prazeroso e torturante podia existir. Suas mãos se fechara firmes ao redor da minha cintura garantindo que eu não iria me mover. A cabeçorra babando percorreu meu rego muito lenta e atentamente, estagnou quando sentiu minhas preguinhas se contorcendo debaixo a pele sensível. Ele meteu o caralhão com força dentro delas e apertou minha boca com uma das mãos. Um gritou surdo e sufocado ecoou pelo quarto. Eu sentia o peito dele colado às minhas costas. Nossas respirações estavam aceleradas. Meu cuzinho havia se travado ao redor daquela verga grossa e imensa, enquanto ele esperava minha musculatura relaxar um pouco para terminar de enfiar todo seu falo em mim. Pensei que fosse morrer de felicidade quando um vaivém lento fazia aquele mastro deslizar entre a minha mucosa anal. Sem me dar conta gozei no lençol, entre os gemidos que ele procurava sufocar enfiando dois dedos na minha boca. Meu cu ardia como se tivessem enfiado uma brasa acessa dentro dele. O Edivan agarrou meu tronco com força, meteu o cacetão com golpes curtos e brutos o mais profundamente que podia e, ia soltando a porra simultaneamente a cada estocada. Ele mordia a pele do meu pescoço enquanto liberava urros sufocados e, só parou quando cessaram as estocadas e caralhão parou de me socar a próstata. Adormeci depois dele, sem que aquela pica tivesse saído de dentro de mim.

Padre Antonio, o pároco da igrejinha da vila, tinha convencido minha mãe a me levar à missa todos os domingos aos finais de tarde. A maioria dos presentes eram velhotas carolas, algumas crianças que o padre obrigava a assistir à missa, pois estavam se preparando para a primeira comunhão e, algum marido cuja esposa tinha conseguido desviar do botequim. Poucos meses depois, eu e um garoto magricela e dentuço chamado Josival fomos convocados por padre Antonio para sermos coroinhas. De nada valeram meus queixumes, minha mãe alardeava orgulhosa entre as comadres a minha função na igreja. Padre Antonio era um safado que já fora banido de paróquias mais prósperas devido ao seu comportamento pouco casto. Antes de cada missa eu e o Josival já tínhamos servido ao padre Antonio pelo menos meia garrafa do vinho destinado à consagração. Isso, não só, o deixava mais eloquente como também menos reservado. Ocasiões como batismos e casamentos deixavam padre Antonio numa expectativa e ansiedade doentias. Naquele domingo havia dois batismos a fazer durante a missa, por isso a garrafa de vinho já estava vazia quando levei o cálice até o altar. Ao regressar à sacristia para avisar que tudo estava pronto para o início da missa, padre Antonio beliscou minha bunda impudicamente diante do olhar estarrecido do Josival.

- Roliça e carnuda do jeito que o diabo gosta! – grunhiu o padre, manipulando a jeba à meia bomba dentro das calças, enquanto o Josival e eu vestíamos os paramentos nele. Eu tremi durante toda a missa. O libreto, a vela acessa e tudo que eu pegava nas mãos não parava de tremer, a ponto de, o próprio padre Antonio, pegar nas mãos o que precisava ler.

Só me livrei daquela penitência quando relatei o acontecido ao Edivan, algum tempo depois. Numa missa na qual fez questão de nos acompanhar, foi ter com padre Antonio na sacristia. Eu nunca soube qual foi o conteúdo da conversa, mas aquela foi a missa mais curta que padre Antonio rezou na vida e, ao final, ele avisou minha mãe que eu não seria mais coroinha a partir de então, que outros garotos esperavam ansiosos por uma oportunidade. Toda vez que padre Antonio via o Edivan, dava um jeito de se escafeder, só para não cruzar com ele.

Depois daquela noite com o Edivan, nunca mais deixamos de nos amar tão carnal e impudicamente quanto da primeira vez. O que acabou resultando naquele flagrante do nosso pai no milharal.

Eu mal podia me mexer quando entrei em casa, minhas costas doíam tanto que cada inspirada parecia arrebentar meus pulmões. Suspeitei de que estivesse com algumas costelas fraturadas pelo golpe da enxada. Minha mãe encarou-me com um misto de indiferença e pena. O Marido já a tinha colocado a par do que viu no milharal e feito prevalecer sua opinião sobre qualquer outra, como era comum naqueles rincões rurais de um país machista.

- Você não vai mais comer na minha mesa e nem viver sob o meu teto. Não crio veados! – berrou meu pai, assim que entrei em casa. O Edivan veio ao meu encalço e tentou amparar meus passos cambaleantes. Foi censurado por nosso pai, mas ignorou seus protestos.

- Você está bem? – perguntou, sabendo que eu estava péssimo.

- Acho que sim. – respondi exausto.

- Venha deitar-se um pouco, você não está nada bem. – retrucou ele, conduzindo-me ao quarto.

- Não pensem que eu vou permitir que esse pervertido passe mais uma única noite debaixo do nosso teto! – gritou meu pai.

- Ele não está nada bem. Será que você não está vendo isso? – berrou o Edivan.

- Que pensasse nisso antes de fornicar com você. – respondeu o velho. No entanto, em nenhum momento ele se virou contra o Edivan, como se ele fosse totalmente inocente e, talvez até, uma vítima da minha perversão. Machos nunca são culpados por uma gravidez indesejada, uma adultera pega pelo marido, um boiola que satisfaz seus prazeres, ou uma menina descabaçada na calada da noite. Era assim que funcionavam as coisas nessa sociedade. Ademais, o Edivan representava aquela ajuda providencial que ajudava a colocar a comida na mesa, com seu trabalho diário e estafante de sol a sol.

Minhas coisas couberam numa única mochila. Com ela nas costas, recebi um beijo conformado de minha mãe, que também depositou uns tostões às escondidas na minha mão ao despedir-se de mim. No sítio vizinho morava um caminhoneiro com a esposa e quatro filhos, foi até lá que o Edivan me acompanhou para pedir ajuda e me fazer chegar a São Paulo, onde morava uma prima distante da minha mãe.

- Só vou a São Paulo daqui a alguns dias, parto essa madrugada para Fortaleza para entregar uma carga e, lá tenho agendado um frete até São Paulo. Se quiser, pode me acompanhar, estou mesmo precisando de um ajudante. A grana é pouca, mas as despesas durante a viagem são por minha conta. – disse o Sebastião, antes de tentar descobrir qual era o motivo de eu estar partindo àquela hora da noite e, tão às pressas.

- Ele se desentendeu com nosso pai. Sabe como ele pode ser inflexível quando é contrariado. – respondeu o Edivan no meu lugar, procurando matar a curiosidade do Sebastião. – Além disso, já estava mesmo na hora de um de nós ir tentar a sorte noutro lugar, pois aqui não há futuro. – emendou.

- Sem dúvida! Sem dúvida! – exclamou o caminhoneiro.

Eram quatro da manhã quando o Sebastião lavou o sereno da madrugada do parabrisas e ligou o motor do Mercedes-Benz Atego 2430. Algumas galinhas assustadas abandonaram seus galhos numa árvore próxima a casa. A mulher sonolenta dele acenou quando o caminhão começou a se mover levantando uma nuvem de poeira atrás de si. Alguns quilômetros à frente, entramos na BR-251 preparados para enfrentar os dois mil quilômetros que nos separavam de nosso destino, Fortaleza. Era a primeira vez que eu andava num caminhão, aliás, era a primeira vez que eu fazia uma viagem. Em dezoito anos nunca me afastei mais distante do que Montes Claros. Eu estava tão perdido e assustado quanto um peixe fora d’água.

Sebastião era um homem quase chegando aos quarenta anos. Vivia mais tempo longe de casa do que com a esposa e os filhos, um deles já adolescente. Por causa disso eu o tinha visto, no máximo, umas quatro ou cinco vezes, apesar do sítio onde morava ser nosso vizinho. Ele era um sujeito bem apessoado, que nem o desleixo conseguia deixar de tornar atrativo. Ao contrário de muitos dos seus colegas de profissão, ele nada tinha daquele típico corpo flácido e barrigudo. Era corpulento e um tanto musculoso. Fazia questão de andar com a camisa sempre aberta exibindo o peito peludo e másculo. Como pude constatar logo na primeira parada, algumas horas após nossa partida, ele nunca deixava de olhar atrás de um rabo de saia, levando a mão à pica quando o que via mexia com seus hormônios. Sua conversa era divertida e nem um pouco enfadonha.

- Você sempre é tão econômico com as palavras? – perguntou-me em dado momento.

- Não tenho muito a dizer, nem histórias tão interessantes quanto as suas. – respondi.

- Logo vai ter um montão delas para contar. Viver nesses recantos perdidos não oferece mesmo muita oportunidade de ver esse mundão que existe por aí. – devolveu ele.

- Não mesmo! Passei toda minha vida no sítio, só saindo para ir à escola, à igreja ou, de vez em quando, acompanhando meu pai até Montes Claros quando ele ia tratar de algum assunto por aquelas bandas. – revelei.

- É pouco para um rapaz da sua idade. – observou condoído. Concordei com um sorriso tímido.

Passava das nove horas da noite quando o Sebastião encostou o caminhão diante de um motel ao lado de um restaurante e um posto de combustível de beira de estrada e, me disse que seria ali que íamos pernoitar. Todas as juntas das minhas pernas estalaram quando eu desci da boleia e as estiquei. Quis fazer o mesmo com os braços e o tronco, mas a dor no local da pancada quase não permitia que eu me mexesse. Cisquei um pouco nas travessas do bufê a quilo do restaurante, regressando à mesa com o prato quase vazio, estava sem fome. O Sebastião voltou com o prato abarrotado, como tinha feito no almoço e sentou-se diante de mim devorando aquilo tudo com um apetite voraz.

- Só vai comer isso? – perguntou surpreso quando olhou para o meu prato.

- Estou sem fome, acho que já comi o suficiente no almoço. – respondi.

- Você comeu pouco no almoço. Saco vazio não para em pé! – exclamou. – Quando chegarmos à Fortaleza tem trabalho duro a nossa espera. Carregar esse caminhão não é moleza. – acrescentou.

- Não tem problema, dou conta. – retruquei. Ele não colocou fé no que eu disse.

O motel não passava de uma espelunca arranjada sobre um longo corredor no andar de cima do restaurante. Ele preferiu um quarto voltado para a parte de trás onde, segundo ele, o barulho dos caminhões chegando e as luzes do posto não incomodavam o sono. Para mim tudo aquilo era indiferente. Na minha cabeça só havia pensamentos que me levavam de volta para casa e para o Edivan, talvez por que estava fadado a nunca mais rever nenhum dos dois. Cedi, gentilmente, o primeiro acesso ao chuveiro ao Sebastião, alegando que tinha sido ele quem mais havia trabalhado naquele dia. Ele me lançou um sorriso enquanto jogava as roupas sobre a cama. Entrou no banheiro, mas não se importou em fechar a porta. Segundos depois, estava cantarolando debaixo da ducha ensaboando o corpo peludo, detendo-se mais demorada e cautelosamente nas axilas e na virilha, onde manipulou por um bom tempo um cacetão reto e grosso. Lembrei-me da rola do Edivan e percebi que lágrimas desciam pelas faces. Quando o Sebastião voltou para o quarto com a toalha na cintura, reparou no meu rosto triste, mas não disse nada. Levei meus apetrechos até o banheiro e me despi lá, depois de encostar um pouco a porta. Não quis parecer um animal xucro que se esconde de tudo e de todos. Não percebi, enquanto lavava os cabelos, que um vento canalizado havia escancarado a porta do banheiro e o Sebastião olhava interessado para minha nudez. Quando tirei o xampu dos olhos era tarde, ele me encarava com um olhar que eu já tinha visto dezenas de vezes no rosto sequioso do Edivan, um olhar cheio de tesão. Fiquei constrangido e caminhei tímido e cabisbaixo até o quarto. Fiquei ensaiando algum tempo como tirar a toalha e vestir a bermuda para dormir, sob o olhar atento dele e uma ereção que se delineava impudica embaixo do lençol.

- O que foi isso nas suas costas? Há um hematoma imenso nelas. Foi seu pai que te bateu? – perguntou ele, sem desviar os olhos de mim.

- Ahã! – devolvi, sem conseguir encará-lo.

- Não importa o que os levou a brigarem, mas ele nunca deveria te machucar dessa maneira. – disse, levando-se da cama e se aproximando de mim.

Quando sua mão tocou delicadamente minhas costas eu estremeci, não conseguia me mover. Ele deslizou as costas dos dedos ao redor do hematoma, não se preocupou em disfarçar a ereção que já não tinha mais nada de discreta.

- É uma judiação maltratar uma pele tão imaculada e aveludada como essa. – murmurou, como se estivesse falando isso para si mesmo, mas as palavras acabaram soando em sua boca.

- Dentro de alguns ele irá desaparecer. – afirmei, procurando demonstrar um pouco de coragem. Ele estava perdido num devaneio, tanto que, ao ouvir minhas palavras voltou à realidade.

- Hã? Ah, sim, com certeza! – mas a mão continuava a deslizar sobre a minha pele.

Aquilo que eu tanto receava, ficar novamente nu diante dele, ele mesmo se encarregou de providenciar, tirando a toalha e a lançando a cama dele. Sentou-se comigo na cama e pegou meu rosto entre as mãos. Meus olhos começaram a marejar. Ele levou a boca de encontro a minha e me beijou, suave e demoradamente. Inclinou meu tronco sobre o travesseiro e o dele sobre o meu. Suas mãos deslizaram vagarosamente do meu rosto em direção ao peito. Eu arfava fazendo que ele se expandisse e relaxasse num sobe e desce cadenciado. As pontas dos dedos dele chegaram aos meus mamilos, um olhar de soslaio mostrou-lhe que os biquinhos começavam a se eriçar, ele colocou um beijo sobre cada um deles e, depois, mordeu o esquerdo até eu soltar um gemido. No mesmo instante ele parou de mordê-lo, não tinha se dado conta da gana e da força que havia imprimido nele. Seus olhos pousaram sobre os meus e ele percebeu minha inquietude.

- Você é muito gostoso! Nunca vi uma bunda tão torneadinha e tesuda e, olha que não posso negar que vi uma porção delas. – disse, esboçando um sorriso. – Está com medo de mim? – acrescentou.

- Não.

- Você já viu o tamanho que está o meu pau?

- Vi.

O Sebastião se encaixou atrás de mim, flexionou uma das minhas pernas de modo que a bunda se empinasse ligeiramente e pincelou sua jeba no meu rego. Eu estava deitado sobre um dos braços dele e segurei-o com as duas mãos enquanto a cabeçorra percorria meu reguinho liso. Ele me penetrou lenta e calmamente. A glande estufada distendeu minhas pregas e me fez gemer, atravessou a musculatura parcialmente contraída e me machucou. Eu soltei um gritinho. Ele enfiou o cacetão todo aos poucos e progressivamente, deliciando-se com as contrações dos meus esfíncteres ao redor da sua verga.

- Ai, Sebastião! – gani, quando o pintão estocou minha próstata.

- Quer que eu pare? – sussurrou ele, rangendo os dentes.

- Não. Só não me machuque mais, por favor. – balbuciei, apertando seu braço.

- Prometo que não! Mas, queria gozar no seu cuzinho, posso?

- Pode.

As bolonas ingurgitadas batiam no meu rego como se ele estivesse preparando o creme pegajoso que despejou no meu cu, instantes depois. Quando acordei no meio da madrugada, com os freios de uma carreta chiando no pátio de manobras do posto, ele havia se mudado para a cama ao lado e dormia com um ronronar pesado. Ao mover minhas pernas, senti sua umidade máscula no meu cuzinho ardido. Quis me virar para o outro lado, mas o hematoma estava mais dolorido do que nunca.

Ainda estava escuro quando o movimento das carretas me acordou. Um tilintar de chuva caía sobre telhas metálicas nalgum lugar lá embaixo, como se fosse alguém dedilhando desordenadamente as teclas de um piano. O Sebastião estava sentado na cama ao lado e olhava para mim, como que velando meu sono. Abri um sorriso para ele, depois de esfregar meus olhos.

- Dormiu bem? – perguntou, mudando-se para a cama na qual eu estava.

- Como um anjo! – exclamei.

- Você é um anjo. Depois da alegria que me proporcionou ontem à noite, não encontro melhor palavra para te definir. – disse ele, tocando meu rosto.

A virilidade dele estava entranhada em mim. Assim que ergui o tronco ele me puxou para junto dele num demorado e úmido beijo. Fomos juntos até o banheiro, ele me prendia pela cintura enquanto caminhávamos. Quando me estiquei para abrir o registro do chuveiro, a jeba endurecida dele me penetrou. Eu gemi e deixei a cabeça cair para trás sobre o ombro dele. Ele pegou no meu queixo e virou meu rosto para alcançar minha boca. Fiquei parado com as mãos na parede de azulejos frios e as pernas ligeiramente abertas, ele bombou meu cuzinho até se fartar, a porra morna alagou minha ampola retal e eu gemi. Antes de ele tirar a pica do meu cu, segurou minhas ancas e me fez rebolar em seu mastro, eu gozei deixando a porra fluir do meu pau. Fiz a barba dele debaixo do chuveiro. Ele passava a mão na minha bunda e sorria.

- Nunca me fizeram a barba com tanto carinho. – comentou.

- Psiu! Não fique se mexendo, não quero encher seu rosto de cortes. – adverti.

- Quem te ensinou a cuidar de um macho com tanto capricho? – perguntou. Eu senti minhas faces enrubescerem.

- Ninguém. – murmurei. Ele não acreditou.

Ele desviou toda sua atenção sobre mim quando lavei a bunda. Notou que não me livrei do esperma que acabara de galar em mim. Antes de descermos para tomar o café ele me apertou mais uma vez em seus braços e me beijou.

- Você não imagina como está me deixando feliz! Tê-lo como parceiro nessa viagem foi uma as melhores coisas que já me aconteceram! – exclamou

- Nem sei o que seria de mim se você não estivesse me dando essa carona. – balbuciei melancólico.

- Não pense mais nisso! Seja lá o que foi que aconteceu na sua casa, eu quero te fazer esquecer e tirar esse sofrimento desse seu rosto lindo. – retrucou. Dessa vez fui eu quem tocou os lábios nos dele. Sua língua me penetrou, cheia de sabores.

Chegamos a Fortaleza ao anoitecer daquele dia, tarde demais para descarregar a carga. O caminhão ficou no pátio de uma empresa na periferia da cidade, a espera do descarregamento no dia seguinte. O Sebastião me levou até a praia do Futuro na parte leste da cidade. O calçadão e a orla estavam cheios de gente caminhando entre a brisa fresca que soprava do mar, apesar de serem nove horas da noite. Famílias inteiras conversavam debaixo dos quiosques e se deliciavam com as caranquejadas. Eu nunca tinha visto o mar antes. Estava atônito e perplexo vendo aquelas ondas arrebentarem formando uma crista de espuma branca que resplandecia sob a luz da lua cheia. O cheiro daquele ar entrava nas minhas narinas e era maravilhoso. Tirei os tênis e caminhei até onde as ondas lambiam a areia fina e branca. Tomei um punhado de água nas mãos e toquei nos lábios. A água era mesmo salgada como diziam os livros.

- Lindo, não é? – questionou o Sebastião, que admirava meu jeito ao estar descobrindo essas novidades.

- Muito lindo! Obrigado, Sebastião, por me mostrar essa beleza toda. Muito, mas muito obrigado mesmo! – respondi agradecido.

- Vê-lo tão contente enche meu coração de alegria. Amanhã vou te trazer aqui, com o sol brilhando você vai poder ver todas as nuances de azul dessas águas. Vai poder entrar nelas e sentir como massageiam o corpo da gente. – revidou.

- Tenho vontade de te abraçar! Obrigado por tudo isso. – devolvi, sem tirar os olhos da negritude do horizonte.

- Não faça isso! Podemos ser linchados, pois se eu sentir seu corpo me tocando agora, não vou conseguir manter a pica dentro das calças. Sou capaz de te enrabar dentro do mar na frente dessa gente toda. – disse ele, abrindo um sorriso gostoso.

Ele realizou seu desejo assim que ficamos a sós no quarto do hotelzinho a algumas quadras da orla, numa rua quase deserta e arborizada. Antes de deixa-lo me penetrar, tomei sua jeba na mão e a chupei cheio de tesão e vontade. Olhava para cima para ver seu rosto iluminado pelo prazer e, acompanhar seus urros sibilantes. Assim que senti a porra escorrendo nas minhas entranhas, cobri-o de beijos. Ele abriu os braços e se entregou aos meus afagos. Naquela noite dormimos engatados, pois ele havia pedido um quarto com cama dupla.

- Você sabe como satisfazer um macho. Certamente teve um ótimo professor, uma vez que isso não se aprende sozinho. – comentou ele, num quase sussurro.

- Isso se aprende quando existe um apego sentimental com a outra pessoa. – respondi. Ele girou meu corpo para que ficássemos cara a cara.

- O que você quer dizer com isso? Você está sentindo alguma coisa por mim? – havia um tom aflito em sua voz.

- Não, não foi isso que eu quis dizer. Falei de um modo generalizado. Não me referia especificamente a ninguém. - esclareci rapidamente, pois achei que ele fosse se zangar comigo, uma vez que era casado e, talvez não estivesse a fim de ouvir de um gay que ele estava a despertar sentimentos.

- Hã! Você sabe que eu sou casado e tenho uma família. Amo-os muito. No entanto, confesso que estou me sentindo atraído por você. Não só por sua bundinha, que é a coisa mais maravilhosa que meu cacete já provou, mas, por toda essa sua pureza. Bastaram dois dias ao seu lado para eu me sentir um novo homem. Estou me sentindo o macho mais completo e realizado desse mundo. Passei o dia todo imaginando você com a minha porra todinha guardada aí dentro. Isso dá um tesão do caralho. – revelou.

- É bom ouvir isso. Pelo menos não me sinto um estorvo. – retruquei.

- Jamais diga isso novamente! Você é lindo e simplesmente maravilhoso em todos os aspectos. – disse ele. Eu o beijei.

No dia seguinte fomos cedo para a empresa onde se encontrava o caminhão para fazer o descarregamento. Nunca imaginei que coubessem tantas caixas num baú de 10x2,5x2,5. Havia passado do meio dia quando completamos a descarga, eu tinha ultrapassado o limite das minhas forças, achei que, a qualquer momento, fosse desabar no chão. Minhas costas estavam me matando, eu mal conseguia respirar.

- Você está se sentindo bem? Está pálido como um boneco de cera! – perguntou o Sebastião, que havia trabalhado bem mais do que eu.

- Acho que sim, só estou cansado. Quase não consigo respirar. – arfei, usando minhas últimas reservas.

- Você precisa passar por um médico para ver essas costas. – afirmou ele.

- Você prometeu que me levaria à praia! Prefiro ela ao médico! – exclamei. Ele sorriu.

- Mas antes vamos a um pronto socorro, está na cara que você não está nada bem. Isso é assunto encerrado! – determinou.

O diagnóstico do médico plantonista de um pronto socorro público, após erguer duas radiografias contra a luz da janela, foi certeiro. A sétima, oitava e nona costelas torácicas do lado esquerdo tinham um traço de fratura, que ele classificou como sendo em galho verde. Afirmou que o prognóstico era favorável se eu não me submetesse a exercícios físicos extenuantes, tomasse corretamente a medicação que prescreveu e não exercesse pressão sobre a área do hematoma. Enquanto o médico expunha as condições o Sebastião me encarava estarrecido.

- Como foi que seu pai fez isso? – perguntou, assim que deixamos a sala do médico.

- Foi uma paulada com o cabo de uma enxada. Não quero falar sobre isso, por favor. – respondi constrangido.

- Isso é um absurdo! Nem acredito que deixei você trabalhar a manhã toda e... – ele parou de falar e ficou em silêncio por alguns minutos antes de concluirque eu me deitei em cima de você. – penitenciou-se, com uma expressão de culpa.

- Não se culpe! Eu gostei muito de estar em seus braços e, não me privaria desse prazer por nada nesse mundo. – afirmei.

- Não sei o que faço com você, se te coloco sobre as pernas e dou uma surra ou, se te coloco no colo e te ponho para descansar. – sentenciou.

- Me leve até a praia! – exclamei, tocando seu rosto com suavidade. Ele sorriu. Eu gostava do sorriso dele.

Um sol alaranjado, quase chegando ao ocre, estava se pondo por detrás dos edifícios da orla quando pisamos na areia fofa, depois de ele insistir em me comprar uma sunga que eu jurei não vestir de forma alguma. O Sebastião sabia ser autoritário quando queria. A sunga cavada listrada de azul marinho e branco deixou minhas nádegas praticamente expostas. Entrei na água com a bermuda e ela por baixo. Por ser um dia de semana havia poucas pessoas na praia, apesar do calor e do dia maravilhoso. Receoso pela força com a qual as ondas me atingiam, fiquei protestando por ele estar me puxando pelo braço até a água cobrir meu umbigo. Vez ou outra uma onda chegava à altura dos meus mamilos. Ele me obrigou a tirar a bermuda, não era um pedido, era uma ordem. Tão logo eu estava com ela nas mãos, senti-o puxar a sunga com uma das mãos fazendo com que ela se afunilasse no meu rego. Ele colocou o short dele na minha mão e me encoxou debaixo d’água. Cada onda que retrocedia fazia meus pés afundarem na areia.

- Ai, Tião! – gani, quando a chapeleta atravessou minha musculatura anal e foi se aninhar em mim.

- Eu sempre quis enrabar alguém dentro d’água. Você está me ajudando a realizar uma porção de fantasias, sabia? As curvas dessa sua bundinha parecem ter sido esculpidas especialmente para mim. – murmurou, chupando meu cangote.

Aquele macho engatado em mim, esfolando meu rabinho debaixo d’água com seu falo quente, enquanto as ondas massageavam todo meu corpo, era um sonho jamais sonhado. O sol se pôs, a praia estava praticamente deserta naquele trecho da orla. Um surfista retardatário passou a poucos metros de nós, deitado sobre a prancha e remando com seus braços musculosos em direção à areia. Ele sacou o que estávamos fazendo. Cumprimentou-nos com um acesso e um – manda ver parceiro – dirigido ao Sebastião, no exato momento em que ele galava meu cuzinho.

Durante o jantar o celular do Sebastião tocou, era um funcionário da empresa que contratara o frete avisando que o carregamento para São Paulo só ia acontecer dali a quatro dias por problemas logísticos. E ainda, que a empresa bancaria os custos de estadia e refeições durante esse tempo. Quando desligou o telefone havia um sorriso de orelha a orelha estampado no rosto dele.

- Boas notícias? O caminhão já foi carregado? – perguntei.

- Ótimas notícias! Houve um problema na empresa e a carga só vai seguir para São Paulo daqui a quatro dias. – informou.

- E você considera isso uma boa notícia? Seus planos eram outros, que eu saiba. – retruquei espantado.

- Não tenho mais planos desde que você subiu na minha boleia! E, agora o destino me presenteia com três dias inteiros livres ao seu lado. É uma notícia para lá de boa! – exclamou, deslizando sua mão sobre a minha que estava apoiada ao lado do prato.

Eu não sabia o que tinha feito para merecer aqueles dias. Durante o dia circulamos pela cidade, sempre indo à praia ao entardecer. À noite ele se engatava em mim e copulava com a frequência de um leão no cio. Ao me espreguiçar pela manhã meu cuzinho estava encharcado de porra e toda a essência viril daquele macho parecia estar entranhada debaixo da minha pele. Eu gostava de ficar acariciando com a ponta dos dedos ora o peito, ora o rosto, ora a barriga musculosa e, ora o sacão globoso e peludo dele. Ele se entregava ledo e devasso aos meus afagos e ficava me encarando com seu lindo sorriso, até que a preguiça matinal se esvaísse de nossos corpos.

Durante a viagem até São Paulo, ele me disse que tinha mais uma fantasia a realizar. Eu esbocei um risinho tímido e afirmei que ele tinha me oferecido a carona com a condição de eu ser seu ajudante.

- É para isso que estou aqui! – exclamei.

- Você não perde por esperar! – havia um sorriso acintoso em sua expressão. Naquela noite, uma antes de chegarmos a São Paulo, ele me fodeu na boleia do caminhão. O espaço era exíguo. Minhas pernas abertas, com ele encaixado entre elas, mal cabiam no leito estreito. Ele queria, conforme me confessou depois de gozar, lembrar-se pelo resto da vida de sentir meu corpo lisinho e cheiroso colado ao dele por uma noite inteira.

- É maravilhoso estar nos seus braços, Tião! – balbuciei.

- Jura? – sussurrou.

- Se descobrir o mundo sempre for tão maravilhoso quanto você me fez crer durante todos esses dias, eu vou adorar e querer conhecer todo ele. – afirmei. Ele me apertou e me encoxou, eu gemi por que minhas costelas doeram.

O Sebastião não me deixou seguir para a casa da prima da minha mãe sem ele. Depois que o caminhão foi descarregado, ele me levou até o endereço que eu tinha anotado num papelzinho amarrotado, num canto perdido entre casinhas sem acabamento no bairro de Itaquera. Ficamos esperando até o anoitecer, pois não havia ninguém em casa. Uma vizinha tagarela e curiosa ofereceu-nos um café na esperança de ficar informada de todos os detalhes dessa minha vinda. Para frustração dela saímos pouco depois de tomarmos o café requentado, para dar uma volta até o horário no qual ela dissera que os vizinhos costumavam chegar em casa.

Lucinda, a prima em segundo grau da minha mãe, chegou extenuada e trotando com seu corpo obeso no inicio da noite. Estava tão cansada, que não se preocupou com amabilidades ou, uma recepção efusiva. Pôs-se a preparar um jantar que, depois de todos comerem, inclusive o marido que chegara meia hora mais tarde, foi parar em marmitas para o dia seguinte. Lucinda aceitou a questão como algo ao qual já estava habituada, outros parentes vindos dos cafundós de Minas já tinham passado pela casa dela. O marido, Juvenal, conversou pouco durante o jantar e, ao que parecia, não via a hora do Sebastião ir embora. Ao me acomodar num quartinho sem porta, no topo de uma escada estreita, sobre a laje da casinha, ouvi a discussão dos dois no quarto debaixo. Minha presença naquela casa não era uma notícia benvinda.

Ao me despedir do Sebastião, ele me fez jurar que eu entraria em contato com ele se precisasse de qualquer coisa, eu assenti. Ele me estendeu algumas notas alegando que aquele era o pagamento que havíamos combinado, eu recusei, apesar do pouco que tinha nos bolsos.

- Eu sou grato por tudo que você fez por mim, muito mais do que havíamos combinado. Não posso aceitar esse dinheiro e, eu te peço, por tudo que passamos juntos, que não me obrigue a ficar com ele. Eu me sentiria uma puta recebendo pelos serviços prestados. E, não é isso que eu quero que você guarde de mim. Cada gesto, cada afago, cada beijo que eu te dei foi por um sentimento de afeição e carinho pelo homem maravilhoso que você é. – afirmei resoluto, meus olhos estavam marejados.

- Você não existe! Nem que eu viva cem anos vou me esquecer de você! – disse, ao beijar-me atrás do muro onde a iluminação da rua não alcançava.

Aparentemente, poucos dias depois, minha presença na vida do Juvenal e da Lucinda já não era mais tão indesejada. Enquanto os dois saiam para trabalhar, eu dava um jeito nas poucas coisas que havia na casa, preparava as refeições, tinha consertado uma torneira vazando, havia melhorado a precária instalação elétrica do chuveiro e me dispunha a ajudar no que fosse preciso; perambulava pelas ruas de comércio próximas atrás de uma vaga de emprego e procurava centros de apoio ao trabalhador.

- Por que você não conversa com a sua patroa, você não estava querendo mudar de emprego? Assim vai ter mais tempo para procurar. – disse o Juvenal numa conversa com a esposa.

- Não sei se ela vai aceitar um homem trabalhando de faxineiro no salão. – respondeu a Lucinda. – Não custa tentar, a ideia é boa. – acrescentou, antes de me descrever a função que exercia num salão de cabeleireiros nos Jardins.

- Eu topo qualquer coisa. Não estou em condições de escolher trabalho, pego o primeiro que aparecer. – afirmei disposto.

Madame Jeanine, uma cinquentona esquálida e desbotada, supostamente francesa, cheia de “ouis”, “s’il vous plaits”, “mon chers”, “ma chéries” e “mon Dieus” conhecia tão bem a França quanto eu, recém-saído de Glaucilândia no interior mineiro. O pouco de francês que aprendeu num colégio particular e a pose enfadada que assumia eram suficientes para cativar uma clientela abonada de senhoras dispostas a investir no que lhes restara da beleza de outrora. Ela me entrevistou com muito interesse. Examinou-me com seus olhos claros como se estivesse examinando um cavalo de corrida. Por fim, disse que eu podia começar na semana seguinte, que a Lucinda podia me dar todos os detalhes do serviço. O salário era pequeno, mas cobria minhas despesas com a condução, uma ajuda de custo para o Juvenal e a Lucinda e, ainda sobravam uns trocados para uma roupa ou uma distração.

Jeanine deu-me um uniforme preto, calça e uma jaqueta de mangas curtas, que logo fizeram o maior sucesso entre as clientes. Eu retribuía os risinhos e cochichos ao pé do ouvido com um sorriso leve amistoso. O trabalho era simples e monótono, sobrava-me tempo suficiente para ver como dois rapagões, Fernandinho e Glauco, transformavam um cabelo desenxabido das clientes num arranjo glamoroso e bonito. O sucesso com as clientes foi tamanho que, dois meses depois, eu tinha sido promovido a lavador das madeixas das clientes. Algumas mais assanhadas e com filhos provavelmente mais velhos do que eu, sentiam uma atração irresistível pela minha bunda e, me beliscavam despudoradamente com um risinho cínico. Eu sempre as recompensava na saída com um abraço e três beijinhos, que deviam abrasar as xanas flácidas esquecidas pelos maridos, enquanto elas enfiavam ou, uma nota marrom com a figura de uma onça no reverso ou, uma azul com a imagem de uma garoupa no reverso, no cós da minha calça justa.

Com o que sobrou dos primeiros salários enviei um envelope para minha mãe devolvendo-lhe os trocados que tinha enfiado em minhas mãos antes de partir. Juntei uma folha de papel onde relatei as novidades, meus receios na metrópole e minhas saudades de casa. Em resposta recebi uma carta de um parágrafo, questionando se o dinheiro que havia lhe enviado tivera uma origem mais digna do que o pecado que tinha cometido com o Edivan.

Durante um ano foi essa a minha rotina. Seguia cedo para o trabalho, era assediado pelas clientes, voltava moído no metrô lotado e fazia pingar numa poupança aquelas notas que enfiavam nas minhas calças por mãos sorrateiras. A Lucinda tinha arranjado um emprego numa empresa perto de casa como copeira, além de menos estafante, o novo trabalho permitia que ela chegasse mais cedo em casa. Contando com o extra da minha pensão, os dois aceleraram o término na casinha que construíam conforme o dinheiro dava. O Juvenal era pedreiro e trabalhava pegando serviços por conta própria. Nunca estava sem trabalho e, algumas vezes podia se dar ao luxo de recusar alguns. Ele tinha se associado ao Saulo, um garotão talvez uns cinco anos mais velho do que eu e, isso permitiu que encarassem obras maiores, tomando mais alguns ajudantes quando necessário. Aos finais de semana os dois trabalhavam no término da casinha do Juvenal e da Lucinda, numa espécie de mutirão, onde não rolava nenhuma grana, apenas uns almoços ou churrascos caprichados e a promessa de um dia fazerem o mesmo quando o Roberto decidisse construir algo para si.

Umas das poucas distrações, no que restava do curto final de semana, que geralmente só se iniciava após o anoitecer dos sábados, eram longas conversas com o Saulo, quando ele e o Juvenal davam o serviço do dia por encerrado. No início, o Juvenal sempre estava presente nessas conversas, inclusive foi ele quem me apresentou o Saulo. Porém, com o tempo e, como elas muitas vezes entravam pelo avançado da noite, o Juvenal se tornou cada vez menos presente e, a bem da verdade, nós nem dávamos pela falta dele.

- Você e o Luis Paulo estão se entendendo bem, não é? – questionou o Juvenal, numa conversa que ouvi sem que me vissem.

- É, acho que sim. Ele é um carinha bacana. – respondeu o Saulo.

- O que você acha dele? – inquiriu o Juvenal, querendo esmiuçar nossa amizade recente.

- Como assim? Bacana, como eu disse.

- Não se faça de besta que eu sei que você não é cego. As coxas e a bundinha do garoto são de fazer inveja a muita boazuda, vai me enganar que você nunca pensou em meter a pica naquela toba empinadinha, do jeito que o diabo gosta?

- Você está me estranhando, mano? Esse caralho aqui só entrou em buceta! – revidou o Saulo.

- Vou te confessar um negócio, mas é papo que morre aqui, entendeu? – disse o Juvenal, baixando o tom de voz. – Quando eu tinha a tua idade, lá no interior da Paraíba, eu enrabava um primo que tinha ido morar com a gente quando os pais vieram para São Paulo. Ele nem de longe era tão bonito quanto o Luis Paulo, mas era branquinho e lisinho como ele e, cara, só de me lembrar, fico de pau duro, o putinho tinha uma bunda gostosa para caralho! – revelou.

- Ah, mano! Não sei se encaro uma dessas. Comer esses boiolinhas cheios de miados não faz o meu tipo. – revidou o Saulo.

- Cara! Meu primo não era desse tipo. Ele só era tímido, um pouco envergonhado. Não dava bandeira alguma de que gostava do brinquedinho, mas fez os melhores boquetes que esse caralho já sentiu. Além do que, não sei se você sabe, mas esses caras são muito mais apertadinhos que qualquer bucetinha de virgem. O troço não alarga como as xanas, o que dá um tesão da porra. – afirmou o Juvenal.

- Que papo, mano! O Luis Paulo é o que da tua mulher, afinal de contas? Você já andou metendo a piça no brioco do garoto? – inquiriu o Saulo.

- Nem fale um troço desses. Se a Lucinda desconfia que dou uma espichada de olho naquela bundinha ela me esfola vivo. Nessas alturas do campeonato, não vou arriscar mais de dez anos de casamento por um passatempo. Minha época de aventuras já acabou. Ele é filho de uma prima de segundo grau da Lucinda. – sentenciou o Juvenal.

Quando voltei a por os olhos sobre o Saulo depois de ter ouvido essa conversa, notei que algo havia se transformado nele. Ele passou a me encarar com o mesmo brilho nos olhos que eu já conhecia do Edivan e do Sebastião. Apesar da pouca idade e experiência, eu sabia farejar um macho. E o Saulo era um macho cheio de quereres e necessidades, que não escondia suas qualidades, nem se furtava de aventurar-se por terrenos desconhecidos. Talvez ele simplesmente nunca tenha pensado nesse aspecto como uma oportunidade a ser explorada. Ele também nunca me passou despercebido. Havia algo como uma áurea ao redor dele que me atraía como as moscas para o mel. Provavelmente, era a testosterona que porejava por todo aquele corpão.

Quem me escrevia regularmente era o Edivan. Nas entrelinhas de suas cartas dava para perceber sua agonia em relação ao meu bem-estar. Eu respondia cada uma de suas cartas, mas logo percebemos que algumas não chegaram às suas mãos, provavelmente destruídas pelo nosso pai antes de ele saber da existência delas. Eu pedi várias vezes para ele vir para São Paulo, tinha inclusive conversado com o Juvenal e ele me disse que tinha um colega marceneiro que tinha começado a trabalhar por conta própria e estava procurando alguém para trabalhar com ele. O Edivan tinha feito alguns móveis lá em casa e eu sabia que ele levava jeito para a coisa. Mas, ele não se dispôs a vir. A relação dele com as aquelas terras era algo que transcendia o entendimento de outros. Sua ambição se satisfazia com o tamanho e a importância de Glaucilândia. Depois de chegar a São Paulo, tinha sonhado com ele diversas vezes. Talvez fosse a falta que ele me fazia que me levava a ter esses sonhos. Em alguns deles, eu via o Edivan debaixo de uma chuva constante, que durava dias, seus pés estavam mergulhados na lama e pareciam afundar no terreno. Depois, quando o sol voltava a brilhar, o Edivan tinha se transformado numa enorme árvore frondosa com um tronco imenso e galhos que pareciam com os seus braços vigorosos. Essa árvore abrigava os pássaros à noite entre sua folhagem e, amenizava o sol para aqueles que se sentavam a sua sombra durante o dia. Ela estava tão enraizada no chão que nada a podia mover. Convenci-me de que o Edivan jamais sairia de lá, como a árvore que jamais se moveria do lugar onde criou raízes.

Com intervalos de meses o Sebastião aparecia na casa do Juvenal e da Lucinda, toda vez que tinha um frente para São Paulo. Eu ficava eufórico, pois aquele era o único vínculo real que me restara do meu passado. Nas duas primeiras vezes eu me entreguei a ele, pois a carência que sentia só podia ser suprida com o esperma quente de um macho. Na terceira, quarta e quinta vez eu não abri mais as pernas. Tinha compreendido que ele não vinha atrás de mim por uma preocupação com a minha pessoa. Porém, ele vinha por causa do meu cuzinho. A carona que ele tão gentilmente me ofereceu já havia sido paga. Essa certeza me fez recusar seu assédio. Ele nunca mais me procurou.

- As clientes te amam, como você já deve estar cansado de saber. Você já pensou em fazer um curso para aprender a cortar e tratar o cabelo das clientes? Não é complicado e, você pode ganhar bem mais do que agora, o que acha, mon petit garçon? – perguntou-me madame Jeanine que, de uns tempos para cá vinha caíndo de amores por mim.

- Eu tenho muito interesse, até já andei pesquisando um curso, mas o horário não é compatível com o meu. Fico olhando como o Fernandinho e o Glauco trabalham e, ando praticando na minha prima e nas vizinhas. – respondi.

- Pois esta semana mesmo eu vou fazer uma reserva para a próxima turma. Vou dispensá-lo para que possa fazer o curso. As clientes estão me cobrando isso faz tempo. – retorquiu a Jeanine. Fiquei imensamente grato e, o beijinho que tasquei nas bochechas dela deixaram seus olhos marejados. – Oh! Vous et un diablotin salaud!

Quando o curso começou, caí na besteira de contar para o Roberto, motivado talvez pela oportunidade de crescer dentro do salão e, por que, há algum tempo, eu vinha me abrindo com ele. A reação dele me surpreendeu. Ele baixou e balançou a cabeça de um lado para o outro e riu.

- Eu disse alguma coisa engraçada?

- Não! É que é um serviço meio estranho para um homem. É coisa de boiola, não é não? – questionou, mantendo o risinho debochado.

- É, eu acho que é. Os dois caras que trabalham no salão são gays. – respondi. Ele me encarou sério.

- Você... – ele baixou a cabeça novamente e coçou o joelho, sem saber se concluía a pergunta ou onde enfiava as mãos.

- Se deitar e transar com outro cara é ser gay, eu sou sim. – respondi, encarando-o.

- Não parece! Tá certo que você é muito bonito e não tem aquele jeitão de macho, mas eu não pensei que fosse... – ele tinha dificuldade de pronunciar a palavra na minha frente.

- Você podia não ter certeza, mas faz tempo que você desconfiava, não é?

- Não sou muito bom em levar esse tipo de papo. – retrucou embaraçado.

- Beleza! Não vamos mais conversar sobre isso. Quem sabe depois do que te contei, nem conversar mais comigo você queira. – afirmei.

- Não! Eu gosto muito de conversar com você, acho nosso papo bem legal. Não quero terminar nossa amizade. – assegurou.

- Ok, então! Vamos mudar de assunto.

- Esse negócio de transar com outros caras, como foi que você fez? Quem eram esses caras? – o assunto o instigava ou, pelo menos, tinha despertado a curiosidade dele em saber que tipo de sujeito eu era para fazer isso.

- Acho melhor a gente não falar mais sobre isso. Não vou expor a minha vida e os meus problemas para alguém que não consiga aceitar certas coisas. Você vai acabar achando que sou um depravado, uma aberração ou, qualquer coisa desse tipo. – sentenciei.

-Jamais pensaria isso de você. Eu... eu te acho lindo! Mas, não sou veado. – afirmou.

- Eu sei que não é. – afiancei, abrindo um sorriso tímido na direção dele.

- Você me atrai! – sua afirmação pareceu mais um resmungo.

- Se você não gosta de veados, como posso te atrair? É meio confusa essa sua cabeça, não é não? – questionei.

- Sei lá! Eu só sei que gosto de ficar ao seu lado, gosto de olhar para você, acho seu corpo demais, você tem um cheiro que mexe comigo, essas coisas!

- Eu também gosto de ficar ao seu lado. E, já que você tocou no assunto, eu também acho seu corpo lindo, esses musculões e esse peitão peludo me dão um calor. – confessei, eu dei uma risadinha para disfarçar o nervosismo.

- Nunca percebi que você ficava me secando. Ou, você só está falando isso por que começamos a ter esse papo? – questionou.

- Eu jamais ia ficar te secando ou dando bandeira. Nem precisa, pois basta uma olhadinha para perceber tudo isso que eu falei. – respondi.

- Deu para perceber que eu não sou nada sutil, não é? Eu sou meio bronco, só terminei o ensino médio por que não gostava de estudar quando era garoto, agora vejo que foi uma puta besteira. Mas, estou aqui tocando a vida. – ele parecia estar se desculpando de alguma coisa.

- Eu também só concluí o ensino médio, precisei ajudar no sítio e não sobrava grana lá em casa para a gente pensar em ir para uma faculdade. – retorqui.

- Mas você é um cara educado, sabe conversar direito, conhece muita coisa. – afirmou.

- E sou veado! Para você ver com as coisas são. – concluí

- Desculpe pelo jeito que eu falei, eu não quis te ofender, juro. – revidou arrependido.

- Não ofendeu. Você só constatou uma verdade.

- Eu sei que você ficou aborrecido comigo, desculpe! Eu não gostaria que você ficasse zangado comigo, gosto muito de você para ficarmos estremecidos.

- Engano seu, não estou aborrecido nem zangado com você.

- Prometa que não vai me achar um sem-vergonha, nem um cafajeste, mas, depois dessa nossa conversa, eu queria te dizer que sinto um puta tesão toda vez que vejo essa sua bundinha. Cara, não consigo evitar, é mais forte do que aquilo que eu penso. – confessou.

- Pois essa é uma questão que você precisa resolver consigo mesmo. Não vou ser eu quem vai te dizer se isso é bom ou ruim, se está certo ou se está errado. Essas respostas você mesmo vai ter que encontrar. – sentenciei.

- É, eu sei. Nem é uma questão de ser bom ou ruim, certo ou errado, eu sinto tesão e gosto de sentir esse tesão. A questão é que não sei o que fazer com você. Se fosse uma mulher eu já tinha te pegado de jeito. – afirmou, fazendo um gracejo comedido.

- Pois é, não sou! Para você ver como as coisas acontecem, a gente se liga em alguém sem que saibamos o porquê, sem que a razão consiga explicar o que o coração sente. Simplesmente acontece. – retruquei.

- Quero te pedir uma coisa, posso? – inquiriu encabulado.

- Se estiver ao meu alcance e não for nenhum absurdo, tudo bem. – respondi

- Não se afaste de mim. – havia uma repentina tristeza em seu olhar.

- Você está sempre por aqui com o Juvenal, a gente vai se ver toda hora. – afirmei.

- Não foi isso que eu quis dizer. Eu não quero que você desista de mim. – ele pegou minha mão e a apertou entre as dele. Eu estremeci quando seu olhar penetrou fundo no meu. Dei um sorriso bobo.

Nada mudou por quase um ano, à exceção do meu trabalho. Concluído o curso de cabeleireiro, a Jeanine deu-me a oportunidade de atender as clientes que há tempos queriam meus serviços. Do ponto de vista econômico foi muito compensador. A Lucinda e o Juvenal não quiseram que eu me mudasse quando anunciei que pretendia alugar um cantinho só meu. Como não tinham filhos, haviam se afeiçoado a mim, embora não tivessem idade para ser meus pais. O Saulo continuava a frequentar a casa apesar de ele e o Juvenal terem terminado as obras de ampliação. O único parente dele que deixara o interior paulista, um primo, morava com a família em Osasco, no outro extremo da cidade. Por isso, ele raramente o visitava. O Juvenal tinha se transformado numa espécie de irmão mais velho e, os dois se davam muito bem, tanto no trabalho, que estava melhorando substancialmente suas condições de vida, quanto no relacionamento interpessoal, tornando-os confidentes.

Depois daquela conversa com o Saulo eu não desistira dele. Não pelo pedido em si, mas por que estava gostando cada vez mais dele. No entanto, havia perdido as esperanças de um dia termos algum relacionamento, nem sexual e, muito menos afetivo. Nem todo heterossexual é como o Edivan ou o Sebastião, que se sentem atraídos tanto por mulheres quanto por homens e, são capazes de se relacionar emocional e fisicamente com os dois sexos. O Saulo continuava a me olhar com tesão, dava para notar isso quando estávamos juntos, mas relutava em aceitar o que estava sentindo.

Numa conversa que tive com a Lucinda, resolvi me abrir e contar o real motivo da minha vinda para São Paulo, isso depois de ele comentar que eu devia arranjar uma namorada, que duas garotas que moravam na mesma rua já tinham comentado com ela como eu era bonito e charmoso e estavam interessadas querendo saber se eu tinha namorada.

- Se depois do que te contei você não quiser que eu fique mais aqui, morando com vocês, vou entender. – afirmei, após ter contado toda a história, inclusive que tinha me afeiçoado ao meu meio irmão Edivan, numa espécie de paixão juvenil que acabou evoluindo para a junção carnal.

- Nossa! Que história! Eu não imaginava que o motivo da briga com seu pai fosse algo desse tipo. – revelou aturdida.

- Pois foi! Não fizemos nada intencionalmente, tudo foi acontecendo de forma gradual, quando demos por nós, estávamos apaixonados, e aconteceu. – resumi.

- O Juvenal comentou comigo que o Saulo está arrastando um bonde por sua causa. Eu e ele já conversamos sobre isso algumas vezes, pois não dá para não notar a troca de olhares entre vocês. Você está a fim dele? – questionou.

- Acho-o um cara interessante, mas não rolou e nem vai rolar nada entre nós. Pode até ser que ele se interesse por algum aspecto físico meu, porém, é só isso. Eu quero alguém que goste de mim de verdade, não da minha bunda. Você deve saber como são esses caras, querem trepar, mas não querem assumir um relacionamento. – respondi.

- É bem por aí.

- Então, vou procurar novamente um lugar para ficar, talvez mais perto do trabalho, pois é uma barra enfrentar esse trajeto todos os dias. Só peço a você e ao Juvenal que me deem um tempo até conseguir algo legal. Assim vocês não precisam se preocupar com a opinião ou comentários de vizinhos e nem conviver comigo. – pedi.

- Não foi por que fiquei sabendo de tudo que as coisas mudaram entre nós. Gostaria que você continuasse a morar conosco, é bem legal ter você aqui. Quanto aos vizinhos ou qualquer outro nem pense nisso. Aliás, tem mais mulherada interessada em você do que você pode imaginar. – disse rindo.

- Mas o Juvenal pode não ter a mesma opinião quando souber da verdade. As pessoas têm dificuldade para aceitar certas coisas. Como eu disse, vou entender se quiserem que eu me mude.

- Pois fique sabendo que o Juvenal já teve um caso com um primo. O safado pensa que eu não sei de nada, no entanto, quando a gente namorava, uma tia dele me contou tudo. Homem é bicho safado, não pode ver um buraquinho que já quer botar aquele troço deles dentro. – afirmou rindo. – Além disso, ele está botando pilha no Saulo. Já o flagrei dando uns conselhos bem machistas para o Saulo, a seu respeito. Fique! Não volte mais a falar em se mudar que eu fico com o coração apertado. – disse, me abraçando emocionada.

Ao lado da casa do Juvenal e da Lucinda havia um terreno à venda, desde que me mudei para lá. De repente, começamos a notar uma movimentação e a retirada de inúmeras placas de imobiliárias que estavam presas no muro. Um casal de meia idade com dois filhos na casa dos vinte e poucos anos adquiriu o lote e procurou o Juvenal e o Saulo para construírem a casa. Iniciadas as obras, eles sempre estavam por lá. O filho mais velho, Miguel, era um pedaço de mau caminho. Na primeira vez que nos vimos, seu olhar penetrante e aguçado me fez sentir um calafrio percorrendo minha espinha. Ele começou a vir à obra junto com o pai e, toda vez, perguntava por mim, achando que eu era um irmão mais novo do Juvenal ou da Lucinda. Num sábado, ele e o pai chegaram à obra bastante cedo, o Juvenal nem havia terminado de tomar seu café e, eu me preparava para encarar mais um dia de muito trabalho no salão. Sem perder tempo e a oportunidade, o Miguel me ofereceu uma carona até onde eu quisesse. Assim que eu estava entrando no carro, o Saulo apareceu. Ele já tinha torcido a cara para os sorrisos e os papinhos que o Miguel levava comigo, porém, ver-me entrando no carro dele transfigurou seu semblante como eu jamais tinha visto. Pensei comigo mesmo, de que adianta fazer essa cara agora se, quando todas as chances estavam ao seu favor, você nunca pensou em mim como eu gostaria. O Miguel estava mexendo muito comigo, talvez fosse o caso de eu ver onde isso podia chegar. O melhor de tudo é que, com o Miguel, havia um retorno como nunca houve com o Saulo.

As caronas que a princípio eram espaçadas e só cobriam um trajeto de alguns quarteirões até a estação do metrô, foram aumentando tanto na frequência quanto no trajeto. Quase todas as manhãs, com o pretexto de averiguar o andamento das obras, o Miguel vinha me buscar e me deixava na porta do salão.

- Jesus me abana! Que homem é esse? – suspirava o Fernandinho, quando o Miguel me dava um beijo disfarçado no pescoço enquanto fingia me abraçar ao nos despedirmos na porta do salão.

- Na minha horta não chove um bofe desses! – exclamava o Glauco, fazendo coro aos suspiros do Fernandinho.

Na antevéspera de um feriadão, quando o Juvenal e a Lucinda foram passar uns dias na praia, na casa de uns amigos e eu ia ficar sozinho em casa, o Saulo se desentendeu com o Miguel. Tudo teria começado com uma crítica ao trabalho que o Saulo estava tocando. Ele, que já andava com o Miguel atravessado na garganta, revidou e mandou-o se foder. O Miguel que não suportava aquela cara desafiadora que o Saulo lhe lançava toda vez que eu entrava no carro dele, não deixou por menos e o mandou a puta que o pariu. As porradas começaram antes que alguém conseguisse intervir e, quando os outros funcionários do Juvenal e do Saulo conseguiram apartar a briga, já havia camisas rasgadas, sangue na boca de um e no nariz do outro e, muito suor cobrindo aqueles corpos titânicos. Eu escutei a gritaria de casa e, ao identificar as vozes altercadas de ambos, desconfiei do motivo daquela discussão. Não se tratava de algo que o Saulo não tivesse feito com capricho, pois esse era seu jeito de trabalhar. Tratava-se, na verdade, em qual dos dois machos mijava mais longe. Um puro exibicionismo de dominância.

Eu levei o Miguel para dentro de casa e cuidei de seus machucados, acabei chegando tarde ao salão naquele dia e estava com o Saulo entalado na garganta.

Na manhã do dia seguinte fiquei feliz por poder continuar dormindo até mais tarde, havia tempos que andava exausto, por isso também tinha declinado do convite para acompanhar o Juvenal e a Lucinda até a praia. Eu tinha me espreguiçado e voltado a enfiar a cara no travesseiro quando escutei alguém esmurrando a porta da frente. Trôpego, sonolento e vestindo um short curto fui destrancá-la, um Saulo carrancudo estava encostado ao batente.

- O que faz aqui há essas horas? Você sabe que o Juvenal não está. – resmunguei chateado.

- Você está dando o cu para aquele sujeito? – rosnou ele em resposta.

- Saia da minha frente! Quem você pensa que é para exigir uma explicação da minha parte? Você acha que eu sou como uma dessas vadias que você anda pegando por aí? Vai embora Saulo, estou falando sério! – revidei encolerizado.

- Não vou, não! Temos que conversar. E vai ser agora! – respondeu, passando pela porta e quase me levando consigo, ignorando meu protesto.

- Eu não vou conversar com você só por que essa é a sua vontade. E, muito menos sobre esse assunto. Isso não lhe diz respeito. – retruquei. Ele me pegou pelo braço e me arrastou até o sofá, obrigando-me a sentar ao seu lado.

- Eu não quero que você se envolva com aquele cara! Eu não te disse que gostava de você? – subitamente suas palavras se tornaram menos impositivas e agressivas.

- Numa boa, Saulo. Você tem suas convicções, seu modo de vida e, você já percebeu que não vai existir um você e eu numa relação que não seja de amizade. Só que eu quero alguém para compartilhar a vida, e o Miguel é um cara muito legal. Não sei se vai ser com ele que vou compartilhar meus dias, mas com certeza vai ser alguém como ele. – eu procurava deixar claro que já não nutria nenhuma esperança em relação ele.

- Você desistiu de mim! – balbuciou entristecido.

- Acho que sim. Você não quer e não vai mudar sua postura. A vida passa e eu não pretendo deixar a minha passar sem a chance de viver um amor verdadeiro. – respondi.

- Eu amo você! – disse ele, pela primeira vez e com toda a sinceridade.

- Pode até ser, mas você não sabe o que fazer com seus sentimentos. Canalize-os para uma garota legal, case-se com ela e tenha filhos. Você vai ser feliz. E, para mim que gosto muito de você é tudo que eu te desejo. – eu segurei uma de suas mãos entre as minhas e a acariciei.

- Eu quero você! Minha felicidade está ao seu lado. – afirmou, fixando seu olhar no meu.

No mesmo instante ele se inclinou sobre mim e deitou meu tronco no sofá. Senti os lábios inseguros dele tocando os meus, estremeci todo. Quando comecei a retribuir o beijo, ele me apertou com mais força e me puxou para junto dele, bruto e decidido. A língua dele me penetrou e, quando nossas salivas se mesclaram, o tesão que se apoderou dele deixou de ser racional. Pela fenda do meu short entrou uma daquelas mãos calejadas e ásperas, rumando em direção às minhas nádegas. Parecia que estavam passando uma lixa sobre a minha pele, eu gemi excitado. Os biquinhos dos meus mamilos afloraram como se fossem periscópios emergindo das águas. Ele se sentiu atraído por essa demonstração libertina. A mão que estava nas minhas costas dirigiu-se avidamente para eles. Agora, uma lixava meus glúteos e a outra lixava meu mamilo, eu estava me perdendo na sensualidade daqueles toques. Desde minha viagem para São Paulo eu não sabia o que era ser tocado novamente por um macho. Meu corpo parecia querer entrar em convulsão. Eu segurei a cabeça do Saulo entre as mãos e ergui meu tronco para que meus mamilos chegassem a sua boca. Ele os lambeu e chupou lenta e demoradamente. Eu gemia. Enfiei meus dedos na cabeleira dele e o aninhei em meu peito. Ele não estava tanto carinho e receptividade de outro homem. Enquanto me mordiscava os biquinhos, arrancou meu short. A bunda pela qual ele estava seduzido há tempos, não só estava completamente nua e exposta a seu olhar aquilino como estava ao alcance de suas mãos predadoras. A mordida nas minhas carnes rijas foi tão intensa, que soltei um – aiiii – longo e devasso. Amassando as nádegas como se fosse massa de pão, ele as apartou. O reguinho profundo e estreito, imaculadamente liso e branquinho, escondia um diminuto ponto rosado, circundado por preguinhas frágeis. Em nada aquilo se parecia com os cus das vadias que ele tinha pego, amarronzados e largos. Aquele cuzinho piscando de desejo tinha que ser dele, pensou consigo mesmo. Soltei um gritinho quando os pelos de sua barba espetaram a pele do meu rego e sua língua úmida tocou na minha rosquinha. Eu estava com tanto tesão que rebolava e empinava a bundinha na direção daquela língua sedenta. Ele me conteve com uma força desmesurada, bruta até, sob a forma de um tapa com sua mão pesada. Se eu não fosse capaz de fazê-lo sentir a brandura dos meus afagos, ele ia me foder como fodia as putas que pegava na rua. Girei meu corpo e voltei a beijá-lo com ternura e delicadeza, aquilo o desestabilizava. Ele ficava entre a necessidade primal de seus instintos e a sensualidade carinhosa dos meus mimos sutis, ambos enchiam-no de tesão. Ergui a camiseta dele enfiando minhas mãos em seu peito, até tirá-la pela cabeça. Beijei repetida, suave e provocadoramente aquele torso másculo e potente. Ele se entregou lascivo e generoso. A verga estava absurdamente definida debaixo do jeans numa ereção que já o incomodava. À medida que meus beijos desciam por seu umbigo peludo ele desabotoou e baixou apressadamente o zíper do jeans. Penetrei meus dedos na braguilha aberta e baixei a cueca. A jeba escapuliu num salto espetacular, fazendo com que o pré-gozo espirrasse no meu rosto. O cheiro viril de macho excitado invadiu minhas narinas e eu coloquei o pauzão na boca. Nunca tinha visto uma rola tão grande e, particularmente, grossa. Uma mente obstruída pelo instinto carnal é incapaz de avaliar os perigos. Era exatamente isso que estava acontecendo comigo quando caí de boca sobre aquele troço imenso, lambendo, chupando o sumo cheiroso que fluía profícuo, e instigando aquele macho com meus afagos pecaminosos. Quase fiz o Saulo gozar na minha boca, ele se conteve sacando a rola abruptamente.

- Caralho! Por pouco não te faço tomar meu leitinho. – grunhiu tarado.

Ele me empurrou contra um dos braços do sofá de modo que eu não pudesse escapulir. Abriu minhas pernas e se enfiou entre elas. Apontou a pica contra meu buraquinho e meteu em mim. Eu gritei enquanto ele me rasgava todo.

- Aiiii Saulo! Para, para! Você está me machucando! – berrei desesperado, enquanto ele continuava a enfiar aquele troço imenso nas minhas entranhas.

Meus músculos anais apertavam tanto a pica dele como ele jamais tinha sido apertado antes. O tesão virou loucura.

- Eu sou um fodedor! Quando fodo, fodo para caralho. – grunhiu tomado por um delírio devastador.

- Ai Saulo! Eu não sou como as vadias que você está acostumado a foder. Meu cuzinho não está dando conta dessa pica enorme. Para, para, por favor. – eu gritava aflito, procurando preservar minha integridade ou, o que houvesse restado dela.

Quando viu minhas lágrimas brotando nos cantos dos olhos ele abrandou a pegada e parou de estocar meu rabo. Eu respirava com dificuldade. Minha pelve retesada doía pungentemente. O cacetão pulsava nas minhas entranhas, indomado e ávido. Ele nunca havia transado com alguém a quem não visse como um mero objeto sexual, alguém a quem, de alguma forma, houvesse pago para ter o direito de foder como bem lhe aprouvesse, alguém a quem nunca mais viria após ter se saciado. Quem estava gemendo e brandindo debaixo de seu corpanzil nesse momento era alguém por quem ele nutria sentimentos ambíguos. Porém, ele sabia que, quem estava ali, não era alguém descartável, era alguém a quem ele queria proteger, de quem queria cuidar, em quem queria se aninhar. Eu senti sua angústia naquele olhar perdido. Puxei seu rosto para perto da minha boca e o beijei carinhosamente. Quando a dor o permitiu, eu comecei a contrair ritmicamente meus músculos anais, prendendo o caralhão dentro de mim e estimulando-o a se movimentar cuidadosa e cadenciadamente no meu cu. Ergui meus quadris de encontro a sua virilha, o que fazia o caralhão deslizar para dentro de mim. Pela primeira vez ele percebeu que estava dando prazer ao mesmo tempo em que o recebia. Aquilo que estava acontecendo não era uma foda egoísta, era uma troca sublime. Ele delirava de prazer. Eu gemia num tesão desumano, agasalhando aquela jeba descomunal. Assim que a língua dele voltou a penetrar minha boca eu comecei a gozar, esporrei toda minha barriga. Ele movia a pelve num vaivém torturantemente prazeroso, sentindo minha mucosa anal massagear seu falo sedento. A pele da cabeçorra estava tão sensível que fazia subir uma onda dolorosa por sua espinha. Seus músculos começaram a se retesar, o vaivém foi se transformando em estocadas secas. Eu voltei a ganir plangentemente. Fixando seu olhar no meu, ele soltou um som rouco que brotou prazeroso do fundo de seu peito, fazendo-o estremecer e ejacular. Pelo menos dez jatos de porra quente inundaram meu cuzinho. Eu sentia o creme pegajoso aderindo nas minhas entranhas e chorei de prazer.

- Que porra foi essa? Eu pensava que sabia foder, mas você acaba de me ensinar o que é uma foda de verdade. Nunca senti tanto prazer na vida! – rosnou, me apertando em seus braços enquanto eu continuava aninhando sua rola na maciez tépida do meu ânus e, afagava seu rosto suado.

- A minha perdição é te amar tanto assim. Você é um bruto! Se eu pudesse mandar no meu coração não teria me entregado para você. Estou todo arregaçado. – gemi exausto e, ainda mais apaixonado, agora que toda a masculinidade daquele macho estava entranhada em mim.

- Eu amo você, seu boiolinha tesudo! Eu te avisei que era um bronco. – grunhiu, cobrindo-me de beijos como forma de se penitenciar pelo flagelo que me havia feito passar.

- Mas, não precisava me tratar como se eu fosse um saco de cimento! Um pouco de sutileza não ia te fazer mal. – exclamei, aceitando sua explicação como se fosse um pedido de desculpas enviesado.

- Esse troço de sutileza é coisa de veado. Macho é grosseiro mesmo ou, não é macho. – retrucou ele, embora no momento estivesse me acariciando com uma delicadeza ímpar.

- Estou vendo que preciso fazer você rever uma porção de conceitos nessa sua cabecinha machista. – balbuciei, entregando-me a seus afagos.

Ele acabou passando todo feriadão comigo. Como morava numa pensão, ficar ao meu lado naquela casa todinha a nossa disposição, significou voltar a sentir que tinha um lugar em comum com alguém que amava. Um saudosismo dos tempos em que morava com os pais no interior tomou conta dele. Eu percebi isso por ele começar a me contar uma porção de coisas que aconteceram com ele naquele tempo. Eu me diverti com as coisas engraçadas que ele contou e, acariciei seu rosto apertando-o contra meu peito quando relatou algum episódio triste.

- Quero morar com você! – exclamou, de supetão, erguendo meu queixo para que eu o encarasse.

- Não tenho a menor vontade de me mudar para aquela pensão onde você mora. – devolvi, lembrando-me de uma ocasião em que fui levar um recado do Juvenal para ele e, constatado como era a pensão era esquisita.

- Lá não, claro! Pensa que quero você circulando no meio daquele montão de machos tarados para encontrar onde enfiar os cacetes que não veem uma xana há tempos? Nem pensar! Eu quero você só para mim. Eu sou seu macho agora. – declarou enfático.

- Ah, é? Não me diga! Quer dizer que bastou botar esse pirocão em mim para se sentir dono do pedaço! – retruquei, com um sorriso benevolente.

- É isso aí! É bom você ficar sabendo que território marcado é território conquistado, entendeu meu boiolinha safado? – rosnou.

- Não vá pensando que, por eu ser passivo, vou deixar que você faça o que bem entender comigo. Ficar com você é uma escolha minha e não uma imposição sua. Uma vez que estamos deixando tudo em pratos limpos, é bom você saber também que esse seu geniozinho enfezado precisa mudar. – declarei, sem rodeios.

- Veremos! – exclamou desafiador. – Talvez eu faça algumas concessões, se você se comportar direitinho e, continuar a ser tão gostoso como foi há pouco. – declarou. No fundo eu sabia que ele queria mudar por mim. O próprio fato de termos tido aquela relação sexual tinha sido uma superação de conflitos para ele, mesmo assim, ela aconteceu e foi maravilhosa. Havia na expressão dele uma certeza de que teria outras experiências maravilhosas se, se desse a chance de compartilha-las comigo, um boiolinha, como dizia carinhosamente, para amenizar o fato de estar apaixonado por outro homem.

Naquele feriadão eu também revelei a ele o meu passado. Queria que ele soubesse que a experiência que eu tinha demonstrado durante a nossa transa não era fruto de nenhuma devassidão, mas de sentimentos afetuosos. Eu notei que sua mente se desanuviou, afastando inúmeras suposições que ele havia imaginado.

- Agora você sabe quem foram os outros únicos caras com quem me deitei. – revelei.

- Obrigado por me contar! Naquele dia que te cobrei uma explicação eu estava de cabeça quente. Você tem o dom de me tirar de sério! É foda gostar tanto assim de alguém. Qualquer coisinha e, a gente já começa a imaginar besteira. Quando vi você com o Miguel e ele com aquele olhar de bagre faminto em cima de você, fiquei puto. – afirmou constrangido.

- O Miguel nunca me tocou. Para azar dele eu estava caidinho por um bronco. – disse, sorrindo para ele. Ele ficou cheio de si e devolveu um sorriso maroto.

O Saulo e eu tínhamos assumido nossa relação muito discretamente. Demorou um bom tempo para que o Juvenal e a Lucinda tivessem a confirmação do que rolava concretamente entre nós. Isso só aconteceu por que o Saulo não se continha e cismava de me dar uns amassos achando que ninguém estava vendo e, me roubar uns beijos ardentes entre vãos de paredes e cantos escurinhos. Quando o tesão ficava incontrolável, o carro dele virava uma espécie de garçonnière, um cafofo onde aplacávamos nossos desejos libidinosos. Outras vezes, seguíamos para um motel e passávamos a noite esvaindo nossos corpos em luxúria.

Numa tarde de verão, depois de a chuva torrencial ter instalado o caos no trânsito, o Saulo me esperava na saída do trabalho. No trajeto para casa percebi que ele se desviou do caminho. Quando o questionei para onde estávamos indo, ele embromou e fez mistério. Acabou estacionando diante de uma casinha muito antiga, caindo aos pedaços, numa rua residencial entre o Alto da Mooca e a Vila Prudente, bairros bem mais próximos do centro da cidade.

- Você e o Juvenal vão reformar essa casa? Pegaram outro serviço? – perguntei, depois de ele me fazer descer do carro e começar a empurrar um portão de ferro emperrado. – Não me parece que isso ainda tem jeito. Está tudo em ruínas!

- É aqui que quero morar com você! – exclamou, virando-se na minha direção para ver minha reação.

- Esse telhado vai cair nas nossas cabeças na primeira semana. Ninguém consegue morar aqui. – exclamei. Meu coração palpitava agitado sem ter me pedido permissão para isso.

- Vou demolir tudo e construir uma novinha em folha, só para você! – revelou. Comecei a chorar.

- Isso vai sair uma fortuna! – exclamei, como se não quisesse acreditar que aquela possibilidade era algo real.

- Tenho minhas economias. O Juvenal vai me ajudar, como eu o ajudei no término da casa dele. Ficaremos quites. – ele falava pausadamente, como se estivesse verbalizando seus pensamentos.

- Eu também tenho minhas economias, posso te ajudar. – afirmei, meu coração disparara.

- O macho aqui sou eu! Sei que o mundo está cheio de modernidades, mas comigo essas são questões cruciais. Sou eu quem vai sustentar o cuzinho que como. Nesse aspecto não tem modernidade nenhuma, está entendendo? – retrucou, sério e determinado.

- Mandão! Só dependi de um homem na vida, meu pai. Quando ele me botou para correr, jurei que nunca mais iria depender de alguém. – revidei.

- Pois comigo é assim! Você pode ter seu trabalho e fazer o que quiser com a sua grana. Mas, serei eu a sustentar a casa. A nossa casa e você! – determinou, fazendo um charminho para amenizar sua imposição.

- Isso tudo é para provar que é meu macho? – questionei petulante.

- Não. Para te provar que sou seu macho eu tenho outros métodos. – disse, me puxando para junto dele e agarrando impudicamente uma das minhas nádegas. – Quer que eu te mostre?

- Quero. – sussurrei em seu ouvido, lambendo a seguir seu pescoço. Instantes depois eu estava debruçado de quatro sobre o que outrora tinha sido uma mesa, levando o cacetão do Saulo no cu entre gemidos de tesão, enquanto a mesa balançava no ritmo das estocadas firmes dele e, se esfacelava sob o peso do meu corpo.

Mudamo-nos na semana do Natal daquele ano para o sobradinho charmoso que o Saulo e Juvenal construíram. Eu nunca tinha sido tão feliz em toda minha vida. Aprendi a amar aquele homem apesar de suas turrices. Elas estavam diminuindo gradualmente e, eu tinha aprendido a ligar com as que persistiam.

A saúde de Madame Jeanine já não era a mesma quando entrou na casa dos sessenta. Sua voz grave e rouca, que nunca combinou com seu jeito franzino, começou a dar lugar a uma tosse seca e persistente. O diagnóstico de um câncer na laringe derrubou o astral do salão. Antes de se afastar para o tratamento ela me colocou como encarregado do negócio. A cirurgia, as torturantes e nauseantes sessões de quimioterapia que se seguiram trouxeram uma esperança que durou pouco mais de um ano. Debilitada e começando a se desapegar desse mundo, ela quis que eu ficasse com o salão. Disse que era um presente que ela deixava para o filho que nunca conseguiu ter. Despedir-me dela na beira do túmulo foi a coisa mais dolorosa que já tinha feito na vida. Jamais imaginei que um coração pudesse doer tanto. Essa mulher havia me dedicado mais carinho e, feito mais por mim do que a minha própria mãe.

No mesmo ano, numa das cartas do Edivan, fiquei sabendo que ele ia se casar. A cerimônia tinha até data marcada. Não consegui deixar de pensar a quanto tempo ele não devia estar namorando sem me dizer nada. Nenhuma atitude dele era precipitada ou afoita, não teria sido diferente nesse caso. Ele precisava de muito tempo para se resolver, portanto, esse namoro era coisa antiga. Ele queria que eu estivesse presente. Fez o pedido com aquele seu jeito cheio de rodeios, até que finalmente conseguiu formular e botar no papel a frase que encerrava o convite. Precisei rir de suas palavras, ele continuava a cuidar de mim, mesmo depois de todos esses anos. Era uma maneira peculiar de cuidar, mas era um cuidado, sem dúvida. Amei-o por isso. Confessei esse amor ao Saulo quando terminamos de ler a carta juntos. Ele fez uma careta, só para me lembrar de que era ciumento.

- Lá nessa tal de Glaucilândia não tem celular? Convenhamos que ninguém mais escreve cartas hoje em dia. Em que século seu irmão vive? – questionou o Saulo.

- Faço questão que você conheça o Edivan. Ele é único! Hoje consigo perceber como seu mundo é pequeno, mas ele é feliz dessa maneira. Eu nunca soube qual é a exata dimensão da dor que traz em seu coração, desde que perdeu a mãe prematuramente. Mesmo assim, seu coração é enorme e generoso. Eu sentia isso toda vez que nos amávamos. E, acho que, mesmo sem o saber, eu preenchia essa carência dele, de alguma forma. – respondi pensativo e saudosista.

- Tá bom! Chega de falar de Edivan. Ele que seja feliz com a futura esposa e que se esqueça de você. E, o senhor, é bom deixar esse passado enterrado lá na tal da Glaucilândia. Teu coração e essa delícia aqui são meus agora. – disse enciumado, dando um beliscão na minha bunda.

- Deixa de ser tonto! Você sabe que sou todo seu, que raio de ciúme é esse? – resmunguei. Mesmo assim, cobri sua boca com um beijo fervoroso. Isso tinha o poder de desanuviar seus pensamentos.

O Juvenal e a Lucinda foram conosco ao casamento do Edivan. A noiva era uma moça de fora da região, nunca a tinha visto. Ela era graciosa e delicada. Perguntei-me se teria o furor necessário nas entranhas para dar ao Edivan tudo o que ele merecia. Eu estava com ciúmes.

Meu pai me ignorou nos três dias que passamos na cidade. Ao ver-me com o Saulo resmungou que não ousasse pisar em sua casa. Minha mãe condescendeu. O abraço que quis dar nela foi recusado em troca de um simples aperto de mãos. Meus olhos marejados não conseguiram perfurar a blindagem que ela havia imposto ao seu coração. O Saulo acabou simpatizando com o Edivan, enchi-me alegria quando os vi conversando como se fossem velhos amigos. Eram os dois únicos homens que eu amava na vida.

Antes do final daquele ano recebi uma ligação no celular, uma novidade que surgiu depois do casamento, era o Edivan comunicando que nosso pai estava nas últimas. O Saulo ofereceu-se para me acompanhar, mas eu não quis ir. Nunca tivemos muito a conversar e, não seria agora que isso ia mudar. A hipocrisia nunca fez parte da minha personalidade. Ao me expulsar de casa meu pai tinha deixado clara sua opinião, um filho não vale mais do que aquilo que os outros vão pensar de sua honra. A partida física dele desse mundo era uma mera formalidade, para mim ele morreu no dia em que tive que deixar tudo para trás, aos dezoito anos e, com o coração despedaçado, enfrentar um mundo desconhecido que me apavorava. Encolhi-me nos braços do Saulo, ele me apertou contra o peito e ficou mergulhado comigo no silêncio. Naquela noite fizemos amor tão demorada e carinhosamente, até meu cuzinho arder como se lhe tivessem enfiado uma brasa. Ouvir a respiração profunda e tranquila do Saulo aconchegado às minhas costas e abraçando meu tronco, enquanto sua jeba amolecida ainda estava dentro de mim, era a prova de que eu tinha trilhado o caminho certo. Amar e ser amado por um homem era a minha essência, um destino que não escolhi por opção, algo que me foi dado por concessão divina, eu só precisava saber conviver com essa natureza.

O salão estava a exigir de mim mais do que minha capacidade podia dar. A clientela aumentava mês a mês, precisei contratar mais um cabelereiro e duas manicures, mas o que me incomodava era um sentimento de caos reinante. Faltava-me capacidade para gerir o negócio em expansão. Conversei com o Saulo a respeito das minhas inquietações, porém ele tinha uma espécie de aversão a tudo que se referia ao salão. Eu sabia que isso vinha de suas convicções machistas, pois o que ele queria era que eu parasse de trabalhar. Ele sempre argumentava que estava ganhando bem na sociedade com o Juvenal e não via motivo para eu também trabalhar. No fundo ele queria o que todo macho quer, alguém submisso e dependente. Isso, eu tinha deixado claro, ele não teria comigo. Quando fui prestar vestibular para ingressar numa faculdade de administração, ele torceu o nariz, alegando que era um desperdício de energias e, que eu não lhe daria toda a atenção de que precisava.

- Que carência toda é essa, assim tão de repente? – questionei, ao expor meus planos.

- Você vai estar tão ocupado que eu vou ficar esquecido. – resmungou num muxoxo.

- Seja sincero. Está te faltando carinho, amor, atenção? Alguma vez eu te deixei na mão quando esse pirocão, que sempre está cheio de tesão, me procura como se fosse leão faminto atrás da caça? – perguntei, enquanto brincava com os pelos do peito dele entre meus dedos.

- Não! Mas você sabe que eu não gosto quando você fica circulando por aí sem mim. – rosnou, ciente de que estava se comportando como uma criança birrenta que, no entanto, estava cercada de um amor verdadeiro e infinito.

- Eu te amo, seu bobão! Não há nada que eu mais adore do que chegar em casa no final de um dia de trabalho e preparar nossa janta; mesmo quando você fica zanzando a minha volta como um zangão se esfregando em mim com essa pica gulosa, para depois ficarmos abraçadinhos no sofá assistindo qualquer bobagem na televisão ou, agarradinhos na cama jogando conversa fora antes de fazermos amor. – declarei. Ele riu e foi empurrando lentamente minha mão do peito para a ereção que se formou dentro da calça. Era um safado, cuja maior certeza de sua vida era minha paixão incondicional a ele.

Os sábados eram os dias mais agitados no salão. Eu sempre chegava tarde em casa e estava exausto. Com as aulas na faculdade, parecia que meu dia não tinha 24 horas, sempre faltavam horas para todas as tarefas. Mesmo assim, não descuidei do Saulo. Ele sempre foi minha prioridade vital e absoluta. Contudo, comecei a reparar numa mudança em seu comportamento. Um sexto sentido me dizia que por aquela cabeça estavam passando pensamentos pouco ortodoxos. Talvez ele não estivesse fazendo nada de censurável, porém, a semente de uma transgressão estava lá, pronta para germinar.

Fazia tempo que eu precisava comprar algumas peças de roupa, vinha adiando por falta de tempo para correr atrás. Eu estava tão enfadado com o salão que, em pleno sábado à tarde, resolvi deixar tudo nas mãos do pessoal e dar uma escapulida até um shopping a caminho de casa. Tinha planejado surpreender o Saulo com minha chegada antecipada e dedicar toda a noite a cobri-lo de carícias. Aproveitei para comprar uma camisa para ele e, chegar com o presente para iniciar uma noitada voluptuosa. No entanto, o surpreendido fui eu. Num corredor menos movimentado do shopping, vi o Saulo trocando selinhos com uma garota enfiada num jeans justíssimo marcado pelas costuras da calcinha que estava por debaixo. Por uns instantes, tudo ficou escuro diante dos meus olhos, o chão parecia mover-se como se fosse uma borracha mole, eu não conseguia respirar. Trombei com um casal que vinha em sentido contrário e o ombro do homem com o qual me choquei quase me levou ao chão. Ele se desculpou e procurou me amparar antes que a queda fosse inevitável. Eu apenas balbuciei algo confuso em resposta, antes de ouvir a pergunta da mulher querendo saber se eu estava me sentindo bem. Nem sei o que respondi. Meu olhar estava voltado para o fim do corredor onde agora o Saulo e a garota trocavam um beijo vulgar. Não me lembro de como cheguei em casa, só que chorava de soluçar enquanto dirigia.

Esperei por horas até o Saulo entrar na garagem. Havia uma dor generalizada espalhada pelo meu corpo, porém, uma infinitamente maior estava oprimindo meu peito. Ele ficou surpreso ao ver-me largado sobre o sofá, cercado de pacotes.

- Já em casa? Que surpresa boa é essa? O que são todos esses pacotes? – ele estava tão descontraído que mal deu importância ao meu semblante carregado quando deu um beijo no meu rosto. Um perfume doce e enjoativo estava impregnado nele.

- Resolvi sair mais cedo e fazer umas compras no shopping, até trouxe isso para você. – exclamei, procurando engolir o nó que subia pela minha garganta e ser o mais impassível possível.

- Ah! Em que shopping você foi? – rugas de preocupação se formaram em sua testa, enquanto ele desembrulhava o pacote que lhe estendi. Ele não conseguiu me encarar.

- No mesmo onde você estava há algumas horas atrás se beijando com uma vadia! – exclamei. Minhas palavras soaram claras por toda a sala, contundentes como a ação de um punhal.

- Não tire conclusões precipitadas! – ele gaguejou e quis me tocar, eu empurrei suas mãos com força. – É só uma amiga. – mentiu, sem convicção.

- Não seja ridículo, Saulo! Vocês sempre querem ser os machões, os que determinam, os que mandam, fazem e acontecem, mas quando são flagrados se comportam como crianças que negam as evidências. Poupe-me de mentiras. Eu vi e sei muito bem o que vi. – retruquei. Por incrível que pudesse parecer, eu repentinamente estava muito calmo.

- Ela é só uma distração. Quero dizer, foi uma distração. Eu juro, nunca mais vou encontra-la, prometo. – gaguejou, mais perturbado a cada minuto.

- É engraçado! Qualquer coisinha você expõem seu ciúmes. Fica me aporrinhando assim que outro homem se aproxima de mim. Para onde foi esse ciúme todo? No seu pensamento todos são tão sacanas quanto você, por isso o ciúme! No entanto, quem é o malandro que sai por aí comendo a primeira vaca que lhe oferece a buceta? Que cuidado todo é esse que você diz ter comigo se, na primeira oportunidade, você enfia esse pinto em qualquer bueiro e, depois, vem me penetrar sem o menor cuidado? O que você quer com isso, que eu pegue uma doença que essas vadias carregam nas xanas? Eu te odeio, Saulo! – o nó na garganta explodiu num choro convulsivo. Ele não sabia o que fazer, quis me tocar, mas segurou o impulso, sabia que seria rechaçado.

- Não sei que bobeira que me deu! Eu sei que fiz cagada. Não fique assim. Me perdoe? Eu juro que não vai acontecer nunca mais. – a voz dele nunca esteve tão insegura e débil.

- Você tem razão, não vai acontecer mais mesmo. – respondi, engolindo o choro e voltando a mostrar uma firmeza inquebrantável. Caminhei em direção ao quarto e tranquei a porta. Ele a esmurrou algumas vezes querendo conversar. Desistiu quando percebeu que eu estava irredutível.

Saí do quarto com umas malas e juntei uma ou outra coisa pelo resto da casa. Ele quis me impedir, mas temeu piorar o que já estava ruim. Ele veio até a garagem e, com as mãos cruzadas sobre a cabeça, me viu partir.

Meu único refúgio era a casa do Juvenal e da Lucinda. Eles deduziram tudo quando me viram chegar pouco antes da meia-noite com o porta-malas do carro abarrotado, e os olhos inchados de tanto chorar. Enquanto narrava os fatos, percebi pelas feições do Juvenal que ele tinha conhecimento da perversão do Saulo. Os dois me acolheram mais uma vez com todo carinho e afeição. Disseram para eu ficar com eles até tudo se arranjar.

- Nada vai se arranjar, Juvenal! O Saulo não podia ter feito o que fez comigo. Eu nunca deixei de amá-lo um segundo sequer depois que nos conhecemos. Vocês dois são prova disso. – sentenciei.

- Ele também te ama. O diabo são as tentações. Macho não é feito mulher que resiste bravamente. Nem macho e nem os gays. Você me desculpe o que vou dizer, ainda mais nessa hora que você está tão perturbado, mas veado também não prima pela fidelidade. Basta encontrar um caralho maior que já senta o cu em cima. – afirmou, tentando justificar a atitude do Saulo.

- De onde vem essa convicção toda? – questionou a Lucinda, encarando o Juvenal com a pulga atrás da orelha. – O que você sabe sobre como os gays se comportam? Homem, você que não me venha com esquisitices! – ameaçou.

- É a vida. Não preciso ter vivido nada disso, mas sei como são as coisas. – retrucou o Juvenal

- Pode até ser, Juvenal. Mas, eu nunca fui assim e o Saulo sabe disso. Eu vivo só para ele! Eu não mereço o que ele fez. – balbuciei. Eu estava arrasado.

- Deixe a raiva passar, depois vocês conversam. – disse o Juvenal.

- Não fique pondo panos quentes, Juvenal. O que o Saulo fez não tem perdão! Deixe que o Luis Paulo decida por conta própria o que fazer. – censurou a Lucinda.

Não conversei com o Saulo quando ele apareceu no dia seguinte com a maior cara de bunda. Fiz o mesmo quando foi ao salão e mais uma dúzia de vezes. Apenas mergulhei no trabalho, na conclusão do curso de administração e, numa solidão imensa. De uma hora para a outra, tudo tinha voltado ao tempo em que eu havia recém chegado a São Paulo. Eu estava morando com o Juvenal e a Lucinda, que venderam a casinha em Itaquera e foram morar na zona sul da cidade numa casa maior. O Saulo aparecia nos finais de semana, ficava conversando com o Juvenal enquanto tomavam umas cervejas, ficava para um churrasco, trocava algumas palavras comigo e, ia embora, no final da noite, tão desesperançado quanto estava ao chegar, na tentativa de uma reconciliação que não acontecia como ele havia planejado.

- Vou esperar uma eternidade se for preciso, mas preciso do seu perdão. Preciso de você de volta na nossa casa, preciso de você na minha vida. – disse ele na frente dos dois, cerca de três anos depois, ao despedir-se de mim, após ter passado o domingo todo conosco. Ele tinha superado todos seus pudores, tinha chorado diante deles sem se importar com o vexame, tinha implorado para que o ajudassem a me reconquistar.

- Você nunca mais foi o mesmo depois de deixar o Saulo. Ele está arrependido, o Juvenal garante que ele mudou, diz que está mais celibatário que um padre. Porque você não tenta dar uma chance para ele? – perguntou a Lucinda, depois que o Saulo partiu.

- Quem me garante que não vai acontecer de novo? O Juvenal não afirmou que macho não resiste a tentações? O que eu vou fazer quando vier a próxima tentação? O que eu vou fazer se pegar uma doença que ele enfiou em mim por conta de meter aquele troço em qualquer buraco? A raiva já passou, eu continuo amando o Saulo, mas eu não confio mais nele. Que tipo de vida a gente consegue levar assim? – questionei.

- Nós não vivemos de certezas, meu querido! Talvez sejam as incertezas que tornam essa vida interessante. Não deixe de viver esse amor lindo que vocês sentem um pelo outro. É tão raro um caso como o de vocês dar certo. Não desperdice a chance de ser feliz. – argumentou ela.

- Você disse bem, o nosso caso também não deu certo. – retruquei.

- Deu sim! Vocês dois se amam e sempre vão se amar, mesmo que vivam como estão vivendo agora. Para que deixar a vida passar sem ficarem juntos? – ela estava se mostrando um cupido determinado.

- Eu não duvido do amor do Saulo, acontece que ele sempre esteve em cima do muro quanto a encarar uma relação comigo. Tudo seria mais fácil se eu fosse mulher. Mas, não sou e, aí está o grande entrave. O Saulo é um cara que sempre vai ser atraído por mulheres. É da natureza dele. – afirmei.

- Você está se subestimando! Ele é homem, sempre espichar o olho atrás de um rabo de saia, mas amor sincero e verdadeiro ele aprendeu a sentir por você. Pode ter sido a duras penas, porém ele já se deu conta disso faz tempo. – assegurou.

A chuva caia forte desde o meio da tarde, tinha se intensificado quando saí do salão pouco depois das sete da noite. Havia pontos de alagamento nas marginais do rio Pinheiros, o que formava engarrafamentos seguidos no trânsito daquela noite de março. Eu dirigia com a atenção redobrada, mal enxergando o que vinha pela frente, uma vez que os limpadores do parabrisa não davam conta de remover a água que se acumulava sobre ele, jogada pelo vento. De repente, o baque surdo empurrou o carro parado contra a traseira do da frente. Uma carreta estava entrando pelo vidro traseiro quando olhei no retrovisor. Eu vi a cabine se encolhendo como se fosse uma sanfona. O airbag estourou na minha cara e não vi mais nada. Quando voltei a abrir os olhos, os pingos da chuva atingiam meu rosto. O teto de carro não existia mais. Vozes alteradas se agitavam à minha volta. Ele está consciente, ele está consciente, disse alguém bem junto a mim. Tentei me mover, mas por alguma razão não havia espaço. Alguém segurou meus braços tentando me conter. Precisei fechar os olhos por que uma luz intensa ofuscou minha visão. Uma máquina foi acionada, talvez uma serra, o barulho era ensurdecedor e estava colado a mim. Meu pescoço não se movia, estava preso a alguma coisa, por isso não consegui confirmar se era mesmo uma serra que estava fazendo aquele barulho do meu lado. As vozes ficaram mais alteradas, pareciam gritos. Meu corpo começou a se mover como um todo, não era eu quem estava fazendo os movimentos. Comecei a sentir que estavam me içando. Uma pontada nas ancas me fez gritar. A impressão que eu tinha era a de que meu corpo estava dividido em duas partes, o tronco e da cintura para baixo. Quando notei que estava na posição horizontal, minha boca foi aberta à força, um tubo penetrou minha garganta e tudo voltou a ficar escuro.

Abri meus olhos numa penumbra tranquila e quentinha. À exceção de uns bipes tudo estava mergulhado no silêncio. Eu quis mover o dedão do pé direito, parecia que alguma coisa estava preso nele. A dor foi insuportável, soltei um gemido que ecoou pelo ar, ela subiu até os meus quadris, rápida como um raio. Só então, percebi que alguém estava próximo a mim. Aos poucos, a imagem borrada foi tomando forma. Era o Saulo. A barba estava crescida, os cabelos desgrenhados e o olhar cercado por olheiras, mas havia um sorriso débil em seu rosto.

- Oi amor! Não, não tente se mexer. – sua voz soava em meus ouvidos como se fosse canalizada dentro de um tubo e ecoasse durante o percurso. Movi os lábios, porém as palavras não saíram. – Você precisou fazer uma cirurgia de emergência três dias atrás. Ainda está muito fraco e não deve se agitar. – emendou preocupado, antes de estender o braço em direção a um painel e comprimir um botão que acrescentou mais um bipe aos que já havia.

Uma enfermeira se aproximou e me encarou, depois mexeu no meu braço esquerdo por um tempo. Em seguida, senti uma onda morna subindo pelas veias do braço, a imagem do Saulo e dela foram se diluindo até tudo voltar à escuridão. Quando a mesma cena se repetiu novamente, pensei que estava sonhando, mas desta vez era um homem que estava ao lado do Saulo. Ele sorriu e eu tentei retribuir. Não sei se consegui, pois minha boca estava dura.

- Como está se sentindo Luis Paulo? – perguntou o homem. Era um médico, agora que identifiquei que usava um jaleco branco.

- Sinto muita dor nos quadris. – balbuciei. O esforço para articular essas poucas palavras precisou ser imenso.

- Você fraturou a bacia em três pontos distintos no acidente. Precisamos fazer uma cirurgia, mas em alguns dias você vai se sentir melhor. – sua voz firme e tranquila me reconfortou. Que acidente? Perguntei a mim mesmo. Aquilo não era a casa do Juvenal e da Lucinda, era um hospital.

- Quando o senhor acha que ele vai poder ficar sentado ou, começar a andar? – perguntou a voz indefectível do Saulo.

- Talvez daqui a dois ou três dias. Ele é jovem, a recuperação será rápida. – garantiu o médico, que segurava minha mão e sorria na minha direção.

Fui despertando aos poucos, depois da visita do médico. Tudo começava a tomar forma ao meu redor. Eu já ouvia as vozes sem nenhum eco, sonoras e claras. Meus olhos habituaram-se à luz, ela vinha de uma janela, onde o céu azul e algumas nuvens se movendo lentamente pareciam estar emoldurados. O Saulo sentou-se na beira da cama e pegou minha mão. Fixou seus olhos castanhos nos meus e chorou. Chorou sem proferir uma única palavra, apenas chorou.

- Você está horrível! – exclamei com a voz tênue.

- Eu sei. Eu sou horrível! – disse ele, tentando parar de chorar.

- Você é o homem horrível mais lindo que eu conheço! – balbuciei, escalando minha mão naquele braço musculoso. Ele riu no meio do choro.

- Quando cheguei ao local do acidente e vi seu carro, pensei que nunca mais ia ter você em meus braços. – disse soluçando.

- Eu não ia entregar você assim de bandeja para a mulherada. – afirmei. Ele riu de novo.

- Eu amo você mais do que tudo nessa vida! Não sei viver sem você. – garantiu. – Eu morreria sem você! Prometa que nunca vai me abandonar.

- Nem que eu o quisesse! Você é tão parte de mim quanto esse braço. – respondi. Ele se inclinou sobre mim e me beijou. Um beijo trêmulo, pois ele recomeçou a chorar. Mas, o beijo mais doce e carinhoso que eu já havia recebido.

Foram dois longos e tenebrosos meses até eu conseguir andar normalmente outra vez, sem o auxílio das muletas. As sessões de fisioterapia tornaram-se um tédio. Minhas pernas tinham se atrofiado e logo se cansavam de carregar o restante do corpo. Eu não via a hora de poder voltar às minhas atividades. O Saulo contestava o médico, achava minha liberação precipitada, tinha dúvidas se não haveria problemas.

- Doutor, dar alta para ele é o mesmo que dizer que ele está liberado para escalar o Everest. Não há quem o segure. Não seria melhor mantê-lo por mais umas semanas em casa? – dizia o Saulo afobado.

- Não vejo motivo para isso. É claro que não deve haver abusos, mas, aos poucos, pode ir retomando sua rotina. – assegurou o médico, na última consulta de controle pós-operatório em seu consultório.

- Está vendo? Eu disse que estou me sentindo recuperado e, ansioso para voltar ao trabalho. – afirmei, dirigindo-me ao Saulo. Ele me encarou contrariado.

Do jeito que as coisas estavam ele se sentia dono da situação. Por dois meses ele determinava tudo, até o melhor lugar para eu ficar sentado. Carregava-me no colo de um cômodo para outro da casa e, me mantinha tão dependente dele quanto possível. Apesar de saber que eu estava padecendo com aquela recuperação, ele estava feliz como nunca, pois eu estava em casa novamente. Deitado todas as noites ao seu lado, onde bastava ele esticar o braço e sentir meu corpo. Foi um custo convencê-lo a me deixar dirigir até o trabalho. Um novo negócio o impediu de me levar todos os dias. Deu-me mais recomendações do que uma mãe daria a um filho pequeno se ausentando de casa pela primeira vez, explicando detalhadamente cada pormenor do novo carro que havia comprado enquanto eu me recuperava, pois o antigo tinha virado sucata.

- Graças a Deus, amanhã tenho a última fisioterapia. Estou louco para me livrar desse compromisso. – comentei com o Saulo, enquanto trocava de roupa para dormir. Ele já estava recostado na cabeceira da cama com aquela mão enfiada na cueca de seda mexendo na rola, um hábito que se repetia enquanto assistia a uma partida de futebol, quando via um programa sem interesse ou, quando estava louco para transar.

- Nem esses dois meses praticamente acamado diminuíram essa bundinha carnuda. As coxas ficaram mais finas, mas a bunda continua do jeito que o diabo gosta! – exclamou, com uma cara safada que não perdia um único movimento meu.

- Nem vem com esse olho de peixe morto por cima de mim. Estou convalescendo! – afirmei, embora meu cuzinho estivesse afoito e atiçado há semanas, querendo sentir seu macho dentro dele.

- O médico foi claro, você pode voltar a sua rotina normal. Lembra disso? – questionou malicioso.

- A rotina a que ele se referiu não mencionava sacanagens. – retruquei, procurando imprimir seriedade às minhas palavras.

- Engano seu. Lembra-se de que fui conversar com ele, enquanto você se vestia após o exame? Adivinhe o que foi que eu perguntei a ele? – um olhar aquilino e descarado iluminava seu rosto.

- Você só pode estar brincando. Não acredito que você teve a coragem de fazer uma pergunta dessas. – respondi, sem nenhuma certeza de que ele estava falando a verdade.

- Ele me garantiu que eu podia mandar ver! – afirmou rindo.

Desisti de vestir o pijama, ele não ia ficar sobre o meu corpo por muito tempo mesmo. O Saulo me puxou para dentro da cama antes mesmo de eu me aproximar dele. Rolou para cima de mim e começou a me beijar. Eu sentia tanta falta daquela língua sem-vergonha procurando pela minha, daquelas mãos ásperas percorrendo minhas coxas e minhas nádegas, daquele homem cheio de tesão querendo me enrabar que, passei meus braços ao redor do tronco dele e comecei a acariciar suas costas, subindo e descendo, deslizando meus dedos entre a nuca e cóccix dele, excitando-o com minha respiração arfante. Ele arrancou minha cueca, agarrou minha bunda e a apertou até me ouvir gemer. Eu me contorci e ele abocanhou meu mamilo. Lambeu-o, chupou-o e mordeu-o até que o biquinho estivesse inchado e dolorido. Eu enfiava meus dedos em sua cabeleira e gemia. Senti seus beijos descendo pelo meu ventre. Ele girou meu corpo, viu a cicatriz avermelhada se estendendo da lateral da coxa até a parte posterior da região glútea, contrastando com a pele branquinha. Deslizou dois dedos ao longo dela, num toque suave e carinhoso. Beijou minha nádega. Depois, com o tesão desenfreado, cravou os dentes na carne rija. Meus glúteos se contraíram, o tesão se instalou entre eles. Os beijos sobre as nádegas começaram a rumar em direção ao meu rego. O queixo dele se insinuava e ia afundando nele. A língua tocou minhas preguinhas. Eu gemi. O Saulo lambeu e quis morder meu cu numa avidez desesperada. No cuzinho piscando de desejo, ele enfiou o polegar. Eu gani. Há quantos anos mesmo, nada entrava naquele buraquinho? Como consegui ser tão duro com aquele homem que tinha a capacidade de me levar às nuvens com um único dedo libidinoso? O Saulo tirou a cueca e se posicionou ao lado da cama, em pé, segurando o caralhão numa das mãos e puxando minha cabeça para junto dele. Ele esfregava a pica no meu rosto, contornando minha boca, me encarando suplicante. Meus lábios deslizaram sobre a cabeçorra úmida procurando engolir a jeba. Imediatamente senti o fluido pré-ejaculatório enchendo minha boca de sabores e aromas, o cheiro conhecido e delicioso do meu macho. Chupei e sorvi o néctar que fluía. Ele meteu o pirocão na minha garganta, fodeu-me. Eu massageava as bolonas ingurgitadas dentro do sacão peludo. Ele se contorcia e gemia. Ele puxou minhas pernas para fora da cama, bem na cantoneira, cada uma delas pendia pesada e aberta numa das laterais da cama. Eu ergui as ancas, o reguinho se abriu e exibiu o cuzinho rosado. Ele pincelou a rola sobre a portinha e a meteu em mim. Meu gemido esganiçado ecoou pelo quarto. Minha pelve se contraiu e travou o cu ao redor da pica dele. Ele arfou excitado. Estocadas cautelosas, lentas e vigorosas foram enfiando aquele mastro rijo dentro de mim. Era possível sentir felicidade maior do que aquela? Projetei minha bunda contra a virilha dele, o sacão se alojou no meu rego, ele estava completamente atolado em mim. Gani durante todo o vaivém que se seguiu e, ouvia-o arfando e gemendo, enquanto sua cabeça pendia para trás e seus olhos se reviravam no prazer daquele ato. Esporrei na toalha que havia deixado cair sobre a cama, antes de me vestir. Era um gozo doce, com sabor de reconciliação. Eu continuei gemendo, meu cu ardia. Entre os gemidos ouvia-se o platsch, platsch das coxas dele batendo na minha bunda a cada estocada.

- Caralho! Como é maravilhoso foder esse cuzinho! – rosnou ele, antes de começar a se retesar todo.

A porra morna foi entrando em mim em jatos sucessivos e fartos. O Saulo apenas grunhia, o som rouco e grave saía por entre os dentes cerrados. A última estocada tinha enterrado o cacetão nas profundezas da minha ampola retal, macia e quente. Ele o deixou ali aninhado recebendo os afagos que minha musculatura anal fazia, se contraindo e relaxando cadenciadamente.

- Amo você! – disse ele, tomando-me nos braços e entrando de joelhos na cama.

- Amo você! – respondi, tocando seu rosto e beijando aqueles lábios sedosos e quentes.

Ao se deitar, ele colocou minha cabeça em seu ombro, enroscou a perna peluda entre as minhas e me apertou em seu peito. Eu não conhecia nenhum lugar melhor do que aquele para embalar o meu sono. Adormeci empapado pela virilidade do meu macho.

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Comentários

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Então, Kherr, mais um belíssimo conto. Parabéns!!!!!!! Não sei o motivo de minha impressão, mas esse foi o que mais se aproximou de uma "vida real" e foi o que mais me despertou a atenção e a emoção. Destaco o amadurecimento dos personagens principais (excetuando, claro, os pais do Luís Paulo - também faz parte da "vida real"). Esse amadurecimento que levou ao perdão, no final. Confesso que tendo a pensar como alguém comentou que "a traição não tem perdão". Para mim, de fato, não tem. Contudo, com esse conto, me vejo condicionado a avaliar a situação sob nova perspectiva. Te agradeço por isso.

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olá Alguém_Mineiro! Me alegra saber que esse conto te levou a avaliar a questão do perdão sob uma nova ótica. Não que eu a defenda, acho que cada situação deve ser avaliada em todo seu contexto, mas o mais importante é não ficarmos atados a uma posição fechada que não admite questionamentos. Ainda bem que Einstein nos ensinou que tudo é relativo. Abração, meu querido! E um super obrigado, mais uma vez!

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Você merece cada elogio feito por aqui!

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Deve term levado muito chideNo futuro esse ai kk

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É impressionante constatar que a cada conto que leio fico mais empolgado. Você consegue fazer tudo novo, não há semelhança entre as histórias, como é comum na maioria dos escritores, e ainda assim todas são extremamente bem reatadas com início, meio e fim mágicos que nos deixam extremamente envolvidos e apaixonados, isso sem falar na forma poética que você imprime em seus contos.

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Sem palavras para adjetivar a tua narrativa. Mãos dignas são as tuas. Agradecido pela história contada com tanto amor. Cheiros nas asas...

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Kherr, seu jeito de escrever é unico! Estou adorando te ler! A forma utilizada para introduzir uma história é sempre acertada! Este conto seu me incendiou! Há tempos não sentia um tesão como esse! Gosto também do fato de você encerrar as histórias, deixando um clima de sequência, mas não indo no rumo de novelas, tão comum aqui no site. A história se completa. É ótimo a gente partir para as outras e descobrir cada uma melhor do que a outra! Há tempos não escrevo e voto por aqui, mas não há como dispensar isso no seu caso. Um grande abraço! Votos por mais sucesso!

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UmSonho, seu abraço foi recebido com muito carinho, mesmo tento sido virtual. Esteja certo que o retribuo com a mesma afeição e respeito. Beijo no seu coração.

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Que leitura maravilhosa! Puxa Kherr, como eu queira te dar um abraço!

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oi meu maravilhoso e excelente escritor, amei a historia fantástica como sempre !!! Tu é o máximo

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Cada dia mais ansioso pelos seus textos

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Quem sabe, LunoMarinho, uma hora dessas não vem uma inspiração que me permita escrever um conto envolvendo professor e aluno. Obrigado por ler os meus contos. Abração!

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Não gosto de traição, mas não julgo quem perdoa. "Errar é humano; perdoar é divino". Se o Luís Paulo conseguiu perdoar o Saulo, que bom! Amo teus contos pois são bem realísticos. Um abraço carinhoso para ti.

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Muito bom cara uns dos melhores que você já escreveu

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