Praga - o novo mundo - Capítulo 5 - Nós dois, sendo apenas um - Parte 1

Um conto erótico de T.B
Categoria: Homossexual
Contém 2264 palavras
Data: 21/11/2016 00:14:07

Olá "Conteiros" esta sendo muito difícil decidir o destino dos personagens, Praga é tão sacana.

Aqui esta o Capítulos 5 divididos em parte 1 e 2.

Essas memórias... estão mais frequentes e reveladorasCapítulo 5 - Nós dois, sendo apenas um - Parte 1

“Ainda pensava na cena de Miguel e eu nos beijando, era uma sensação que eu não havia esquecido, afinal de contas existe muita responsabilidade na colônia… comida, água, segurança tudo era tão exaustivo mas aquele episódio havia me deixado, de certa forma, leve.

Quando o dia amanheceu eu senti os efeitos dos diversos copos de álcool que eu havia ingerido e meu corpo não estava reagindo bem.

Eu passava tanto tempo naquele escritório planejando e organizando que acabei por decidir dormir ali por várias noites seguidas.

Os fortes raios do sol invadiam o ambiente e ofuscava os meus olhos desacostumados com os malefícios da bebida, deduzia que já se passava das oito da manhã - horário que, em dias normais, eu estaria de pé a tempo.

Ouço vozes vindas do cômodo ao lado onde se encontrava a minha mesa, provavelmente era Sara que naquele dia resolvera falar o mais alto que suas cordas vocais permitiam… às vezes aquela mulher passava dos limites.

Caminho até a porta do quarto e quando abro eu percebo que a Madame não tinha sequer limites, ela estava sentada no sofá - que se encontrava a frente da mesa - com um drink na mão interrogando alguém, uma espécie de entrevista.

Ao me aproximar eu vejo que o moço era Miguel que parecia descontraído e a vontade com o papo que Sara o obrigava a escutar.

-Madame Sara, o que faz aqui logo de manhã? - pergunto com os olhos cerrados por causa da luz.

-Administrando o nosso lar, afinal de contas você esteve muito ocupado ontem a noite… - responde a senhora conjecturando a figura do homem a canto de olho. - Este aqui é Miguel, ele veio até nós à algumas semanas atrás… mas eu acho que você já o conhece. - acusou com um sorriso atrevido.

Tudo bem para uma mãe desejar a felicidade do filho, mas ela ia longe demais às vezes. Sinceramente, trazer um homem ao escritório, sabendo do meu estado/consequência, com o objetivo de vendê-lo para mim era passar dos limites… até para ela.

Para o azar dela eu também tinha seu lado artístico impregnado, devido ao convívio excessivo, e como meta pessoal eu resolvi demonstrar seriedade e falta de interesse a qualquer proposta indireta.

-Sim, nós nos conhecemos… - fiz uma pausa esfregando os olhos incomodados pela luz solar. - Ele comentou que queria ajudar de alguma maneira aqui na vila. Você está acostumado a fazer algo?

-Não, lá fora não existe muitas tarefas além de correr. - disse o homem de forma acanhada, como se não atendesse as exigências para o cargo. - Porém eu posso aprender.

-Ótimo, agora eu tenho que treiná-lo. - respondi sentando na cadeira atrás da mesa.

Eu sabia que tinha acabado de ser grosseiro com o Miguel, mas aquilo não era pessoal eu apenas queria mostrar a Sara que eu não estava disposto a tê-la se metendo sempre na minha vida.

-Olhe a educação garoto, não seja grosso com o pobre homem. - respondeu de imediato ao ouvir minha provocação. - Desculpe meu filho, ele não costuma ficar assim de manhã, não se acostumou com os efeitos da bebida… ou da felicidade. - disse enquanto me encarava.

Eu raramente falava daquele jeito com a Madame Sara e ela sabia disso, apenas quando a mesma passava dos limites… e ela, de certa forma, sabia o que havia feito.

-Pois bem, eu estou de saída… -disse Sara se levantado e pousando seu copo na mesa. -Trate o bom moço gentilmente Thomas, sinto que ele é um ótimo candidato… aos trabalhos. - terminou com uma provocação antes de sair pela porta, fechando-a posteriormente.

-Eu aprendo rápido… e… e prometo não atrapalhar - disse Miguel se levantando com expressão de piedade. - Só quero ser prestativo.

Meu comentário havia causado mais danos a ele do que a Sara, o que claramente não era meu propósito… eu deveria concertar aquilo o mais rápido possível.

-Eu peço desculpas, eu tinha que fazê-la parar… você não sabe o quão insistente ela é.

Miguel, ao saber a causa do meu comentário, volta a sorrir e se aproxima de forma leve.

-Eu é que devo desculpas, sai de repente sem dar explicação… - disse Miguel passando a mão na nuca de forma envergonhada. -Deveria ter sido mais educado com você.

Nesse momento a imagem da noite anterior volta a minha mente e junto vem a mesma excitação, Miguel era um homem alto e que esbanjava charme e sorrisos. Eu ansiava por mais um pouco daquele beijo, da sua respiração perto do meu rosto…

-Vamos até o Elias, talvez ele precise de ajuda… é… de ajuda com os animais - eu mesmo corto meus pensamentos com medo que vire ações. -Me siga, eu te levo até lá.

Vou na frente e desço as escadas junto com ele para alcançar o primeiro andar. Estando lá eu vejo que Miguel olhava com curiosidade para todos os papéis e documentos que estavam ali no cômodo, o que era estranho porque nem todos os cidadãos se interessam por toda aquela ‘dor de cabeça’ - um apelido carinhoso dado por mim.

-Esses são os registros de tudo o que é produzido aqui na vila, desde grão, hortaliças até animais. Tudo fica bem mais organizado e dá a população a chance conhecer um pouco sobre as decisões da Sara. - explico apontando para todo o entorno do lugar.

Saímos até a rua rumo ao criadouro dos animais. Existiam cerca de doze casas na comunidade, algumas de madeira porém a maioria era de tijolos. Quando o mundo começou a ruir mamãe sabia o que tinha que fazer, e com a ajuda de sua ‘pequena’ fortuna ela começou a erguer o seu sonho de ajudar as pessoas.

As moradias abrigava, em média, cerca de seis pessoas que na maioria das vezes eram famílias inteiras que chegavam ao local. Sendo um pouco distantes umas das outras, as casas eram separadas por ruas de grama e pedregulhos que faziam a vez do asfalto.

Meio quilômetro de distância das casas ficava a plantação da vila que se dividia na produção dos alimentos, e no meio desse trajeto estava o local onde Elias cuidava dos animais.

Durante todo o trajeto Miguel e eu ficávamos calados, certamente por causa do episódio da noite passada. Eu ainda desejava aquele homem, por mais que o efeito do álcool já tivesse passado, e meu olhar claramente passava aquela mensagem.

-Bom dia pequeno Thommy… - bradou Elias ao me ver se aproximando. - Acordou tarde hoje, e isso não é do seu costume.

Nos aproximamos do Elias eu o cumprimentei e apresentei o moço:

-Esse aqui é o Miguel, ele veio até nós a algumas semanas e deseja muito ajudar com alguma tarefa.

Eu não tinha muita certeza se Miguel agradaria as demandas de trabalho do Elias que demonstra sempre ser meticuloso e rígido quanto a sua jornada de trabalho… mesmo não confiando muito Elias o cumprimenta e diz:

-Você deve ser a causa do atraso do ‘Grande César’... - disse Elias desavisado, relembrando da noite em que saímos juntos do bar. - Não o desvie do bom caminho - terminou com um sorriso.

Depois das apresentações eles começaram a conversar sobre os afazeres. Elias explicava cada detalhe com toda a calma, afinal de contas estamos falando do nosso alimento. Não pararam um minuto sequer durante as cinco horas em que estiveram juntos, e como Miguel queria impressionar não houve nem uma reclamação.

Aquele sol quente fez com que o moço tirasse a camisa e caminhando até mim ele faz um sinal para segurar a vestimenta enquanto ele volta ao trabalho.

Um desejo por sentir o seu cheiro estava tomando conta do meu corpo, aquela camisa que tocava seu peito pedia para ser apreciada porém minha atenção é chamada para o seu corpo que brilhava com o suor escorrendo pelo seu abdômen. Seus fios de cabelo longo se juntavam com o suor que escorria da sua testa e com um movimento suave ele os colocava para trás das orelhas.

Vez em quando ele olhava para mim percebendo a minha fixação nos seus movimentos, seus músculos se contraiam de forma harmoniosa e sedutora… tudo nele era provocante - ou talvez seja normal e eu que sempre havia ignorado meus desejos que se revelavam bruscamente.

Terminado o trabalho Elias e Miguel caminham de encontro a mim conversando e trocando piadas incessantemente.

-Parece que você se entenderam… - disse rindo e jogando a camisa de volta para o moço. - E olha que é difícil agradar a esse senhor logo de primeira.

-Ele trabalha duro, e sem reclamar.... isso já basta - responde Elias olhando para o moço.

-Então, se o senhor permitir, o Miguel pode te ajudar diariamente? pergunto.

-Eu ficaria feliz. Toda manhã esteja aqui para o trabalho. - consente o senhor se virando e indo embora.

A felicidade nos olhos do Miguel era evidente… eu nunca havia conhecido alguém que ficasse tão feliz por trabalhar naquele calor.

Miguel se aproxima lentamente com olhar tímido e claramente demonstrando vergonha.

-Obrigado… eu gostaria de retribuir o favor mas… eu não tenho nada. -disse dando risada da frase mal formada.

-Você precisa tomar um banho, e também precisa de roupas novas… - faço a proposta sem segundas intenções. - Eu tenho algumas peças na casa central que podem servir.

Após o consentimento do moço, caminhamos até o local conversando sobre o trabalho e as tarefas que ele agora teria que executar. Parecia importante para ele contribuir com as tarefas, seu sorriso enquanto caminhava era encantador e Miguel percebeu todas as vezes que eu o admirava.

Ao chegar indico o banheiro dando uma camisa e uma calça para que vestisse depois, e logo após sua saída eu trato de tomar banho também.

-A senhora Sara veio até aqui e deixou esses dois pratos de comida junto com essa pequena garrafa de cerveja… parece caseira - disse Miguel ao me ver saindo do banheiro e caminhando até a sala.

Cerveja? Sério? Parece que ela não aprende nunca. Nós nos sentamos no sofá e ficamos conversando sobre a comunidade, sobre as histórias de Praga que Miguel havia colecionado… histórias que na maioria era de pura crueldade.

Entre relatos tristes e risadas de gafes cometidas o dia já havia passado e a lua brilhava no céu negro e limpo.

-Está muito calor, nós podemos ir ao bar? - propôs Miguel.

-Definitivamente não… - disse rindo alto. - Ainda sinto os maus efeitos daquela maldita bebida. -Deixa eu te mostrar uma coisa. - sinalizei para a varanda do segundo andar.

Caminhamos até o pequeno espaço no qual não tinha cadeiras nem bancos, apenas um céu maravilhosamente estrelado e hipnotizante.

-Mesmo que Praga seja, na maioria das vezes, um pé no saco a falta de luz nas grandes cidades deu a chance das estrelas mais tímidas de brilhar… e como resultado temos uma grande tela. - disse me sentando no chão sem tirar os olhos do céu.

-Eu não continuei a te beijar naquele dia… porque…. é… - Miguel falava gaguejando. - Eu nunca havia beijado um homem na minha vida.

A confissão do homem cortou o meu devaneio com o céu estrelado e me deixou vermelho de imediato. Talvez eu tenha forçado aquele beijo em um homem que nem sequer estava afim e apenas queria um trabalho sendo gentil.

-Eu errei em ter te segurado daquele jeito. - respondi de forma desesperada a pedir perdão. -Prometo que nunca mais irá aconte… - fui interrompido por um pequeno beijo repentino no canto da boca após Miguel ter se abaixado.

-Mas eu quero que aconteça.

Ele continuava com pequenos beijos no meu rosto esperando que eu retribuísse o seus movimentos. Respondo com leves beijos em seus pequenos lábios, não queria me desesperar como na outra vez.

Miguel, sentado ao meu lado, me conduz a deitar sobre o piso da varanda ficando por cima de mim. Nos encaramos por alguns segundo sem pensar em outra coisa, aquele era um momento apaixonante… a luz da lua deixava o ambiente iluminado o suficiente. Os poucos ventos gelados daquela noite aliviava o calor da estação.

Nossas respirações demonstravam nosso nervosismo mas também o desejo pelo momento a muito esperado, sua mão pousada em meu rosto acariciou minha bochecha e com os dedos ele contornou meus lábios que desejava tanto naquele momento.

Fechando os seus olhos, Miguel se aproxima e me dá o beijo mais envolvente que eu já havia experimentado. A sua língua explorou cada canto da minha boca em apenas um beijo que pareceu durar toda uma eternidade, fazendo meu corpo levitar em satisfação.

Ofegante Miguel para e olha para mim, não sabia o que estava pensando naquela hora… talvez ele tenha percebido que realmente não gostava de mim e que foi tudo um acidente, porém seu próximo beijo, mais intenso e repetitivo, demonstra o contrário.

Seus lábios eram delicado e seus cabelos caiam sobre meu rosto a cada beijo dado.

Por último Miguel, me encarando e fazendo com que nossos narizes se toquem ele fala “Boa noite” me dando um beijo no rosto e se deitando ao meu lado me abraçando. Seu rosto repousava no meu peito e seu braço contornava minha cintura.

Adormecemos ao som dos risos e gritos vindos do bar e eu começara a agradecer a existência daquele lugar.”Você está bem Thommy, não falou nada durante o almoço… -disse Bob me cutucandoContinuaPor favor comentem para um Feedback.

O que vocês acham da Madame Sara?

Lembrando que a parte 2 desse Capítulo já esta postada.

Até mais "Conteiros", cuidado com Praga.

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Madame Sara é a iniciativa que faltava. Em outras palavras, um personagem necessário. E forte, não é? É a veia cômica disso tudo. Gosto!

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