Colecionador de Decepções 14

Um conto erótico de D. Henrique
Categoria: Homossexual
Contém 1334 palavras
Data: 01/11/2014 02:12:15

...

Adiantando um pouco para não ficar repetitivo, os dias se passaram com um enorme sofrimento, ver o Guilherme sofrer todos os dias sem notícias era demais para mim. Eu o via com medo de nunca encontrar seu filho novamente, ele evitava comer, ficava aflito com cada telefonema, evitava o pai, aos meus carinhos, e mais uma enorme lista.

Estávamos há três semanas sem notícias do Arthur, e até mesmo do Thiago. Pensando na empresa, e na família, evitamos anunciar às imprensas o que estava acontecendo, porém as autoridades já haviam sido solicitadas.

O Thiago havia tirado uma boa quantia de dinheiro do banco, não precisaria utilizar o cartão por algum tempo, restava a nós esperar. Eu evitava transparecer, mas estava muito preocupado com o que poderia estar acontecendo. Não sabia da sanidade (ou insanidade, neste caso) do Thiago. Não dava para ter previsto tal feito.

Nestas semanas, eu tive que administrar a empresa junto com o Diego e mais alguns colegas de trabalho, já que toda a família estava de uma forma geral abalada. Muitas vezes nem ia a minha casa, estava quase vivendo na casa do Bertoli, dormia no quarto do Arthur com o Gui, na verdade, tentava distraí-lo para ele adormecer, muitas vezes o fazia tomar calmantes ou chás. Foi uma tortura. Meu irmão me ligava todos os dias para avisar que estava bem, nem lembrava a ultima vez que havia o visto, mas ele pareceu não se importar tanto com a minha ausência.

Na quinta semana estávamos mais uma noite sentados no sofá da sala principal, dessa vez, o meu irmão e mais uma pequena parte da família do Bertoli também estava lá – dois irmãos com suas mulheres, e uma criança filha de um dos casais. Pensando aonde poderia estar o Thiago e o Arthur. Todos estavam bastante inquietos. Conversávamos sobre os lugares quais tínhamos checado, refizemos alguns passos dele para tentar ter uma ideia de onde ele poderia estar. Enfim, conversamos sobre todas as possibilidades possíveis, eles já pensavam em anunciar nas emissoras de televisão, o que já deveria ter sido feito.

Perto das 21 horas, escutamos o estacionar de um carro, pensamos ser mais um familiar. Mas não dessa vez.

- Vocês estão dando uma festa? Cadê o som? – disse sorrindo, ele estava mais magro, suas covinhas estavam gritantes agora. Seu cabelo mais alto do que a ultima vez que o vi.

Todos nos sobressaltamos, estavam todos de pé.

- Por que estão me olhando dessa forma? Pra que tanto espanto? – perguntou novamente sorrindo. A feição do Thiago estava completamente de deboche e cinismo. Feição de um louco.

A primeira coisa que o Guilherme fez foi correr em direção do Arthur, que estava sorrindo e pedindo pelo colo do “papai Gui”. Pensei que o Guilherme faria algo contra o Thiago e corri junto a ele. Ele puxou o Arthur dos braços do Thiago e subiu em direção ao quarto do Arthur. Entrei junto com ele.

O Arthurzinho estava esmagado nos braços do pai, que chorava beijando a sua cabeça e agradecendo por ele estar ali. Abracei os dois e ficamos assim por longos minutos, esquecendo os momentos ruins que tivemos que passar com a ausência do pequeno.

- Arthur... O papai vai ter que resolver um probleminha com o pai Tito, está bem? – Arthur confirmou com a cabeça sorrindo – E depois o papai vai querer saber tudo sobre essas férias que você fez com o Tito, você pode me contar?

- Claro papai – disse mais uma vez sorrindo para o Gui, que lhe abraçou novamente lagrimando.

Guilherme e eu saímos do quarto, ele saiu como uma bala, mas eu o segurei, ele me olhou com um olhar pedindo socorro. Eu o abracei e disse no seu ouvido que deveríamos manter a calma, desta forma poderíamos pedir a guarda do Arthur e tudo isso terminaria. Ele ficou mais um tempo abraçado a mim. Ele se recuperou e desceu as escadas em direção à sala.

Ao chegarmos vi que todos o rodeavam fazendo perguntas ao mesmo tempo, chamando-o de irresponsável e outras palavras nesse nível. Fiquei apreensivo pelo Guilherme, meu irmão assistia a cena de longe, com os braços cruzados, me olhou e acenou com a cabeça, me dando um certo apoio.

Todos olharam para trás e avistaram o Gui, e logo abriram um espaço para ele passar. Ele puxou um puff e ficou cara a cara com o Thiago que ainda exibia um sorrisinho. A sala ficou em completo silêncio, o Gui abaixou sua cabeça e ficava passando suas mãos no seu rosto e cabelos de forma agoniante, ele estava vermelho, uma mistura de choro e raiva. O Thiago levou a mão ao seu rosto como se fosse fazer um carinho, porém o Guilherme no reflexo esticou seu braço evitando que a mão do Thiago chegasse até sua pele.

- Por que... Por que você fez tudo o que fez? – perguntou com a voz suave, igual quando repreendemos uma criança.

- Amor, nós estávamos tirando férias, concordamos em fazer isso, não foi? Você precisava desse tempo para pensar e resolver-se sobre o nosso futuro juntos... Decidiu onde será nosso apartamento? Finalmente sairemos das asas do papai – disse sorrindo empolgado.

Todos nos entreolhamos, não parecia ser interpretação dele, ou mais uma brincadeira. Ele parecia um demente, falando coisas sem sentido. Senti que o Guilherme estremeceu e automaticamente ficou com a coluna reta, uma postura tensa.

- Thiago... O que você está dizendo?

- O que nós decidimos, ora. Você me falou para levar o Arthur até Angra, que nós precisávamos de férias enquanto você decidia tudo e na volta nós teríamos uma surpresa maravilhosa!

Voltamos a nos entreolhar em silêncio, não havia reação para tal comportamento. O sr. Bertoli se pronunciou.

- Thiago meu filho, imagino que você deve estar cansado da viagem, por que não sobe e descansa um pouco?

- Tudo bem... Você vem comigo agora, Gui? – perguntou esticando a mão para o mesmoNão, Thiago.

- OK, estarei o esperando para dormir.

Ele levantou-se sorrindo, desejando boa noite a todos, e subiu as escadas em direção ao seu quarto. A sala ficou totalmente em silêncio.

- Vocês... Vocês entenderam algo? ELE ESTÁ LOUCO! – falou o Gui desesperado – Ele não parecia está sendo nem um pouco irônico ou falso, ele estava agindo naturalmente! Minha Nossa! Meu filho estava nas mãos de um louco! – o Gui falava sem parar, todos os parentes pediam para que ele tivesse calma, mas ele ainda ficava andando de um lado para o outro falando em como o Thiago estava louco.

- O mais importante agora é que o Arthur está bem e aqui conosco – disse finalmente o Bertoli – Eu... Vou ligar para um amigo psicólogo vir aqui amanhã cedo. Eu... É, vou ligar agora. Com licença.

Após o Bertoli sair continuamos calados. Todos os parentes que estavam presentes foram despedindo-se de nós, deram um abraço no Guilherme e me apertaram a mão. Meu irmão me chamou para conversar, o Gui disse que tudo bem e que iria conversar com o Bertoli. Caminhamos até o jardim.

- Como você está? – perguntou-me passando sua mão nas minhas costas.

- Um pouco mais aliviado agora, como você deve imaginar... Só quero que isso tudo se resolva, não quero mais ver o Gui como ele está.

- Vai tudo ficar bem agora, meu irmão.

- Se Deus quiser, mano... E o que você queria me dizer?

- Bom... – ele massageou uma mão na outra e em seguida soprou-as, ele estava nervoso – Muitas coisas mudaram... Como você também deve imaginar.

- Sim? – Ele falava pausadamente, eu estava impaciente.

- Eu estou namorando...

- Todo esse mistério para isso? Quantos anos você tem? Doze?

- Tenho 24 anos, e estou namorando um homem.

...

Confesso que perdi o fio da meada com tantas pausas e ausência. Tento compensa-los, porém estou em uma fase não muito boa, como já foi esclarecido.

Sei que vocês me compreendem e não ficam mais tão furiosos comigo, afinal, já se acostumaram haha.

Bom, é o que tem para hoje, espero que tenham gostado. Desculpem-me os erros e a terrível demora!

Obrigado, e até a próxima.

Abraços a todos!

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Não demora mais não, estamos esperando. Espero que o Carlos te perdoe.

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