Capítulo 3
O colégio militar não foi tão ruim quanto voltar para casa e ver tudo preparado para o casamento da minha mãe. Dyoxe ia ser dono de tudo, não entendia o quê minha mãe podia sentir por um homem sem qualidade alguma. Consegui informações confidenciais sobre ele, soube da sua história corrupta na polícia.
- Minha filhinha...
Tentou me abraçar no aeroporto, apenas me afastei friamente.
- Anna, terá uma família novamente. Deixe que eu leve sua mala.
- Dyoxe, não finja que se importa comigo. Aliás, nenhum dos dois. Vou participar dessa droga de casamento e irei embora. Não vejo a hora de fazer 18 anos e me livrar definitivamente de companhias enfadonhas.
- Muleca insolente, devia te partir a cara.
- Dyo, querido, calma.
- Tem razão, vamos meu amor.
Quase vomitei vendo o beijo antes de entrarmos no carro, affz seria um longo fim de semana.
Rever aquela casa sem ver meu pai sentado na poltrona, lendo seus projetos de arquitetura, tomando suco de laranja e abrindo o melhor dos seus sorrisos ao me ver chegar, foi horrível.
- Onde está a poltrona do meu pai? Os retratos?
- Tudo que era do seu pai só não foi pro lixo porque sua mãe teve receio da sua reação, mandei amontoar tudo na casa dos empregados.
- Você não tinha o direito de tirar nada do meu pai da casa dele. Nada!
- Menina, será que você ainda não entendeu quem manda aqui? SOU EU! Vai para o seu quarto, você está de castigo.
- Mãe?
- Obedeça, Anna.
- Eu odeio vocês dois. - Subi para meu quarto.
Dyoxe serviu dois copos com uísque, entregou um para Victoria.
- Ela vai me aceitar melhor depois que nos casarmos. Anna é só uma menina assustada, a fatalidade que tirou a vida de Markun a deixou sensível, mas o sangue frio dos russos vai acalmar os ânimos dela quando ela perceber como é que se vive o mundo dos adultos. Uhf, está tão calada Vic, isso me assusta.
- Dyoxe, com a Anna, não.
- Vai proteger a filha dele, agora? Porquê?
- Ela não é filha dele, a Anna... A Anna é sua filha.
- Hahahahahahaha, não brinca. Inventa outra coisa pra salvar a vida daquela bastarda, eu sou estéril. Vou tomar um mergulho na piscina, está muito calor.
- Ok.
"Esse idiota não pode estragar tudo, estou tão perto de pôr as mãos nessa herança e ele acha que vai pegar uma parte, haha. Lugar de assassino é na cadeia, mas como diria o esquartejador; vamos por partes". (pensamento de victoria)
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O olhar do meu chefe quando me viu entrar na padaria 30 minutos atrasada denunciou seu desagrado.
- Atrasada, como sempre. Não sei porque eu não te demito?
- Por queeu trabalho como a escrava Isaura. Hoje não tenho motivos para o meu atraso, pode descontar se quiser, Seo Zé.
- Menina se eu não gostasse de você igual a uma filha, estaria em sérios apuros. Agora se apresse, temos muitos pedidos de entrega.
- Sim senhor.
Bati continência sorrindo, José era um ótimo chefe, me ofereceu emprego quando fui confundida como sendo uma de suas funcionárias, pelo vereador eleito no bairro. Somente tinha 2,00 reais no bolso, pensei em parar naquela padaria para comprar um pão de queijo, mal entrei um homem de aproximadamente 35 anos, bem vestido de terno, me abordou fazendo pedidos.
Tinha uma agenda na mão, anotei e fui ao balcão. José me pediu desculpas, eu perguntei se havia vaga para me cadastrar, passei o dia em teste e aqui estou eu trabalhando.
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"O quê você faz quando, ninguém te ver fazendo? Ou o quê iria fazer se ninguém pudesse te ver?" (música: Sete vezes você-Capital Inicial)
Tocava no fone de ouvido de Anna enquanto ela instalava microcâmeras e microfones no quarto e escritório da casa de sua mãe. Estudar em um colégio militar tem suas compensações.
Estava muito quente, foi à cozinha beber um copo de suco e esbarrou em uma mulher.
