Jornada de um Casal ao Liberal - Capítulo 11 - O Destino se Encarrega - Parte 13

Um conto erótico de Mark
Categoria: Heterossexual
Contém 13504 palavras
Data: 20/04/2022 13:40:39
Última revisão: 20/04/2022 15:22:29

Amigos, com esta parte, encerro este capítulo.

Ficou maior que os demais, mas não consegui dividi-lo. Achei que perderia o ritmo e não concluiria com a mesma força todos os fatos que enfrentamos.

Sei que muitos dos leitores não gostaram dos desdobramentos e talvez não concordem com a conclusão a que nós chegamos, mas queria lembra-los que esta estória e baseada em fatos reais, vivenciados, e não seria correto ocultá-los de vocês.

É a nossa vida e a nós basta!

Lembrem-se que a vida liberal, por fugir à normalidade das regras impostas pela nossa sociedade, muitas vezes nos impõe riscos e, um risco mal calculado, pode acabar mal, como quase aconteceu com ela.

Bom, enfim...

Amo de paixão essa mulher, mãe, esposa, profissional. Ela é muito mais do que deixo transparecer nas linhas. Talvez eu não seja justo com ela nas palavras, ou talvez inconscientemente por egoísmo não queira partilhar todas as virtudes dela com vocês.

Essa é a nossa história, mas ela não acaba aqui. Sempre que possível voltarei a postar outras aventuras que tivemos, quem sabe até chegarmos aos dias atuais.

Forte abraço a todos,

Do Mark e da Nanda.

[...]

Despedimo-nos na porta do restaurante e eu voltei para meu escritório. Ainda estava meio perdido com todas as revelações da última noite e agora só pensava em como proceder para não deixar transparecer para minhas filhas. Trabalhei como foi possível naquela tarde: pouca inspiração, quase nenhuma concentração. Por sorte, nada havia de maior importância que me exigisse tais competências. Eu só precisaria de paciência, porque minha tempestade pessoal parecia não querer se dissipar.

No final da tarde fui até a escola buscar as meninas e dei de cara com Fernanda no portão que também as estava esperando. Assim que me viu, veio ao meu encontro e, com toquinhos no vidro do lado do passageiro, gesticulou para eu abrir a porta. Obviamente abri porque senão as carolas da cidade começariam a fofocar alguma crise a nosso respeito e, fofoca em cidade pequena, corre mais que vara de rojão. Ela entrou, fechou a janela de seu lado e me encarou:

- Ainda está bravo comigo, “Mor”? - Perguntou.

Respirei fundo e respondi de maneira pouco amistosa:

- Não sei se bravo é a palavra certa, Fernanda. Acho que estou decepcionado com sua atitude e isso para mim é muito pior. Estou com a impressão que sou só um “peão” num tabuleiro de xadrez que você move como e quando acha melhor.

Seus olhos se encheram de lágrimas e logo ouvimos o sinal da escola, liberando os alunos:

- Pode me xingar, se quiser. Mas conversa comigo, deixa eu me explicar. - Disse, choramingando e depois me pediu: - A gente deixa as meninas na minha mãe e vai pra casa conversar um pouco.

- De duas coisas eu tenho certeza agora: não quero ficar longe das minhas filhas e não quero ficar perto de você. Aliás, se você puder me fazer o favor de arrumar a cama do quarto de hóspedes, eu ficaria grato, senão eu mesmo dou um jeito.

Ela se calou e acho que sentiu a pancada naquela frase. Não fui rude, mas minhas palavras foram firmes e davam a extensão de meu incômodo. Fui ao encontro de nossas filhas e, se não fosse pela alegria contagiante delas, meu carro pareceria uma rabecão. Ainda assim a minha mais velha, analítica e esperta como ela só, percebeu no ar que a gente não estava bem novamente, dizendo:

- Vocês dois, hein!? Parecem cão e gato. Credo!…

Não respondi nada e rumamos para casa. Após o jantar, fiquei acomodando a louça no lava-louças e as meninas foram fazer suas tarefas na mesa da sala de jantar. A Fernanda sumiu por um momento. Pouco depois, quando eu já estava sentado no sofá da sala, perdendo tempo com meu celular, ela chegou e me entregou o seu aparelho, sem nada dizer. Curioso, o peguei e vi uma ligação ativa para o doutor Galeano:

- Não tenho nada para falar com ele! - Disse, devolvendo o aparelho.

- Ou você atende ou coloco no viva voz. - Ela insistiu.

- Para expor toda a situação para nossas filhas? - Rebati: - Acha mesmo que vai conseguir algo de mim me ameaçando!?

- Eu contei tudo para ele e ele só quer conversar com você. Não custa nada… - Insistiu uma vez mais.

- Se você tem algo para conversar com ele, faça você!

Ela estava trêmula e ativou o viva voz. Logo ouvi a voz do doutor Galeano:

- Mark, Fernanda, estão me ouvindo?

Peguei o aparelho de sua mão, desativando o viva voz e fui curto e grosso com o doutor Galeano:

- Doutor, boa noite. Me desculpe por ela tê-lo envolvido nesse assunto a esta hora. Não quero falar com o senhor hoje. Sei que sua intenção é a boa, mas hoje não tenho paciência alguma para conversar.

- Tudo bem, Mark. Eu entendo. O dia a dia às vezes é massacrante e nos cansa física e mentalmente mesmo. Me ligue amanhã quando tiver um tempo e conversamos, então.

- Não vou prometer nada, doutor.

- Fique tranquilo, meu amigo. Você tem meu telefone e estou aqui para quando você quiser conversar. Você poderia devolver o aparelho para a Fernanda, por favor?

- Claro que sim, doutor. Boa noite. - Despedi-me e entreguei o aparelho para ela que imediatamente o encostou no ouvido.

- Tá. Tá, doutor. Mas… Poxa! E como a gente fica? Ele não quer conversar comigo. - Ela respondia e me olhava claramente chateada: - Tá... Eu sei, mas acho que tenho o direito de me explicar. Só isso! Tá… Tá bom, então. Boa noite.

Disse isso e se levantou, indo para a área dos quartos e por lá ficou. Por volta das 21:30, mandei as meninas se recolherem para a higiene noturna e soninho de beleza. Como de costume, reclamaram, mas obedeceram. Eram, aliás, são meninas de ouro. Continuei na sala até por volta das 23:30, quando desliguei todos os aparelhos da casa, apaguei as luzes que ainda estavam acesas, conferi portas e janelas, e fui me deitar. Chegando no quarto de hóspedes, a Fernanda estava sentada na cama mexendo no celular e vi de cara que não havia arrumado a cama como eu havia pedido:

- Onde estão os lençóis e cobertores para eu arrumar a cama? - Perguntei.

- Eu sei que você não quer conversar comigo. É um direito seu! Mas, por favor, dorme na cama comigo. É só isso que eu te peço. - Disse enquanto se colocava sentada sobre seus próprios pés sobre a cama.

- Eu só quero dormir. Sem estresse, por favor… - Pedi.

- Eu sei. Prometo que não vou te chatear com nada, nem encosto em você, mas dorme na nossa cama, comigo. Se ainda assim amanhã você estiver tão incomodado comigo, eu saio de lá e venho dormir aqui. - Falou.

Não respondi nada. Somente a encarei e como estava cansado, estressado com tudo aquilo, acabei concordando. Fomos para nosso quarto onde retirei minha roupa, ficando somente de cueca, que é como costumo dormir, e, após minha higiene noturna, me deitei na cama, de lado e em direção ao meio da cama. Ela veio logo depois e se deitou de frente para mim. Fechei meus olhos para não encará-la e depois de um tempo a ouvi dizendo baixinho:

- Me desculpa… Me desculpa… Me desculpa… - Repetiu três vezes e senti um toque suave, quase imperceptível, em meu rosto.

Preferi ficar de olhos fechados ou aquilo iria se transformar numa nova conversa e tudo o que eu não queria era conversar com ela naquele momento. Senti quando ela puxou meu cobertor um pouco mais para cima, me cobrindo melhor e acabei apaguei. Não sei quanto tempo dormi, mas acordei de um pulo e me sentei na cama que a assustou na hora. Meu coração estava acelerado, batia descompassado:

- Mark, o que foi? Pesadelo? - Perguntou.

Eu ainda estava esbaforido e com o coração acelerado. Só respirei fundo e disse que iria até a cozinha tomar um pouco de água. Foi o que fiz e me sentei na mesa, tentando ligar alguns flashes de lembranças do pesadelo de agora há pouco:

- Você está bem? - Senti um toque da Fernanda em meu ombro que continuou: - Nossa, Mark! Você está tenso. Que aconteceu?

- Nada, Fernanda. Só me deixa quieto. Foi só um pesadelo. Só isso. - Respondi enquanto tomava um pouco de água.

- Calma. Já vai passar. - Disse enquanto me massageava a base do pescoço: - Quer me contar o que sonhou?

- Não.

- Mark!...

- Com você, Fernanda. Com você.

- Então, me conta. - Disse enquanto se sentava ao meu lado.

- Ah, Fernanda. Esquece disso…

- Fala, Mark. Poxa… - Disse enquanto colocava suas mãos sobre a minha e exclamava: - Credo! Você está com a mão gelada. Agora estou ficando com medo…

A encarei por um tempo em silêncio e ela a mim. Ela esperava pacientemente algo de mim. Então, respirei fundo e comecei:

- Sonhei com aquela merda que você me contou que quase fez. Não me lembro de todos os detalhes, mas no meu pesadelo aquele filho da puta do Bruno te chantageava a transar com ele e mais uma galera de sei lá quantos homens. Fizeram de tudo e de todas as formas possíveis e de formas que nem eu sabia serem possíveis. Eles ficavam se revezando em você e aquilo não acabava nunca porque eles estavam tomando Viagra ou sei lá que droga para poderem continuar te fodendo e arregaçando sem dó. Te foderam em dois, três, quatro de uma vez…

- Mark, pelo amor de Deus. Nem tenho buraco pra quatro de uma vez… - Ela, de olhos arregalados, tentou me conter.

- Eu não sei direito, mas eram três paus atrás de você e outro na frente. Te foderam até se fartar e depois ainda trouxeram um Rottweiler para terminar a humilhação. Gozaram dentro de você, por cima e, no final, dois te seguraram de pernas bem abertas, arreganhadas mesmo, e o Brunão ainda enfiou uma mão dentro de você, mostrando para mim o estrago que eles tinham feito, enquanto posava para a foto de lembrança dele.

- Foi só um pesadelo, Mark. Isso nunca aconteceu, nem vai acontecer. - Ela disse, me abraçando, com os olhos marejados: - Mas você é tão racional, porque ficou tão impressionado com isso?

- Porque nesse pesadelo eu cheguei antes deles começarem, mas não consegui te salvar. Eles me amarraram e a chantagem foi justamente você se entregar para eles fazerem o que quisessem com você, ou eles iriam acabar comigo. E você se entregou e ainda participou de tudo enquanto teve forças, ali na minha frente, sem que eu pudesse fazer nada.

- Não fica assim. Foi só um pesadelo. Não sofre por isso…

- Nanda, eu… Eu vou dormir no outro quarto. Não quero ficar perto de você. Não posso. Eu… Eu não estou bem.

- Poxa, Mark. Tudo isso por um pesadelo?

- Não, Fernanda. Tudo isso porque eu acordei com o pau duro. Como é que eu posso ter ficado excitado com um pesadelo desses? Me explica! Eu não estou bem. Só posso estar doente. - Falei e, agora, era eu quem tinha lágrimas nos olhos: - Vou ficar no quarto de hóspedes. Não vem atrás de mim, por favor.

Acho que essa última revelação assustou até mesmo ela, porque me olhou com uma expressão de surpresa, parecia chocada. Fui até nosso quarto e peguei o cobertor de nossa cama, me dirigindo para o quarto de hóspedes. Aquelas imagens estavam ferrando com minha paz de espírito. Apesar de eu saber que não eram reais, por todo o contexto envolvido, haviam mexido comigo. Me sentei num canto do quarto e joguei o cobertor por cima de mim, tentando fugir de mim mesmo. Logicamente foi em vão. Pouco depois, senti um toque acima de minha cabeça e alguém puxando o cobertor. Era ela, para variar, ignorando meu pedido:

- Sai daqui, Fernanda! - Pedi outra vez.

Ela tirou o cobertor de cima de mim, me encarou e me deu um tapa na cara, dizendo:

- Para! Você não é assim. Não sei porque você ficou de pau duro, mas deve ter alguma explicação e não quero que você sofra por isso. Até me assustou no início, mas eu te conheço e sei que você é um homem maravilhoso, e não um tarado maluco. Então, para, respira fundo. Vem comigo, nós vamos sentar e resolver esses nossos problemas agora, juntos. Se depois que eu te falar tudo, você não se convencer, eu saio da sua vida, sem qualquer exigência. Só me dá essa chance.

- Fernanda…

- Não me chame de Fernanda! Sou Nanda para você, tenho direito a essa intimidade! Quero conversar com você, com meu marido. Eu tenho esse direito pelos mais de quinze anos e por tudo que já passamos juntos! - Falou enfática.

Vendo que eu não me movia, mas também não negava ouvi-la, ela começou a falar:

- Não quer vir comigo? Falo aqui mesmo. Quer saber porque eu pensei em ir até o Brunão logo depois do que aconteceu, mesmo correndo riscos? Eu não sou tão ingênua assim, Mark. É óbvio que imaginei que ele poderia querer me chantagear ou forçar sexo comigo, e eu estava pronta para deixar rolar, sim…

- Porra, Fernanda! Agora vem falar que ainda deixaria ele te comer! E se um punhado de amigos dele te fodessem também? Também ia deixar? Se quer tanto dar pra ele, vai lá e dá! - A interrompi, não acreditando no que ela estava falando.

- Cala a boca! Deixa eu falar, caralho! Eu realmente estava transtornada depois do que aconteceu no bar e, na minha cabeça, tinha certeza de que havia sido infectada com AIDS. Só não tinha a confirmação ainda. Então, planejei de ir atrás dele e dar uma surra de boceta nele, ou nos amigos dele, para rasgar qualquer preservativo que estivessem usando e acabar com a vida dele ou deles do mesmo jeito que fizeram com a minha, infectando-os com essa doença maldita.

Aquela revelação me pegou de surpresa e me calou na hora. Fiquei de olhos arregalados e boquiaberto, inclusive. Só depois de um tempo que falei:

- Nossa! Que é isso, cara? Eu não te reconheço mais…

- Eu estava perdida, Mark! Por mais que tentasse não demonstrar para vocês, eu estava sem chão. Minha sorte foi você, sempre calmo e racional, ter procurado o terapeuta e me convencido a ir. Lá venho fazendo os exames que, graças a Deus, tem dado negativo. Mas eu pensei em fazer essa besteira, sim. Daí, depois que eu fizesse isso, eu sumiria da vida de vocês, sei lá. - Parou, aparentemente surpresa consigo mesma, e continuou: - Me desculpa, mas só eu sei o desespero que estava passando, o lixo que eu estava me sentindo. Se não fosse você me dando apoio, eu não sei…

Por mais absurda que fosse aquela explicação, tinha uma linha lógica de ação e consequência. Eu não era especialista, mas pelo pouco contato que tive com o doutor Galeano, aprendi que a mente humana é capaz de decisões inimagináveis em situações de extrema pressão:

- Apesar de sua explicação, isso ainda é um absurdo, uma loucura! - Falei, agora a encarando mais ainda: - Mas o que me doeu de verdade foi você querer terminar nosso relacionamento, me colocar de escanteio, sem o menor respeito de tudo o que já passamos juntos. Tentar me manipular simulando um sentimento por aquele filho da puta e até bolar uma traição para me induzir um divórcio, foi muito baixo.

- Você está certo. Errei! Te peço perdão de coração! De joelhos, se você quiser. Mas errei num momento de desespero e por achar que fazendo aquilo estaria protegendo você de uma maldita vingança que já estava plantada em seu peito, porque eu te conheço e sei que não ia deixar barato, e as meninas de não perderem o pai e exemplo que tem em casa e na vida. - Disse e depois perguntou: - Você nunca errou num momento de desespero?

Eu não sabia o que responder. Aliás, qualquer coisa que respondesse poderia piorar o que já não estava bom. Preferi ser diplomático a insistir num embate direto com ela e falei:

- Tudo bem. Você disse o que quis, vomitou sua verdade em cima de mim e explicou tudo sob o seu ponto de vista. Agora eu tenho o direito de pensar a respeito de tudo isso sem qualquer interferência sua. Pode ser?

- Tá bem. - Respondeu resignada e, então, pouco depois, perguntou: - Mas e a gente, como fica?

- A gente não fica. Quero um tempo para mim. Eu preciso pensar em tudo o que você falou antes de tomar qualquer decisão. - Respondi, sério: - Mas pode ter certeza que vou te avisar de qualquer decisão. Não farei nada nas suas costas…

Ela entendeu a indireta e disse, entristecida:

- Ah, Mark. Um tempo!? Mas como que a gente vai explicar para as meninas você saindo de casa? Ou você quer que eu saia? Eu não queria que elas passassem por isso…

- Não estou falando em sair de casa. Você fica na nossa suíte e eu fico aqui no quarto de hóspedes. Só quero um tempo para poder pensar. Só isso. No mais, vamos mantendo as aparências para elas. - Propus.

- Poxa! A gente não pode nem dormir na mesma cama?

- Vai me desculpar, mas eu não consigo me ver tendo qualquer tipo de proximidade, quanto mais intimidade com você agora. Desculpa. Só me dá um tempo, por favor. Eu prometo que a gente vai conversar depois que eu digerir toda essa pancada de informações. - Falei.

Ela se levantou, claramente abalada e saiu do quarto. Me levantei também e joguei o cobertor sobre a minha nova e, por prazo indeterminado, cama. Pouco depois ela voltou com meu travesseiro e, ao me entregar, pediu uma vez mais, me olhando fundo nos olhos:

- Volta pra minha cama, nossa cama, por favor?

- Boa noite, Nanda. - Disse, lhe dando um beijo na bochecha: - Está vendo? Podia ter sido pior, eu poderia ter falado Fernanda ou Fernanda Mariana.

- Credo! Meu nome composto. Nem me lembro da última vez que o ouvi. - Disse, dando-me um sorriso amarelo.

Fui obrigado a acompanhá-la para fora do quarto e fechar a porta, ou ela não sairia dali. Deitei-me na cama e não conseguia dormir. Sentei-me na cama e não havia o que fazer. Me levantei e fui até a suíte que estava com a porta aberta. Cheguei pé ante pé e quando apontei a cabeça para ver se ela estava dormindo, ela me encarou surpresa e abriu um dos mais lindos sorrisos que já vi na vida. Quase fraquejei. Ela ficou me acompanhando com olhos igualmente sorridentes, enquanto eu me dirigia para o meu lado da cama, mas se entristeceu quando apenas peguei meu celular no criado mudo e lhe dei um “boa noite”, saindo da suíte. Voltei para o quarto de hóspedes e lá fiquei até amanhecer o dia. Me distraia como podia com o celular porque o sono havia fugido de mim naquela madrugada.

No outro dia de manhã, éramos só olheiras. Nos demos um “bom dia” diplomático e formal e fomos cuidar das obrigações de cada um. No escritório o dia transcorreu sem nenhuma novidade. No almoço, nada de relevante também, a não ser que ela me perguntou se poderia marcar uma sessão no doutor Galeano para conversarmos. Eu disse que a levaria se ela quisesse conversar, mas que eu ainda não estava disposto. Ela disse que não via sentido em conversar sozinha com ele e disse que me esperaria. Assim o tempo passou: uma, duas, três semanas. Surpreendentemente, ela respeitou meu isolamento.

Marcamos o retorno dela no consultório da doutora Camila, para que pudesse acompanhá-la nos novos exames para gonorreia, clamídia, HPV, sífilis e hepatite. Nesse dia, não pretendíamos conversar com o doutor Galeano, mas como pai dela, soube da consulta e veio no ver, fazendo questão que fôssemos a sua sala tomar um café, que aceitamos:

- E vocês, como tem passado? - Nos perguntou.

- Estamos bem, doutor. - Eu respondi.

- Bem, bem, beeeemm, não estamos. - Ela falou.

- Mas o que aconteceu? É algo em que eu possa ajudá-los? - Nos perguntou, com semblante preocupado.

Nanda então relembrou rápida e resumidamente tudo o que havia me falado e que desde aquele dia eu havia pedido um tempo para pensar e estávamos dormindo em quartos separados. Ele a ouviu e depois me perguntou:

- Mark, você não quer conversar, compartilhar o que está sentindo? Talvez eu possa ajudá-lo a encontrar um novo ponto de vista. Eu adoraria ajudá-los a se reconciliarem.

- Acho que não, doutor.

- Rapaz, lembra daquele primeiro desentendimento que vocês tiveram na “primeira vez de vocês” com aquele outro na praia? Você a perdoou no mesmo dia e seguiram felizes. O que te impede de fazer isso agora? Só me responde isso.

- Doutor, naquela vez, ela errou pela inexperiência e aquele erro não colocou em risco nossa família. Eu a perdoei porque eu a havia levado direta ou indiretamente àquela situação. Nessa última vez, ela tomou uma decisão que terminaria com nosso relacionamento e, por consequência, nossa família e nunca me deixou a par disso. Somente decidiu como se minha opinião não fosse importante, e isso me machucou. - Falei e depois olhei para ela: - Quando propus entrarmos nesse meio, sempre deixei bem claro para ela que a família vem em primeiro lugar. Eu pararia tudo para não prejudicar minha família. Ela não agiu assim.

Eles ficaram em silêncio por um momento e eu me adiantei:

- Desculpa, Nanda. Não queria ter falado isso. Tudo ainda é muito recente e as ideias ainda estão se chocando violentamente na minha cabeça.

- Você não vê chance da gente reatar, não é? - Ela me perguntou, pondo suas mãos sobre as minhas.

- Não sei. - Respondi, com lágrimas nos olhos: - Por isso preciso pensar, não somente pela gente, mas pelas meninas antes de tudo.

- Mark, você já pensou no tamanho do sacrifício que ela se propôs a fazer, abrindo mão da própria segurança dela, ou no outro caso, renunciando a você e as filhas? - Ele insistiu.

- Esse é o problema. Eu a amo demais, mas amo muito mais minhas filhas. Eu não consigo aceitar que ela tenha cogitado renunciá-las porque, de uma forma ou de outra, isso iria fazê-las sofrer e isso é algo que eu não admito, de forma alguma.

Um novo silêncio se abateu na sala e assim ficamos por alguns minutos que pareceram milênios. O doutor Galeano então falou:

- Vocês passaram por uma situação traumática. E esse trauma causou feridas. E essas feridas demorarão muito tempo para se curarem. Cada um reagiu, naquele momento de uma forma diferente porque cada pessoa é essencialmente assim: diferente! Você vê renúncia dela pela família, eu vejo sacrifício de vocês dois pela vida: Fernanda cogitou se sacrificar em prol da família, oferecendo seu corpo, talvez sua própria vida, e abrindo mão do amor que sente por você e pelas filhas; Mark cogitou se sacrificar em prol da família, para vingar sua esposa violada e proteger suas filhas de cruzarem com o violador no futuro. - Disse e nos encarou: - Há alguém que agiu mais certo e menos errado? Não me respondam agora. Não quero! Levem essa reflexão para casa e voltem para conversarmos outro dia.

Voltamos em silêncio para casa naquele dia e aquela pergunta começou a me martelar: “Há alguém que agiu mais certo e menos errado?”. Não sei ela, mas eu tentei retomar meu dia a dia, apesar daquela pergunta sempre voltar a minha mente.

Umas duas ou três semanas depois, eu soube, através do Palhares, que o Bruno havia sido transferido para uma cidade no interior de São Paulo onde já havia uma sentença condenatória contra ele por estupro. Lá ele teve negado o direito de recorrer em liberdade, tendo em vista a fuga que empreendeu, o risco para a incolumidade pública, os outros processos tramitando em diversas cidades e outras investigações que se iniciaram com base nas fotografias encontradas em seu escritório. Se havia uma fotografia da Nanda, nunca soubemos, nem procurei saber. Palhares também me contou que, num último contato que teve com um investigador da cidade onde ele estava preso, soube que ele vivia com uma estranha dificuldade para andar, que ele me explicou ser decorrente dos “carinhos” que vinha recebendo dos presos e que já havia ganhado o apelido de “boquinha doce”, porque preferia fazer boquete nos detentos que levar no rabo.

Também através do Palhares, fiquei sabendo que o outro barbudo, que havia participado do estupro contra a Nanda havia ficado paraplégico no tiroteio que vitimou o outro. Mas não soube se ele chegou a ser processado ou não pelas participações nas “festinhas” promovidas pelo Bruno. Já achei de bom tamanho a punição divina.

Nesse meio tempo em que “me separei sem me separar” da Nanda, comecei a fazer musculação na parte da manhã com a Nanda. Acordava cedo, caminhava das 6:00 às 6:30 e depois treinava até às 7:30 com ela. Meu condicionamento físico já estava ficando bom e eu voltei a usar roupas que há tempos não me serviam mais. Aliás, já estava ficando com um físico legal e comecei a atrair olhares gulosos de algumas alunas divorciadas e mesmo das solteiras. Quem não gostou muito foi ela que intensificou ainda mais seus treinos e ficava cada vez mais gostosa. Por mais que houvesse um rompimento entre nós, seria mentira dizer que aquela mulher não me excitava ou me chamava a atenção. Aliás, a minha e a vários babões que faziam academia conosco e que faziam questão de tomar água ou auxiliá-la nos treinos.

Aproveitei também para refazer antigas amizades e voltei a frequentar a sauna de nosso clube para poder papear, beber e relaxar com os amigos. Ela nunca se opôs, mas nunca ficou satisfeita, porque sabia que às vezes uns amigos promoviam uns “showzinhos” com strippers para alegrar a galera. Ainda assim, nunca me interessei em procurar ninguém para descarregar minha tensão sexual. Às vezes uma punhetinha no banheiro já me bastava. Ela também começou a sair com algumas amigas para tomar um chopp às sextas-feiras. Mas acho também nunca chegou a se envolver com ninguém e acredito nisso porque nossos horários nos impediam de fazê-lo sem que o outro soubesse.

Certa vez, me perguntou se poderia sair num sábado à noite, porque uma amiga iria fazer uma festa de aniversário numa choperia na cidade vizinha e ela estava com muita vontade de ir. Perguntou inclusive se eu queria acompanhá-la:

- Eu não estou muito a fim, Nanda. Mas é claro que você pode ir. Só não esquece de levar camisinha. - Falei.

- Camisinha!? Eu vou num aniversário, não numa suruba. - Chegou a responder de forma ríspida.

Ela ficou linda nesse dia, se é possível ficar mais. Colocou um vestido vermelho pouco acima dos joelhos com um decote discreto que até a faria passar despercebida, não fosse pela meia calça 7/8 preta rendada que, às vezes, se atrevia aparecer, sapatos de salto médio Anabela, uma maquiagem suave que ressaltava bem seus olhos claros e batom pouco mais escuro que seus lábios. Completou seu visual uma bolsa de mão vermelha para celular, dinheiro e cartão:

- Não quer mesmo vir comigo? Vai ser legal. A gente vai de “amigos”. - Me propôs.

- Não dá, Nanda. Não conheço ninguém lá. - Falei.

- Você me conhece! - Falou esperançosa, vendo uma pontinha de chance de eu topar.

Fui até sua direção e vi que ela começou a respirar mais forte, ansiosa pelo meu “sim”. Então peguei em sua mão e sua respiração acelerou. A abri e coloquei uma camisinha, voltando a brincar:

- Você já ia esquecendo… - Disse, rindo.

- Poxa, Mark! - Respondeu, claramente chateada.

Ficou ali um tempo olhando para aquela camisinha e, de repente, foi até o quarto, onde permaneceu alguns minutos. Voltou para a sala onde eu estava e vi que havia trocado o sapato por um agulha de salto alto preto. Pegou então uma tornozeleira de ouro com três pimentinhas (verde, vermelha e dourada) que eu havia lhe dado há tempos, quando iniciamos no meio liberal, colocando-a em seu tornozelo direito. Então abriu sua bolsinha, como se quisesse conferir seus pertences, e tirou um batom “vermelho biscate” que passou nos lábios, mas acho que foi mais para me mostrar que agora havia três camisinhas lá dentro. Então, vendo que eu tinha notado, falou num tom mais provocativo:

- Uma camisinha só não é suficiente para mim.

Ficou então ali sentada na minha frente, com a perna esquerda cruzada sobre a direita, balançando o pezinho impacientemente enquanto aguardava sua colega chegar para saírem. Eram umas 21:00 quando a campainha tocou, ela se levantou e foi até a porta, saindo. Alguns segundos depois, voltou, pisando alto, e se prostrou a minha frente. Depois se sentou do meu lado e com os olhos molhados me disse:

- Desculpa! Eu sou uma boba tentando fazer ciuminho. Não quero ir sem você. Vem comigo. - Me pediu, quase implorando.

- Para, Nanda. Você vai borrar a maquiagem. - Eu disse, tranquilizando-a, e continuei: - Sei que você não vai aprontar. Vai tranquila com suas amigas e se diverte. Afinal, seria uma sacanagem desperdiçar toda essa produção.

Ela me olhou mais um pouco e ouvimos uma buzina lá fora. Então, ela se levantou e eu a acompanhei até a porta, dizendo em seu ouvido:

- Se quiser dar uns beijos, uns amassos, ou mesmo uma escapadinha, não perde a oportunidade. Só seja discreta.

Ela me olhou mais uma vez e me deu um beijo na bochecha. A acompanhei até o portão da casa e vi um Golf preto estacionado com três mulheres dentro: sua amiga Giovana e outras duas que não conhecia. Acenei para elas. Giovana, aliás, era a típica “amiga da onça”. Dizia e demonstrava gostar apenas dela: o meu santo com o dela nunca se cruzaram. Eu sabia que ela era farrista, até divertida, mas não perdia a chance de sacanear quem não gostava. Já vinha de um terceiro casamento falido e corria boatos que todas as vezes a culpa tinha sido das puladas de cerca por parte dela. Nanda me olhou uma última vez do lado da porta do passageiro, como que esperando eu mudar de ideia, mas como eu nada disse, entrou no carro e saíram, não antes de eu ouvir alguém dizer lá dentro que “hoje alguém vai perder o cabaço, de novo!”.

Voltei para dentro de casa e pensei que seria melhor assim. Talvez ela pudesse encontrar alguém que a despertasse desse marasmo, que a fizesse feliz. Sentei no sofá e a pergunta do doutor Galeano voltou a martelar “Há alguém que agiu mais certo e menos errado?”. “Que pergunta mais besta!”, pensei: afinal na matemática aprendemos que mais e menos se anulam, e se certo é positivo e errado negativo, se anulam da mesma forma!

- Espera aí! - Falei para mim mesmo: - Então, não há certo e errado nessa história. Nós dois erramos e acertamos, e mesmo os erros que cometemos não são nada se comparados aos acertos que tivemos em nossa vida!

Um arrepio me percorreu a espinha porque eu acabara de mandar minha esposa procurar outro e eu me toquei que não era isso o que eu queria. Eu a amava e tinha certeza de que ela também sentia o mesmo por mim. Peguei meu celular e liguei para ela, mas estava desligado ou fora da área de cobertura. “Merda de operadora!”, xinguei. Decidi ir até seu encontro, mesmo porque choperia na cidade vizinha só havia uma. Então, seria fácil encontrá-la.

Vesti um jeans e uma camisa preta básica que me caíram maravilhosamente bem. Modéstia à parte, a academia estava me fazendo um bem danado, já estava me sentindo até meio “bombadinho”. Num canto do guarda roupa vi uma caixinha de anéis, onde havíamos guardados nossas alianças quando decidimos dar um tempo na relação. Se havia chance de voltarmos a ficar juntos, seria justo levá-los comigo. Coloquei minha aliança no dedo anelar e a dela no mínimo. A cabeça já estava raspada e barba podada, mas vários fios brancos denunciavam minha “experiência de vida”. “Foda-se! Esse sou eu!”, pensei. Peguei meu celular, carteira, as chaves do carro e saí por volta das 21:30.

Cruzando a cidade me deparei com uma “barbearia gourmet”, esses espaços masculinos que têm de tudo um pouco. Decidi entrar e, se fosse rápido, dar um “tapa na aparência”. O atendente disse que uma tintura de qualidade demoraria uns 30/40 minutos para fixar. Fiz as contas e calculei que haveria pouco risco dela cair na lábia de alguém em pouco mais de uma hora. O atendente me deu uma geral legal e em menos de uma hora, eu saía ao encalço da minha esposa. Parecia ter recuperado uns cinco anos nessa passadinha. Ali decidi que começaria a me cuidar ainda mais para ela.

Esqueci de calcular o deslocamento, então só chegaria no aniversário por volta das 23:00, se tudo corresse bem. Não correu. Um acidente de trânsito na rodovia me tomou mais de uma hora. Cheguei na cidade depois da meia noite e fui direto na choperia. Estranhei porque o movimento parecia normal, nada que identificasse haver uma festa de aniversário lá. Pelo tamanho do estabelecimento, em poucos minutos havia percorrido todo o lugar e nenhum sinal da Nanda ou de suas amigas. Tentei ligar para ela e o telefone continuava desligado ou fora de área. Conhecendo minha esposa, o aparelho estava sem bateria. Perguntei ao garçom se havia outra choperia na cidade e ele negou. Perguntei então se não tinham marcado o aniversário de uma moça chamada Bia ali e ele também negou. Comecei a estranhar e ia saindo quando outro garçom, que ouvira nossa conversa, se aproximou e disse que eles tinham sido sondados para um aniversário, mas que não fecharam pelo tamanho do estabelecimento. Então, perguntei se ele sabia me informar onde seria o aniversário e ele me disse que seria realizado num clube de campo, uns cinco quilômetros fora da cidade. Ele tentou me explicar, mas ficava numa estrada de terra vicinal e eu corria o risco de me perder. Perguntei onde ficava o ponto de táxi mais próximo e ele me indicou. Ali procurei os serviços de um taxista para me guiar até o local, mas ninguém parecia se animar a andar numa estrada de terra àquela hora, até que ofereci o dobro do pagamento e um topou. Me guiou até lá e me deixou na portaria do clube.

O segurança quis criar caso e negar minha entrada porque meu nome não estava na lista de convidados, nem acompanhando outro convidado. Então, eu falei o nome da aniversariante e o da minha esposa, que ele encontrou, autorizando minha entrada. Estacionei longe da entrada, porque havia muitos carros, chuto, por baixo, uns duzentos carros. A festa era grande e o som do DJ bombava forte dentro do salão. Entrei e não conhecia ninguém. Rodei pelo salão e nenhum sinal da Nanda, ou da biscate da Giovana. Também não vi a aniversariante que conhecia de longe. Perguntei a um garçom e ele me indicou a direção onde a aniversariante deveria estar. De longe vi um amontoado de mulheres e reconheci a Bia no meio delas. Me aproximei e a cumprimentei:

- Oi, Bia. Feliz aniversário. - Disse.

- Mark!? Mas que surpresa! Boa... - Me disse, ao me ver: - A Nanda me disse que você não vinha.

- Pois é. Mudei de ideia e resolvi fazer uma surpresa, mas se estiver incomodando vou embora. - Falei, sorrindo.

- Que é isso? Claro que não. Quer tomar alguma coisa?

- Agora não. Eu queria, na verdade, encontrar a Nanda. Você a viu por aí?

Quando falei isso, senti que ela fez uma expressão estranha, do tipo “fodeu!”. Mas sem perder a classe disse que iria procurá-la, me pedindo para ficar perto do barzinho. Fui até o barzinho e pedi uma água. Passaram-se uns quinze minutos e a bisca da Giovana veio em minha direção, com um sorriso falso de doer. Deu-me um beijo na bochecha e falou:

- Mark, que surpresa você por aqui.

- Pois é, né!? Sabe da Nanda, Giovana?

- Nanda!? Então, a última vez que a vi ela estava indo no banheiro. Vou procurá-la e já volto. Fica aqui.

“Fica aqui, o caralho!”, pensei. Saí andando pelo salão e nada, nenhum sinal dela. Acabei cruzando novamente com a Bia e perguntei novamente da Nanda. Ela voltou a fazer aquela cara e não me aguentei:

- O que foi, Bia? Parece que estou atrapalhando alguma coisa.

- Ai, Mark…

- Fala! O que aconteceu? Não vou dar “showzinho”. Se for o caso, saio agora e vou embora.

- A Nanda chegou com a Giovana e mais duas amigas. Ficaram aqui dançando, bebendo, se divertindo e… - Se interrompeu.

- E o quê, Bia?

- E chegaram uns amigos da Giovana. Ela apresentou para as meninas e ficaram aqui dançando numa “rodinha”. Daí foram formando casaizinhos e saindo um para cada lado, sobrando só a Nanda, a Giovana e mais dois.

“Boa menina, Nanda.”, pensei. Eu sabia que ela não iria pisar na bola comigo. Então, perguntei:

- Tá, e onde eles estavam?

- Estavam bem aqui do lado. - Indicou o local com a mão.

- Pô, Bia, já rodei tudo aqui e não a vi em lugar nenhum. Você não tá querendo me dizer que a Nanda…

- Não! Não… A Giovana depois acabou ficando com um carinha, mas a Nanda não fez nada. Só ficou dançando com o outro. O problema é que eu também não estou conseguindo achá-la. Já pedi para umas amigas nossas me ajudar, mas ninguém a está achando. Já estava pensando em chamá-la no microfone, mas fiquei com medo de ficar uma situação estranha pra você.

- Obrigado, Bia. Você está certa. Vou continuar tentando encontrá-la. Vai aproveitar sua festa.

- Poxa, Mark. Que chato isso…

- Vai tranquila. - Disse e saí rodando pelo salão novamente.

Encontrá-la num salão iluminado apenas com luzes negras, cheio de gente estranha, não era tarefa fácil e eu não estava me saindo nada bem. Tentei ligar novamente para ela e nada. Já estava quase desistindo quando vi várias pessoas entrando e saindo por uma lateral do salão em direção a uma espécie de “deck”. Fui até lá e vi que dava para a área da piscina e mais à frente a um outro bar com várias mesas ocupadas por casais. Ali, já de longe, reconheci a Nanda com um carinha loiro, mais alto que ela, meio novo, talvez na mesma faixa de idade. Os dois estavam sentados numa mesa, bebendo e conversando animadamente. Ele mais que ela, porque eu o via acariciar sua mão e parecia querer mais, tanto que, logo depois, ele se sentou bem próximo, do lado dela e começou a conversar ao pé de seu ouvido. Ali eu temi que talvez realmente eu não conhecesse minha esposa após esses mais de quinze anos de convivência. Apesar de eu ter dado liberdade, ainda acreditava que ela não chegasse a tanto.

Pela cena e pouca resistência dela, já havia me decidido a ir embora. Inclusive tinha tirado nossas alianças e colocado no bolso da calça, quando uma coisa me chamou a atenção: notei que ele passou um braço por trás dela, puxando-a para mais perto dele, mas ela não parecia ceder. Vi também que ele parecia tentar virar o rosto dela para ele, mas ela também não cedia. Então, resolvi ficar um pouco mais. Eles se levantaram então e foram caminhando para uma parte ao lado das mesas, que terminava numa espécie de sacada. Ali, ele a virou de frente para ele e disse algo, mas tive a impressão de ela negar. Instintivamente fui me aproximando deles dois, porque já não estava gostando do rumo daquela prosa. Ele a segurou pelo queixo, parecia ser gentil, levantando seu rosto e a beijou. Parei porque ela não parecia negar. Estava quase voltando quando vi que ela colocou suas mãos em seu peito e tentou empurrá-lo, mas em vão dada a diferença de tamanho e força. Ele agora a mantinha segura com a mão esquerda no pescoço, a direita na cintura e não parava de beijá-la.

Cheguei até eles e, com minha mão direita, peguei o braço esquerdo dele, com que segurava a nuca dela, fazendo com que ele a soltasse. Então, o virei de frente para mim e com minha mão esquerda em seu peito, o empurrei, jogando-o a uns bons metros de distância:

- Mark! - Disse Nanda surpresa ao me reconhecer, já me segurando pelo braço: - Para! Não faz…

Mas eu já não a ouvia. Aliás, movido pela lembrança do fracasso em defende-la do Bruno, só via ele na minha frente e vi quando ele se levantou, vindo em minha direção. Um grupinho do “deixa disso” surgiu do nada e entrou no meio para apartar a briga iminente. Logo, a Giovana apareceu do nada e carregou ele para longe e os outros começaram a sair cada um para um lado:

- Mark. Mark! - Ouvi agora a voz da Nanda.

Só então me voltei para ela e vi que estava com os olhos arregalados. Me encarava como se tivesse visto um monstro:

- O que você está fazendo aqui, Mark!? Há quanto tempo estava aí? - Me perguntou.

- Acho que não devia ter vindo mesmo… - Respondi, depois de recuperar alguma sanidade: - E porque quanto tempo? Perdi alguma coisa?

- Não aconteceu nada. Foi só um beijo roubado. Só isso. Vai me dizer que você nunca fez isso? - Ela tentava justificar.

- Já. Quando era criança ou adolescente; quando homem, nunca. - Respondi, sério.

- Por favor, para! Eu te pedi pra vir comigo. Você negou e ainda falou para eu aproveitar a festa, dançar, beber, até beijar e... – Se controlou e, me olhando, perguntou, claramente abalada: - O que você quer de mim, caramba!?

- Eu queria que você fosse mais mulher, mais séria, mais forte. Poxa, a gente nem supera uma crise e você já sai biscateando!?

Tomei um merecido tapa na cara. A academia estava fazendo um bem danado para ela também, porque esse doeu de verdade; mas eu mereci e foi bom para colocar as ideias às claras. Realmente eu não podia ter falado aquilo. Ela se virou de costas para mim e começou a chorar no parapeito da sacada. Eu respirei fundo, me aproximei dela pelas costas e pedi “desculpas” em seu ouvido. Ela disse um “tudo bem” e continuou de costas, mas já não chorava tanto. Eu acariciava seus ombros e ela melhorou um pouco mais. Dei então um passo para trás, me colocando de joelhos e a chamei:

- Nanda.

Ela não me olhou e eu insisti, agora cutucando sua bunda:

- Nanda!

Ela então se virou, me procurando em cima, só se dando conta que eu estava de joelho na sequência. Me encarou e arregalou os olhos, olhando para mim e envergonhada para várias pessoas ao nosso redor:

-Mark, para! Olha o papelão.

Só aí vi que várias pessoas ainda estavam ali, inclusive a aniversariante, mas agora pareciam mais curiosos que preocupados. Então, ali falei:

- Olha só: a gente já enfrentou muita coisa na vida, problemas seríssimos e o último deles quase nos quebrou: só a gente sabe o que passou. Mas eu ainda acredito na gente. Então, eu queria… - Peguei a aliança dela no meu bolso, segurando-a entre meu indicador e dedão da mão direita, peguei sua mão esquerda e perguntei: - Nanda, eu te amo demais. Você quer continuar casada comigo pelo resto de nossas vidas?

Escutei alguém chorando atrás de mim e me voltei para ver uma mocinha aos prantos com a nossa cena. Comecei a rir e voltei a encarar a Nanda, que agora colocava a mão direita sobre a boca e tinha os olhos novamente cheios de lágrimas, mas nada respondia:

- Nanda, estou esperando. Isso é um sim ou um não? - Perguntei.

- Sim! É claro que é um sim, poxa. Claro que é sim. - Respondeu, quase gritando.

Coloquei então sua aliança novamente em seu dedo, de onde nunca deveria ter saído e ela se ajoelhou na minha frente, me abraçando, soluçando, chorando, rindo, enquanto ouvíamos uma salva de palmas, gritos de “Aí!”, parabenizações das mais diversas formas. E ali ficamos um tempinho até ela se controlar um pouco. Então, me encarou, segurou meu rosto e me deu um beijo sofrido, chorado, molhado, mas cujas lágrimas serviram para lavar nossas almas para um mais que merecido recomeço:

- Mas e sua aliança, mocinho? - Me perguntou, rindo, enquanto ainda enxugava algumas lágrimas.

Peguei-a então de meu bolso e ia colocando, quando ela me tomou das mãos e perguntou:

- E… Mark, eu te amo demais, mais que tudo na minha vida. Você quer continuar casado comigo pelo resto de nossas vidas, apesar das besteiras que eu faço?

- É o que mais quero! - Respondi, sorrindo, e cochichei em seu ouvido: - Inclusive, com a parte das “besteirinhas”.

Ela então colocou a minha aliança de volta, de onde também nunca deveria ter saído. Ficamos ali nos olhando como bobos, nos namorando, nos reencontrando e só aí nos demos conta de que havíamos parado a festa, porque a aniversariante não parecia querer sair do nosso lado:

- Nanda, a festa parou! - Falei, mostrando o óbvio.

- Ai, Mark, que vergonha!... - Disse e ao ver Bia próximo da gente, ainda falou: - Desculpa, Bia.

- Desculpar o quê, Nanda!? Ai, gente… Foi a coisa mais linda que vi na minha vida. Melhor presente de aniversário. - Respondeu sorrindo.

- Acho que você vai ter que tirar a maquiagem, Nanda. Borrou tudo. - Eu disse para ela, sorrindo, mas triste pelo trabalho perdido.

- Vai tirar nada! Vem comigo, Nanda. Meninas!... - Disse Bia, enquanto a pegava pelo braço: - Mark, dá licença, mas nós vamos retocá-la, inteirinha se for preciso, pra você.

Vi quando elas foram arrastando Nanda para dentro do salão. Ela não parava de sorrir e não tirava os olhos de mim, e eu dela. Quando entraram me dei conta de que ainda estava no chão, então senti um toque no ombro e uma voz grossa falou:

- E você vem comigo, “Don Juan”, mas eu não vou te maquiar, não. - Disse um moreno alto que depois se apresentou como Bernardo, o namorado da Bia: - Cara, depois de hoje, vou precisar de umas lições suas para a Bia não me largar.

Me levantei e seguimos nós e alguns outros amigos dele em direção ao salão. Começamos a papear diversos assuntos até chegarmos ao bar, onde ele pediu dois Whiskys:

- Valeu, Bernardo, mas eu estou dirigindo, não posso beber.

- Para com isso, cara! Tem vários chalezinhos neste clube e eu reservei cinco deles para meus amigos. - Disse e pegou uma chave no bolso: - E esse aqui é para vocês. Faço questão, e tenho certeza que a Bia também, que vocês aproveitem a festa ao máximo e um ao outro, é claro.

- Poxa, cara… Obrigado, então. Nem sei o que dizer...

- Você não precisa dizer mais nada, não, meu irmão! Vou te confessar uma coisa: eu nunca fui emotivo, nunca fui de romantismos e coisas do tipo, mas até eu fiquei com os olhos molhados lá fora. - Falou, enquanto ria.

Voltamos a conversar besteiras entre nós e os amigos dele, e algum tempo depois vimos a Bia se aproximar, toda sorridente, trazendo pela mão, logo atrás dela, a minha Nanda, agora repaginada, com uma maquiagem um pouco mais forte e aquele mesmo batom vermelho. Estava linda, mas, mesmo que estivesse sem nada, seu sorriso e a expressão de felicidade em seu rosto, bastariam facilmente para torná-la a mulher mais bela daquela festa:

- Vocês me deem licença... - Pedi, enquanto a abraçava e dava um beijo em sua boca que estava entalado em meu coração há muito tempo.

Ouvimos novamente aplausos e felicitações. Depois ficamos nos olhando e uma lágrima desceu, mas foi de meu olho. Ela viu e perguntou:

- O que foi?

- Nada! Só te amo demais. Acho que eu ainda precisava dizer isso.

- Ô. Eu que te amo demais, seu bobo. - Disse e pediu: - Mas não chora, ou eu vou chorar e borrar a maquiagem de novo!

A festa corria solta quando notei que o carinha que tinha beijado a Nanda me encarava de uma forma estranha, e eu comecei a encará-lo também. A Nanda notou e acredito que tenha dado um toque na Bia que, por sua vez, foi comentar com o Bernardo:

- Vou falar pra ele se retirar. Nem conheço ele! - Me disse o Bernardo.

- Deixa pra lá, Bernardo. Por mim, se ele ficar na dele, não tem problema. - Eu disse e ele concordou.

Na hora de cantar os parabéns e cortar o bolo foi aquela típica algazarra. Bia foi para trás do bolo, vários cantaram, muitos zoaram e todos se divertiram. Atrás de uma mesa muito bem decorada, estavam Bia, Bernardo, os pais de ambos e algumas crianças, certamente parentes. Quando Bia começou a cortar o bolo, tivemos a impressão que ela esbarrou em algo, parecia alguma coisa no meio do bolo. Tentou novamente e novamente bateu em alguma coisa.

Então, Bernardo pediu a faca para ela, mas, ao invés de tentar cortar o bolo, a colocou de lado, sobre a mesa, pegando a Bia pelas mãos e a levou para o lado. Ela o encarava sem entender, aliás, ninguém estava entendendo nada. Ele então deu sinal para alguém e o bolo começou a se separar em dois, correndo cada metade para um lado da mesa e revelando no centro uma espécie de cúpula. Ele a levantou e dentro havia uma rosa vermelha e duas alianças:

- Bia, eu tinha tanta coisa pra te dizer hoje. Fiquei ensaiando horas e horas um discurso, e não é curto. Só que aí hoje assisti meus novos amigos Mark e Nanda darem uma verdadeira lição de vida para quem quisesse assistir, sem o mínimo de medo ou vergonha de exporem seus sentimentos e entendi que não são as palavras, mas as atitudes que contam para uma união ser forte. Então, esquece o discurso e foca no sentimento… - Se interrompeu pegando uma das alianças e se colocou de joelhos para dizer: - Eu te amo demais. Você quer casar comigo para o resto de nossas vidas?

Bia tremia igual um bambu verde ao vento. Então, respondeu com um sonoro “Sim” e ele colocou a aliança em seu dedo. Depois disso ela o abraçou no chão, entre lágrimas. Várias mulheres começaram a chorar. Inclusive, Nanda começou a se abanar feito uma louca e falar “Não posso chorar! Deu trabalho. Não posso chorar! Deu trabalho. Não posso chorar! Deu trabalho.”. Eu a encarei e comecei a rir:

- Do que você está falando, sua louca? - Perguntei.

- Deu trabalho, a maquiagem… Uh! Uh! - Respondeu, sorrindo, com lágrimas nos olhos e ainda se abanando.

Pouco depois eles se levantaram, ela colocou a aliança na mão dele e Bernardo voltou a falar, perguntando:

- Mark!? Cadê o Mark e a Nanda?

Levantamos nossas mãos e ele voltou a falar:

- Tá vendo!? Fiz bonitinho, não fiz? - Me perguntou, sorrindo.

Eu só levantei a mão direita, fazendo um “joinha” e depois bati palmas. Ele então cochichou algo no ouvido da Bia por um tempo e ela concordou com ele, dando um baita sorrisão. Ele continuou:

- Mark e Nanda. Venham aqui.

Nos olhamos, já estranhando aquilo e fomos na direção deles. Eu já até imaginava o que viria pela frente:

- Quero aproveitar para convidá-los, oficialmente, para serem meus padrinhos de casamento. - Ele nos disse, sorrindo.

- Não! Eu conheço a Nanda há mais tempo. Eles vão ser meus padrinhos. - Disse Bia.

- Mas eu te falei que iria convidá-los. - Ele insistiu.

- Pensei que fosse convidá-los para mim. - Ela teimou.

- Gente... - Disse Nanda.

- Ei! Vocês dois aí. Vamos respirar fundo. - Eu falei na intenção de aquilo não se transformar em uma discussão.

- É brincadeira! - Disseram os dois, rindo.

- Brincadeira? - Perguntei.

- Não. O convite é sério. Só a discussão é brincadeira. - Disse Bia, rindo: - A Nanda será minha dama de honra. Ó que chique, Nanda! E o Mark será o pajem do Bernardo. Claro, se vocês aceitarem?

- E aí, gente, o que nos dizem? - Perguntou Bernardo.

Nanda só me olhou sorrindo e como retornei o sorriso, a resposta ficou óbvia:

- É claro que a gente aceita. - Disse abraçando a amiga, enquanto eu abraçava meu novo amigo.

Brindamos todos juntos, comemorando aquela felicidade compartilhada e, logo depois, o DJ voltou a tocar. Estávamos conversando os quatro quando senti uma mão me puxando pelo ombro e quando me virei, vi aquele cara que tinha beijado a Nanda. Bernardo quando o viu, se colocou no meio e começou a empurrá-lo pelo peito:

- Por favor, não quero brigar. - Ele falou.

- E quer o que, então? - Bernardo perguntou.

- Só quero pedir desculpas… - Disse.

Bernardo me olhou e eu concordei que o deixasse se aproximar:

- Olha, não quis causar nenhum problema, mesmo! A Giovana tinha me falado que ela estava se divorciando e estava carente, facinha. Daí investi nela a noite toda. E foi fácil, porque é uma mulher muito bonita, educada e parecia estar mesmo carente ou triste, não sei. - Disse olhando para mim e para a Nanda: - E só rolou aquele beijo porque eu forcei a barra. Ela não fez nada. Juro. Então queria pedir desculpas, para os dois. De coração…

Ficamos surpresos com a hombridade daquele rapaz. Difícil de se encontrar alguém de fibra assim. Ele já estava se virando para sair, mas eu o segurei pelo braço, esticando minha mão para ele que a apertou forte. Puxei-o então para um abraço. Não havia espaço em meu coração para mágoas naquela noite:

- Gostei muito da sua atitude, rapaz! Seus pais criaram um bom homem. Mas vai procurar outra mulher pra você que essa aqui é minha. - Eu disse e ele sorriu.

- Obrigada por isso e me desculpa se te dei falsas esperanças. - Disse Nanda, depois lhe dando um selinho.

Bernardo o cumprimentou também e pediu que curtisse a festa, porque ele merecia e muito depois daquela atitude:

- Selinho, é!? - Disse ao pé do ouvido dela.

- Já fizemos coisas piores, ou melhores. Você sabe… - Respondeu para mim, sorrindo.

- Bela amiga essa Giovana, hein!? - Continuei: - "Facinha" foi pra acabar…

- Uma bela de uma filha da puta! Mas deixa ela comigo: depois eu resolvo.

A festa seguiu até altas horas. Dançamos, bebemos, brincamos, fizemos novos amigos, enfim, tínhamos nos reencontrado e a uma felicidade que parecia não ter fim. Foi uma das melhores noites de nossas vidas, sem dúvidas. Já era quase 4:00 e o salão já tinha se esvaziado bastante. Poucas pessoas ainda trançavam as pernas pelo salão e outros poucos casais se atracavam nas mesas. Fomos até o Bernardo e a Bia perguntar se eles realmente não precisariam do chalé para outra pessoa:

- Que é isso, “padinho”!? - Disse, rindo: - Vou ficar ofendido se vocês me devolverem as chaves. Vão lá e aproveitem.

- Então, acho que já vamos mesmo. Preciso descansar o esqueleto. - Respondi.

- Descansar!? Nanda depois da declaração de amor que esse homem te fez hoje, se você não der uma surra de boceta nele, eu é que vou ficar ofendida. - Disse Bia, claramente de pilequinho.

- Que é isso, Bia? - Disse um surpreso Bernardo.

- Que foi? - Ela perguntou na inocência.

Começamos a rir daquela tirada e nos despedimos. Fomos então até o chalé indicado na chave e estranhamos, porque era um senhor chalé. Toda a frente dele era de vidro e dava para ver uma hidromassagem no canto dessa parede. Entramos e as luzes já se acenderam:

- Deve ter sensor de presença… - Falei para mim mesmo.

Nanda olhava para tudo impressionada e perguntou:

- Será que a gente entrou no chalé certo?

Não havia dúvidas, era a chave e o chalé certo. Só nos restava aproveitar. Olhei para aquela parede de vidro transparente e não vi cortina alguma nas laterais:

- Porra! E como que a gente transa nesse aquário? Todo mundo vai ver a gente lá de fora. - Protestei, rindo.

Nanda achou um tablet com um adesivo escrito “controle” e o acionou. Várias funções apareceram na tela e ela ativou “cortina”. Logo uma cortina descia para fechar a parede de vidro:

- Ah… - Falei.

Ela continuou fuçando e logo a hidromassagem começou a se encher, luzes de discoteca começaram a dançar ao som de uma música de strip-tease e ela já me olhou com um sorriso sacana no rosto. Veio até mim, me puxou e me jogou na cama:

- Fica aí que a mamãe quer brincar. - Falou.

Começou então uma dança sensual. Seu corpo trabalhado na academia começava a se revelar em seus movimentos rítmicos. Se aproximava e se afastava, se insinuando para mim e, não fosse pela bebida que ela ingeriu e não foi pouca, teria sido uma dança espetacular. Digo isso, porque chegou a tropeçar umas duas vezes e só não caiu, porque dizia que “gata sempre cai de pé”. Após algum tempo dançando, retirou seu vestido, exibindo seu belo corpo coberto apenas por uma sexy lingerie, suas meias calça, sapatos e joias.

Sentei-me na beirada da cama e ele veio ao meu encontro. Esfregou meu rosto em seus seios e depois se virou de costas, descendo suas mãos até o chão para exibir sua bela bunda só para mim. Não pude evitar de tocá-la, mas quando fiz isso ela se levantou, se virou de frente para mim, me deu um tapa na mão e se afastou novamente, dançando.

Sentou-se meio que de lado numa poltrona do outro lado da sala e cruzou suas pernas. Então fez uma abertura que eu nem sabia que ela seria capaz de fazer. Pela forma como ela sorria ao me encarar, eu devia estar fazendo cara de bobo. Ela se sentou na beirada da poltrona, desabotoou seu soutien e me jogou de lá mesmo. Depois ficou de quatro em cima da poltrona e começou a abaixar sua calcinha, pouco a pouco, e sempre me encarando. Sorria a todo momento, certamente estava se divertindo mais que eu.

Depois de tirar a calcinha, deu uma leve esfregada na sua boceta e a jogou para mim. Estava úmida e fiz questão de sentir aquele perfume que tanto me hipnotizava. Ela me observava seguidamente com um sorriso de satisfação. Voltou a se colocar de quatro e com a mão esquerda deu um sonoro tapa na nádega esquerda. Depois com a mão direita repetiu o tapa do outro lado. Depois com as duas mãos deu um tapa mais forte ainda que fez ela própria gemer.

Meu pau estava mais que duro a essa altura e me levantei fazendo menção de ir em sua direção. Ela se sentou de pernas cruzadas e me fez um “não” com a mão direita, indicando com a mesma mão que eu deveria continuar sentado na cama. Obedeci, meio contrariado, mas ainda curioso onde toda aquela brincadeira iria terminar.

Ela veio em minha direção e com a mão direita, mandou me levantar. Se aproximou então e puxou minha camisa para cima. Depois sempre olhando em meus olhos, passou a mão sobre o meu pau, ainda dentro da calça. Sorriu ao senti-lo duro. Desabotoou minha calça e abaixou o zíper, tudo sem perder o contato visual. Então, desceu, beijando meu corpo e parou na altura de meu pau, ainda coberto pela cueca, mordendo-o de leve por cima do tecido. Pouco depois começou a puxar minha calça, mas não conseguiu tirá-lo por causa dos sapatos. Tirou-os, com as meias em dois simples golpes. Terminou então de tirar minha calça. Passou a beijar minhas pernas, descendo das coxas para o joelho e do joelho para a perna e daí para meus pés, prostrando-se de quatro, da forma mais sensual e obscena possível. Depois voltou beijando-me de baixo para cima até se colocar de frente para mim outra vez e se entregar a um beijo que há muito não compartilhávamos.

A abracei firme e forte, e ficamos nos curtindo naquele beijo. Por mais excitante que tivessem sido aqueles momentos, não havia lascívia naquele beijo. Apenas amor, apenas duas almas que ansiavam se encontrar há tempos. Mas é claro que, esfregar numa mulher linda e nua reativou meu instinto predador e logo apertei sua bunda com vontade. Ela sorriu, mas se afastou um pouco e abaixou minha cueca sem nenhuma cerimônia, para depois voltar a minha altura, sem um oral, sem tocá-lo:

- Quer que eu tire o restante de minha roupa, ou posso ficar assim? - Perguntou, languidamente.

- Você está tão linda… - Falei.

- Então, fico.

- Mas ficará deslumbrante totalmente nua. - Continuei.

- Então… Tiro? - Me perguntou.

- Não. Pode ficar.

- Então, tá. - Disse, sorrindo maliciosamente.

Empurrou-me novamente na cama e subiu por cima para me beijar outra vez. Agora segurava firme e apertava forte meu pau, parecendo querer tirar-lhe a pele. Começou a me punhetar com vontade e eu gemi forte. Então, se sentou sobre meu pau e passou a esfregar a boceta nele, mas depois, parecendo ter recobrado uma lembrança, saiu de cima e começou a enxugá-lo com o lençol da cama. Vendo aquilo fiquei com pena e a tomei em meus braços. Vendo que ela havia ficado desconfortável, a segurei forte e disse:

- Você não está doente. Deixa teu coração ficar em paz.

- Mas não terminei os exames…

- Eu sei disso! Mas eu tenho plena certeza de que você não tem nada!. Não se puna por antecipação. Eu não farei nada que você não queira, nem se sinta à vontade. Quero que você relaxe e confie em mim. - Disse sempre mantendo contato visual com ela e continuei: - Em mim e nesta maravilha da ciência moderna chamado preservativo.

Ela começou a rir da forma como eu falei e eu também. E a intenção era justamente essa: desviar sua atenção e anular a tensão. Peguei as camisinhas na sua bolsa que estava sobre um criado e coloquei sobre a cama, ficando estrategicamente com uma delas em minha mão. Passei a beijá-la apaixonadamente, alternando entre sua boca, pescoço e lóbulos das orelhas, que também lambia e chupava. Fui então descendo pelo seu corpo, beijando-o, lambendo-o. Ao chegar na altura de sua púbis, ela imaginava que eu iria pular sua boceta e seguir pelas pernas, mas fiz exatamente o contrário e caí de boca em sua boceta:

- Mark, não! - Resmungou.

Ela quis se retrair e segurou minha cabeça, tentando fazer me afastar dela. Mas eu levantei a cabeça e mostrei que estava usando uma camisinha sobre a pele dela para poder fazer aquele sexo oral que eu sabia que ela tanto gostava. Não era nada confortável para mim, mas eu sabia que ela precisava daquele contato íntimo. Ela pareceu entender a mensagem e colocou o dedo indicador da mão direita na boca, me olhando enquanto eu voltava a lamber sua boceta. No primeiro contato, ela se entregou e suspirou fundo. Senti quando ela arqueou seu corpo só por eu tentar prender seu clítoris com minha boca:

- Ai, Mark. Ai, ai, ai. Assim! Não para. Prende com a boca, segura. Ahhhhhh - Falava aos berros.

Ela estava tão excitada e necessitada daquele contato que gozou mais rápido do que eu imaginava. E eu sei que gozou de verdade, porque líquidos começaram a verter em abundância de sua boceta denunciando o óbvio:

- Que delícia de bocetinha! Eu já estava com saudade… - Falei, sorrindo, e dando um beijo sobre sua púbis de pelinhos ralos, quase imperceptíveis.

Voltei a beijar seu corpo de baixo para cima, até alcançar sua boca. Depois de um beijo gostoso, ela me perguntou:

- Você não gostou, né?

- Não gostei de quê?

- De fazer assim, com uma camisinha.

- Não é exatamente gostoso, mas é o que dá para fazermos, por enquanto. Desencana disso, por favor.

- Está certo! - Respondeu, me jogando na cama e subindo em cima de mim: - Tem certeza de que é seguro usar o preservativo?

- Eu tenho certeza que você não tem nenhuma doença. Faço amor com você sem preservativo, se você estiver à vontade.

- Não. Sem, não. Por enquanto, não. - Disse e voltou a me beijar.

Passou então a punhetar o meu pau enquanto me beijava. Depois de um tempo, desceu sua cabeça até ele e, além do que já estava fazendo, passou também a chupá-lo e lambê-lo com vontade, sugando-o com o máximo de força que conseguia, chegando a colocá-lo todo na boca. Por fim, me encarou com aquele olhar safado que conheço bem e o introduziu em sua boceta, sentando até o final com um gemido abafado, mas delicioso de se ouvir:

- Mas e a camisinha, Nanda? - Perguntei.

- Já a coloquei. – Disse, enquanto começava a subir e descer.

- Mas já, quando? - Insisti.

- Agora há pouco, com minha boca. Vi na internet…

Passou então a rebolar com uma cadência deliciosa, fazendo-me sentir o colo de seu útero contra a cabeça de meu pau. Já estava ótimo, mas ela decidiu melhor: sentou-se de cócoras sobre meu pau e apoiou seu corpo com os braços em meu peito, passando então a subir e descer sua boceta com força e vigor, fazendo-me gemer alto. E quanto mais eu gemia, mais ela subia e sentava sem dó nem piedade de mim. Se continuasse naquele ritmo logo eu estaria gozando. Então, segurei em sua cintura e tentei vira-la na cama, mas ela não deixou, porque parecia estar próxima de gozar. Me segurei como pude e em pouco tempo ela bateu forte e no meu colo, tremendo e voltou a gozar:

- Ai que delícia de pau. Que saudade que eu tavaaaahhhhhh! - Disse e desmontou no meu peito.

Eu não queria deixá-la esfriar, apesar de eu precisar ficar mais frio para não gozar logo. Então, caí de boca novamente na sua boceta, lambendo-a sobre a camisinha e prendendo seu clítoris com minha boca, enquanto enfiava dois dedos em sua vagina e procurava pressionar a região do chamado “Ponto G”. Ela começou a tremer e vi que estava gozando novamente. Continuei agindo e vi ela gozar mais duas vezes, praticamente em sequência. Então, a penetrei novamente, bem fundo, e passei a comê-la com calma, aproveitando cada estocada, aproveitando para beijá-la, para namorá-la e ali, quando eu pensei que ela tivesse se acalmado, de repente cravou suas unhas em minha bunda e me apertou contra ela própria, para que eu ficasse bem no fundo de sua boceta e falou:

- Assim. Assim! Bem no fundo. Fica! Deixa eu sentir ele. Roçando gostoso em mim. Roçando. Aaaaaiii. Deussss. Ai, Mark, goza comigo, meu amor. Aiiiii.

Não aguentei ouvir aquilo e comecei a bombar mais e mais rápido, cada vez mais forte e fundo, e em pouco tempo eu é que gozava aos berros dentro dela, infelizmente dentro da camisinha. Acabei desmontando sobre ela que pouco tempo depois começou a reclamar:

- Mark, sai de cima de mim. Você está pesado. Acho que você andou engordando, “Mor”! - Disse, rindo.

- É massa magra, Nanda. Culpa da academia. - Falei enquanto me deitava ao seu lado e, rindo, completei: - A mulherada no aniversário curtiu.

- Sei. Safado… - Falou e, depois de um breve silêncio, continuou: - Mark, por que isso aconteceu com a gente? Será que vale a pena insistir nessa vida louca?

- Nanda, não existe esse negócio de “vida louca”. Somos uma casal normal, com vida normal, mas que, às vezes, gosta de variar, sentir umas emoções diferentes na hora do sexo. Só isso. – Respondi e logo depois emendei: - De qualquer forma, eu também já tinha pensado nisso e até cheguei a comentar com o doutor Galeano, mas ele me disse que qualquer decisão a esse respeito só caberia a nós tomarmos. Nem comentei com você antes porque a gente já estava passando por tanta coisa que achei que essa poderia ficar para depois.

- Tá, mas você quer continuar ou parar?

- Sinceramente, eu não sei. É muito gostoso quando a gente faz. Aquela sensação de tesão com ciúme como quando você se entregou para o Caio, me deixou louco naquele dia.

- É. Eu senti o mesmo com a Laura.

- E você gostou? É algo que você faria novamente?

- Então, não sei se a palavra é gostar. Acho que é meio como chupar um limão com mel, ninguém gosta, mas sabe que, no fundo, faz bem para saúde. - Me respondeu, rindo.

Comecei a rir também com aquela comparação e o melhor é que fazia todo o sentido:

- Se entendi bem, você quer dizer que, por mais que os sentimentos sejam conflitantes, que você não curta exatamente cem por cento do tempo, as lembranças servem para apimentar nossa própria relação. É isso?

- É. Acho que é. Pelo menos, nossa cumplicidade melhorou pra caramba. - Deu uma suspirada e perguntou: - Você nunca se pegou pensando na Laura novamente?

- Para te falar a verdade, não. Acho até que não tive chance, porque logo depois aconteceu você sabe o que com você sabe quem.

- Pois é… Esqueci até de comentar com você que eu me encontrei com ela dias atrás quando fui buscar as meninas na escola.

- Ela tem filhos?

- Não. Ela disse que tinha ido buscar um sobrinho.

- E daí?

- Daí, nada. Trocamos algumas palavras, ela perguntou porque a gente não ligou mais para ela e etc., mas ficamos só nisso. Ah, ela te mandou um beijo… - Disse, enquanto me encarava.

- Hummm! Laura… Saudades… - Respondi enquanto dava uma balançada no pau, já rindo da cara da Nanda.

- Ah, filho da mãe! - Começou a rir enquanto me dava tapinhas no braço.

- Deixa disso. Só estou brincando. - Falei, segurando-a com um abraço.

Ficamos quietos por algum tempo, só nos curtindo abraçados e ela insistiu:

- Mas e aí? Você quer continuar?

- Eu acho que até podemos tentar sim. - Respondi e já completei: - E você, quer continuar?

- Talvez a gente precise é traçar regras claras e não fugir mais delas. - Respondeu, pensativa: - Antes que você fale, eu sei que fui eu quem pisou na bola com o Caio. Desculpa. Mas era e ainda é tudo muito novo pra mim. Tô precisando aprender a seguir regras.

- Está mesmo… - Falei sem pensar.

- Desculpa. Se eu não fosse tão burra, nada disso tinha acontecido.

- Não vamos falar daquilo. Eu não te culpo, mas que te sirva de lição. Nunca aceite bebidas de um estranho, porque você nunca sabe a intenção dele.

- Desculpa!

- Para de pedir “desculpa”, caramba! Já passou. Esquece! Então, vamos combinar, de uma vez por todas, o que pode e o que não pode, ok? E prometer nunca fugir delas a não ser que o outro esteja junto ou concorde expressamente em abrir uma exceção, ok? Assim um fiscaliza e protege o outro.

- Tá. - Respondeu, se sentando de frente para mim.

- PRIMEIRA REGRA e, para mim a mais importante: nunca transar sem proteção! - Falei, encarando-a.

- Tá! O Caio. Já sei. Desculpa. - Disse, e quando a encarei, ela complementou: - Desculpa por ter pedido “desculpa”. Olha eu falando novamente…

Rimos e eu continuei:

- SEGUNDA REGRA: Sempre estar junto do parceiro ou autorizado por ele e desde com um conhecido ou conhecida, para garantir nossa própria segurança.

- Sem dúvida! Concordo totalmente. - Ela respondeu, enfática.

- TERCEIRA REGRA: Não repetir os parceiros ou parceiras. - Falei.

- Porque?

- Para não corrermos o risco de confundir sentimentos. Sabe… Não correr o risco de acabar nos apaixonando pela pessoa errada.

- Isso tá parecendo música de pagode... – Disse sorrindo e perguntou: - Nem um bis, bem pequenininho?

- Tudo é conversável, desde que não se torne regra.

- Tá bom! - Disse e já emendou: - QUARTA REGRA: Nunca fazer sexo com amigos em comum.

- Mas e se a gente encontrar algum dia com um casal de conhecidos, por exemplo, numa casa de swing? - Perguntei.

- Uai... - Ela parou para pensar e respondeu: - Se eles estão lá é porque ou são curiosos, ou estão discretamente no meio como a gente. Nesse caso, se o tesão for maior que o constrangimento, poderíamos até considerar.

- Joia, então.

- QUINTA REGRA… - Ela começou novamente: - Nossa vida liberal não é regra, é exceção. Então não pode interferir ou prejudicar nossa família e, de forma alguma, atingir as meninas. Nunca mais! Nunca mesmo…

- É mais do que justo. - Respondi, acenando positivamente com a cabeça: - Podia ter sido a Primeira Regra de tão importante.

- É!

Ficamos em silêncio nos acariciando e logo em seguida ela voltou a perguntar:

- Sair sem calcinha?

- Deve!

- Paquerar na balada?

- Claro.

- Beijo na boca?

- Não vejo problema algum se você estiver a fim e a outra pessoa for sadia.

- Sentar no colo? Namorar antes?

- Por mim, está tudo bem.

- Te chamar de “corninho”?

- Então… Essa é uma questão que não vou te responder com certeza ainda, porque eu não sei direito se curto esse negócio de humilhação. Quando você me fala e eu sei que é para me provocar, é gostoso; mas quando o outro fala isso, fico meio deprê.

- Acho que entendi: eu posso se for com jeitinho, mas o outro nunca. Certo?

- É por aí…

- Ficar com pessoas do mesmo sexo?

- Se você curtir, pode ficar à vontade. Eu não curto e não pretendo. - Enfatizei.

- Última pergunta! - Ela anunciou: - Você me perdoou mesmo? Nem uma magoazinha?

- Te perdoei de todo o meu coração! Acho que nós merecemos essa chance, por nós mesmos e pelas meninas. - Falei e já fui perguntando: - E você me perdoou por todas as falhas que cometi com você?

- Ah, Mark. Você não fez nada…

- Realmente eu não fiz, eu deixei de fazer: eu poderia ter parado você e o Caio antes de caírem na tentação e eu deveria ter impedido você de entrar sozinha no bar com aquele filho da puta… - Rangi os dentes.

- Por favor, para! Eu não tenho mágoa alguma de você, mas se é tão importante assim para você ouvir isso, eu te perdoo de todo o meu coração. Nós vamos fazer nosso casamento dar certo. Nós nos amamos, poxa! Tem que dar certo.

Ficamos ali nos acariciando, namorando e, depois de um tempo, eu fechei os olhos curtindo o momento e me preparando para um merecido cochilo, já até tinha me esquecido da hidromassagem enchendo, quando ela falou:

- Mark.

- Ooooii…

- Posso te contar uma última coisa?

“Pronto. Lá vem merda!”, pensei, mas permiti:

- Manda.

- Eu não comi bolo.

- Oi!?

- Eu esqueci de comer bolo na festa.

- Você tá de brincadeira!?

- Não. Tô com vontade. Será que ainda tem bolo no salão?

- Agora?

- É. Vamos lá comer bolo?

- Pelados!?!?

- Claro que não, né! A gente põe a roupa, vai e volta rapidinho…

- Ah, Nanda. A hidro já está quase cheia. A gente já transou tão gostoso. Eu compro um bolo amanhã, inteirinho só pra você se esbaldar…

- Eu quero o do aniversário. Tava tão bonito…

- Mas é tudo igual.

- Não é, não! O do aniversário tinha rodinha. Ele andou na mesa.

- Deve ser um bolo falso. Deixa disso, vai.

Ficamos em silêncio mais um pouco e ela voltou à carga:

- Mas tava tão bonito…

- Ah, Nanda.

- Se você for comigo, eu dou meu cuzinho pra você depois.

“Filha da puta, covarde!”, pensei comigo mesmo e, sorrindo, falei:

- Você ganhou! Bota o vestido e vamos logo. Mas eu vou te foder bonito depois e não adianta reclamar. Espera só pra ver…

- Ui! - Ela respondeu, rindo à beça.

Ela colocou somente o vestido por cima, sem lingerie e eu minha calça e sapato. Saímos em direção ao salão, pé ante pé, sem fazer barulho para não acordar os outros eventuais hóspedes. Fomos andando e brincando no caminho. Parecíamos duas crianças prestes a fazer arte. Chegamos no salão e estava tudo escuro. A porta estava encostada, mas destrancada:

- Será que tem alguém aí dentro? - Ela perguntou.

- Acho que não. Está tudo quieto e escuro. - Respondi.

As luzes estavam apagadas. Apenas a luz da lua entrava pelas janelas e pelos grandes portais de vidro, iluminando nosso caminho. A mesa do bolo estava bem à frente, no fundo do salão, mas de longe dava para ver que não havia sinal de pratos:

- Vou procurar uns pratinhos na cozinha. - Eu falei.

- Eu como com a mão mesmo. - Ela rebateu.

- Mas que porquice é essa?

- Eu tô com fome!

Fui em direção à cozinha e ela foi para a mesa. Não demorei nem um minuto e voltei com dois pratinhos na mão. Ela vinha em minha direção, andando na pontinha dos pés e tentando não fazer barulho. Eu já fui em direção à ela, falando em alto e bom som:

- Toma, bichinho esganado. Achei prato e garfinho. - Falei para ela.

Ela ainda tentou colocar o dedo indicador na boca para me pedir silêncio, mas já era tarde. Só depois é que vi algumas roupas jogadas no chão perto da mesa:

- Quem tá aí? - Ouvi uma voz familiar.

- Quem tá aí pergunto eu? - Rebati a pergunta.

- Mark? - Ouvi a voz novamente.

- É. - Respondi e já perguntei, reconhecendo a voz: - Bernardo?

Nisso ele levantou a cabeça de trás da mesa e se colocou de pé atrás do bolo, sem camisa e aparentemente pelado. A Nanda escondeu o rosto no meu peito, claramente envergonhada. Pouco depois a Bia também levantou de trás da mesa, cobrindo seus seios nus com os braços. Todos ficamos atônitos, calados, mas não aguentei muito tempo e caí na risada, logo sendo seguido pelo Bernardo. Elas até que tentaram rir, mas não pareciam muito à vontade:

- O que vocês estão fazendo aqui? - Ele nos perguntou.

- A Nanda não comeu bolo e praticamente me chantageou a vir aqui com ela tentar conseguir um pedaço. - Respondi, ainda rindo: - A culpa é dela!

- Ah, Mark, que vergonha. Vamos embora. - Nanda me pediu.

- Gente, ainda tem bolo em algum lugar? - Perguntei.

- Claro que tem. Vem aqui pegar. - Ele falou.

- Bernardo!? - Falou Bia, toda séria: - Eu tô pelada!

- Relaxa Bia. Você não reparou na tornozeleira da Nanda. Eles são do meio também. - Ele rebateu.

- Como assim também? - Nanda perguntou.

- Vocês são liberais? - Perguntou Bia.

- Porque? Vocês são? - Perguntei.

Bia nem respondeu. Só levantou a perna direita com uma destreza quase profissional e a colocou sobre a mesa, exibindo sua tornozeleira dourada com uma pimentinha vermelha:

- Você é liberal, Bia!? Nunca imaginei isso... - Disse Nanda, claramente surpresa.

- Eu é que nunca imaginei que você, toda certinha, mãe de família, seria liberal. - Rebateu Bia, dando risada e abaixando a perna e o braço, revelando seus seios nus.

- Venham. Cheguem aí para comer bolo com a gente. - Disse Bernardo, saindo de trás da mesa, nu.

- Vou chegar perto de você, não, cara! Tua barraca ainda tá meio armada. - Respondi, rindo, mas indo em direção da mesa com a Nanda ainda grudada em mim.

Nos servimos da maneira mais natural que foi possível e eles nos convidaram para sentar com eles perto de uma lanterna que haviam trazido. Serviram-nos champanhe para acompanhar o bolo. Já não estavam mais inibidos e conversavam conosco como se estivessem vestidos:

- Cara, não estou acreditando até agora que atrapalhamos a transa de vocês. - Eu falei.

- Atrapalhou nada! A gente já tinha dado uma e estava apenas relaxando para recomeçar. - Respondeu Bia: - E vocês, Nanda? Ainda nada?

- Claro que já, Bia! Mas daí bateu a fome e lembrei que ainda não tinha comido bolo. Daí convenci o Mark a vir comigo aqui e deu nisso. - Respondeu, agora rindo da situação.

- E ela ainda está me devendo! - Falei, de pronto.

- Devendo? - Bernardo perguntou.

- Tá. Ôôô se tá! - Respondi

- Mark. Para com isso! - Ela falou, envergonhada.

- Isso o quê? - Insistiu Bernardo.

- O anel, Bê! O anel. Ela deve ter prometido liberar o anel pra ele. - Falou Bia, com um sorriso safado no rosto, que acabou confirmado pela Nanda com um aceno de cabeça.

- Mas, com uma proposta dessa, eu tinha vindo correndo e pelado buscar bolo para ela, Mark. - Falou Bernardo, rindo.

- “Para ela” minha mulher ou “para ela” sua mulher? - Perguntei, rindo.

- Para qualquer uma das duas. - Ele respondeu, sarcástico.

- Pelado a gente não tá, mas… - Ia falando, mas me calei quando vi o olhar de reprovação da Nanda.

- Ui! A xerequinha tá tomando ar, Nanda? - Perguntou Bia, rindo: - Aliás, muito bonito o seu vestido. Só não entendi o porquê da etiqueta do lado de fora.

Só aí Nanda se deu conta que na correria havia colocado o vestido do avesso. Então, observou Bia por um momento, mas, apesar de seu semblante estar sério, ela não parecia ofendida ou brava. Olhou para mim como que querendo uma autorização e eu só sorria para toda aquela situação. Então, ela se levantou e tirou o vestido na presença de todos, voltando a se sentar ao meu lado, inteiramente nua. Aliás, inteiramente não, pois continuava usando somente sua meia calça 7/8, salto alto e suas joias:

- Aí sim, hein!? - Vibrou Bernardo, literalmente comendo-a com os olhos.

- Safadinha! Tá mais bem vestida que eu. - Brincou Bia, rindo: - Adorei tua meia calça!? Que renda bonita…

- Depois te mando uma branca, de presente, para você usar na noite de núpcias. - Respondeu Nanda, comendo mais um pedaço de bolo, e já emendou me encarando: - Só acho que tem gente aqui que não está respeitando o traje a rigor…

- Ê. Qualé, Nanda!? - Disse rindo.

Ela nem respondeu mais nada. Colocou o prato com o bolo de lado e veio para cima de mim, abrindo meu fecho e zíper:

- Pra que isso? A gente já vai embora… - Falei.

- Ela tá certa! - Anunciou Bia, se colocando do lado dela para ajudá-la a puxar minha calça para baixo, uma em cada perna.

Pronto. Estávamos os quatro ali, nus, comendo bolo e bebendo champanhe. Por maiores que fossem as possibilidades de algo acontecer, nada aconteceu. Parecíamos quatro crianças inocentes se descobrindo e se abrindo para possibilidades, mas todos sem iniciativa, todos com medo de ofender o outro. Mas foi bom isso acontecer, porque Nanda pode ver que eles eram pessoas que, como nós, tinham suas vidas próprias e normais, seus desejos, vontades e que, como nós, desafiavam os costumes para poderem ser felizes. Depois de um bom tempo ali conversando, rindo, comendo, bebendo e brincando, decidimos voltar cada casal para seu respectivo chalé. Despedimo-nos deles com os primeiros raios do sol surgindo atrás de uma montanha, não sem antes combinarmos de nos encontrar novamente para um vinho.

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Foto de perfil de Mark da NandaMark da NandaContos: 194Seguidores: 536Seguindo: 20Mensagem Apenas alguém fascinado pela arte literária e apaixonado pela vida, suas possibilidades e surpresas. Liberal ou não, seja bem vindo. Comentários? Tragam! Mas o respeito deverá pautar sempre a conduta de todos, leitores, autores, comentaristas e visitantes. Forte abraço.

Comentários

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Atendendo a pedido de minha digníssima esposa, dona Nanda, hoje tem nova parte, escrita com colaboração dela própria. Não deixem de ler.

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Estpu esperndo a continuidade do relato de Mark e Nanda. Por favor não parem den relatar Mande logo por favor.

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Marck nesse caso do Bruno foi uma violência ela sobre efeito de drogas mas no caso do Caio não foi consciente quando ela obedece a ordem de não dá pra você e ainda por cima o fato feito escondido e sem proteção se você não tivesse visto ia ficar sem sexo e ela não te contaria e compraria a ordem do Caio te deixar sem sexo

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Era o momento mano... E o Mark assistiu tudo quieto... No fundo ele também tinha culpa por aquilo... Mas esse tipo de coisa é comum neste meio, era tudo novo pra eles... Marc relatou justamente pra mostrar que existem muitas pedras até chegar ao prazer

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E verdade eu como espectador vendo tudo de fora tomei partido e pelo marck e fiquei chateado por ele mas espero que esteja tudo e a tossida pelo casal

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Eu não conheço nem a Nanda e nem o Mark pessoalmente, mas depois de conversar com ambos via email posso te garantir que são pessoas muito especiais... Passei a admirar a Nanda, ela é uma mulher guerreira, não conseguimos ver muito isso aqui justamente pela visão do Mark... Ele também é um cara espetacular... Eles me ajudaram muito em um trauma particular que tive e posso lhe garantir que são pessoas da maior categoria

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Entenda o seguinte: na hora do tesão, a gente faz as coisas sem pensar. Mas depois que passa, a razão volta a tomar o controle.

Nanda só concordou com o Caio porque os hormônios eram os conselheiros. Simples assim. Depois que passa a euforia do gozo, a realidade volta e nunca, repito, nunca!!! Uma mulher como a Nanda colocaria um aventura casual acima do marido.

É muito mais simples do que vocês pensam.

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Parabéns mark, ótimo conto ,mais vc deve trabalhar este seu lado de se fechar por qualquer problema q aparecer,vc se blinda com uma parede de aço, adorei seu final,espero outro,bjs

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Valeu, Bianca. Mas essa minha tendência de me fechar é reflexo da criação machista que temos e pelo fato de que a pessoa com quem eu deveria dividir o peso do dia a dia, ser a "causadora" do problema que eu estava enfrentando.

Daqui pra frente a gente acabou se entendendo maravilhosamente bem e tem sido só alegria e prazer.

Voltarei a compartilhar algumas histórias com o tempo.

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Ahhhh e depois da vingança do Bruno viu Mark e Nanda queremos a vingança da Giovana... Essa tem que se f... Muito embora foi por saber que ela não valia nada que finalmente o Marc foi atrás da Nanda... Mas que ela merece um castigo merece... Podia ter colocado em risco o futuro do querido casal do site...

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Ele não me perdoou por causa da Giovana. Ela, no final das contas, só queria me ajudar a recomeçar, pelo menos foi o que ela me disse. Mas me afastei dela porque ela dizer que eu está carente, facinha pra um conhecido dela foi muita canalhice.

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E mesmo recomeçar né Nanda? Tu queria recomeçar com ele e não perder o cabaço de novo como ela falou no carro e o Marc ouviu kkkkk... Eu achei ela uma má influência para uma pessoa que ama... É bom isolar mesmo esse tipo de gente

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Pois é! Também achei uma historinha bem furada. Até hoje desconfio que ela estava a fim dele. Mas ele diz que nunca gostou dela, então... Sei lá.

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Claro que sim... Ela deve ter pensado: vou levar ela pra festa, arrumar outro e fazer o Mark cair fora... Ainda mais que ele tava bombadão... De lei que essa biscate aí queria o Mark kkkk. Achei falho a pressão dela pra cima de ti... E também ela deu a entender pro Mark que tu estaria de repente aprontando, não falou abertamente, disse que não sabia, mas deixou nas entrelinhas

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É nada, cara. A Giovana é a típica mulher que acha que o maior prazer está no sexo e não na satisfação do amor compartilhado com um parceiro/parceira. É literalmente uma biscate que tem inveja da felicidade dos outros. Só isso.

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Sei não Mark... Acho que ela queria usar seu corpinho sarado... Acredito que ela queria "usurpar" o papel de Nanda... Mas que bom que a Nanda isolou ela... Creio que em um relacionamento liberal ou monogâmico não tem espaço para Giovanas

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Ele me perdoou porque encontrou espaço no coração e motivos muito maiores para nos dar uma nova chance. Amor! Amor por mim, pelas nossas filhas, pela nossa família, pela nossa história.

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E por ele né... Ele é feliz contigo e você com ele...

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Até que enfim uma parte da história que eu posso dizer que curti.

Brincadeirinha, "Mor".

Mas foi muito boa mesmo! Principalmente o joelhinho no chão. Adorei aquilo!

Te amo!! 🥰

Só não entendi porque não contou que eu paguei minha promessa. Esqueceu, foi? Ou não gostou?

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Eu achei que terminar ali ficaria mais romântico.

Só isso!

Também te amo, viu! 😘

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E no mais o Mark sempre deixou claro que o objetivo era mostrar que com o tempo se tornariam mais seletivo... Espero que tenham aprendido, porque convenhamos caio, Bruno e até essa Giovana aí não são companhias para um casal ter... Olha sinceramente nem a tal Laura, porque ela tem um sentimento já pelo Mark... Então creio que depois disso tudo Nanda e Mark aprenderam que tem que saber com que se envolver, caio era coisa ruim quis humilhar o Mark na transa dar uma de macho alfa, Bruno de tão ruim foi parar na cadeia e a Giovana... Quem diria hein, no último capítulo aparecer mais uma vilã kkk

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Correto! Mas certas lições só são aprendidas na prática. O Bruno foi um cafajeste que teve o que mereceu. A Giovana é uma #$#%#$ que voltará a aparecer nas histórias. O Caio era só um garotão se transformando em homem que não soube lidar com a masculinidade naquele momento, inclusive ele também voltará a aparecer.

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Eu curti a história de não repetir parceiros... Creio que o tal Caio se voltar tenha que ser uma vez só e deu... Ou levar uma surra que nem tu deu no Bruno e nesse roubador de beijos ali kkkkk... A giovana de fato ela é a típica pessoa que não gosta da felicidade... Tu até comentou que ela vê prazer no sexo e não na relação mas eu discordo... Pra mim ambos andam juntos... A verdade que ela é o reflexo daquela pessoa que existe na sociedade e quer aparecer... Tu falou da sociedade machista em uma resposta ali de fato essa mesmo sociedade machista e preconceituosa cria pessoas como essa Giovana... Giovana é a típica lacradora, mas que quando se olha no espelho vê que é nada

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Amigo, Dany! Confesso que tem hora que me divirto com seus comentários.

Acho que o Mark precisa criar um personagem com seu nome e incluí-lo na história. Dany, o vingador. Aí você pega o Bruno, o Caio e a Giovana e cobre de porrada os três. 😂😂😂😂

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Meu amigo te mandei um e-mail hoje... Lá tu verá que esse apelido de vingador seu talvez se encaixe bem kkk

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Depois de ler e reler o conto cheguei a conclusão que foi a vez da Nanda perdoar o Mark... Se formos analisar, não havia necessidade dessa separação por estes motivos, como diz o médico, não tem mais ou menos errados na história... E mais, Nanda não quis o cara, vinha cortando ele em todo o papo e o cara só beijou porque o Mark deixou, porque quando ele viu já podia ter acabado com o barato... Além disso Nanda não quis, foi o famoso beijo roubado... Dessa vez foi a Nanda que perdoou o Mark em tese kkkk, mesma situação do caso Laura, Mark não comeu porque a Laura disse que não seria legal... Mas bem que ele queria kkk

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Discordo, amigo. O maior erro dela nessa história toda foi ter colocado a família em risco por uma decisão exclusiva dela. Se separar de mim e das filhas, ao argumento de que nos protegeria, é totalmente errado, pois traria sofrimento para mim, para elas e talvez até aumentasse minha raiva contra aqueles que causaram tudo isso.

Sempre deixei e deixo bem claro que na vida liberal a família vem em primeiro lugar, SEMPRE. As aventuras são exceção e não podem prejudicar ou influenciar negativamente a família: se acontecer, deve ser parada imediatamente.

Ela não fez isso.

Ainda assim eu acabei entendendo o ponto de vista dela e nos demos uma nova chance que está sendo muito bem aproveitada por nós até os dias de hoje.

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Realmente Mark... Você foi incomparável sem dúvidas

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Parabéns, que história que me prendeu, soube narrar de forma explendida todas as emoções.

Espero poder ver mais histórias de vocês, no mundo real sempre haverá conflitos e amor,

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Mark e Nanda - Parabéns por essa grande novela liberal com dramas e angústias, erros e acertos, paixões e conflitos, tesão e medo, e mais uma série de situação que se misturaram nesse enredo alucinante. Um triller de fortes emoções o tempo todo. Esta última parte particularmente, condensou um pouco de tudo, até demais, com requintes de declaração de amor de joelhos com as alianças na mão, como manda o figurino dos grande clichês românticos. Minas é romântico uai! E como todas as boas novelas, trazendo desfechos surpreendentes e totalmente arrebatadores como todas as novelas devem ter. Não deixem de pensar na publicação do livro. Será sucesso. Eu continuo na minha avaliação, de que vocês aprenderam da forma mais difícil, pois ambos, por gostar demais, e serem malucos intempestivos (embora o Mark se mostrasse mais racional às vezes) Se revelaram muitas vezes despreparados e passionais, mas esse é o retrato que a história nos trouxe do casal. Eu gostei, gostei muito. Acho que esta parte final merecia ser dividida em duas. No momento em que o Mark não encontra a Nanda na Festa. A segunda parte começaria com ele encontrando. Ficaria menos denso. Mas em nada estragou a história Muito bom. Excelente.

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Foto de perfil de Nanda do Mark

O Mark já até conversou comigo sobre isso, Leon.

Não sou a favor da publicação! Tenho medo que cheguem na gente. Mesmo que o Mark use pseudônimo, eu tenho medo que alguém descubra sobre a gente e acabe respingando nas meninas.

Sou mineirinha desconfiada, sim! E fiquei muito mais depois das barras que enfrentamos.

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Mark e Nanda - já tem postagens e respostas demais. Então não vou me estender. Acho o seguinte: Se publicou aqui, grátis, que tem milhares de leitores do mundo todo, tem leitor da Europa e até dos EUA. O risco de serem reconhecidos já está aí. Mesmo que o Mark tenha mudado muita coisa. Então, um livro, não vai ser ameaça, pois se atingir mil leitores, já será sucesso editorial. Mas eu penso o seguinte: QUAL O SENTIDO DE PUBLICAR ISSO NUM LIVRO? No meu entender, além de ser uma história de amor, muito bonita entre um casal liberal (novos tempos, nova moral) tem um monte de lances emocionantes, empolgantes, que mobilizaram os leitores, mostrando que os dramas colocados foram muito interessantes. E tem toda uma lição para os que desejam assumir uma relação liberal, o que não fazer, os cuidados a ter, e a cumplicidade necessária para passar por isso e sair melhor do outro lado. Pensem nisso. Certamente, um dias as vossas filhas crescidas poderão se beneficiar dessa história, sem nem saber quem são os autores. E se vocês tiverem dúvidas sobre publicações, e desejarem dicas podem me perguntar. Vivo disso.

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Relaxa que já estou pesquisando a respeito: se houver espaço para publicar, farei; senão fica apenas aqui mesmo.

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Sim não sou do meio mas admiro quando e combinando e as partes.

E mas uma vez desculpa pois pós mim envolve com o personagem e fiz um comentário infelizmente parabéns felicidades e aguardo masssss

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Parabéns toda a série e simplesmente show mostra o lado bom mas também a parte não tão boa adorei sua história provocou muitas emoções linda parabéns ao casal que continue juntos e feliz.

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Mas a vida real é assim, nem sempre feita de rosas: rola até muitos espinhos pelo caminho.

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E como sempre você está correto no seu argumento parabéns e espero não ter ofendido com o comentário

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Como este é um conto verídico como diz o Mark fica difícil de expor minha opinião, já que o casal se acertou e continua unido ...então o jeito certo , é o jeito que vocês encontraram para darem certo.....eu , em passando por uma aventura desta e tendo filhas pequenas que dependesse de mim, teria dado um longo tempo do mundo liberal depois deste susto...

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Correto, amigo. Mas na verdade, essa questão de nos afastarmos do "meio liberal" será abordada nos próximos contos e realmente aconteceu.

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Mark que história fantástica, boa demais nos prendeu do indico ao fim, confesso que o no decorrer eu imaginava um final diferente, principalment na hora que ele chegou na festa e não encontrava ela de forma alguma e depois ainda viu o beijo, claro que foi um beijo roubado, então foi o final mais coerente, ele ficar ao lado dela, eu achei que iria acabar a história deles dois ali naquele momento, mas foi bem bacana como tudo aconteceu eles voltaram a ficar juntos, mas eu tenho uma observação, se é que me permite, que é que mesmo eles estabelecendo diversas regras, eu acho que ela vai acabar quebrando não sei se todas, mas com certeza algumas, por que parece que ela é bem impetuosa e acaba por tomar decisões muitas vezes equivocadas, lembra do Caio, eles já tinham um combinado de sempre ser com preservativo e ela na primeira oportunidade quebrou o acordo, mas com certeza eles vão ter cada vez mais confiança um no outro, bom assim eu imagino, afinal você continuaram casados, mas mais uma vez, cara meus parabéns, sua história foi fantástica, tomara que logo quando puder continue mandando novas histórias pra nós, eu sei muito bem o quanto toma tempo de escrever, mas é muito gratificante o contato com os leitores...nota 1000

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Valeu, meu amigo. Sempre bom ouvir os elogios de um colega.

E a Amanda? Não vai terminar aquela série dela tentando se justificar? Fiquei curioso em saber o ponto de vista dela.

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Muito boa a história de um começo de jornada um tanto turbulento, mas que no fim além de fortalecer a relação, ainda ganhou um casal parceiro de brinde.

Com certeza vocês devem ter outras histórias excitantes e empolgantes até os duas atuais.

O gancho Bia&Bernardo está prontinho para a continuidade...

Espero que continue escrevendo

Parabéns aos dois casais

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Gente! Vocês invocaram com a Bia e o Bê! Deixa os meninos em paz...

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Não é o caso de invocar ou implicar, muito pelo contrario, adoramos o casal, vi surgir uma grande amizade, parceria e cumplicidade.

É muito bom ter um casal em quem se pode confiar, confessar e dividir as aventuras

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Pois é, né!? Porque será que eles ficaram "invocados" com a Bia e o Bernardo, né, Nanda? kkkkk

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Mark foi épico o final, parabéns. O final foi bem melhor do que eu tinha imaginado. Parecia que estava ao lado de vocês em todos os momentos... Que história incrível, lição de superação. Parabéns para você por saber colocar em palavras todos os sentimentos. Top de mais!!!

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Voltarei a postar com o tempo. Aliás, o que está me faltando agora é justamente tempo para organizar nossas "memórias" e revisá-las antes de postar. Mas farei quando der.

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Ansioso pelos próximos capítulos. #teamNanda. Não demore em publicar Mark

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Porque #teamNanda? Tava correndo alguma aposta aqui que eu não fiquei sabendo?

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Não, longe disso, nada de apostas. Sou apenas um fã seu, de tanto te baterem nos comentários eu me coloquei no seu lugar e logo imaginei que não era fácil para você ler aqueles comentários te massacrando, era injustos com você, afinal, o início de tudo começou com o Mark fazendo a proposta e te incentivando a se soltar mais. O Mark como bom advogado te convenceu a participar das fantasias dele e elas acabaram sendo as suas também. Por isso o #teamnanda, sempre vou torcer por você...

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Cara demais amigo do céu, que final gostoso não podia ser de outra forma parceiro nota mil, agora só na continuação do casal parabéns.

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Vou postar, sim. Mas pela falta de tempo, a regularidade não será mais diária. Quando der, eu posto.

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