As aventuras de Claudia - Uma Outra Realidade - Fumaça e Espelhos parte 3

Um conto erótico de ClaudiaRegina
Categoria: Heterossexual
Contém 1589 palavras
Data: 24/09/2021 18:00:51

Fiquei chocado com essa revelação.

- Como assim, não está no seu corpo?

- Eu não conseguia aguentar aquelas sessões de tortura, então desejei sumir. E me vi, como você, fora do meu corpo. Tentei lembrar o que havia acontecido antes , e aí vi o seu rosto, e as imagens de nossa casa foram tomando forma. No início, achei que estava de volta à minha realidade, mas depois me dei conta que era uma criação mental.

- Mas e lá no Clube de Swing? Você estava lá!

- É a nossa energia. Quando você se aproximou, meu “EU” imediatamente retornou ao corpo. Antes disso, era como se fosse um autômato, uma casca vazia, controlada por eles.

- Isso é por causa do “Sopro do Diabo”!

- Sopro do Diabo? Que medo! O que é isso?

- E uma droga – Então, expliquei o que estavam fazendo conosco, usando essas drogas que anulam a vontade, psicodélicos, para que não pudéssemos descobrir a verdade.

- Mas eu estou nas mãos deles! E se você tentar alguma coisa, eles podem feri-lo! Eu não consigo imaginar ficar sem você!

- Mas não podemos ficar eternamente neste “Astral”, além disso você mesma já sentiu a energia dele se aproximando, não foi? Naquela noite. Se ele conseguir vir até este plano, aí é que não nos veremos mais.

- Amor, então tenha muito cuidado!

Achei que deveria retornar, eu precisava falar com Astra. Então eu e Claudia nos beijamos, e eu voltei ao meu corpo.

Quer dizer que, na maior parte do tempo, ela ficava fora do corpo, naquele reduto Astral, enquanto Nguvu, Meister e Astra faziam o que bem entendiam. Isso explicava muita coisa.

Enviei uma mensagem para Astra:

- Podemos conversar, como você pediu.

O jeito de escrever era importante, eu não podia dar a entender que eu estaria cedendo.

Ela demorou um pouco para responder.

- Estou indo aí.

Eu havia pensado em um encontro em um lugar público, para evitar que ela “batizasse” de novo as bebidas e frutas no meu apartamento. Mas ela já estava vindo. A saída era abrir o jogo.

Dali a pouco, ela chegou. Claro, trazendo uma garrafa de água. E talvez alguns frascos em sua bolsa.

- E aí, como estão as coisas?

- Astra, quero que você deixe sua bolsa e essa garrafa bem aí na mesinha perto da porta.

- O que? Está desconfiando de mim?

- Então beba a garrafa de água. Inteira.

- Que absurdo! O que você está pensando?

Num ímpeto, tirei a bolsa da mão dela e abri, jogando o conteúdo no tapete da sala. Como eu previa, havia vários frascos pequenos dentro. Peguei um deles.

- Você pode começar tomando este.

Ela ficou apavorada. Então, falei:

Eu mandei testar os líquidos e frutas . Você colocou drogas em tudo!

Ela, na defensiva, assumiu um ar arrogante:

- Você quer ou não rever a Claudia?

- Em nenhum momento eu disse que queria rever aquela moça. Eu disse claramente que estava curioso para saber a história dela. Mas, se você não quer contar, tudo bem. Pegue suas drogas e leve de volta para seus amigos. E fui abrindo a porta.

Ela continuava com jeito de apavorada. Aproveitei e peguei os frascos e a garrafa de água, despejei tudo na pia da cozinha e abri a torneira.

- Explique isso – ordenei.

Ela não estava acostumada a obedecer ordens, pelo jeito era do tipo “Domme”. E ficou calada.

- Então eu vou dizer o que deduzi. Você, Nguvu e Meister...

Os olhos dela se arregalaram.

- O QUE VOCÊ DISSE?

- O nome deles. Nguvu e Meister...Mistère. Espere...por que esse nome me veio à cabeça? Eu já ouvi esse nome antes. Meister...Meister... MISTÈRE È SÓ UM ANAGRAMA.

Enquanto eu falava, ela estava digitando rapidamente uma mensagem no celular. Rapidamente, tirei o aparelho da mão dela e li a mensagem.

- Urgente. Ele está lembrando. Preciso ajuda.

Olhei para ela, raivoso.

- Lembrando do QUE? Por que você estava me drogando? O que vocês não querem que eu lembre?

- Você não iria acreditar se eu lhe contasse!

Eu já sabia que eles estavam manipulando a realidade, mas não fazia ideia de como haviam conseguido isso. Só que não deveria estar funcionando direito, porque estavam usando drogas para controlar a mim e Claudia. E se fosse tudo apenas encenação?

FUMAÇA E ESPELHOS. Efeitos especiais, drogas psicodélicas que fizessem a gente pensar que estava tendo sonhos lúcidos ou fazendo “viagens astrais”?

De repente, tive um “Déjà Vu”, achei que já tinha acontecido uma conversa entre mim e Claudia, exatamente sobre isso. Mas onde foi? Quando? Claudia achava que tudo era encenação. Como em alguns filmes que havíamos assistido. Então era verdade...sem o efeito das drogas, eu estava lembrando de algumas coisas.

Resolvi recuar. Se eu pressionasse Astra demais, talvez ela simplesmente desaparecesse, e eu não iria ver Claudia de novo.

- Bom, agora acho que podemos conversar, sem o risco de você me drogar de novo.

- E o que você quer saber?

- Pra começar, a história da moça.

- Sério? É só isso que você quer saber?

- Foi para isso que você veio, não?

Ela pareceu ficar mais calma. Mas estava desconfiada. Eu já sabia muita coisa, e aparentemente havia lembrado do que eles não queriam.

- Você me havia contado que ela era casada, mas tinha uma queda pelo Negão. Como foi isso? Eles trabalhavam juntos? Não minta, por favor.

Ela relutou, parecia que estava medindo suas palavras antes de falar.

- Ela era casada, e pelo jeito amava muito o marido. Mas tinha um fetiche de exibicionismo, gostava de se mostrar.

- A maioria das mulheres gosta de se mostrar.

- Mas ela gostava de ficar pelada com outras pessoas vendo.

- Isso é curioso. E o marido não sentia ciúmes?

- Isso eu não sei, mas ele nunca demonstrou.

- Então você conhecia os dois.

- Superficialmente, através de um amigo do casal, que não posso dizer o nome. Ele me contou que ela gostava de se exibir nua, inclusive já havia ficado pelada na frente dele algumas vezes.

- E o que isso tem a ver com o resto?

- AI, isto está ficando complicado, eu vou me comprometer.

- Então pare e vá embora. Você não é obrigada a contar, e eu não quero perder tempo com enrolação.

- Está bem. Tentando resumir: Ela e o marido acabaram indo para uma Pousada onde ela poderia ficar nua o tempo todo, e se envolveram com uma Irmandade Mística. Lá, eles conheceram Nguvu, que ficou encantado com ela. Mas ela não aceitou que ele a penetrasse.

- Por motivos óbvios.

- Mas rolaram uns amassos, carícias, e mesmo sexo oral.

- Curioso.

- Você acha só curioso?

- Acho. Se eram um casal liberal, ela poderia até ter feito sexo anal ou vaginal com ele, seria normal.

- Mas ela não queria penetração. Aí aconteceram várias coisas, algumas desagradáveis, e...ah, você não vai acreditar.

- Me conte que eu vejo se acredito.

- Havia uma criatura em um fosso.

- Na Pousada?

- Perto da Pousada.

- Por Criatura, você quer dizer um crocodilo? Uma Sucuri?

- Dá pra dizer que era um tipo de Polvo.

- Tá, e então? Eles escaparam, e depois?

- Não...não escaparam. Quer dizer, ela quase não escapou com vida. E ele desapareceu junto com o Polvo.

- No fosso? Que história absurda!

- Falei que você não iria acreditar.

- Seria mais fácil se você tivesse dito que alguém matou o cara e jogou no fosso.

- Mas não foi. Juro que havia uma criatura.

- E você pode provar isso?

- Não. Depois do que aconteceu, o fosso foi fechado.

- E Claudia?

- Ela acreditava que eles haviam afugentado a criatura e sobrevivido. Mas estava completamente perturbada, então, como nos sentimos parcialmente responsáveis, chamamos um especialista, o Sr. Mistère.

- Ele é psiquiatra?

- Não. Ele é um terapeuta alternativo, daí o uso de doses reduzidas de substâncias psicoativas.

- Vamos supor que eu acredite nisso. Onde é que eu entro nessa? Por que me drogar?

- Você era um outro paciente do Sr. Mistère. Enquanto ele tratava de Claudia, você chegou a ouvir as histórias dela, e acabou acreditando que era o marido dela, e que havia sobrevivido à criatura! Em seu delírio conjunto, vocês fantasiaram uma realidade que não existiu!

- Mas isso não pode ser!

- Eu sei que você sonha com ela! Isso é óbvio, e quando você a viu de novo lá no Clube de Swing, você realmente a reconheceu, mas o que aconteceu foi que se lembrou de quando estava na terapia com ela!

- Há um furo nessa história, Astra. Qual era minha doença? Do que eu estava me tratando? E como você entrou na minha vida, hem?

- Não há furo nenhum. Você tinha delírios, achando que esta realidade não era a sua. Que você vinha de um mundo paralelo ou algo assim. E, quando Mistère conseguiu estabilizá-lo, me pediu que o acompanhasse periodicamente, claro que dando seus medicamentos sem você saber, ou poderia se recusar a tomar e ter uma recaída...que é o que está acontecendo agora.

Ela havia criado uma história realmente impressionante, tanto que até parecia ser verdade. E se fosse? E se eu e Claudia fôssemos apenas duas almas torturadas, precisando de tratamento ?

- Eu não devia ter falado nada disso, eu posso me complicar. Mas também falei com Nguvu, ele está disposto a ter um novo encontro. Quem sabe, agora que você conhece a história, possa ter uma visão diferente da realidade ?

- E esse lance do: “Urgente, ele está lembrando, ajuda”?

- Você estava bem agressivo, pensei que iria me bater.

Só me faltava essa. Agora, eu e Claudia éramos só dois alucinados, ela porque perdeu tragicamente o marido, eu porque achei que era ele.

A menos que tudo fosse uma grande farsa, apenas fumaça e espelhos.

CONTINUA

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 24 estrelas.
Incentive ClaudiaRegina a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

....tá...cada vez mais interessante...rs...👁

0 0
Foto de perfil de Almafer

Uauuu cada vez melhor nota mil parabéns amiga só show

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil de ClaudiaRegina

Confusa nada. Complicada, talvez… por isso o título : Fumaça e Espelhos.

0 0
Este comentário não está disponível