Ponha a culpa na maresia - Piloto

Um conto erótico de Escritor do mar
Categoria: Homossexual
Contém 692 palavras
Data: 22/09/2016 23:14:27
Última revisão: 22/09/2016 23:16:06

Jason Mraz tocava baixinho no fundo do meu ouvido. Enquanto eu, Gabriel, espiava pela janela do transfer aquele pequeno paraíso natural que me aguardava.

25 graus Celsius. Nenhuma única nuvem no céu. Fernando de Noronha, meu novo lar durante essas férias de 2 meses e pouco.

Meus braços claros puxaram a janela que, com alguma resistência, cedeu e abriu passagem pro vento praiano.

Estufei meu peito enquanto puxava o ar e o cheiro local pro fundo do pulmão. O sol na janela refletia no meu braço branco e fazia meus pelos brilharem com uma luz dourada.

No final da rua, numa pequena construção de cimento, uma garota de cabelos castanhos me esperava, debruçada num jeep vermelho escuro.

- Caraca, Flávia!!! – gritei pela janela, me esticando da barriga pra cima pela janela do transfer em movimento.

- Maninho! – acenava feliz, riso frouxo.

Sem dar tempo à perder, desci correndo e agarrei minha irmã em meus braços na primeira oportunidade dada pelo transfer.

Já estávamos há quase um ano sem nos ver e essas férias seriam a oportunidade de matar a saudade e curtir um pouco dessa maravilha da natureza.

De cima do jeep da minha irmã, percorrendo algumas ruas miúdas e charmosas, fomos contados nossos últimos causos.

- Os caras vem e depois vão. E quem continua ficando aqui sou eu. Mesma história de sempre. – concluiu, dando de ombros. – E você, deixou quantos corações apaixonados para trás? Sabemos que você tem o dobro das chances de encontrar a pessoa certa. – deu uma piscadinha marota, fazendo menção à minha bissexualidade.

Era por isso que gostava tanto dela. Nenhum segredo, ela me conhecia melhor do que ninguém.

- Lembra da Aline? Teve a Aline, eu sei que te contei. E depois teve o Carlos, mas ele era escondido e eu não tive muita paciência. Ah, e depois veio a Jana, meio babacona. Ela descobriu do Carlos e foi demais pra ela. Zero corações apaixonados para trás. – ri no final.

- Estamos bem. Lindos, altos, olhinhos cinzas e loiros. É maninho, se tá difícil pra gente imagina pros outros. – Mais uma piscadinha de cumplicidade.

Liguei meu spotify ao bluetooth do rádio do jeep e deixei Live High – Jason Mraz tocar mais alto, bem no refrão, enquanto cantávamos os dois:

- Live high, live mighty. Live righteously, taking it easy. Live high, live mighty. Live righteously.

Nossos risos e nossa felicidade era inegável. Estávamos os dois irmãos, juntos novamente, enquanto o jeep entrava silenciosamente numa garagem de madeira, do lado de uma casinha aconchegante e repleta de arvores verdes.

Minhas coisas ficaram todas num quarto pequeno, assoalhado de madeira e com uma grande janela no lado oposto à cama. Eu estava ouvindo o barulho do mar e queria, precisava, sair correndo e ir encontrar ele. Flávia viu minha cara e adiantou:

- Te levo na praia mais linda hoje mesmo sob a condição que você passe pra conhecer o pessoal da reserva biológica. – falou expondo seus dentes muito brancos e alinhados.

Topei. Passamos na reserva e de quebra, corri pro fundo de um trapiche extenso e bem cuidado.

Sentado, na ponta extrema do trapiche, com meus pés tocando suavemente a água do mar, pude apreciar o reflexo do sol brilhando sob o mar esverdeado, mar de esmeraldas, em contraste com o céu muito azul.

- Ahhhhhhh. – Suspirei, feliz.

Do alto da minha paz e tranquilidade, estranhei uma mancha escura se aproximando da superfície da água, poucos metros à minha frente.

Observei, confuso, um homem esguio e desnudo emergir da água.

O cabelo era longo e bastante volumoso. O peito era largo, moreno escuro, como todo resto da sua pele. Os braços fortes. Olhou-me por alguns segundos. Olhos negros grandes. Me fizeram sentir completamente nu. Observei, com a boca levemente aberta, a água do mar escorrendo dos seus músculos perfeitos.

- Gabiiii – era minha irmã gritando.

Virei rapidamente para olhá-la vindo e, num segundo, depois, aonde estava aquele homem misterioso, uma cauda longa, verde muito escuro, se remexia e entrava no fundo do mar.

Pisquei por vários segundos, tentando entender que truque o mar havia me pregado, logo no meu primeiro dia de férias.

Eu não estava louco, estava?Meu primeiro conto, pessoal.

Gostariam que eu continuasse? :)

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Moço, acabei de conhecer sua história, continua, fortemente!

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