A fome tomou conta de mim.
Segurei-lhe a cabeça com firmeza e comecei a foder-lhe a boca como se aquela garganta fosse só minha. Ritmado. Cru. Fundo. Ela deixava, recebia, empurrava contra mim como se estivesse a implorar mais. A saliva escorria-lhe pelos cantos da boca, os sons molhados misturavam-se com os gemidos abafados.
Os olhos dela encontravam os meus entre movimentos. Era como se dissesse, sem palavras: “Não pares. Quero tudo.”
Eu estava a enlouquecer.
— “Foda-se… estás-me a levar à loucura…” — murmurei, entre dentes, a suar, a tremer.
Ela respondeu-me engolindo ainda mais fundo. A garganta apertava-me de um modo quase irreal. Aquela boca quente, húmida, devota… era vício. Era perdição. Era impossível resistir.
O corpo inteiro contraía. A respiração entrecortada. Já só faltava um passo. E foi aí que o telemóvel vibrou outra vez no bolso.
Olhei — o meu primo. Já tinham passado mais de trinta minutos.
Mas agora era tarde. Já estava a explodir.
Empurrei com mais força, e gozei-lhe na boca. Quente, bruto, fundo. Ela engoliu tudo. Não recuou, não hesitou. Ficou ali, de boca cheia, com os olhos semicerrados e a respiração pesada.
Manteve-me na boca uns segundos. Depois lambeu tudo com devoção. Limpou-me com a língua até ficar limpo, brilhante, perfeito. Levantou-se, ajeitando a blusa e as calças com as mãos ainda a tremer.
Olhou para o ecrã do telemóvel e suspirou.
— “Foda-se… já passou meia hora. Os meus amigos devem achar que fui raptada.”
Riu-se, mas o olhar tinha aquela mistura de culpa e prazer. Um brilho nos olhos que eu não ia esquecer.
— “Tenho mesmo de voltar… antes que venham à minha procura.”
— “Vai. Antes que me apeteça repetir tudo outra vez.”
Ela sorriu, malandra. Passou a mão pelo cabelo, respirou fundo. Depois aproximei-me, puxei-a pela cintura e dei-lhe um beijo longo. Quente. Salgado. Cheio de vontade. A boca dela sabia a mim. E eu bebi aquilo como um último gole de um vício raro.
— “Tu és perigoso…” — disse ela, com os olhos semicerrados.
— “Só com quem me provoca.”
Desapareceu rua abaixo com passos rápidos e um andar leve. Fiquei ali parado, com o coração acelerado e a mente a mil.
Voltei ao restaurante. O meu primo olhou para mim com cara de gozo.
— “Estava quase a chamar a polícia, pá…”
— “Fui ali viver um bocadinho.”
Nunca mais vi a Joana.
Mas aquele final de verão ficou colado ao corpo e gravado a ferro na memória.