EU ODEIO MEU CHEFE - CAPITULO 7

Um conto erótico de Alex Lima Silva
Categoria: Gay
Contém 783 palavras
Data: 14/12/2025 19:41:20
Assuntos: Gay

Eu ainda estava meio atordoado pelo caos daquele dia — rottweiler, bronca, zero carona, fome, humilhação, caos generalizado — quando o cara barbudo e fofo reapareceu na copa do escritório, segurando uma embalagem vazia com uma expressão de derrota tão profunda que eu quase perguntei se ele queria um abraço.

— Akio… deu ruim. — ele disse, levantando o plástico vazio como se fosse prova de um crime brutal. — *Roubaram meu lanche. Eu tinha guardado aqui desde cedo… e… sumiu!

Eu não consegui evitar. Eu ri.

Não um riso normal.

Eu ri daquele jeito meio desesperado, meio “se eu não rir eu choro”, meio “a vida tá me testando e ela está ganhando”.

— Desculpa — eu disse, respirando fundo. — Mas hoje tudo que pode dar errado… deu. Até o lanche dos outros desaparece quando eu chego perto.

Ele riu também, de um jeito leve, bonito até. Tinha uns olhinhos castanhos que se fechavam um pouquinho quando ele sorria.

— Então pronto — ele disse, guardando o plástico amassado no lixo. — Pra equilibrar o universo, eu vou te levar pra comer.

Meu coração gelou.

Levar pra comer??? Como assim???

Na mesma hora, minha alma lembrou que minha carteira tinha o equivalente a **duas passagens de ônibus**, sendo que uma delas eu já tinha perdido naquele fiasco da catraca. Eu não tinha dinheiro nem pra um copo de água mineral de posto de gasolina.

— Ah… eu… é que… — comecei a gaguejar como se estivesse prestando vestibular de pânico.

Eu já estava imaginando a cena: a conta chegando, eu encarando, o garçom encarando, Lucca encarando, e eu tendo que lavar prato pra pagar.

Ele franziu a sobrancelha.

— Ei, por que essa cara?

Eu tentei inventar uma desculpa na velocidade da luz.

— Eu só… esqueci… a… minha… carteira? Em algum lugar? Eu acho? Talvez?

Lucca me olhou por dois segundos, depois sorriu de canto.

— Akio… você tá desesperado demais pra alguém que “só esqueceu a carteira”.

— Eu… —

— Relaxa. Vai ser por minha conta.

Minha alma saiu do corpo, deu duas piruetas e voltou.

— Não precisa! — eu tentei argumentar, mesmo sabendo que **precisava MUITO.

— Precisa sim — ele disse, rindo. — Você tá branco. Parece que vai desmaiar. Vem. Sou eu quem tô chamando.

Antes que eu conseguisse formular qualquer resposta minimamente coerente, uma voz cortou o ar como uma faca:

— AKIO!

Eu quase pulei.

O Sr. Alencar apareceu na porta da copa, com aquela expressão de “eu respiro cobrança”, e me encarou como se eu fosse um estagiário que acabou de incendiar o prédio.

— Na minha sala. Agora.

Eu praticamente engoli o ar.

Lucca deu um tapinha leve no meu ombro, como se dissesse mentalmente “força, guerreiro”.

Eu segui o Sr. Alencar, sentindo as pernas mais bambas que gelatina fora da geladeira. Quando entrei na sala dele, ele fechou a porta com aquele clique que faz qualquer pessoa reavaliar todas as decisões da vida.

Ele se virou pra mim, braços cruzados:

— Amanhã você chega às QUATRO DA MANHÃ

Eu pisquei devagar.

— Q-quatro…?

— Isso mesmo. Tem uma pilha de documentos na minha mesa. Você vai revisar, organizar e entregar tudo antes das onze. Se passar um minuto, eu quero saber por quê.

Eu engoli em seco com tanta força que podia ter engolido meu próprio orgulho junto.

— Sim, senhor…

— Ótimo. Tá dispensado.

Dispensado. Como se eu tivesse energia pra mais alguma coisa.

Saí da sala me arrastando, com a cabeça cheia, e lá estava Lucca esperando no corredor, sorriso fofo, barba bonita, camisa meio amarrotada, ar de “vamos fugir dessa empresa juntos?”.

— Então… — ele disse. — Vamos?

Eu só consegui balançar a cabeça.

Qualquer desculpa já tinha evaporado da minha alma.

---

O ar fresco lá fora bateu no meu rosto e eu suspirei como se tivesse acabado de ser libertado de uma prisão emocional. Caminhamos até uma pastelaria na esquina — simples, cheirosa, com aquele aroma de fritura que abraça o coração da gente.

— Eu também tô sem muito dinheiro — Lucca confessou, coçando a nuca com um sorriso sem graça. — Mas… sei lá. Eu queria muito estar na sua companhia.

Eu parei de andar por um segundo.

Meu coração também parou.

Ou tropeçou?

Ou deu um mortal carpado?

Eu não sei.

Mas eu senti.

Senti mesmo.

Ele sorriu pra mim — simples, sem pressão, sem segundas intenções (eu acho), puro e leve.

E pela primeira vez naquele dia caótico, humilhante, cansativo e completamente absurdo… eu me senti confortável .

Sentado ali, com um pastel quentinho na mão, e um cara fofo sorrindo pra mim como se eu fosse uma coisa boa no mundo.

Eu olhei pra ele e sorri também.

Talvez o universo não estivesse tão contra mim assim.

Ou talvez… eu só tivesse encontrado alguém que fazia o dia parecer menos pesado.

Mesmo que fosse só por um pastel.

Continua...

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