EU ODEIO MEU CHEFE - CAPITULO 6

Um conto erótico de Alex Lima Silva
Categoria: Gay
Contém 772 palavras
Data: 14/12/2025 19:39:22
Assuntos: Gay

Quando eu me joguei nos braços do Sr. Alencar, movido pelo medo puro, cru e desesperado, eu juro que meus órgãos internos se arrependeram de estarem dentro de mim. Assim que me agarrei nele, senti o corpo dele endurecer inteiro — não de forma romântica, mas de forma “eu vou te demitir em três segundos”.

Ele segurou meus ombros, me afastou como quem tira uma criança grudenta do colo e disse, em voz baixa, firme e afiada:

— Akio. Saia. Do. Meu. Colo.

Eu saí mais rápido do que deveria, tropeçando no próprio ar e quase beijando o chão. Thor, o rottweiler, me observava com a língua de fora, claramente achando tudo aquilo um show particular.

Então o Sr. Alencar respirou fundo, colocou as mãos na cintura e explodiu:

— Você demorou UMA ETERNIDADE pra pegar um tênis, Akio!

— Eu… eu fui rápido — tentei dizer.

— Rápido? — Ele deu uma risada curta, debochada. — Eu tive que vir até AQUI. NA MINHA PRÓPRIA CASA. Porque você não voltava NUNCA!

Eu abri a boca, completamente ofendido, porém com razão. Ele nem me deu instruções decentes!

— Senhor, com todo respeito, eu tive dificuldades…

— Dificuldades? — Ele cortou. — Meu cachorro te derrubou no chão e AINDA ASSIM você demorou mais do que eu esperava!

Ah.

Então agora o problema era o tempo em que eu fiquei sendo examinado pelo rottweiler do apocalipse?

Antes que eu pudesse responder, Thor caminhou até mim, encostou aquele cabeção gigante na minha perna e…

…me lambeu.

Não uma lambidinha simpática.

Uma lambida gigante, barulhenta, quase me derrubando de novo.

E depois de lamber, ele sentou ao meu lado.

Como um guarda-costas canino.

Como se eu fosse o dono dele.

Como se estivéssemos conectados espiritualmente.

Eu olhei pro Sr. Alencar.

Ele estava paralisado.

Completamente incrédulo.

— Ele… nunca faz isso — murmurou, olhando para Thor como se o cachorro tivesse começado a recitar Shakespeare.

— Eu também não pedi pra ele fazer nada disso! — respondi, tentando parecer no controle da situação, mas com a mão tremendo.

— Ele não gosta de estranhos — repetiu o Sr. Alencar, visivelmente confuso.

— Eu também não gosto de sustos, mas estamos aqui, convivendo — murmurei baixinho.

Por um segundo, o Sr. Alencar pareceu até esquecer a bronca.

Mas só por um segundo.

Ele desviou o olhar, viu o tênis dele jogado no gramado — o MESMO tênis que eu tinha atravessado a cidade para buscar — e soltou um suspiro irritado.

— Deixa. Eu pego — ele resmungou, marchando até o tênis.

Ele o ergueu do chão como quem segura um objeto contaminado, sacudiu a grama e os pelos do cachorro e virou de costas sem olhar pra mim.

— já que você não dá conta de uma tarefa simples… eu mesmo resolvo — disse ele, seco.

E caminhou até o carro dele.

Um carro enorme.

Luxuoso.

Cheiroso.

Com ar condicionado.

Conforto.

Cadeira reclinável.

Som ambiente.

Eu me aproximei, com uma esperança mínima — UM FIO — de que ele fosse me oferecer carona.

Nada.

Ele abriu a porta.

Entrou.

Ligou o motor.

Olhou pra frente.

E foi embora.

Sem olhar pra mim.

Sem acenar.

Sem abrir o vidro.

Sem dizer “tchau”.

Sem dizer “volte a pé mesmo, otário”.

Apenas acelerou e desapareceu atrás do portão.

Eu fiquei ali, parado, com meu suor, meu medo, minha humilhação e a marca de baba de Thor escorrendo pelo meu braço.

— Claro que ele não deu carona — murmurei. — Claro que não.

Thor latiu uma vez, como se estivesse me dando apoio moral.

Eu agradeci com um aceno deprimido e comecei minha longa jornada de volta ao escritório…

---

Quando finalmente cheguei — todo descabelado, fedido, exausto e emocionalmente morto — o expediente já estava quase acabando. Todo mundo estava fechando gavetas, indo embora, conversando animado…

E eu só consegui apoiar as mãos no meu estômago e pensar:

“Eu não comi nada hoje.”

Meu estômago roncou tão alto que parecia um trovão chamando atenção.

Foi quando um cara parou do meu lado.

Barbudo.

Fofo.

Olhos doces.

Camiseta simples, braços fortes…

Um sorriso tão gentil que eu quase chorei.

Ele levantou uma sobrancelha, divertindo-se:

— Isso foi seu estômago… ou foi um pedido de socorro?

Eu corei.

Muito.

Ridiculamente.

— Desculpa… eu ainda não comi nada hoje — admiti, envergonhado.

Ele deu uma risada suave.

Daquelas que fazem o peito da gente esquentar.

— Então espera aqui — ele disse. — Eu vou trazer algo pra você comer. Não dá pra deixar alguém desmaiando no primeiro dia.

Ele saiu caminhando com naturalidade, como se cuidar de mim fosse a coisa mais normal do mundo.

E pela primeira vez no dia inteiro… no meio da humilhação, correria, bronca e cachorro assassino…

Eu relaxei.

Um pouquinho.

E admito… só pra mim mesmo…

Eu fiquei meio encantado.

Talvez mais que meio.

Continua...

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