"Você não vai acreditar no que eu fiz hoje," sussurrei para o meu próprio reflexo no espelho do banheiro, enquanto deslizava os dedos sobre a tela do celular, apagando o histórico de navegação. O ar condicionado soprava frio contra minha nuca, mas meu corpo ardia de uma excitação clandestina—aquela que vem quando se descobre um poder que ninguém mais sabe que você tem.
O site aparecera como um anúncio entre posts de fitness, prometendo *"transformações silenciosas"* através de arquivos de áudio que falavam diretamente ao subconsciente. Baixei um chamado *"Corpo Esculpido"*, uma sequência de sussurros em loop sobre metabolismo acelerado e músculos despertando sob a pele como serpentes adormecidas.
Naquela noite, coloquei os fones de ouvido no travesseiro do Lucas enquanto ele dormia de costas para mim, seu tronco macio subindo e descendo num ritmo lento. Fiquei observando a curva do seu abdômen sob a camiseta, imaginando como seria tocar aquela região quando ficasse tensa e definida, quando cada movimento dele carregasse a força latente que eu estava *plantando* ali sem que ele soubesse.
"Vai funcionar," murmurei, roçando os lábios na orelha dele enquanto o áudio começava—uma batida binaura! misturada com palavras quase imperceptíveis: *"Seu corpo queima, sua fome some, cada célula obedece..."* Meus dedos tremeram ao puxar levemente a barra da sua calça de dormir, só o suficiente para sentir o calor da pele do quadril, já imaginando os vincos que em breve se formariam ali.
No terceiro dia, Lucas chegou do trabalho e, sem pensar, arrancou a camisa suada antes mesmo de entrar no chuveiro. Fiquei paralisada na cozinha, a faca de cortar tomates suspensa no ar: os ombros dele pareciam mais largos, como se alguém tivesse ajustado um contraste invisível em seus contornos. "Tá me olhando por quê?" ele riu, esfregando a nuca—e foi então que vi, entre os dedos dele, um músculo trapézio que antes se escondia sob camadas moles.
À noite, quando ele se virou de bruços no sono, minha mão escapou pelo lençol até sua lombar. A coluna agora desenhava um vale profundo entre duas cordas de músculo tensas, como se alguém tivesse puxado um cadarço interno. O áudio seguiu sussurrando no travesseiro: *"Cada respiração esculpe, cada desejo cinzela..."*—e eu engoli seco ao perceber que sua cueca estava mais folgada na cintura.
Na manhã seguinte, Lucas parou diante do espelho do banheiro e franziu a testa. "É impressão ou minha barriga tá diferente?" Ele cutucou o próprio abdômen com um dedo cético. Meu coração acelerou quando ele puxou a pele—e ela voltou com um estalo elástico que não existia antes. "Deve ser o calor," menti, passando por trás dele e deixando meus dedos arranharem levemente o sulco que agora dividia seus oblíquos. *"Vai funcionar."*
À tarde, enquanto ele se abaixava para pegar uma chave no chão, sua calça jeans cedeu um centímetro na cintura, revelando a curva de um glúteo que parecia ter sido apertado por mãos invisíveis. Meus lábios secaram. "Porra, essas calças tão largas de repente," ele murmurou, ajustando o cinto. Sorri por trás do livro que fingia ler, imaginando como seria morder aquela nova linha dura que se formava entre suas coxas.
Quando ele se deitou naquela noite, seu corpo já não afundava no colchão como massa—agora havia um arco entre suas costas e os lençóis, como se seu esqueleto tivesse se reajustado para exibir melhor os músculos. Deslizei minha mão sob sua camiseta e contei cada costela nova com a ponta dos dedos, enquanto o áudio no travesseiro sibilava: *"Sua carne é argila, meu desejo é fogo..."*
De repente, Lucas prendeu meu pulso. Seus olhos estavam abertos no escuro. "Você tá diferente," ele disse, e minha garganta travou—até que ele completou, roçando minha palma contra seu peito: "Tá me tocando como se eu fosse... não sei. Alguém." Seus dedos guiaram os meus até um mamilo que agora ficava duro sobre um músculo peitoral recém-desenhado. O som dos nossos suspiros se misturou com os sussurros do travesseiro.
Na manhã seguinte, ao me esticar para alcançar um pote no armário, Lucas passou por trás e tirou-o sem esforço. Seu braço esticado acima de mim fez minha coluna arrepiar—ele nunca alcançara essa prateleira antes. "Gostei da vista," ele disse, e só então notei que minha testa agora ficava na altura de sua clavícula, não mais do queixo. Seus olhos escuros refletiam meu sorriso de posse enquanto eu deslizava as mãos pela nova extensão de suas costas, contando vértebras como degraus de uma escada que eu mesma construíra.
Na academia, ele parou diante do espelho da sala de musculação e franziu a testa ao ver seu reflexo ao lado de um colega—agora meio palmo mais alto que o outro homem. "Tá vendo algo?" ele me perguntou, e eu apenas encostei os lábios na curva do seu bíceps, onde a veia saltava sob a pele esticada. "Tô vendo perfeição," murmurei, mentindo pela metade: na verdade, via minha própria obra-prima, moldada por noites de sussurros hipnóticos sobre crescimento ósseo e discos vertebrais se expandindo como flores noturnas.
À noite, quando ele se curvou para me beijar, tive que levantar o queixo mais do que antes. Seus lábios encontraram os meus enquanto suas mãos—agora maiores, mais ossudas—abraçavam minha cintura e levantavam-me alguns centímetros do chão como se eu pesasse nada. O gemido que escapei foi genuíno quando sua nova altura fez com que seu quadril se encaixasse contra mim de um jeito inédito, esfregando exatamente onde eu mais precisava. "Caralho", ele rosnou no meu pescoço, sem saber que eu era a autora daquela mudança—só sabendo que seu corpo, subitamente, cabia no meu como uma chave na fechadura certa.
No dia seguinte, enquanto ele se vestia para o trabalho, reparei como a camisa social agora puxava nos ombros—não porque estivesse apertada, mas porque os músculos dorsais haviam se expandido como asas sob a pele. "Porra, parece que tá respirando melhor", ele comentou, inspirando fundo, sem entender que o áudio que eu colocara na noite anterior sussurrava sobre capacidade pulmonar aumentada e costelas se afastando como persianas abertas. Fiquei sentada na cama, molhada entre as pernas, vendo aquele homem—meu marido, mas também meu projeto—se admirar no espelho como se fosse um estranho fascinante.
No supermercado, enquanto ele pegava uma caixa de água mineral do alto do estoque, as mangas da camiseta se enrolaram em seus bíceps, revelando veias que serpenteavam como rios em relevo. Uma mulher mais jovem olhou por demasiado tempo—e eu, em vez de me incomodar, senti um orgulho perverso, porque aqueles músculos eram meus, criados pelos meus arquivos, pelos meus dedos que ajustavam os volumes do áudio todas as noites como um pintor ajusta tons em uma tela. Lucas nem notou o olhar dela, ocupado demais carregando as compras com uma facilidade que antes não existia.
E então, naquela noite, enquanto ele me empurrava contra a parede do corredor—seus quadris agora mais largos, mais altos, esmagando-me de um jeito que fazia meu sangue cantar—eu senti sua língua na minha orelha no mesmo instante em que o áudio no quarto sussurrava *"cresça, preencha, domine..."*. E ele dominou, sem saber que estava seguindo um script que eu escrevera nos intervalos entre seus gemidos, entre as marcas de unhas que eu deixava em suas costas novas, entre as palavras que ele sussurrava no meu pescoço pensando que eram dele—quando na verdade tinham sido plantadas ali, semanas atrás, por mim.
Ele achou estranho quando começou a acordar com ereções que doíam de tão rígidas, achou que era a idade, os hormônios, alguma mudança na dieta. Mas eu sabia: era o arquivo *"Torrente de Testosterona"* que eu baixara na semana passada, com aquelas frases em loop sobre glândulas despertando, sobre sangue engrossando, sobre desejos antigos voltando como marés. Eu viajava no som dos seus passos mais pesados no corredor, na maneira como ele agora abria potes sem pedir ajuda, como se seu corpo tivesse descoberto uma força adormecida.
Naquela manhã, quando ele me levantou da cama com um braço só—algo que nunca fizera antes—e me jogou sobre o ombro como um saco de farinha, eu ri até perceber que estava molhada. Ele riu também, sem entender por que eu gemia ao sentir seus dedos afundando na minha carne, sem entender que cada marca era uma prova do meu poder secreto. Quando ele me jogou no sofá e me mordeu no pescoço, eu olhei por cima do ombro dele e vi o frasco de testosterona que ele nem sabia existir—meu frasco, meu elixir, meu áudio traduzido em hormônio puro.
E quando finalmente ele entrou em mim, agora mais rápido, mais forte, mais *cru*, eu arquei as costas não só pra ele, mas pra mim mesma, pra minha criação. Seus músculos tremiam sob a pele como cavalos em disparada, como se cada fibra estivesse respondendo a um chamado que só eu ouvira primeiro. E enquanto ele me virava de bruços e me agarrava pelos quadris com mãos que pareciam ter dobrado de tamanho, eu sabia: aquelas eram minhas mãos, meu domínio, meu marido recém-forjado—uma estátua viva que eu esculpira no escuro, uma nota de cada vez.
Seu peso sobre mim era diferente—não só mais pesado, mas melhor distribuído, como se cada curva do corpo dele agora se encaixasse nas minhas com uma precisão de relógio suíço. E quando ele gemeu no meu ouvido, um som profundo e rouco que nunca saíra daquela garganta antes, eu quase ri de êxtase: era o arquivo *"Voz de Comando"*, aquele que eu pusera em loop três noites atrás, com frases sobre cordas vocais afinando, sobre ressonância aumentando, sobre cada palavra saindo como um trovão.
Mas foi só quando ele me levantou contra a parede, me enfiando nele com uma força que fez meus dentes baterem, que eu senti a verdadeira obra-prima. Entre minhas pernas, ele não só preenchia—ele *invadia*, como se meu corpo fosse um território a ser conquistado de novo, milímetro por milímetro. E enquanto eu me agarrava nos ombros dele, sentindo os trapézios saltados como asas sob minhas palmas, eu contei mentalmente: *vinte e oito, vinte e nove, trinta*—e mordi meu lábio até sangrar quando o último centímetro entrou, confirmando que o arquivo *"Monumento de Carne"* funcionara além da minha ambição mais louca.
Ele deve ter sentido minha contração, porque parou de repente, ofegante, e olhou pra mim com os olhos arregalados—não de surpresa, mas de *reconhecimento*, como se uma parte dele soubesse, no fundo, que aquela transformação tinha minha assinatura em cada detalhe. "O que você fez comigo?", ele sussurrou, e pela primeira vez, senti um frio na espinha: não medo, mas *poder*, o tipo que vem quando você percebe que criou algo grande demais pra controlar—e que não quer controlar de qualquer jeito.
Minha resposta foi morder o pulso dele, onde a veia pulsava sob a pele como um fio elétrico exposto, e então enrolar minha língua ao redor do corte que meus dentes deixaram. Ele gemeu, um som que começou como um ronco e terminou como um rugido, e então voltou a se mover dentro de mim com uma cadência que fazia o espelho do quarto tremer—literalmente tremer—na parede. Eu podia ver nossos reflexos nele: eu, pequena e molhada de suor; ele, um *colosso* de músculos que respiravam como uma fornalha, cada contração do seu corpo esculpida por minhas playlists noturnas.
Depois, quando ele desabou sobre mim—agora tão pesado que meus pulmões esvaziaram num só *uf*—, sussurrei no ouvido dele: *"Lê isso todo dia"*, e enfiei o celular na mão dele, onde um novo áudio já estava pronto pra tocar: *"Consolidação Total"*, uma mixagem de batidas binaurais e frases cortadas que iam fazer seus ganhos *grudarem* como concreto fresco, acelerando o metabolismo até que cada refeição virasse músculo, até que cada respiração queimasse gordura como um maçarico. Ele olhou pra tela com os olhos meio vidrados, já hipnotizado pela prévia do arquivo, e eu sorri: ele nunca ia resistir, nunca ia questionar—só ia *crescer*, cada vez mais, cada vez melhor.
E quando ele finalmente dormiu, exausto, com o celular ainda na mão e o áudio rolando num volume quase inaudível, eu deitei do lado dele e passei os dedos pelo seu peito novo—duro como mármore, quente como forja—, imaginando quantos centímetros a mais de circunferência eu poderia espremer dali antes que o verão chegasse. *"Consolida, acelera, domina"*, eu repeti em voz baixa, acompanhando os sussurros do arquivo, e então mordi meu próprio lábio ao sentir seu corpo *responder* mesmo no sono, os músculos contraindo sozinhos como se obedecessem a uma voz que só eles ouviam—minha voz.