Eu nunca esperei isso dela. Um filme de todos os anos que estávamos juntos passava pela minha cabeça em looping enquanto lia aquela conversa maldita de whatszap. Quanto mais eu subia a barra de rolagem, mas eu sentia meu coração despedaçar. E incrivelmente, eu não chorei. Mas fui inundado por um sentimento de vazio, indiferença. Ela matou algo em mim. E algo que jamais seria recuperado.
Vamos começar do começo. Eu me chamo Marcus. Essa história começa quando eu tinha 18 anos. Eu nunca fui o mais bonito da turma. Sempre fui o invisível, o escondido e isso nunca me incomodou. Minha autoestima era bem baixa e quanto menos atenção chamasse, mais tranquilo eu ficava. Eu tenho 1,85, naquela época era gordo. Tinha o nariz adunco e lábios carnudos. Tinha uma barba espessa mas mal cuidada. Parecia o Kimbo Slice, famoso lutador do UFC. Meu cabelo era crespo mas minha mãe não gostava e raspava todo ele, então acabei acostumando. Eu era feio mas pelo menos, era inteligente. E gostava disso.
Entrei pra faculdade de física e logo comecei minha especialização em mecatrônica. Participava de fóruns, ia a palestras, e tava sempre envolvido em algum projeto, tentando construir algo. Nunca fui de sair mas meu melhor amigo, Raoni, um índio sem pêlos no corpo, Vivia me arrastando pra chopadas. Ele cursava direito e era tido como um aluno modelo. O cara era fera. Raoni é mais que um amigo. Nós conhecemos no final do ensino fundamental e desde então temos sido inseparáveis. O índio me arrastou pra uma festa da faculdade dele e, mesmo sem ter intenção, ele destruiu minha vida aquele dia
A festa estava boa, principalmente porque eu consegui ficar sozinho no meio daquela cacofonia. Gritos, músicas, vômitos, brigas... Sexo. Fui pra uma parte mais afastada do clube. Tinha uma grande piscina em um jardim. Sentei na borda e coloquei os pés dentro da água. Estava fresquinha. Tirei um cigarrinho especial de dentro do blusão e o acendi rapidamente. A brisa já tava batendo quando senti um toque delicado no ombro. Bicho... Que menina gata!
Juliana era baixinha, não mais que 1,50. Tinha longos cabelos castanhos até o meio das costas e uma mecha grisalha que era um charme. Suas pernas eram visivelmente torneadas, mesmo sendo escondidas por uma saia comprida. Seus seios eram pequenos pra medios e pareciam apetitosos. Braços fortes e abdômen chapado. Tudo coberto por uma regatinha branca. Ela sorriu com os olhos quando me viu.
-- posso? – estendendo a mão, pedindo meu beck.
Eu entreguei meio hipnotizado por ela. Tinha um sorriso lindo e sincero. Os olhos puxados davam um charme todo especial. Ela puxou e prendeu, soltou toda a fumaça pro alto. Engraçado que até a forma como ela segurava um cigarro de maconha tinha certa classe. Eu ri quando percebi isso e ela me passou o cigarro de volta, sentando do meu lado sem pedir licença.
-- eu me chamo Juliana. Meus amigos me chamam de Juli. – sorria.
-- isso é um convite pra ser seu amigo? Onde tá a magia da requisição do Facebook hoje em dia... – disse depois de puxar e passar pra ela novamente. – eu me chamo Marcus. Meus amigos me chamam de gordo.
Ela pegou o cigarro enquanto dava uma gargalhada silenciosa e tocou minha mão. Não sei se foi efeito da maconha mas aquele toque me arrepiou todo. E a ela também. Vi seus braços com os pêlos todos eriçados. Nós encaramos por um breve momento que não deve ter durado nem 10 segundos. Ela tomou o cigarro e levou a boca. Fez o mesmo ritual de tragar e baforar antes de me passar de novo.
-- eu não quero ser sua amiga, então!! – disse enquanto ria.
-- agora que diz isso? Depois de fumar metade do meu? Tarde demais, baixinha... – disse puxando e rindo. Acho que o fumo deu brisa rápida.
-- há há. Muito engraçado, Big Mac... – depois que falou, ficou constrangida. E eu ri pra caralho.
-- tirando o alface, acho que tenho tudo!! – ela relaxou e riu também.
Ficamos um tempo ali conversando. Apenas banalidades: filmes, música, quanto ia demorar pra alguém pular ou vomitar na piscina. Tínhamos bastante coisa em comum. Pra dizer a verdade, eu não sei quanto tempo se passou mas sei que fomos embora com o dia amanhecendo. Fiquei encantado com ela mesmo sabendo que não tinha a menor chance. Ela era uma princesa e eu parecia a versão preta do Shrek. A combinação ia ficar ó, uma bosta. Felizmente eu tava tão acostumado a isso que logo desencanei. Falamos pouco sobre nossos cursos e o campus é grande. Achei que nunca mais nos encontraríamos de novo e a vida seguiu assim.
No inicio do semestre, um professor pediu que eu tutorasse alguns alunos que estavam com dificuldade em alguns aspectos da física. Eram de cursos variados. Eu receberia por isso e ainda ganharia alguns créditos. Não vi problema. Na verdade, eu curtia isso. Eu era meio tímido e tal mas quando o assunto era do meu domínio, eu brilhava. Era muito bom em física e sabia passar meu conhecimento. Muitos dos professores inclusive pediam que eu seguisse a licenciatura mas queria mais.
No dia da primeira aula, me preparei todo. Tinha um plano bem traçado e que achei que ia funcionar de modo amplo e que todos entenderiam. Os alunos começaram a chegar e inicialmente pedi que se apresentassem. Havia um total de 12 pessoas entre cursos que envolviam aquela aula. Quando estava prestes a começar, Juliana entra esbaforida na sala. Tinha uma mochila rosa chiclete pendurada em um ombro e usava um shortinho jeans e uma regata. Quando me viu, parou surpresa e nossos olhos se cruzaram.
-- Big Mac??? – disse com sincera surpresa.
Ajeitei meu óculos, sorrindo encabulado. Ainda bem que sou negão senão teria ficado roxo, porque assim que ela falou meu apelido, a sala inteira riu. Eu pigarreei e foi a vez dela ficar vermelha. Não aguentei vê-la daquele jeito e sorri.
-- pois é, gente. Esse é um dos muitos apelidos pra gordo! Mas desse pelo menos eu gosto... – o pessoal riu e ela respirou aliviada.
Me pediu um desculpa sem som e foi se sentar. Foram 2 horas de aula. Meu plano havia dado certo e todos avançaram bastante na matéria. Isso foi um grande regozijo. Saber que minha capacidade intelectual era tão boa me dava orgulho. Era uma das poucas coisas que eu tinha que me davam essa sensação. Todos saíram sentindo-se um pouco melhor sobre si mesmo e mais ciente das suas muitas dúvidas. Eu arrumava minhas coisas quando escutei o clique da porta e a voz de Juliana.
-- Big Mac!!! Eu procurei muito por você no campus!!! Devia imaginar que você era um dos nerds!! – disse enquanto me abraçava e me deixava surpreso. Ela percebeu e desvencilhou logo, ficando corada.
-- primeiro, não sei bem se isso foi um elogio ou uma zuação. Vou ficar com a zuação. Segundo... Olha meu tamanho!! Como você não me achou?! – disse rindo pra ela e a deixando mais a vontade.
-- nossa, nem parece aquele maconheiro da festa. Aqui você fica tão... – ela me olhou de um jeito diferente. Admiração acho. – diferente.
-- ah... Eu sou bom no que faço mas o que faço não é tão bom – parecia uma velha amiga. Eu nunca ficava a vontade com garotas mas com ela...
-- vai citar aqueles filmes bostas de herói que você gosta pra mim agora? – disse zombando.
-- e você reconheceu!! Patricinha de meia tigela... - disse me levantando e a conduzindo pra fora da sala.
Ela olhou pro corredor e pro relógio do celular e ficou me olhando de novo. Aqueles olhinhos amendoados me deixavam meio bobo. Eu tinha fantasiado mil e uma situações com ela mas na certeza que nunca mais ia vê-la. E de repente ela tá ali, na minha frente. Eu fiquei nervoso e acho que ela percebeu.
-- tá ocupado agora? Quer dizer... Tem mais aula pra dar, Big? – ela disse de maneira relaxada.
-- não, tô de boa. – menti descaradamente. Eu tinha um projeto de robótica que me demandava muito tempo mas queria passar mais tempo com ela. Ela era divertida e não era como as outras garotas. Quer dizer, ela era igual mas eu conseguia falar numa boa. E ela era muito gata. E não sabia o que ela queria ou esperava de mim... Era esse o tipo de divagação que ela me causava.
-- qual a ideia, menor? Dá o papo! – falei pra ela em tom de brincadeira.
-- se botar um chapéu e um pano maneiro, é o dom bigone... – riu, ficando ao meu lado e passando o braço entre o meu, começa a me conduzir pelo campus.
Eu senti meu corpo esquentar. Cara, eu não tinha traquejo, esperança ou sorte pra ter aquela menina. Eu sabia disso. Mas essa proximidade natural, essa estranha intimidade que pegamos... Isso me enchia de pensamentos que sabia que iam ficar por muito tempo na minha cabeça. Comecei a pensar no que as pessoas diriam sobre ela andando comigo. O que uma mulher como ela fazendo com um troço como eu. Meus pensamentos eram meus piores inimigos e, ao contrário dela, que me conduzia pelo campus me dando a certeza do que estava fazendo, meus demonios só me colocavam pra baixo.
-- pronto, chegamos – foi se sentando uma das mesinhas.
Estávamos de frente a uma lanchonete dentro do campus. Uma por acaso que eu frequentava diariamente pois fizera amizade com os atendentes e conseguia um excelente copo de mate suíço com um bom desconto. Fora isso, eles tinham também um delicioso sanduíche de queijo com presunto que comia sempre que podia. Olhei pra ela meio desacreditado. Ela não tinha cara de quem frequentava um lugar tão simplório.
-- o que foi? – ela perguntou já rindo. – aqui tem o melhor sanduíche do campus!! Não sabia que você era um desses nojentinhos daqui, não...
-- respeita minha skin de Shrek, mulé... Tá pensando o que? Cesão, trás 2 mates suíços. Daquele jeito. Pra patricinha aqui provar o bagulho bom!! – sentei na mesa cheio de atitude rindo.
Ela riu e voltamos a conversar como no dia da maconha. Pelo menos dessa vez não estávamos chapados. Ela era nutricionista. Estava no quarto período e tava com problemas sérios no que queria seguir, que era nutri voltada para esportes de alta performance. Ela era uma ratinha de academia e adorava um samba. Tinha 20 anos. Ficou surpresa quando descobriu que eu só tinha 18 anos e ficou me chamando de Big baby. Era de uma família de médicos. Tinha dinheiro mas não era rica e sabia disso. Queria aproveitar a guarita dos pais pra fazer cursos e viajar e aproveitar com viagens e tal. Éramos de realidades completamente diferentes.
Eu era um prodígio. Só por isso eu era bolsista de uma das melhores faculdades do país. Meu pai era estivador e minha mãe costureira. A vida inteira tivemos que batalhar por tudo então sempre me dediquei muito aos estudos porque queria dar uma vida digna a eles. Quer dizer, não que a vida deles fosse indigna mas queria que eles vivessem um pouquinho em vez de sobreviverem. Evitei alguns fatos. Não por vergonha mas por respeito aos meus pais. Já havíamos passado fome e frio. Já havíamos morado na rua. Passamos por situações incrivelmente ruins mas nunca nos abandonamos. E agora que poderia melhorar pra eles, eu iria.
Juliana ficou um pouco impressionada com a história por aquilo ser tão longe da realidade dela. Pousou sua mão sobre a minha. Eu entendi aquilo. Não foi algo romântico, foi só admiração. O sinal tocou alto, nos separando e dizendo que havíamos perdido aulas e bastante tempo.
-- o mate estava ótimo apesar de ser um veneno!! Eu preciso ir. Ainda tenho aula hoje... Me dá seu telefone aqui... – ordenou.
Tirei ele do bolso, desbloqueei o aparelho e entreguei na mão dela. Colocou seu número.
-- salva aí! E vê se não perde meu contato! – disse já saindo.
Fiquei olhando praquilo meio abobalhado. Na verdade, em momento algum ela deu abertura pra que eu pensasse que ela queria algo. Não houve flerte. Houve duas pessoas engraçadas que se conhecem e sentem afinidade. Mas era difícil negar pra mim que seria maravilhoso se ela me quisesse como algo mais. Sacudi a cabeça tentando me livrar daqueles pensamentos e corri pro laboratório, me afundando em pesquisas, estatísticas e tudo o mais.
Nosso contato foi se estreitando com o passar das aulas e dos meses. Trocávamos figurinhas pelo ZAP e zuação. Aos poucos meu coração foi se acalmando e vendo Juliana como aquilo que ela realmente havia se tornado: uma boa amiga. Passei a ajudá-la mais em sua peleja em física e ela fornecia uns bem bolados de muuuita qualidade. Passávamos muito tempo juntos e as pessoas estranhavam. Presenciei uma parada sem ela saber, uma vez que umas amigas dela quiseram se desfazer de mim. Era triste mas eu tava acostumado com aquilo. E eu gostava de Juliana e não queria atrasá-la de qualquer forma. Aproveitei que ela tava entretida com as amigas e saí de fininho.
Eis que tava saindo da faculdade já e escuto um grito:
-- BIGGG!!! BIIIIGGGG!!
Parei enquanto ela corria até mim. Respirei fundo. Já sabia o que vinha mas eu realmente gostava dela. É estranho mas tivemos uma ligação forte e rápida e contei muito mais do que devia pra ela. Coisas bem íntimas. Mas também ela me falou bastante coisa. Ia pedir que mantivesse segredo do que ela havia dito a mim e tal mas que ia precisar ir. Tínhamos acertado que íamos em um stand UP de um comediante que gostávamos e ela provavelmente tava vindo me passar os ingressos.
-- por que você não me esperou? Eu tava na porta da sala te aguardando! – falava ainda tentando recuperar o fôlego.
-- ah! Desculpa... Eu não te vi naquela confusão... – sorri como fiz muitas outras vezes. Acho que foi a primeira vez que isso doeu. Talvez pela conexão que eu achava que tinha.
-- Big, eu vou precisar fazer um negócio-acabei a interrompendo.
-- e não vai poder ir. Tudo bem... – eu tava de boa. Não tanto quanto esperava mas bem menos do que a maioria fica.
-- que? Tá Loko?! Eu vou precisar ir em casa tomar banho!! Tá um calor horrível e tô me sentindo suja e suada... – falou isso fazendo cara de nojo.
-- ué? Mas e as- pigarreei parando a tempo – ainda bem que você se tocou! Ir andando com essa carniça do meu lado ia ser doído!!! – fiz graça pra tentar tirar o foco mas não adiantou.
Ela me olhou séria acho que foi a primeira vez que isso aconteceu. Ela avaliava meu rosto e minhas expressões procurando uma falha na armadura, um furo no argumento. E pra minha infelicidade, ela era excelente nisso.
-- você é uma das pessoas mais atentas que eu conheço. E não me viu do lado da porta. Você escutou aquelas cretinas não é? – ela se aproximou perigosamente de mim e me puxou pela camisa.
Ela malha. Sempre gostou. Lembrei disso quando cedi e abaixei, ficando com o rosto quase colado ao dela. Ela me encarava olho no olho. A respiração quente dela me deixava desconfortável ao mesmo tempo que ia reavivando coisas que eu não queria.
-- Marcus, eu juro por Deus, a próxima vez que você achar que uma imbecil escrota igual a Raquel vai controlar com quem eu ando, eu te dou uma surra. Você entendeu?! – falou sacudindo minha cabeça e olhando nos meus olhos.
Eu arregalei os olhos e concordei várias vezes. E então ela me soltou. Não havia pensado em como isso seria insultante pra uma pessoa de personalidade tãi forte quanto Juliana. Ela saiu andando depois disso enquanto eu olhava praquele lindo corpinho rebolando e se afastando. Até que ela pala e olha pra trás.
-- e fedida é o cu da sua mãe. – me mostrando o dedo do meio com um sorriso desafiador.
Isso me arranca um sorriso e fui correr atrás dela, que dispara na minha frente mas eu logo a alcanço e a suspendo pela cintura. Ela odeia quando eu faço isso porque fica parecendo um saco de batata, mas ela ri.
Eu a acompanhei até a casa dela e depois fui pra minha. Ela insistiu e pediu que eu tomasse banho lá mesmo mas achei por segurança, não o fazer. Antes mesmo de entrar no banheiro já estava com uma ideia bem absurda e preferi não dar vazão aquela idiotice que estava prestes a fazer. Então fui pra casa o mais rápido possível e marquei de encontrá-la em Copacabana. Eu tava ansioso. Não por encontrá-la mas adorava esse comediante. Ele tinha um roteiro interessante sobre família e me divertia. Juliana gostava mais de quando ele sacaneava a plateia.
Nós encontramos na entrada. Ela, gata e gostosa como sempre, em um short preto, regata branca e blazer, e uma sandália alta que a deixavam menos baixa. Eu tava de bermuda social azul, um blusão de manga curta de linho cru e branco e um tênis branco. Não tava bonito mas estava confortável. A única coisa que gostava em mim era a barba e ela estava impecável. Bonita e cheirosa. Meu óculos de grau com armação aviador no rosto. Nós cumprimentamos com um abraço apertado como sempre e ela enroscou o braço no meu. Respirei fundo e entramos.
As horas passaram voando. Rimos muito. Juliana quase se mijou de rir. Eu gostava do som da gargalhada dela. Era alta, estridentes e desafinada. Mas era dela. Era a expressão máxima de felicidade dela. E isso me encantava. Quando me peguei olhando muito pra ela sacudi a cabeça e voltava novamente a atenção pro show. Ele implicou com a plateia. E chegou justo em nós dois. Perguntou meu nome eu disse já rindo de nervoso. Perguntou se estávamos juntos e ambos demoraram um pouco a responder e Juliana esclareceu que éramos só amigos. E nessa o cara me rifou. Disse que eu tava sozinho, me ofereceu pra plateia. Eu fiquei morto de vergonha! Principalmente por algo que nunca tinha acontecido: recebi alguns elogios e algumas das mulheres se ofereceram pra cuidar de mim. Juliana ria sem graça também mas acabou se divertindo. No fim, saímos com a cabeça doendo de tanto rir.
-- água de coco na praia, big? Ou já saiu com um contatinho engatilhado? – sei que ela tava provocando mas ruborizei.
Ela andava pelo calçadão da praia na minha frente, rodopiando e rindo ainda das piadas do show. Seus olhos brilhavam quase tanto quanto seu sorriso. Era foda. Eu fazia de tudo pra evitar mas eu já tava apaixonado por ela, mesmo sabendo que ela só me queria como amigo. Eu andava atrás dela com as mãos nos bolsos. Parecia um segurança compramos os cocos e fomos pra areia. A praia estava cheia mesmo a noite. O calor normalmente faz os cariocas frequentarem a praia mesmo nesses horários. Eu sentei e ela sentou atrás de mim apoiada nas minhas costas.
-- big, posso te fazer uma pergunta? – ela falou. Sua voz estava naquele momento mas parecia distante. Saudosa, talvez? Melancólica?
-- você já me ameaçou de me dar uma surra e xingou minha mãe no mesmo dia! Já tá tarde pra limites... – eu ri e ela me deu uma cotovelada fraquinha nas costelas enquanto ria.
-- babaca... O que você ouviu de hoje cedo? – ali, nesse momento, eu percebi o que ela tinha feito. Deitada nas minhas costas eu não poderia ver as expressões dela. Por outro lado a pergunta me fez tremer. Ela sentiu.
-- eu não ouvi nada. Não é minha primeira vez passando por isso... Eu não ouvi mas a conversa basicamente foi coisas tipo... “tá se queimando andando com ele”, “tem uns caras que tão querendo chegar em você e você com esse maluco feio pra cima e pra baixo”, “já se divertiu muito com o monstro, tá na hora do príncipe”... E por aí vai... – disse, normal. Sem dor ou qualquer reação a mais.
Juliana ficou um tempo calada. Eu escutei ela respirando fundo.
-- me desculpa. Eu tentei me afastar pra você não perder a amizade delas... Eu gosto de você e acho que se continuar a passar mais tempo comigo, vai acabar perdendo alguém...
Ela levantou e me abraçou pelas costas. Era engraçado porque ela de pé, ficava pouca coisa acima da minha cabeça. Por outro lado, eu tava fazendo muita força pra não me apaixonar por ela. Eu não podia e não queria. Sabia que aquilo ia doer mas acabou sendo impossível.
-- Big, você não pode achar que alguém é melhor que você. Nunca mais faça isso. E nem tomei atitudes por mim pelas minhas costas. – seus braços estavam cruzados no meu peito e ela passa as unhas nele, me causando arrepios.
Ficamos assim por alguns minutos. Era estranho mas aquele abraço me deixava em paz na mesma medida que me deixava agitado.
-- outra coisa: você não é feio. Você é lindo! É divertido, é inteligente, debochado. E se as meninas não vêem isso, azar o delas. – a voz dela era quase um sussurro.
-- azar o meu... Não precisa tentar levantar minha baixa autoestima, Ju... Eu sou feio e gordo e tá tudo bem. Não é isso que me pega. Eu sou inteligente e esperto. Isso me pegaria muito mais se eu não tivesse.
Ela ficou abraçada a mim daquele jeito por um longo tempo. Acabamos ficando mudos, só ouvindo o marolar das ondas e a pancada na areia. Uma brisa fresca corria e senti ela se arrepiando. Passei as mãos em em seus braços só pra gerar calor.
-- coloca o blazer, baixinha... – disse cuidadoso
-- eu tô bem... Eu quero que você passe a frequentar a academia comigo. O que acha? – ela falou meio que deixando no ar. Eu tava ponderando quando senti ela dando uma peitada na minha nuca. Ela tava dando uma PEITADA na minha nuca. Só então eu percebi o que era aquela maciez e sem querer me animei. Me encolhi pra que ela não visse.
Sinceramente, nunca gostei de puxar ferro. Acho uma perda de tempo e não tem desafio algum. Mas era ela pedindo e embora eu quisesse ter mais força de vontade pra negar, eu sabia que ia me divertir com ela e que ela não faria aquilo pro meu mal. Confiava nela.
-- já falamos sobre isso, Ju... Não gosto-
-- a gente faz a academia e também boxe. Isso eu sei que você curte. E você vai seguir uma rotina alimentar que sua nutricionista vai fazer.
-- minha nutricionista? – ri – o que você tá planejando, maluca?
-- você se acha feio. Você. Então eu vou te mudar até você enxergar a beleza que eu vejo. – ficou um tempo calada mas depois disse animada – meu amigo vai ficar lindão!
Ela me largou e se afastou, rindo. Tinha algo estranho naquele ato. Eu não consegui decifrar na época mas achei que tivesse sido ela entendendo o atoleiro que ela se meteu. Brincamos mais um pouco mas já estava tarde e eu tinha aula na manhã seguinte, mesmo sendo sábado. A chamei pra ir embora e ela faz um muxoxo que me quebrou mas acabou concordando e entrando no carro. Quando nos despedimos, na frente da casa dela, e ela me deu um longo e apertado abraço.
-- esse vai ser seu último fim de semana de ócio. Aproveite!! – e se despediu com um beijo.
Demorei a dormir horrores. Minha cabeça ficava montando cenários em que eu ficava junto com Juliana. Imaginava a gente namorando, morando junto. Isso era difícil controlar e me detestava por perder tanto tempo pensando besteira. Me levantei e fui fazer minhas pesquisas até que o sono veio e me derrubou.
No sábado, assisti minha aula a base de muita coca/café/energético mas consegui anotar as coisas pontuais que me eram mais importantes. Cheguei em casa por volta das 15 e dormi. Sonhei com ela. A gente se beijando e os lábios dela eram macios. Eu a puxava por aquela bunda durinha e redonda e ela se encaixavam no meu colo. Nossas línguas dançavam lentamente, se enroscando e se acariciando. E então acordei. Molhado de suor. De pau duro. E com o telefone berrando. Já eram 19 h. Peguei o telefone meio zonzo.
-- porra, gordão!!! Tô te ligando desde cedo!! Se arruma aí que tem uma festinha maneira pra gente ir!!! Já passo aí!! – desligou. Eu ri. Raoni sendo Raoni. Sempre agitado e sempre correndo.
Me levantei. Tomei um banho e me arrumei. Foi a primeira vez que me arrumei com esmero. Depois das palavras da Ju, eu queria realmente ver que beleza é essa que ela tanto via em mim. Então coloquei uma calça cargo, um tênis preto meio cano, uma camisa oversized preta. Coloquei minha correntinha que minha mãe me deu e os óculos. Fiz a barba e a deixei lindona. Coloquei meu óculos de sair e, pela primeira vez na vida, me senti apresentável. Quer dizer, muito longe de ser bonito mas já não tava tão feio. Senti minhas orelhas queimando e me senti envergonhado mesmo estando sozinho. Pouco depois, Raoni passou lá de carro e fomos pra uma boate na Lapa.
Era um sobradinho em uma das ruas de dentro, uma das que cruzam a Mem de Sá. A iluminação era típica de boate mas o ritmo não. Era um samba onde o repique e o tantan gritavam. Cantavam Almir Guineto, originais do samba, Zeca, Alcione. Só a nata. Fiquei na varanda ouvindo e curtindo a música, aproveitando pra fugir daquele clima abafado. Bebia água pois nunca fui de beber bebida alcoólica e fumava meu beck tranquilamente. Quando olho pra dentro do salão, meu coração dá um pulo e minha boca seca: ali estava Juliana. Linda em uma minissaia preta e uma blusinha prata frente única. Usava os cabelos em um coque cuidadosamente desarrumado e salto. Por um momento, achei que tivesse viajando mas a viagem virou pesadelo rápido.
Um sujeito branco de coque samurai a abraçava por trás, abaixando pra cheirar seu cangote e acariciava sua nuca. Não era um desconhecido. Eram íntimos. Senti meu coração apertando e quis sair dali mas não queria chamar atenção. Mesmo sendo grande e gordo, consegui me esgueirar pra longe e achei Raoni.
-- que cara é essa, gordão? Parece que viu um fantasma!! – disse rindo abraçado a uma mulata lindona.
-- tô puxando o carro, Raoni... Acho que o cansaço bateu... – disse com um sorriso cansado.
Raoni era meu amigo mais antigo. Me conhecia sabia antes que eu soubesse, que tinha algo errado.
-- tá tudo bem, Marcáo? Quer ir embora? A gente parte agora, negão!
-- nem vem! A preta tá te querendo e tu querendo o negão? Tá de sacanagem? – provoquei ele enquanto ria.
Ele aceitou a provocação e pareceu relaxar.
-- ah, viado!! Vai tomar atrás do saco!! Só me liga quando chegar em casa, então. Paz, irmão – rindo, apertamos as mãos.
Consegui sair daquele calor opressivo, deixando Raoni curtir a noite dele e ser feliz. Eu mesmo não sabia bem o que tava acontecendo comigo. Veja bem, até esse momento, eu não sabia o que sentia por ela. Hoje, passado tanto tempo, eu sei o que era. Só não queria admitir. Quando estava quase saindo do terreno do sobrado escutei aquele grito familiar que fez subir um arrepio na espinha.
--BIIIIG!!! BIIIIIIIIIIIIIGUEEEEEEEE!!!!
Olhei pra trás e Juliana vinha correndo sozinha e pulou no meu pescoço me abraçando. Ao longe, vi o cara do coque samurai se aproximando. O abraço não cedeu e ficamos abraçados um pouco mais que o normal. Tempo bastante pro cara chegar. Acho que foi a primeira vez que vi Juliana constrangida. O cara se aproximou e me cumprimentou com um aperto de mão mais forte do que devia. Acho que ele tentou marcar território, sei lá. Só achei idiotice. Eu nunca fui ameaça pra ninguém.
-- e aí, parceiro. – falou seco e com um sorriso torto. Não gostei desse cara.
-- e aí. – cumprimentei da mesma forma. Seco e duro.
-- Big, esse é o Fábio. Fabio, esse é o Marcus. Big é só pra mim!! – ela ria parecendo alheia a tensão entre nós dois.
-- já tava de saída, Ju. Noites mal dormidas, excesso de trabalho... Preciso descansar pra segunda irmos pra academia... – sorri pra ela.
-- ah, fica... Toma só uma com a gente... – pediu manhosa.
Acho que o imbecil que tava com ela ficou com ciúmes. Não sei bem de que mas fez uma parada que, se não fosse por ela, tinha dado merda. Ele puxou ela pelo braço com força, fazendo ela colar no corpo dele.
-- o cara já falou que vai embora, Juliana! Deixa o cara, porra!
Ela se assustou com o puxão mas se assustou ainda mais com o empurrão que dei em fábio, jogando ele pra trás e tirando ela dos braços dele. Eu bufava como um touro e sem perceber, passei ela pra trás de mim. Quando o babaca do ficante dela veio pra cima de mim, empurrei-o pela cara mais uma vez e Juliana se meteu entre nós.
-- PAREM OS DOIS!! – ela tava assustada e com os olhos arregalados
Me senti mal por ter reagido de maneira violenta mas o jeito que ele a puxou foi abrupto e forte demais. Isso mexeu comigo e... Enfim. Dei as costas e saí sem olhar pra trás. Andei um pouco a esmo pela Lapa com a cabeça quente. Na real, eu nunca fui de briga e não tava entendendo o por quê daquela atitude. Fui pra casa e dormi. Mal, mas dormi. Passei o domingo inteiro entre cama, banheiro e cozinha. Dormia, comia e me banhava. Me entreti com meus projetos e consegui isolar no meu cérebro a noite de sábado. Domingo terminou preguiçoso e dormi cedo. Acordei às 5 da manhã com o despertador e pouco tempo depois, Juliana me ligou animada dizendo que tava na frente do meu AP me esperando pra academia. Só Deus tempo de descer.
Não conversamos sobre a noite de sábado. E soube depois que eles começaram a namorar. Eu caí pra cima da academia, do boxe e dos meus projetos de robótica. Isso acabou me ajudando a baixar as espectativas sobre Juliana e trazer os benefícios. A baixinha fez uma dieta restrita pra mim mas somente com coisas que eu gostava de comer. Infelizmente, devido ao namoro dela, passamos a ter pouco tempo juntos mas era bom. Depois de 3 meses na academia, os resultados eram visíveis. Eu estava quase 20 kgs mais magro. Meus braços agora estavam grandes de músculos. Minhas pernas robustas agora eram definidas. Só tinha uma barriga grande e os peitos. Isso começou a chamar atenção.
Um dia, próximo ao meu aniversário, dentro da academia enquanto eu malhava com Juliana, uma menina veio me pedir ajuda. E eu fui. Fui inclusive inocente. Ela pediu que a ajudasse com os exercícios de peito. Eu acompanhei enquanto falava com a baixinha. A menina que fazia o exercício largou o aparelho. Eu fui pego desprevenido e tive um solavanco, projetando meu corpo pra frente e indo com a cara no meio dos seios da mulher. Me levantei rápido pra pedir desculpas mas a mulher me olhava com malícia. Um sorriso maldoso dançava em seus lábios. Ela fez de propósito.
-- nossa... Me desculpe... Eu me descuidei. – falava como uma voz melosa e com uma culpa totalmente mentirosa.
-- na-não! Eu que peço desculpas... – eu respondendo meio abobalhado.
Eu nunca tinha passado aquilo na minha vida. Conversamos mais um pouco, a mulher acabou me passando o número dela. Zelia. Uma negra mignon, com corpo de falsa magra e cabelos cacheados. Uma delícia. Até me esqueci que estava com Juliana. Que malhava mais pesado que de costume.
-- tá com disposição, hein, baixinha?! – disse parando ao lado dela que fazia os exercícios de perna.
--é!! Aparentemente achei a sua já que até o treino você largou pra ficar de Papinho com a menina – respondeu seca.
Ela me provocava mas enquanto ela tentava me sacanear, Zelia me olhava com olhos famintos. Fiquei encabulado. Não tava acostumado com aquilo e fui pedir ajuda pra minha melhor amiga. Não sei o que fiz, não sei o que houve, mas não lembro de ter visto ela tão puta quanto naquele dia. Ela ainda tava fazendo exercícios quando me aproximei.
-- Ju, acho que aquela menina tá querendo alguma coisa comigo. Ela não para de me olhar e eu não sei o que fazer! Me ajuda aí! – eu tava nervoso. Eis o corte.
-- tá me achando com cara de quem, cara? Por acaso eu sou cafetina? Quer ir atrás de piranha é só tu chegar, porra!! – bufava enquanto falava.
Eu fiquei confuso. A princípio, achei que fosse brincadeira mas depois pareceu sério.
-- que isso, Ju?! Brigou com o Fábio e quer descontar em mim? – pra que eu fui falar isso...
-- vai tomar no cu, Marcus!!!! Tá achando que eu sou o que? Me erra e me esquece, valeu?! Vai correr atrás dessas puta que é o melhor que você faz! – falou alto, todo mundo olhando pra mim, eu olhando pra todo mundo e ela pega do as coisas dela e indo embora. Não nos vimos mais aquela semana. Nem na academia e nem no boxe.
Fui esbarrar com ela de novo na Lapa. No mesmo raio de sobrado. Eu me vestia um pouco melhor com uma calça jeans reta, camisa branca e um tenis de lona também branco. Minha barba e óculos impecáveis. Agora eu chamava atenção das meninas mas não sabia como chegar. Tava com Raoni e a mulata de meses atras. Eles acabaram engatando um romance. Falava com ele sobre Juliana e ele falou:
-- que loucura!! Isso aí parece crise de ciúmes! – ele olhava com um sorriso maldoso.
-- nada a ver, índio... Ela é minha amiga. E namora. Um imbecil mas namora.
-- e desde quando isso impede alguma coisa? – ele falou e a mulata riu.
Fiquei olhando pra eles sem entender mas logo saí e fui circular e curtir o samba. Andava no meio do povo quando vi Juliana e Fábio, o entojado. Não pareciam nada felizes. Eles discutiam mas a música e o barulho não deixavam que eu entendesse o que era. Só me veio a mente o dia que ele a puxou pelo braço. Ela parecia um pouco alterada. E ele com o dedo na cara dela. De repente ele a pega pelo pescoço e a leva pra fora. Eu os segui discretamente e ainda bem que o fiz. O filho da puta entrou numa área escura e deu um soco nela. Um soco. Na Juliana. Não lembro como cheguei até ele, só lembro de acordar com Juliana me puxando pelo pescoço igual uma mochila e eu esmurrando ele no chão. O cara quase desacordado. Levantei, peguei Juliana pelo pulso. Antes de sair, olhei pra ele.
-- se você chegar perto dela de novo eu te mato, seu filho da puta!!!!!
Arrastei Juliana por um longo caminho. Parei já quase perto dos arcos. A verdade, é que não sabia pra onde estava indo. Nenhum dos dois falava nada. Até que ela fala:
-- big, eu preciso sentar... – ela falava, fraca, a bebida toda tinha ido embora.
A levei até a escadaria celaron. Tem uns bares ali escondidos e ali, escondidos, ela podia descansar. Eu andava de um lado pro outro. Fui até um dos bares e comprei gelo. O desgraçado tinha acertado a boca dela. Sorte que ela fazia as aulas de boxe. Os danos foram mínimos mas estavam ali. Levantei gentilmente o queixo dela e coloquei o gelo com delicadeza. Ela me olhava com os olhos brilhando mas meu sangue ainda fervia.
-- sua idiota!!! Tinha que ter largado desse cara no dia do puxão no braço!!! Fica se envolvendo com esses merdas e olha o que dá!!! – eu sabia que a culpa não era dela. Ela não tinha culpa dele ser um cuzão mas ficar com ele sabendo disso me deixava puto.
Ela, que até então estava calma, levantou rápido quase me fazendo cair sentado.
-- vai a merda, Big!! Com que direito você julga com quem eu saio?! Você se acha melhor do que ele mas isso também é culpa sua!!! – ela já tinha jogado o gelo em mim e ficando em pé na escada, ficava pouco mais baixa que eu.
-- MINHA?! – me exaltei – EU NÃO FIZ NADA!!! NÃO PONHA A CULPA EM MIM!!!
-- POR ISSO MESMO, SEU BABACA!!! – eu não sei quando começou mas a voz dela embargou e os olhos comecaram a verter lágrimas – SE VOCÊ TIVESSE MAIS CORAGEM E MAIS CONFIANÇA, JÁ TERIA ME CHAMADO PRA SAIR E JÁ ESTARIAMOS NAMORANDO!!! – ela berrava enquanto chorava e eu fiquei sem palavras.
Fiquei a encarando por um tempo. Nossos olhos carregados. Os dela de lágrimas e o meu de uma infinidade de coisas nunca ditas. Naquele momento, a Lapa, tão vibrante, tão barulhenta, pareceu silenciar e só havia nós dois. E eu a beijei. E ela me beijou. E nos beijamos com fome. Fome de vida, fome de carinho, fome de intimidade. Saímos de lá não lembro como mas lembro de entrar no meu AP aos beijos com ela. Tirei a camisa dela quase rasgando. A saia, infelizmente, rasguei mesmo. Tiramos minha roupa com a mesma pressa. Dei dois passos pra tras e sentei na cama maravilhado: nem em meus melhores sonhos ela era tão linda. Seus seios médios e pontudos , de auréolas rosinhas com bicos salientes, tinham uma linda pinta no esquerdo. Sua barriga, apesar dos exercícios era lisa e delicada. Sua pele estava arrepiada. As coxas fortes e torneadas. Os pés lindos e pequenos. Usava uma calcinha fio dental de renda preta. Engoli em seco. Meu pau fazendo força pra se libertar da cueca box branca. Ju me olhou e mordeu o lábio inferior e virou devagar. Ela tirou a calcinha calmamente, me mostrando o cuzinho fechadinho e a bocetinha rosa e raspada, e tão molhada que brilhava. Ela me olhou sobre o ombro curtindo minha cara de bobo e veio até mim, tirando minha cueca.
A cara de espanto dela me deixou tenso mas as reaćões do seu corpo foram confusas. Meu pau tava tão duro que quando saiu da cueca acertou o rosto dela, a deixando hipnotizada. Ela segurou com as duas mãos e começou a me punhetar enquanto me olhava. Eu não sabia o que fazer. Não costumava ver filmes pornográficos e nunca tinha ido tão longe com ninguém.
-- Ju... – pigareei tentando limpar a garganta e tirar a rouquidão – eu sou virgem...
Eu tinha vergonha disso. E tive vergonha daquele momento. Mas ela tirou de letra. Ela olhou pra mim e sentou no meu colo. Começou a esfregar a buceta devagar no meu pau deixando ele todo melado. Fazia isso enquanto me beijava com carinho. De repente, uma de suas mãos desce e ela posiciona meu pau pra sua buceta. Ela começa a descer e rebolar. A entrada é difícil com ela e eu gemendo. Era quente e molhado e delicioso. Por outro lado, eu parecia estar esticando a bucetinha de Ju quase ao limite. Ela foi rebolando e gemendo. Devagar e sem pressa. Quando sentou no meu colo e sentiu tudo dentro, arfou e gozou tãi forte que quase desmaiou. Fiquei parado esperando ela se recuperar e com meu pau lá dentro.
Assim que ela recuperou a consciência voltou a cavalgar devagar e ritmado. Nossos corpos se moviam juntos. Nossas línguas dançavam lentamente em nossas bocas. E ela me apertava com vigor, me fazendo gozar dentro dela forte. Muito. Enchi tanto que escorria pelos lados. Ficamos um tempo com ele ainda duro dentro dela e ela deitada no meu ombro. Ela levanta e me olha. E dá o sorriso mais bonito que já vi. Aquele maldito sorriso seria minha ruína.
__
Essa é uma nova série. O planejamento inicial são de 14 capítulos, disparados sempre as sextas feiras, se tudo correr de acordo com o planejado. Espero que gostem! Não esqueçam do comentário e da estrelinha!