AVISO AOS LEITORES: Os eventos deste capítulo acontecem seis-cinco meses no passado da atual parte da novela, entre os eventos de “Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 01” e “Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 06”.
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Meu nome é Tatiana, tenho 32 anos e sou jornalista investigativa em um dos principais jornais da cidade. Gosto de dizer que nasci com o faro pra achar sujeira onde dizem que está tudo limpo. Sou movida por curiosidade e uma espécie de teimosia natural, dessas que não me deixam dormir quando sinto que tem algo errado.
Tenho por volta de 1,70m, mas com o corpo firme de quem sempre cuidou bem de si. Tenho a pele clara, que pega um bronze bonito no verão. Meu rosto é oval, o nariz fino, os lábios medianos. O cabelo é castanho e liso, cortado pouco abaixo dos ombros, com uma franja longa que insiste em cair sobre meus olhos. Tenho seios pequenos, mas bem proporcionais, com a firmeza de quem ainda não se rendeu ao tempo, uma cintura estreita e um quadril discreto, que termina em um bumbum arredondado, firme, que chama atenção quando caminho. Gosto das minhas pernas longas e das linhas sutis que aparecem no abdômen quando me estico diante do espelho. Sempre achei que meu corpo fosse o retrato da minha personalidade: discreto, mas forte e disciplinado.
Tenho braços longos e musculosos, com bíceps que se destacam sempre que levanto algo mais pesado ou cruzo os braços. São em definidos, resultado de anos de treino e disciplina. Adoro a sensação de força que eles me dão, de controle sobre o próprio corpo. Minhas coxas seguem a mesma linha: firmes, torneadas e densas de músculo. Sinto o peso e a potência delas quando cruzo as pernas, e às vezes brinco sozinha com a ideia de que, se tentasse, talvez conseguisse destruir uma melancia apenas com a pressão delas.
Mudei-me para este prédio há sete anos. Aos poucos, começou a nascer em mim a vontade de me candidatar a síndica. Quando cheguei, soube que o síndico, seu Alberto, havia sido eleito três vezes antes com a promessa de evitar dores de cabeça e manter tudo exatamente como estava. E ele cumpriu o prometido à risca. Nada mudava. As paredes descascavam, o jardim morria aos poucos, mas a paz reinava. Tentei ser síndica duas vezes. Perdi feio nas duas.
Mas essa ainda não é a história da minha terceira tentativa. Antes de chegar lá, preciso contar os eventos que rolaram seis meses atrás, ainda em janeiro de 2025.
Era uma noite da reunião do condomínio. Eu tinha vindo direto da redação, ainda com a roupa de trabalho: blazer bege, calça preta confortável e o cabelo preso às pressas num rabo de cavalo.
A porta do auditório estava aberta, e logo ao lado estava o seu Zé Maria. Ele me cumprimentou com aquele sorriso cansado de sempre. Reparei nas olheiras dele, mais fundas do que o normal. Ele comentou que o micro-ondas da copa dos funcionários continuava quebrado depois de três meses. Três. Troquei mais algumas palavras rápidas com o zelador, nada além de amenidades, o ele me desejou boa reunião e entrei.
Em um reflexo automático fiz um mapeamento de quem estava presente, onde e como parecia estar. Isso me ajudava a prever o espírito da reunião.
A mais bela de todas, Eliana, estava na terceira fileira, digitando freneticamente no celular. O vestido verde escuro caía bem nela, sóbrio, discreto e elegante. Odete e Jéssica conversavam baixinho alguns assentos adiante. Odete num tailleur rosa claro, que parecia mais caro do que deveria; Jéssica numa blusa branca leve e saia lápis preta.
A Jéssica sempre chamou a atenção pela sua beleza: pele amendoada impecável, cabelos castanho-claros que caíam de um jeito tão natural que pareciam sempre recém-escovados, e aquele corpo de quem faz academia, mas sem exageros. Um corpo funcional, firme, jovem. Ao lado dela, estava o marido dela, Rogério. Alto, forte, rosto bonito de um jeito clássico e confiável. Os dois formavam um daqueles casais que parecem ter sido montados por um casting de comercial de plano de saúde. Ricos de aparência, perfeitos, seguros.
Foi quando eu vi o Lucério, escondido nas sombras. Ele tinha aquele aspecto pálido demais, quase translúcido, e um rosto anguloso, marcado, que me lembrava algum vampiro aristocrata de novela da Record. Ombros estreitos, roupas sempre escuras e aquela postura permanentemente ereta que me dava nos nervos. Ele nem olhou na minha direção. Nem sabia que eu estava ali. Para ele, eu era só mais uma moradora anônima.
Me sentei afastada de todos, no canto direito, perto do final das fileiras. Ao meu lado, já tinham duas mulheres, que não reconheci. Sorri pra elas, pensando serem novas moradoras.
— Oi, boa noite — cumprimentei.
A loira virou o rosto primeiro. Que rosto, aliás. Lábios grossos e brilhantes, olhos azuis. Ela estendeu a mão.
— Milla.
Apertei sua mão. Milla estava com uma blusa branca colada no corpo, daquelas que não precisam ser decotadas pra dizer tudo. O tecido marcava perfeitamente o formato dos seios médios, arredondados, naturais, com aquele caimento firme que só quem treina sério tem. A cintura era fininha na medida certa, e abaixo dela começava o espetáculo: quadris largos, bunda absurdamente projetada, redonda, alta, desenhada como se Deus tivesse usado algum molde especial. Uma calça jeans clara, bem justa, parecia ter sido comprada sob medida para exibir tudo aquilo. Coxas grossas, musculosas, que davam vontade de apertar pra ver se eram realmente tão duras quanto pareciam.
A outra mulher sorriu com simpatia verdadeira, daquela que dá calor no peito. Negra, linda, com traços fortes e corpo de corredora.
— Débora.
A camisa regata destacava os ombros definidos e o tronco compacto. Os seios pequenos, firmezinhos, tão bem moldados que chamavam atenção sem esforço. A cintura era modelada, mas o destaque real eram os quadris cheios e a bunda grande, alta, redonda. A calça legging azul-marinho deixava as coxas enormes, panturrilhas cheias, tudo absolutamente proporcional e tentador.
— Vocês são novas aqui?
A Milla ajeitou o cabelo loiro atrás da orelha.
— Mudei pra cá no começo do mês. Torre-B.
— Eu moro há um ano e meio — respondeu Débora, com um sorriso amistoso. — Também na Torre-B.
— Pior isso, nunca nos vimos — comentei, rindo. — Eu sou da Torre-A.
Elas assentiram.
Depois de alguns minutos, o Alberto pegou o microfone e iniciou a assembleia. Os funcionários ficaram no fundo da sala, alinhados em silêncio. O síndico agradeceu o trabalho deles e os dispensou. Observei todos saírem em silêncio. Cruzei as pernas, apoiei o bloco de notas no colo e respirei fundo. O Alberto ia aprontar algo que não queria que os funcionários soubessem.
O síndico ajeitou o microfone e continuou:
— Dando sequência à nossa pauta, temos uma proposta a ser apresentada pelo senhor Lucério, morador do 803-A. Ele solicita a implantação de um sistema de portaria eletrônica e a terceirização dos serviços de zeladoria. Segundo o que foi apresentado, essa mudança resultaria em uma economia de aproximadamente 20 reais no valor mensal do condomínio para cada apartamento.
Ouvi o burburinho correr pelo auditório. As pessoas adoravam a palavra “economia”. Mesmo que fosse troco de pão. Observei o Lucério se levantar. Aquele ar confiante dele me irritava. Como se fosse um aristocrata moderno, encurvado só o suficiente para parecer superior. Naquela luz branca do auditório, ele parecia ainda mais vampírico. E eu, sentada num canto, pronta para arranhar a garganta dele com argumentos.
— Boa tarde a todos. Como mencionado pelo síndico, trago hoje uma proposta que acredito ser de grande benefício para todos nós...
A voz dele soava limpa, técnica, bem ensaiada. Eu sabia exatamente o que aquilo significava: demitir os porteiros e zeladores. Jogar fora décadas de dedicação. Eu quase me levantei. Minha perna chegou a tensionar para erguer o corpo. Mas respirei, esperando o momento certo.
Eu ia levantar. Eu ia. Minha mão já estava no encosto da cadeira da frente quando o Rogério levantou antes de mim. Alto, bonito. Ele tinha a postura de quem estava acostumado a ser ouvido. E falou com firmeza:
— Senhoras e senhores, com todo o respeito ao nosso colega Lucério, eu preciso expressar minha oposição a essa proposta. Estamos falando de pessoas que trabalharam aqui por anos, décadas até. São mais do que funcionários, são parte da nossa comunidade.
Eu parei onde estava. Senti a indignação dentro de mim baixar um tom. Não porque a raiva diminuiu, mas porque alguém tinha assumido a linha de frente primeiro. E, admito, ele falava exatamente o que eu diria. Palavra por palavra. Com a vantagem de ter a atenção da sala inteira.
Ouvi a Milla soltar um assobio baixo.
— Meu Deus... — murmurou ela. — Esse homem é lindo. E gostoso. Tem cara de ser bem-dotado.
— Ele é um gato, mas tem cara de quem sabe que é — riu Débora. — Isso sempre me irrita um pouco.
— Ele é casado — disse, talvez um pouco defensiva demais.
A Milla nem piscou.
— Eu não quero casar com ele, Tatiana. Só sentar e quicar algumas vezes. Depois devolvo ele limpinho pra corna da esposa.
Eu engasguei no ar, horrorizada. Ela revirou os olhos.
— Nenhum homem presta. Só tem canalha, machista, escroto e metido a comedor por aí. Eu só tô jogando o mesmo jogo que eles.
— Eu não concordo tanto que só exista homem escroto, mas com certeza eles são a maioria — disse Débora. — Não dá pra negar que esse Rogério é gostoso.
Fiquei em silêncio, ouvindo aquilo, e uma parte de mim não queria acreditar em como elas tinham uma visão tão cínica. Talvez eu me tornasse assim se parasse de acreditar que o próximo não será igual ao meu ex.
A Jéssica pediu a palavra logo em seguida. A sala toda pareceu mudar de eixo. Jéssica tinha isso.
— É uma questão de humanidade. Eles conhecem nossas rotinas, nossos filhos, nossos hábitos. Não é só uma questão financeira, é uma questão moral. Eles têm famílias, responsabilidades. Não podemos descartá-los como números em uma planilha.
Eu observei, silenciosa. A médica perfeita, dona do discurso de empatia e totalmente certa. Apontei para ela.
— Essa é a esposa do Rogério.
— Achei que fosse mais bonita — bufou Milla.
— Ela é bonita, mas nada demais — concordou Débora. — Muito magrinha. Posso listar umas seis mulheres do prédio com seios e bunda maiores que os dela. Ela não tem presença.
Eu fiquei calada. Aquelas falas escorriam com uma acidez que ultrapassavam a sinceridade e soavam como recalque. A Jéssica parecia irreal de tão bela e proporcional. Era um tipo de beleza que não precisava se impor. Chamava a atenção que a Milla precisava se esforçar.
Aos poucos, outros moradores foram falando. A Odete seguiu a Jéssica:
— Concordo com o que foi dito. Conheço o seu Geraldo desde que me mudei para cá, ele sempre foi atencioso e respeitoso. Seria desumano demitir alguém como ele para economizar tão pouco.
A Andréia complementou também. O Jonas tentou defender a modernização:
— Eu entendo os argumentos de todos, mas acho que estamos perdendo a oportunidade de modernizar o prédio e reduzir custos. Não é só uma questão de economia, é também de eficiência. A portaria eletrônica pode oferecer mais segurança e menos margem para erros humanos.
Reviraria os olhos, mas me contive. Carlos, depois de ouvir Odete e Rogério, virou o voto:
— Bem, pensando melhor, talvez seja realmente mais sensato manter os funcionários. Eles conhecem bem o prédio e, como foi dito, são de confiança. Vou votar com a favor dos funcionários.
Eu permanecia quieta. Minha garganta queimava de vontade de falar, mas talvez não fosse preciso. O importante era garantir o resultado.
A votação aconteceu. Levantei minha mão junto aos que defenderam os funcionários. 60% contra a proposta de Lucério. Vencemos.
Quando o síndico anunciou o resultado, senti o peso sair do peito. Os rostos dos moradores se dispersavam, satisfeitos. Eu me preparei para sair. O Lucério parou perto da porta, encarando alguns de longe. Seu olhar de predador noturno pousou sobre Jéssica e Rogério. Eu quase ri daquela tentativa de parecer um vampiro faminto analisando presa.
Ele nem me viu. Claro que não viu. Desde aquele noite, ele só tinha olhos pra Jéssica.
Na quinta seguinte, eu estava na sala de descanso da equipe no principal hospital do nosso bairro. Era raro eu cobrir pautas de cunho humano. Esta era sobre um paciente que passou quase um ano e meio em coma e ia finalmente receber alta. Estava esperando o médico responsável pelo caso, revisando mentalmente minhas perguntas.
Histórias assim lavavam minha alma, tiravam o ranço das reportagens investigativas sobre corrupção. Nada de planilhas, nada de contratos superfaturados. Só uma história de esperança. Gostava dessas pausas emocionais. No entanto, o meu instinto, aquele maldito que nunca me deixava em paz, ficava cutucando. Tinha visto pacientes em macas no corredor, uma ala inteira fechada com um aviso de “reforma” que tinha cheiro de improviso. Tinha algo ali que merecia uma segunda visita com o meu caderno de denúncias.
Foi quando vi a Jéssica aparecer no fim do corredor, com uma prancheta na mão. A reconheci na hora. O jaleco branco moldava a cintura fina e abrindo um leve “A” nos quadris. O cabelo castanho solto, quase loiro nas pontas. A calça social marcava a curva das coxas. Ela falava com duas enfermeiras:
— Organiza o leito 12 e deixa o 14 isolado, por favor. Vou pedir a troca de equipamento — disse ela, gesticulando com precisão.
As enfermeiras assentiram. Jéssica seguiu com pressa, saindo de vista tão rápido quanto apareceu. Pouco depois, o médico apareceu. O seu nome era Miguel.
O jaleco estava aberto, revelando a camiseta por baixo, justa na medida exata que a ética permitia. Ele tinha aquele peito largo de quem malha, mas sem esforço exibicionista. Ombros retos, postura relaxada. A barba bem aparada fazia um contraste bonito com a pele morena clara, e os olhos cor de mel.
Ao me ver, ele sorriu. Aquele sorriso torto, provocador e totalmente indecente.
— Você deve ser a Tatiana — disse ele, estendendo a mão.
Apertei. Mãos grandes, quentes. Ótimo começo.
— A própria — respondi. — Obrigada por separar um tempinho pra mim.
— Imagina. Esse paciente virou quase da família, então fico feliz que a história dele vá sair. Ele merece.
Sentamos em uma mesinha discreta da sala. Peguei o gravador e o tablet e comecei a entrevista. Ele falava com calma, explicando tudo:
— Não fui o primeiro médico responsável. Comecei a tomar conta dele no começo de novembro, quando entrei no hospital. Estudei seu prontuário. Nos primeiros meses, a evolução era mínima. Tínhamos receio de perda neurológica irreversível. Mas, depois de 18 meses, ele surpreendeu. Em meados de dezembro, os exames começaram a responder, depois os reflexos, depois a consciência.
Eu anotava tudo, mas também reparava nele. Nas mãos grandes que faziam gestos suaves. No jeito tranquilo. No modo como parecia genuinamente feliz pelo paciente. Ele não era só bonito, era o tipo de homem que eu tentava fingir que não mexia comigo.
— E quando ele acordou? — perguntei.
— Faz um mês. Foi... emocionante — disse ele, baixando o volume da voz. — Ele disse que lembrava a voz da esposa lendo pra ele.
Sorri.
— Você tem cara de quem chora mesmo.
Ele riu.
Terminamos a entrevista depois de uns bons 20 minutos. Ele me passou alguns dados complementares, esclareceu detalhes médicos, e eu desliguei o gravador.
— Bom acho que tenho tudo.
Ele ficou em silêncio por um momento. Me olhando. Avaliando. Ou paquerando descaradamente. Tanto faz.
— Estaria livre pra jantar amanhã de noite?
Meu coração deu um pulo idiota. Ele era direto. Eu gostava disso. Eu também era.
— Amanhã à noite eu tô livre sim — falei. — Mas aviso logo: não gosto de novelinha.
— Ótimo — disse ele. — Eu também não.
Trocamos nossos contatos.
Na noite seguinte, escolhi chegar alguns minutinhos antes, só para passar a sensação de que tinha algum controle da situação. Eu estava nervosa, animada e tentando fingir que não tinha passado meia hora escolhendo um vestido que fosse ao mesmo tempo sexy e respeitável.
Quando o Miguel entrou no restaurante, eu tive vontade de rir. Ele era muito bonito, muito confiante, muito aquele tipo de homem que chega e ocupa o ambiente sem esforço. Vestia uma camisa social de mangas dobradas deixava o antebraço à mostra. E me fez perceber que eu tinha uma queda absurda por antebraços musculosos. Ele me viu e abriu o sorriso torto.
Ele me cumprimentou com um abraço forte e beijos no rosto, sentando à minha frente. Tinha um jeito leve que fazia tudo parecer um pouco mais simples.
Pedimos vinho. Eu nem sei qual ele escolheu, mas era bom e combinava com o clima. A conversa escorreu fácil. Ele me perguntava sobre o jornal, sobre as pautas, sobre o motivo de eu gostar de me meter em encrenca.
— Eu não gosto de encrenca — corrigi. — A encrenca gosta de mim.
— Acontece com gente interessante — ele disse, inclinando o corpo para frente.
Eu arfei por dentro. Conversamos bastante, mas era hora de ser franca.
— Eu sou direta porque prefiro que as pessoas saibam onde estão pisando.
— Ótimo. Então vamos ser diretos — disse ele, apoiando o cotovelo na mesa. — Eu não quero namorar agora. Não iludo ninguém. E não minto para levar mulher pra cama. Se você topar, vai ser simples: a gente se diverte, se respeita e vê no que dá.
Aquilo me fez relaxar. Ele falava sério. Zero joguinho.
— Eu também não estou pronta para relacionamento nenhum — admiti. — Nem um pouco. Eu mal consigo lidar comigo mesma.
— Então estamos alinhados — ele disse, com o sorriso torto voltando. — Zero expectativas, só sinceridade e diversão.
Eu tomei um gole do vinho. O clima estava quente, mas confortável. Ele me olhava como quem olha uma pessoa, não uma buceta.
O jantar seguiu leve, cheio de piadas, provocações e algumas confissões involuntárias minhas. Ele tinha aquele efeito estranho de me fazer falar demais.
Na saída, ficamos parados na calçada por alguns segundos. O vento da noite bateu no meu pescoço. Ele olhou pra mim, sinalizando que queria me beijar. Acho que meu olhar gritava “Então beija”.
Ele encostou a mão na minha cintura e me puxou. O beijo foi quente, firme, direto, exatamente como ele. Eu agarrei a camisa dele sem pensar, sem filtro. Quando nos afastamos, eu estava sem ar.
— Meu apartamento fica a dez minutos daqui — ele disse, ainda perto demais da minha boca.
— Então vamos.
Logo, chegamos no apartamento dele. Não estávamos com pressa pra aproveitar a noite. Era uma sexta. Ele me convidou para um banho quente antes de começarmos. Confesso que estava um pouco tímida no começo, mas isso foi sumindo enquanto tirávamos a roupa.
Eu tinha um corpo entre o magro e o quase atlético. Sabe aquela pessoa que vai pra academia, mas não é bombada?
Meus seios eram de pequeno pra médio. Tinham formato bem arredondado com auréolas rosadas e de diâmetro pequeno. Os mamilos eram discretamente salientes. Minha bunda era pequena, com um formato um tanto oval. Minhas coxas eram esguias e minha bucetinha tinha pentelhos castanho-escuros curtos, formando um triângulo compacto.
O Miguel tinha o peito peludo e um caralho maior que imaginava. Ainda estava meia-bomba, mais a cada minuto ia ficando maior e mais duro, cheio de veias salientes, e com a cabeçona inchada.
Ele entrou no chuveiro primeiro e me chamou. Entrei e começamos a nos beijar ali mesmo. Não resisti vendo aquela rola cada vez mais dura e comecei a segurar ela com desejo.
Aos poucos, fui me baixando na sua frente, beijando o seu peito peludo, a sua barriga tanquinho, descendo pelos pentelhos aparados dele até chegar no seu caralho. Acariciei um pouco, dei uns na cabeçona inchada e, quando já estava bem duro, comecei a chupar aos poucos.
Eu chupava cada centímetro do pau, colocando ele dentro da boca até as bolas. Lambia todinho, chupava as bolas. Fazia o serviço completo enquanto o Miguel fechava os olhos e gemia alto.
Eu enfiava o cacete todinho até a garganta. Depois, olhava para ele nos olhos. Notei que o pau dele estava inchando e parecia que ele logo iria gozar. Nenhum dos dois queria que ele gozasse ainda, então parei. Terminamos o banho e fomos para o quarto.
Na cama, nos esparramamos entre beijos. Ele foi descendo pelo meu corpinho e senti que ele queria retribuir a chupada no chuveiro e cair de boca na minha bucetinha. Abri as pernas e deixei ele à vontade. Miguel caiu de boca em minha buceta, senti sua língua quente e molhada em meu clitóris.
Ele começou a chupar, colocando a língua dentro da minha buceta, enquanto chupava os lábios, pequenos e lábios. Me contorcia toda. Os meus mamilos já estava, totalmente durinhos e a minha buceta estava pegando fogo. Depois de me deixar na iminência de um orgasmo duas vezes, o Miguel parou de chupar a minha buceta e colocou uma camisinha.
Ele posicionou a cabeçona inchada na entradinha da minha buceta e meteu tudo de uma vez só. Chega perdi o fôlego. Com aquele cacete todo na minha bucetinha, ele foi começando a estocar. No começo, indo devagar e aumentando o ritmo a medida que eu pedia por mais.
Logo, ele já estava me fodendo como um louco, acelerando mais e mais. Eu o abracei o pressionei ainda mais com as minhas pernas para que ele enfiasse tudo mais e mais, sem deixar nenhum centímetro daquela pica de fora.
Nos beijamos de língua, enquanto ele metia mais e mais dentro da minha bucetinha. Ele continuou assim, socando forte por uns minutos, sem dizer nada. Eu passava as minhas mãos pelas suas costas, tomando cuidado pra não o arranhar.
Foi quando ele parou, tirou o cacete de dentro e se sentou na cama. O Miguel, com o pau duro e pulsando, me olhou nos olhos e mandou:
— Vem cavalgar no meu pau, Tatiana, vem...
Não precisou mandar duas vezes. Eu subi em cima dele. Com uma mão, conduzi seu pau até a entrada da minha bucetinha. Então, fui sentando bem devagarinho. Quando ele tava todinho dentro da minha bucetinha de novo, dei umas duas cavalgadas de aquecimento, beijei o Miguel na boca e recomeçamos.
Passei a subir e descer daquele cacete, enquanto ela mordiscava, beijava e chupava os meus mamilos durinhos. Eu aumentava o ritmo e ele seguia, sem tirar meus seios da boca. Eu gemia com vontade.
Aquilo me arrepiou todinha. Passei a cavalgar ainda mais e mais na pica do Miguel e soltar gemidos altos que temia que os vizinhos dele ouvissem. Sentia como ele estivesse invadindo lugares da minha buceta que talvez poucos tinham conseguido antes.
Mas, ele logo mandou eu parar mais uma vez e eu desmontei, saindo de cima dele. Esperei a próxima posição e ele logo ordenou:
— Fica de quatro!
Sem falar nada, fiquei de quatro em cima da cama e ele se ajoelhou posicionado atrás das minhas pernas. Abaixei minha cabeça e esperei. Ele abriu ainda mais minhas pernas e, numa estocada forte, meteu tudo de uma vez só.
Eu suspirava e gemia forte, quando o Miguel pegou meu cabelo e começou a puxar. Eu tinha virado a cadelinha do Miguel naquele momento. Ele ia metendo mais e mais. Eu suspirava e gemia a cada estocada, que era sincronizada com os puxões. Eu mandava ele fazer isso, puxar mais, enfiar mais. Eu queria ouvir o barulho da pélvis dele na minha bundinha.
Ele soltou o meu cabelo e, com as duas mãos, agarrou forte a minha cintura e passou a colocar mais fundo ainda, acelerando cada vez mais. Eu não me sentia tão viva assim há tempos. Talvez desde antes do meu casamento. E em um gemido alto, gozei.
Mas ele não parou de meter e meter.
Depois de dar de quatro, dei de frango assado e de ladinho também. O Miguel não se cansava fácil e não gozou tão cedo, me comendo de vários jeitos diferentes. Eu já tinha gozado umas três vezes e aquele médico malandrão continuava firme. Eu estava pingando de suor, gozo e cansaço e ele só estocando, só metendo, só enfiando.
Nossa última posição foi mais uma vez de quatro. Ele tava estocando com força, de ouvir o barulho dos nossos corpos. Com uma mão, ele segurava a minha cintura. Com a outra, ele segurava a minha mão, que estava se apoiando na cabeceira da cama. Era um gesto carinhoso, enquanto ele enfiava o pau com tudo dentro de mim. De novo. E de novo. E de novo.
Aquilo me arrancou vários gemidos. Me segurando pela cintura, o Miguel passou a me foder mais forte e cada vez mais fundo. Sabia o que ia acontecer quando ele me abraçou de costas e deu mais estocada forte, colocando todo o seu pau dentro da minha buceta.
Senti o pau dele engrossar, seguido por vários jatos de leite despejados dentro da camisinha dentro da minha bucetinha. O Miguel estava abraçado ao meu corpo, seus braços envolvendo meu tórax, seu peito suado e musculoso colado nas minhas costas.
Desabamos na cama e ficamos assim por um tempo. Os dois abraçados, sentindo o corpo e a respiração do outro. O pau dele foi amolecendo dentro de mim. Ainda assim, ele permaneceu abraçado comigo, sem soltar, como se não quisesse que aquilo terminasse.
Ele retirou após uns minutos, tirando a camisinha e me deitei em seu peito. Ficamos assim, abraçadinhos. Foi quando ele disse:
— Você quer comer alguma coisa enquanto descansamos antes round 2?
Arregalei os olhos. Ele ainda queria mais!
Naquela noite, entre descansos, lanches, banhos e trepadas, nós fodemos a madrugada inteira.
Era estranho admitir, mas aquela tinha sido a melhor transa da minha vida. Sempre dizem que a conexão importa, mas a maior surra de rola que levei não foi de um namorado ou marido, mas de um ficante casual. Ainda sentia aquela transa, ainda lembrava dela, embora tenham se passado mais de cinco meses.
Claro que na hora eu fingi normalidade. Afinal, ele tinha deixado claríssimo antes de tudo acontecer que não queria nada sério. Casual. Leve. Sem promessa nenhuma.
E a parte mais irritante é que ele não era só gostoso. Ele era carinhoso. Atencioso. Aquele tipo de cara que, depois de transar, não some, não vira fantasma, não faz jogo. Ele levantou antes de mim, preparou café da manhã, buscou pão fresquinho. Até separou o melhor pedaço do mamão pra mim. Isso deveria ser crime, porque meu cérebro queria transformar tudo em sinal romântico.
Só que não era. Era apenas ele sendo legal e gente boa. Nos dias seguintes, a gente continuou conversando. Aos poucos, sem nem perceber direito, acabamos nos tornando amigos. Daqueles que trocam memes e combinam de almoçar ou jantar juntos só pra bater papo. Doeu um pouco perceber que eu gostava dessa amizade quase tanto quanto tinha gostado de transar com ele.
Por outro lado, tinha ganhado uma fonte riquíssima no hospital. Quando eu precisava preencher pauta fria, lá ia eu ligar pra ele:
— Miguel, me salva. Preciso de algo tipo “24h dentro de um hospital”. Me conta uns bastidores. Coisa para eu preencher duas colunas.
Às vezes ele me passava alguma pista sobre caos no pronto-socorro. Às vezes, sobre um protocolo novo. Às vezes, apenas fofocas do hospital que não chegavam a render notícia, mas atiçavam a minha curiosidade.
E no meio disso tudo, claro, teve sexo. Mais quatro vezes nos últimos cinco meses. Por mim, teria sido mais.
Mas ele mantinha firme a linha imaginária que desenhou desde o começo. Uma coisa é ser casual, mas não podia virar rotina ou evoluir pra sentimento. Eu ria, por fora. Por dentro, eu pensava que tipo de maldição era essa em que o homem incrível que encontrou era justamente o que nunca quis me iludir e deixou claro desde o começo que o máximo que rolaria era uma amizade colorida.
O Miguel não tinha o menor problema de ser pau amigo das suas amigas. Deixava claro que era apenas um pau amigo, que não era exclusivo, ia evoluir aquilo e tiraria o time de campo voltando a ser “apenas” amigo no instante que elas quisessem mais ou encontrassem um amor.
Dava pra chamar de galinha um cara que era realmente um amigão e o sexo era bônus, não objetivo principal, e que deixava claro os termos e condições de serviço pra gente ler e assinar antes de qualquer beijinho?
No fundo, teorizo que ele achava. Pesquei isso de uma conversa e outra, montando o quebra-cabeças. O Miguel já tinha tido uns relacionamentos sérios ruins no passado. Não falava muito deles. Mas ele parecia ter muito medo de ser um péssimo namorado.
Ele tinha receio de como sua futura namorada veria suas amigas. Claro que poria a mão no fogo que ele seria um namorado fiel, mas a mulher teria que ser muito desencanada e compreensiva quanto a um histórico envolvendo sexo com tantas amigas. Talvez, ele tivesse que se afastar das amigas com quem transou, eu incluída, e isso seria uma filhadaputagem dele com as amigas... ao mesmo tempo que não se afastar poderia ser uma com a futura namorada.
Uma sinuca de bico e ele não queria machucar ninguém. Talvez ele estivesse preso pra sempre em ser livre. Tristemente irônico.
Enquanto isso, o Miguel continuava sendo meu amigo colorido, meu ombro amigo pra desabafar, a companhia carismática de happy-hours, meu informante de hospital, meu alívio cômico e, ocasionalmente, meu pau amigo melhor que qualquer vibrador e meu chefe de cozinha nas manhãs seguintes.
Ele era tudo, menos meu namorado. E eu tinha assinado os termos e condições.
Algumas semanas se passaram. Era um domingo de noite e eu estava no estacionamento quando notei algo estranho perto do elevador. Me escondi atrás de uma das colunas, inclinando o corpo só o suficiente para ter visão de lá. Podem dizer o que quiserem de mim, mas se tem uma coisa que eu faço bem é prestar atenção.
Era a Jéssica parada, sozinha, perto do elevador, segurando uma tupperware transparente com um pedaço de bolo enorme dentro. Parecia irritada. A curiosidade venceu e fiquei esperando pra saber o que aconteceria e quem ela estava esperando.
Foi quando o vi Lucério estacionar e sair do seu carro. Ele ajeitou a camisa como se fosse algum burocrata saído de uma gaveta mofada. Caminhou rumo ao elevador e parou diante da Jéssica, surpreso.
— Finalmente — bufou Jéssica. — Você demorou demais. Estou esperando há mais de meia-hora. Foi um dia cansativo, sabia?
— Como soube que eu tinha saído? — perguntou Lucério, com aquela voz seca, de papel velho.
— Uma criatura das trevas como você só age de noite — respondeu ela, revirando os olhos. — E eu passei no seu apartamento e você não estava lá.
Eu mordi um sorriso. Essa garota tinha coragem nos deboches. O Lucério respirou fundo, aquele fundo típico de quem está decidindo se vale a pena bater boca.
— O que você quer, Jéssica?
A Jéssica estendeu a tupperware diretamente no peito dele.
— Um pedaço de bolo do meu aniversário. Um pedaço bem grande, inclusive. Falei pro pessoal que tava guardando pra lanchar durante a semana.
Aquilo era absurdo e ao mesmo tempo profundamente intrigante. Entregar bolo pro homem que ela detesta? À noite? Em segredo? Eu precisava saber o que estava acontecendo.
O Lucério apertou os olhos, desconfiado.
— Por que está me dando isso? Você sequer me convidou para o seu aniversário — O rancor dele em não ter sido convidado era tão palpável que dava pra beliscar.
— Claro que não te convidei — disse ela, impaciente, como se explicasse o óbvio. — A gente não é amigo. Você é um velho escroto que eu desejo ver expulso do prédio.
Foi difícil não rir nesta parte.
— Então por quê? — insistiu.
— Porque hoje também é o seu aniversário — respondeu Jéssica, séria. — Soube há pouco tempo que fazemos aniversário no mesmo dia. E eu... me sentiria mal comigo mesma se deixasse que ninguém lembrasse do seu.
O silêncio que veio depois foi tão pesado que até o estacionamento pareceu prender o ar. O Lucério ficou parado, rígido, olhando a tupperware. Por um segundo, eu juro que vi um micro-lampejo de humanidade nele.
— Agradeço — disse enfim, mecanizado, como se lesse um texto ensaiado. — Lembrarei disso e retribuirei proporcionalmente no seu aniversário no ano que vem.
A Jéssica sorriu.
— Uma trégua até o final do dia, em nome do nosso aniversário, já me deixa satisfeita.
Ele assentiu, formal, quase robótico. Sem mais palavras, os dois entraram no elevador.
Aquela noite, pela primeira vez em semanas, eu subi para o meu apartamento com um sorriso excitado de quem encontrou o início de um furo de reportagem. Quem diria que o meu arqui-inimigo tinha uma kryptonita tão evidente...
Falando em reportagem, eu seguia fazendo uma pequena investigação nas minhas horas vagas. Naquela que valesse nota em jornais, mas que era bastante pessoal para mim: quem mandava no prédio?
Era impressionante como ninguém entre os condôminos parecia se importar com a estrutura administrativa do condomínio. Se eu queria derrotar o Alberto e o Lucério, precisava conhecer o que eles aprontaram no passado e quem era os conselheiros que o sustentavam.
Comecei pelo básico: transparência. Ou melhor, a total falta dela. Os murais do térreo só exibiam comunicados de manutenção, assembleias futuras e avisos mal escritos. Nada de atas antigas, nada de históricos de votação, nenhuma menção ao Conselho Fiscal. Curiosamente, eu só descobri que existiu porque o zelador Astolfo, meio sem querer, comentou comigo.
Eu precisava cavar mais.
Primeiro passo: a sala administrativa. Não é exatamente proibido entrar ali, mas também não é encorajado. Então eu usei minha melhor arma: cara de paisagem e uma prancheta. Pranchetas sempre funcionam. Entrei num dia útil, horário de almoço, quando só o Zé Maria ficava por lá. Uma roupa mais justa e ele imediatamente lembraria das dúzias de fotos minhas peladas que ele tinha no celular. Ele ficou tão desconcertado que saiu dizendo que precisava ir resolver algo por uns minutos, talvez bater punheta pras minhas fotos. Por 20 minutos valiosos, cuidei da sala por ele. E foi nesse vácuo de presença humana que eu comecei a fotografar.
Caixas de papelão, arquivos de gaveta, pastas azuis, verdes, algumas rotuladas à mão. “ATA 2012”, “ELEIÇÕES 2015”, “CONSELHO FISCAL”. Levei tudo para casa em fotos. Gigabytes de documentos mal organizados, rabiscados, empoeirados, mas perfeitamente legíveis.
Segundo passo: a triagem. Passei noites sentada na mesa com um notebook, zoom das fotos, anotações e post-its. Estava começando a desvendar o passado administrativo do prédio. Aos poucos, fui encontrando os pontos que me interessavam. O Alberto foi eleito emmeses depois, uma ata lacônica anunciava: “Extinção do Conselho Fiscal por redundância administrativa”.
O Conselho Fiscal era formado sempre por três moradores, desde 1988 até 2016, sempre eleitos junto com os síndicos. Anotei os nomes dos últimos membros: Vera, Torre B, ap. 803; Denise Calazans, Torre A, ap. 402; Ricardo, Torre B, apDepois de muito fuçar, acreditei ter encontrado novidades sobre o trio. De acordo com as listas condominiais, todos haviam se mudado do prédio por volta de 2020.
Continuei folheando, caçando mais pistas. E me deparei com outra alteração: até 2019, cada torre tinha seu próprio subsíndico. Mas, a partir das eleições daquele ano, restou apenas o subsíndico da Torre B. Por quê? Porque, e isso estava sublinhado na ata de forma quase cômica, “o síndico Alberto é morador da Torre A, portanto não se faz necessária representação adicional nessa torre”.
O subsíndico remanescente se chamada Sigismundo, Torre B, apa presença cujo nome nas atas foi desaparecendo ao longo dos anos. De 2023 pra frente, o Alberto tinha uma procuração pra votar em seu nome.
Segui para outro conjunto de documentos: o Conselho Consultivo. Esse, ao contrário do fiscal, durou mais. Também formado por três condôminos: Marlene, Isadora, Otávio. E adivinha? Todos se mudaram entre 2020 e 2022. Coincidência demais.
Na minha frente, uma narrativa se formava. O síndico foi, aos poucos, se livrando de todos com quem compartilhava o poder ao simplesmente nunca os substituir quando eles saíam. Provavelmente, de forma ilegal. E aprovava tudo com várias promissórias.
Era perto de meia-noite, mas desci pra portaria. Era bom que não teria testemunhas e interrupções. Vestia ima camisa social preta, justa o suficiente para abraçar minha cintura e dar um ar de mistério. Uma saia lápis cinza, que moldava meu quadril como se tivesse sido feita para isso. Meus óculos de armação fina sempre davam a impressão de que eu era muito mais responsável e organizada do que realmente era.
Chegando na portaria, o seu Geraldo e o Zé Maria estavam em frente à televisão, discutindo qual cabo enfiar onde.
— Boa noite! — fechei a porta atrás de mim.
Os dois olharam para mim com um sorriso amplo, sincero, quase íntimo.
— Ôxe, Tatianinha! — disse seu Geraldo, levantando com uma mão nas costas. — Pensei que era o seu Alberto.
— Não se preocupe. Não vou contar a ninguém sobre o IPTV — respondi, sorrindo.
O Zé Maria deu uma risadinha.
— Esse trem tá difícil de montar.
— Aposto que vocês conseguem — falei. — Se tem duas pessoas neste prédio capazes de montar um foguete com peças de ventilador, são vocês.
Eles riram, e eu senti aquele calor confortável de cumplicidade. Era estranho, mas gostoso, saber que eles tinham minhas fotos peladas, talvez tivessem batido punheta pra elas dezenas de vezes, mas me tratavam com um respeito que eu raramente recebia de homens que nunca me viram sequer em roupa de praia.
Conversamos uns minutos sobre o calor, sobre o novo jardim, sobre o cachorro que latia desde as 6h porque tinha crise de ansiedade.
— Eu preciso de uma ajuda de vocês — disse, abaixando o tom de voz. — Mas tem que ser sigiloso.
— Pra você? — O Zé Maria nem hesitou. — Qualquer coisa.
Seu Geraldo concordou com a cabeça.
— O que vocês podem me dizer sobre algumas pessoas? — tirei um papel dobrado do bolso. — Vera, Denise, Ricardo, Marlene, Isadora e Otávio.
Os dois se entreolharam com surpresa boa, como quem reconhece velhos amigos.
— Ah, lembro demais — disse Zé Maria primeiro. — Tudo gente boa. Povo educado, tranquilo.
Seu Geraldo assentiu.
— Eram tão jovens quando nos conhecemos. Foram moradores com quem envelheci junto.
Isso me pegou. Eram todos velhos, aposentados.
Eu havia imaginado conselheiros mais ou menos da minha idade. Jovens adultos, profissionais ativos, envolvidos com a administração. Não um monte de idosos silenciosos, mas fazia sentido. Em teoria, eram mais conhecidos e respeitados, além de terem mais tempo livre.
— Todos eles eram da terceira idade?
— Já tavam tudo mais de 60 e tanto — respondeu seu Geraldo. — Uns de 70. Os seis eram daqui desde que o prédio foi inaugurado.
— Os seis?
— Quase todos — disse Zé Maria, coçando o queixo. — Mas quem conta isso melhor é o seu Geraldo e o seu Astolfo, que tão aqui desde a inauguração do condomínio. Sabem de tudo.
O seu Geraldo abriu um sorriso orgulhoso.
— Esses moradores aí que a senhora citou moravam aqui desde o comecinho. 1988, 89. No máximo 91. Um deles — ele apontou pra minha lista —, o Otávio, chegou a ser síndico duas vezes nos anos 90.
— Foi ele quem fez a piscina em 95 — completou Zé Maria.
— E por que eles se mudaram?
Os dois deram um suspiro pesado, quase sincronizado.
— Dinheiro, né? — disse seu Geraldo. — Foram se aposentando, e esse bairro aqui ficou caro demais. Muita coisa chique, muito aumento de tudo.
— Alguns tinham apartamento próprio, outros alugavam. Mas ali pela pandemia, o custo disparou. Eles foram venderam ou devolveram pros donos. Não aguentaram acompanhar o custo de vida — completou Zé Maria.
Eu estava certa. O Alberto aproveitou que apenas as pessoas mais velhas faziam parte do conselho e esperou eles saírem, um por um, e simplesmente não renovou o conselho. Ele esperou, deixou a administração definhar tal como fazia com a estrutura do prédio. No final, ele reinava sozinho porque ninguém parecia se importar.
— Ah, e tem mais uma coisa — disse Zé Maria, batendo o dedo na lista. — A dona Denise era a antiga moradora do seu apartamento.
Arregalei os olhos. Eu era parte dessa história de substituição e gentrificação do prédio.
— Ela era uma fofa, viu? — disse seu Geraldo. — Sempre trazia bolo pra gente. Ela chorou tanto quando teve que devolver o apartamento.
— Foi horrível mesmo... Acho que o filho parou de ajudar a pagar as contas e ela precisou ir pra um tipo de asilo ou algo assim...
Me senti mal por aquela senhora que não conhecia. Mas precisava lembrar que eu não era uma cúmplice. Eu não roubei o apartamento de ninguém. Pigarreei.
— Vocês me ajudaram muito — agradeci. — Estou escrevendo um texto sobre a história do condomínio. Nada demais.
Os dois sorriam com aquele ar de quem sabe exatamente quando está sendo enrolado, mas escolhe deixar quieto.
— Vai ficar bom, Tatianinha — disse Seu Geraldo. — Você escreve bem que só.
— Qualquer coisa que precisar, é só chamar — disse Zé Maria.
Despedi-me deles e subi agora desvendando mais um pedaço da história do prédio. Mas pra derrotar o Alberto, eu precisaria de aliados. Muitos deles. Uma turma inteira.
As semanas passaram e já estávamos no domingo que antecedia o carnaval. O calor estava propício e eu desci pra piscina. A minha pele claro-rosada ganhava um brilho próprio sob o sol e o biquíni que eu tinha escolhido fazia questão de destacar exatamente isso.
Era um biquíni azul-petróleo, pequeno, elegante, fininho demais para ser inocente. O top triangular mal cobria meus seios pequenos-médios, deixando o formato arredondado bem recortado, as aréolas rosadas quase perceptíveis sob o tecido molhado. A calcinha era ainda mais ousada: um modelo cavado que subia alto nas laterais, afinando na cintura e moldando o volume firme e oval-alto da minha bunda. Eu sentia a água escorrer pelos meus quadris estreitos, pelas coxas esguias, até a curvinha interna dos joelhos. Meu abdômen plano, com aquelas linhas sutis de definição, contraía levemente a cada passo.
Mergulhei na piscina, deixando os cabelos castanhos lisos flutuarem ao meu redor. Quando emergi, fiz questão de boiar por um instante antes de nadar para um canto mais afastado, discreto, sombreado pela borda da piscina. Foi ali que uma cena capturou minha atenção.
Jéssica e Eliana estavam largadas nas espreguiçadeiras, reluzindo sob o óleo, como se fossem a propaganda viva da luxúria de verão.
A Jéssica, com seu biquíni minúsculo vermelho-sangue, parecia construída para provocar. A pele dourada dela brilhava; as coxas torneadas pareciam esculpidas; e a bundinha empinada, firme, redonda. A Eliana, ao lado, no biquíni preto apertado, com os seios enormes e ridiculamente perfeitos, também merecia atenção.
Foi quando o Lucério apareceu. Eu me afundei só um pouco mais na água, suficiente para ver e ouvir sem ser notada. Ele se aproximou devagar, deixando a sombra cair sobre as duas. A Jéssica abriu um olho, com aquele sorriso de canto que só ela tinha.
— Você está bloqueando meu sol, Lucério.
— E oferecendo meus serviços. Posso passar o bronzeador para você. Não quero que fique com marcas indesejadas.
A Jéssica olhou para ele como quem media um oponente. Depois jogou o frasco.
— Faça um bom trabalho.
Naquela hora, prendi o lábio inferior entre os dentes. Assistir aqueles dois era muito mais excitante do que eu estava preparada para admitir.
Ele se sentou ao lado dela e começou a espalhar o óleo nas mãos. Eu acompanhei cada movimento. Quando as mãos dele tocaram os ombros dela, eu senti um arrepio subir pela minha coluna, mesmo não sendo comigo.
Ele deslizou pelas costas dela em movimentos lentos, provocativos. A Jéssica não se mexia. Não dava a ele nada além do silêncio calculado.
— Um mês já se passou — murmurou ele.
— Parece que sim — respondeu ela, neutra. — O filme já está em cartaz há um tempo, mas você ainda não assistiu, não é?
A tensão sexual ali dava pra cortar com faca. Ele desceu as mãos para as coxas dela, pressionando.
— Não gosto de ver algo sem saber o que esperar. Por isso, estou pesquisando se descubro qual a grande reviravolta do filme.
— Achou alguma?
Senti minhas pernas fecharem involuntariamente sob a água.
— Ainda não.
— Talvez não tenha reviravolta. Desse jeito, o filme vai sair de cartaz sem você ter assistido.
Quando ele passou o óleo na curva da bunda dela, prendi a respiração. Meus dedos se apertaram contra a borda da piscina. Ele massageou com vontade, abriu as nádegas da Jéssica, que permaneceu completamente imóvel.
Imóvel, mas não indiferente. Eu vi. Juro que vi: ela empinou só um pouquinho a bunda. Uma entrega mínima. E isso fez meu corpo pulsar, como se estivesse louca pra ser a próxima na fila do bronzeador.
— No próximo domingo, vai ter a festinha de carnaval do condomínio — disse ele. — Vocês estarão lá?
— Claro — respondeu ela. — Qual vai ser a sua fantasia?
— Vampiro.
— Combina contigo.
— Você irá com qual?
— Ainda não sei...
Eu já imaginava a Jéssica em qualquer fantasia.
— Me disseram que será uma festa bem liberal — disse ele. — Sabe a lenda de que os vampiros transformam aqueles que mordem em seus servos? Pelo que vi no grupo de WhatsApp, vai ter essa brincadeira lá. Quem tiver o pescoço chupado, vai ser servo do vampiro pelo resto da festa.
— Eu li que, para manter as coisas equilibradas, quem for fantasiado de caçador de vampiros poderá expulsar os vampiros malcriados com um toque de estaca no peito.
A Jéssica abriu os olhos, e os dois trocaram um olhar longo. A água ao redor do meu corpo parecia mais quente.
Ele deslizou as mãos mais uma vez pela bunda dela. Eu tive que parar de nadar para manter o controle das minhas próprias reações. Meus mamilos estavam duros sob o tecido fino. Senti meu quadril afundar um pouco na água.
Ao lado, a Eliana pigarreou.
— Você não vai me oferecer o mesmo tratamento?
— Claro, se quiser — respondeu ele.
A Eliana riu.
— Deixa pra lá. Acho que prefiro fazer isso sozinha.
Ela virou o rosto, desinteressada. E o Lucério deixou as duas em paz. De alguma forma estranha, aquilo aumentou demais minhas expectativas pro carnaval.
A semana passou rápido e a festa de carnaval do condomínio rolou no domingo seguinte. Eu estava fantasiada de Supergirl. O top azul colado destacava meus seios, a capa vermelha balançava atrás de mim e, principalmente, a microssaia pregueada destacava as minhas coxas de um jeito que bastava um passo mais largo para revelar a minha calcinha azul vibrante. As botas até o joelho completavam o visual, me fazendo sentir poderosa e gostosa. Depois de tantos meses me vestindo com o máximo de tecido, foi libertador voltar a me sentir gostosa e plena. Que me visse e me admirassem.
O salão estava lotado, tomado por luzes coloridas, confete no chão e gente dançando. Eu observava tudo à distância, sempre seguindo o mantar do primeiro assiste, depois age. Conforme a conversa que o Lucério e a Jéssica tiveram, a brincadeira da festa envolvia vampiros mesmo. Os vampiros podiam “morder” alguém e transformá-lo em servo por toda a noite, enquanto caçadores de vampiros podiam expulsá-los tocando uma estaca no peito. E claro que os dois iam brincar.
O Lucério estava fantasiado de vampiro clássico, capa longa, colete bordado, camisa social de gola alta, expressão pretensiosa. Ele sempre parecia achar que estava acima de todos. A Jéssica estava maravilhosa como caçadora de vampiros. A regata justa destacava suas curvas. Uma bandoleira de estacadas cruzando seu peito, moldando seus pequenos e firmes seios. As luzes destacavam as coxas dela, como a saia de couro subindo só um pouco a cada passo.
Eu seguia ambos com os olhos quando a Jéssica se distraiu sozinha, enquanto pegava uma bebida na mesa. Foi quando o Lucério se aproximou, sorrateiro, nojento e extremamente eficiente.
Ele agarrou a cintura dela como se fosse dono daquele corpo. E antes que ela pudesse reagir, afundou a boca no pescoço dela. O som do salão sumiu para mim. Tudo ao meu redor ficou embaçado. Eu só conseguia ver aquela cena.
O jeito como ele chupava a pele dela. Os lábios colando pele macia do pescoço dela e chupando com força. Cada sucção parecia mais voraz que a anterior, e ele podia sentir o pulsar do corpo dela contra o dele. Era intenso. Forte. Atrevido. Excitante.
Minhas coxas apertaram sozinhas sob a microssaia. Um calor me subiu tão rápido que precisei respirar fundo. Meu coração batia no pescoço. Eu não queria sentir aquilo, mas aquela cena, meu Deus, aquela cena. A entrega involuntária da Jéssica. A respiração dela ficando pesada. O corpo inclinando de volta nele. Era errado. Imoral. Indecente. E absolutamente excitante.
Eu estava ficando molhada no meio do salão. Quando ele murmurou no ouvido dela, sua voz foi como uma vibração em meu próprio corpo.
— Agora você também é uma vampira, minha querida... e pertence a mim!
A posse explícita me arrepiou inteira. Eu deveria achar repulsivo, mas isso se confundia com um desejo que eu não conseguia controlar. Uma parte sombria de mim queria ser mordida assim também.
E então a Jéssica respondeu, com aquele sorriso.
— Sim, meu senhor das trevas, agora pertenço a você!
Eu cerrei os joelhos com força. A microssaia quase levantou com o movimento.
— Então, você vai fazer tudo o que eu mandar? — disse Lucério.
— Sim, farei tudo o que você mandar.
Eu sentia minha respiração acelerar. Eu devia estar louca. Ou bêbada. Ou ambos. Quando ele exigiu o jantar e ela negociou, meu corpo reagia a cada pausa deles, a cada hesitação. Meu peito subia e descia rápido.
— Um jantar de amigos... e apenas isso.
— Aceitável.
— Pois eu prometo, meu senhor.
A forma como ela disse “meu senhor”, eu engoli seco. Minhas pernas tremiam. As luzes vermelhas do salão pareciam ficar ainda mais sensuais, refletindo na pele deles, no brilho do olhar do Lucério.
— Continue na festa como se nada tivesse acontecido. Por ora, já estou mais do que satisfeito com o fato consumado de que você me pertence por algumas horas.
— Como desejar, meu mestre... — respondeu ela.
Quando o Lucério se afastou e a Jéssica ficou ali, linda, quente, marcada, eu parei de resistir. Sai do salão. Corri pro elevador, direto pro meu apartamento.
Eu não conseguia parar de rever aquela cena mentalmente, estava tão excitada que meu corpo vibrava. Abri a porta do meu apartamento e corri por quarto. O calor subindo no meio das pernas.
Me deitei na minha cama, tirei minha calcinha na pressa do prazer, levantei minha saia e comecei a me masturbar. A lembrança daquela cena estava bem fresca na minha memória e não resisti em me tocar numa deliciosa siririca. Durou poucos minutos e, logo, já estava gemendo baixinho com o dedo massageando meu clitóris inchado de desejo, e lambendo meu gozo, que tinha melado meus dedos.
Pois bem, leitor. Nos próximos capítulos, vou contar como foi o começo da minha participação no que foi um evento sui generis em nosso condomínio: o semestre em que a turma da terceira idade foi com tudo para comer as gostosas da turma da academia.
Eu, Alessandra, Anacleta, Andréia, Carolina, Eliana, Larissa, Letícia, Lorena, Natália, Rebecca, Sarah... Até mesmo a Milla e a Débora...
A esmagadora maioria de nós éramos solteiras ou em processo de divórcio e uma quantidade não desprezível estava mais que interessada em experimentar a rola do Antônio, nosso vizinho de 24 anos.
No entanto quem estava nos cercando, esperando a guarda baixa pra nos comer era a turma da meia-idade: Jonas, seu Geraldo, Assis, seu Alberto, seu Raimundo, Cinthia, Odete e dona Ângela.
O lance foi simples. Nenhuma de nós escapou (bem, teve uma, mas omiti o nome dela da lista pra simplificar). Todas nós caímos nas rolas (ou bucetas) de pelo menos um desses velhos. A maioria caiu em dois ou até mais. Algumas de nós participamos de surubas e até recebemos DPs.
Mas não preocupem. As coisas melhoraram no final. Não posso dar muitos detalhes além do que já disse. A minha participação nisso começará no próximo capítulo.
Algumas questões que gostaria que os leitores respondessem nos comentários (mais sobre a narrativa):
I) Vocês querem que a Tatiana continue a sua série, tão espaçada quanto a do Lucério?
II) Vocês acham que o seu Geraldo ou Zé Maria devem comer a Tatiana?
Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Em breve, teremos a continuação.
Os próximos capítulos serão:
* Eu, minha amiga gostosa e os vizinhos dela - Parte 02
* Eu e Minha Esposa Pulamos a Cerca... E o Caos Explodiu - Parte 12
* Passando a Vara nas Vizinhas. Ou Não. - Capítulo 14
* Louco para enrabar a professora ruivinha, enrabei a <SPOILER> primeiro
* Minhas coleções de calcinhas, amantes e putinhas - Parte 10
NOTA DO AUTOR 01: A Milla e a Débora seriam apresentadas neste capítulo. Acabei colocando no capítulo da Jéssica depois deste. Elas só vão aparecer pra cenas de sexo ou rivalizando com a mulherada da Torre A. Não serem desenvolvidas ou relevantes.
NOTA DO AUTOR 02: O destino do tal subsíndico Sigismundo vai ser rapidamente resolvido em dois diálogos de “Eu, minha amiga gostosa e os vizinhos dela - Parte 02”. Este capítulo tinha que ser soltado antes pra que a parte 2 não parecesse ter uma revelação vinda do nada.
NOTA DO AUTOR 03: Tudo que Lucério e Jéssica fizeram aqui já tinha sido narrado pelo Rogério ou pelo Lucério nas séries de ambos. A única cena 100% inédita é a do bolo de aniversário.