Capítulo 2: A Negociação
1. A espera compensada
Três dias se passaram. Já havíamos esquecido do tal executivo galanteador. E, para a minha surpresa, eis que ele me liga logo após o almoço da sexta-feira. Fazendo um breve resumo da conversa que demorou alguns minutos:
- Alô!
- Alô, boa tarde! - Ouço uma voz grave, firme e que nem me deixou responder a saudação - Sou Otávio! Nos encontramos no início da semana em uma situação, digamos, inusitada. Tudo bem?
- Olá Otávio. Eu sou Rodrigo. Que surpresa boa, confesso que não esperava receber a sua ligação. Tudo bem sim e ainda melhor agora!
- Que bom! Pelo seu tom de voz, percebo que ainda podemos negociar os termos. Estou certo?
- Certíssimo.
Conversamos um pouco mais. Mencionei que somos um casal liberal, mas citei algumas restrições e reforcei o interesse que minha esposa demonstrou nele. Aproveitei e teci alguns elogios dentro do que percebemos.
Propus um jantar no início da semana seguinte para conversarmos e nos conhecermos mais e a partir dali poderíamos marcar um segundo momento mais íntimo. Ele topou!
Não comentei nada com minha esposa durante o final de semana. Mas no almoço da segunda, falei com ela:
- O que acha de jantarmos amanhã à noite?
- Amanhã? Início de semana? Algo especial?
- Sim, bem especial. E acho que você vai gostar muito.
A ficha caiu na mesma hora!
- Ele ligou? Marcou esse jantar? Que ele disse?
Acho que ansiedade bateu nela.
- Sim. Conversamos na sexta por telefone. Propus um jantar apenas para nos conhecer.
- E você não me falou nada durante todo o final de semana!?
- Por uma boa causa. Ao invés de 5 dias de ansiedade, apenas 2.
Ao longo do dia e noite falamos mais sobre o que conversei com ele no telefone, o que achei da conversa, tom de voz etc.
Os dois dias até a terça-feira foram estranhos. Ela não tocou no assunto diretamente, mas eu a pegava se arrumando com mais cuidado que o usual. Experimentando vestidos, mudando de ideia, experimentando de novo.
- Está nervosa? - perguntei na manhã de terça.
- Animada - ela corrigiu. - É diferente.
E era mesmo. Havia uma energia no ar, como se estivéssemos prestes a abrir uma porta para um cômodo que sempre esteve trancado.
2. O jantar
Quando a noite chegou e eu a vi pronta, entendi a diferença entre "bonita" e "deslumbrante". Ela estava simplesmente deslumbrante. Desta vez, mais discreta no vestido, mas justo o suficiente para enaltecer seus belos atributos.
A noite foi simplesmente sensacional. Conversamos bastante, rimos, identificamos pontos em comum. Otávio estava bem vestido, esporte fino. Tinha uma fala agradável e não demonstrava arrogância. Os olhares a minha esposa eram discretos e teceu inúmeros elogios.
Ao longo da conversa, ele mencionou ter se divorciado há menos de 1 ano, então puxei esse tópico:
- Você mencionou que é divorciado há pouco tempo - quebrando um breve silêncio. - Como tem sido?
Otávio pausou, a taça de vinho a meio caminho da boca. Pela primeira vez na noite, vi algo além da segurança ensaiada de executivo.
- Difícil - admitiu, com honestidade surpreendente. - Mais de duas décadas de casamento não se apagam facilmente. Tem dias que ainda pego o telefone para ligar pra ela sobre alguma bobagem do cotidiano. - Ele deu um sorriso melancólico. - Mas a gente foi se perdendo, sabe? Não houve traição, não houve briga feia. Só... silêncio. Muito silêncio.
Minha esposa segurou minha mão por baixo da mesa. Conhecia aquele gesto: empatia genuína.
- E os filhos? - ela perguntou suavemente.
- Temos dois. Já adultos. Entenderam. Ou fingiram entender, não sei. - Otávio tomou um gole longo do vinho. - Mas estou redescobrindo quem eu sou sem o "nós". É libertador e assustador ao mesmo tempo.
Ao final do nosso belo encontro ele nos convidou a ir à sua casa de praia no final de semana. Estaríamos à sós! Ele mencionou que havia uma piscina, então poderíamos revezar entre praia e piscina, se quiséssemos.
Encontro combinado. Nos despedimos!
Dormimos tarde naquela noite. Não de cansaço, mas porque nenhum de nós conseguia desligar a mente. Ficamos na cama, no escuro, conversando baixo sobre tudo e nada. Sobre Otávio, sobre nós, sobre até onde estávamos dispostos a ir.
Ela adormeceu primeiro, a respiração finalmente se acalmando. Eu fiquei acordado mais um pouco, olhando para o teto, me perguntando se estava preparado para o que vir se aproximava. Isso não era novo para nós, mas com ele, reitero, estava bem diferente.
3. A proposta inusitada
A resposta veio na manhã seguinte, com o telefone tocando mais cedo do que eu gostaria. Era Otávio.
- Olá Rodrigo, bom dia! Adorei a nossa noite ontem e estou ansioso para o nosso final de semana.
Trocamos saudações e ele começou a falar:
- Eu presumo que no nosso final de semana muita coisa poderá acontecer, se é que você me entende! Eu não gosto de usar preservativo, pois aperta muito e nunca é a mesma coisa pra ninguém. Gostaria de propor a vocês que façamos exames de sangue e, se o resultado de todos estiver OK, não usarmos proteção. O que me diz?
- Otávio, entendo bem a diferença do sexo com e sem preservativo. Mas fico na dúvida se é uma opção interessante. Não nos conhecemos!
- Tudo bem, sem problemas. O não eu já tinha e queria ver se seria possível. Entendo demais. Não se preocupe. Se a coisa esquentar, e espero muito que esquente, usarei.
Imediatamente ao desligar o telefone, fui falar com minha esposa. Ela não viu problemas, desde que ele seguisse nossa orientação: indicação de laboratório e mostrar o exame online direto no site do laboratório.
Mas uma coisa estava martelando a minha cabeça: se o cara disse que o preservativo aperta e incomoda, deve ter um pau bem acima do normal.
O meu eu já considero acima do normal. É um pouco grande e também um pouco grosso, com a cabeça saliente.
Já me veio à mente minha esposa sendo empalada por uma rola grande e grossa, fazendo ela sentir um prazer diferente. Fazendo-a gemer ainda mais. Aquilo ficou na minha cabeça...
Evitei comentar sobre isso.
Liguei pra Otávio e passei os nossos termos e quais os exames deveriam ser feitos. Ele concordou sem nem pestanejar.
Quase teríamos que adiar. O resultado de todos os exames saíram no final da tarde de sexta.
A sexta-feira terminou com a certeza de que a porta para o prazer estava aberta. O convite estava aceito. O que nos esperava na casa de praia de Otávio não era apenas um final de semana, mas a materialização de um desejo que começou com um simples olhar. O volume por debaixo da roupa dele seria a prova final. Mas nada poderia nos preparar (ou ao menos, a mim) completamente para o que estava por vir.